Para o bem e para o mal, a internet tem um poder fantástico de organizar as pessoas fora do circuito fechado das instituições e da mídia de orientação cada vez mais uniforme. Uma prova do lado do mal: as conspirações em blogs para atacar Paris. O jornal alemão Spiegel (ok, eu não leio alemão, mas essa é uma versão do jornal em inglês, certo?) mostra as conversas dos jovens das periferias, com instruções precisas para os ataques, frases de encorajamento do tipo "Obrigado, Clichy, Montfermeil está contigo" logo depois de bombardeios, fotos das destruições, tudo isso recheado de palavras de ordem relacionadas ao islamismo.
Reproduzo aqui dois dos exemplos mais impressionantes:
Brahim diz:
"Bom trabalho, pessoal. A polícia está morrendo de medo da gente, tudo vai ter que queimar, começando na segunda-feira, Operação Sol da Meia-Noite agora, diga a todo mundo, encontro com Momo e Abdul na Zona 4 ... jihad Islamia Allah Akhbar."
"Jihad Islamia Allah Akhbar" fala por si, não?
Samir diz:
"Você acha mesmo que a gente vai parar agora? Tá doido? Vai continuar, non-stop. Ninguém vai desistir. Os franceses não vão fazer nada e logo logo a gente vira maioria aqui."
Como é que Samir sabe que "os franceses" - repare como eles não se sentem franceses, mesmo tendo nascido lá - não vão reagir? E por que a promessa de "virar maioria" é tão atraente? Isso mesmo: a consciência do politicamente correto que paralisa a França e o separatismo da cultura islâmica. Eles não estão reclamando por serem "excluídos", eles estão se insurgindo para se distinguirem cada vez mais do establishment liberal que os acolheu, constituírem suas próprias leis e "engolirem" por fim a sociedade francesa. É notório que, quando dizem "os franceses não vão fazer nada", estão bastante cientes da fraqueza de quem eles querem atingir.
O processo de islamização da Europa a que muitos analistas aludem (em português, Olavo de Carvalho e MSM; em inglês, Jihad Watch, FrontPage Magazine, por exemplo) não é brincadeira, mas uma realidade. Na Holanda mesmo, onde o cineasta Van Gogh foi assassinado, uma amiga que morou lá há quinze anos - há quinze anos! - me disse esses dias que os ônibus, metrôs e vias públicas em geral já traziam placas em holandês e em árabe. A islamização é galopante e acontece pelas duas vias: pacificamente ou não.
O próximo que vier me dizer que "a causa dos levantes é a pobreza" vai ouvir simplesmente "leia as notícias" - mas notícias de verdade, não esse negócio água-com-açúcar da grande mídia.
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