02 setembro 2009

Enxaqueca*

Na minha pré-adolescência, sempre às voltas com doces e chocolates, descobri algo importante: bastava abusar – comendo uma caixa de bombons inteira ou tomando sorvete demais – que me sobrevinha uma forte crise de dor de cabeça. Nesses episódios, eu tinha de ficar deitada, imóvel, em um quarto escuro, enquanto alguém cuidava de mim (na época, minha mãe ou minha melhor amiga) preparando algo bem inofensivo na cozinha, como canja ou sopa. Meu pai dizia a mesma frase, “isso é fígado”, e nunca ninguém cogitou a hipótese da enxaqueca.

Já adulta, quando meu médico descobriu em meus exames uma deficiência de estrógeno, sugeriu-me reposição hormonal por meio de pílula ou injeção. Topei a primeira, claro. Não lembro se ele me perguntou sobre dores de cabeça, mas o certo é que na bula do remédio estava escrito algo como: “Não é recomendável a portadores de enxaqueca.” Como eu não sabia que tinha enxaqueca, não teria feito diferença alguma.

Cinco anos depois, a constatação da tragédia: crises como aquela, ou até mais fortes, mesmo sem abusar de doce algum, em média três vezes por semana. Algumas duravam cinco dias ininterruptos. Caixas e caixas de analgésico. Medo de andar ao sol, de dormir tarde, de acordar cedo, de fazer muito esforço. Virtualmente tudo era capaz de provocar dores de cabeça.

Tive de sofrer esses anos todos de crises incapacitantes cada vez mais frequentes para enfim ser levada a concluir, através da preciosa ajuda do dr. Alexandre Feldman e de sua esposa Pat Feldman (nos sites indicados e em seus dois livros Enxaqueca: só tem quem quer e A dor de cabeça morre pela boca), que um conjunto de variáveis era responsável pelas dores: em primeiro lugar, a bomba hormonal que eu estava tomando; em seguida, a má alimentação, a falta de exercícios e o sono irregular. Estou aos poucos acertando esses pontos, com o fim da reposição e uma dieta rigorosa (mas libertadora!) o mais isenta possível de produtos industrializados e porcarias químicas. Quando os resultados se tornarem mais consistentes (completei anteontem o primeiro mês do tratamento) eu os posto aqui.

Coragem: se você tem enxaqueca, o fim das dores pode ser uma decisão sua!

* Porque o Blog da Norma Braga também é de utilidade pública. :-)