26 fevereiro 2006

Novo artigo no MSM: ainda sobre o aborto

Saiu artigo meu no Mídia sem Máscara:

Aconselhamento para morte: aborto e subjetivismo

Cristão não pode defender nem relativizar aborto, por dois motivos:

1. É errado; aborto é assassinato, pouco importa se o feto é pequeno ou grande.

2. Ao defender ou relativizar o aborto, estará ajudando o movimento politicamente correto mundial a instaurar sua nova ética, individualista e subjetivista, que coloca os "direitos individuais" muito acima dos "deveres para com o outro".

Esse artigo é, de certa forma, uma continuação do meu post "Um aconselhamento para morte".

Veja um trecho:

Papel de destaque merece essa admirável torção de linguagem [no texto de Caio Fábio]: afirmar que pessoas indignadas com a morte provocada de uma criança no ventre de sua mãe não têm misericórdia! De fato, quem sanciona tranqüilamente tal morte é a mais misericordiosa das criaturas! Ah, mas o discurso progressista dos evangélicos não é muito diferente de qualquer outro discurso de esquerda: o mal absoluto é tudo que se volta contra eles, o mal relativo é o que eles cometem – relativizável ao infinito.

Boa leitura!

24 fevereiro 2006

Da série: Provérbios Bíblicos Impopulares

Quando te assentares a comer com um governador,
atenta bem para aquele que está diante de ti;
mete uma faca à garganta, se és homem glutão.
Não cobices seus delicados manjares,
porque são comidas enganadoras.
Não te fatigues para seres rico;
não apliques nisso a tua inteligência.
Porventura fitarás os olhos naquilo que não é nada?
Pois, certamente, a riqueza fará para si asas,
como a águia que voa pelos céus.
Não comas o pão do invejoso,
nem cobices seus delicados manjares.
Provérbios 23:4-5

Jesus o corrobora séculos depois, em várias passagens:

Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer, nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. (...) Porque os gentios de todo o mundo é que procuram essas coisas; mas vosso Pai sabe que necessitais delas. Buscai, antes de tudo, o seu reino, e estas coisas vos serão acrescentadas. Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino. Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome, porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
Lucas 12:22

Podem perguntar: a tendência é que progressistas e simpatizantes vejam nesses textos um claro repúdio da Bíblia ao capitalismo. Porém, eles precisam tirar a trave do olho de Marx antes de atacar os economistas liberais! O marxismo oferece realmente algo a mais que o liberalismo, mas não na direção que Jesus poderia desejar para nós: a negação de Deus e o culto materialista que vêm a reboque da economia propriamente dita mobilizam e desviam as aspirações espirituais do homem em favor da "igualdade" e de um "mundo mais justo", enfeites verbais para a ascensão social, como se esta fosse o objetivo último e mais alto da humanidade. Porém, a grande diferença - agravante - é que a ascensão social que o marxista apregoa é resultado de um enriquecimento ilícito, fruto do desmantelamento das riquezas dos outros. O socialista acredita que só assim é possivel alguém deixar de ser pobre: tirando do rico. Nesse sentido, o marxismo é um verdadeiro carimbo ideológico de "aprovado" em cima do sentimento de inveja! Só isso bastaria para desqualificá-lo como algo digno de atenção por um discípulo de Jesus.

Leia novamente os provérbios. Quando a Bíblia manda "meter uma faca na garganta", não é na do governador, hein? É na sua própria: não aproveite, não mergulhe de cabeça no que o outro oferece a você, não dê asas à cobiça e à inveja! Pois então, para não dar a impressão de coisa feia, o diabo inventa, através do marxismo, a cobiça institucionalizada: o socialista aprende a ter raiva do rico, das "classes dominantes", e a desejar do fundo do coração que o "sistema" mude para que, à força, aqueles ricos safados sejam obrigados a dar do que é seu!

É isso que os progressistas não entendem: Jesus nos estimula (a nós, que queremos segui-Lo voluntariamente) a repartir nossos bens por nossa própria vontade, não a bolar ou aderir a um sistema autoritário que obrigue os ricos a dar aos pobres. Pelo contrário, Ele nos exorta não a olharmos para o lado, mas para cima, confiando em Deus para nosso sustento, pois Ele é dono das riquezas e não desampara Seus filhos. Já o sistema humano que atribui ao Estado os poderes de um deus transcendente e lhe dá todas as riquezas para que distribua com magnanimidade (onde isso funcionou???) acaba desembocando no empobrecimento geral de toda a população, como a história demonstra. Pois o Estado, gordo e vistoso, não distribui nada e torna-se cada vez mais rico e poderoso, outorgando-se, como um deus, decisões de vida e morte sobre seus pobres e oprimidos liderados.

Que os cristãos progressistas comecem a fazer diferença entre a Bíblia e o marxismo - é minha esperança com essa série de "provérbios impopulares".

Reacionária sim... mas como Nelson Rodrigues!

Alegro-me em dizer: sou reacionária como Nelson Rodrigues! Afinal, não é à-toa que este blog é dedicado a ele. Um amigo me mandou um trecho impagável de uma entrevista de Nelson, feita em agosto de 1977 para a revista Manchete. Assino embaixo. Leiam!

MancheteVocê está lançando o seu livro O Reacionário [hoje editado pela Companhia das Letras]. Por que o livro e por que esse título?

Nelson RodriguesEste livro é uma das coisas mais sérias que já fiz na minha vida. Antes de falar de mim, mal ou bem, o sujeito deve ler o meu livro para saber o que eu acho, para saber do meu anticomunismo, saber do meu horror a Marx... Marx não toma conhecimento da morte. E nós exigimos de Marx a devolução de nossa alma imortal. Tudo isso está no livro. Agora, eu tenho uma virtude única, que é a seguinte: não tenho medo de passar por reacionário. Querem me chamar de reacionário, chamem; querem me pichar como reacionário, pichem; querem me pendurar num galho de árvore como ladrão de cavalo, pendurem. Mas eu sou homem que não aceita essa impostura gigantesca dos chamados países socialistas. Por mais que eu tenha horror da política, há muita política no meu livro. Eu acho que a política corrompe qualquer um, mas ela é um fato. Alias, vocês querem saber de uma coisa? Eu comecei a ficar anticomunista aos 11 anos de idade. Eu era um rato de jornal e nessa ocasião comecei a freqüentar o jornal A Nação, do Leônidas de Rezende, um comunista tremendo. Então, um dia assim sem mais nem menos, um rapaz me disse que, se o partido mandasse, ele estrangularia a sua própria mãe. Era só o partido mandar. A ONU, por exemplo, não considera o Brejnev um canalha. Para ela, o fato d e existirem intelectuais internados em hospícios não representa um ato atentatório aos direitos humanos. Agora, vou te dizer uma coisa: eu pensei muito quando dei ao meu livro o título de O Reacionário. Porque no duro, no duro, eu não sou reacionário. A mais cruel forma de reacionarismo está nos países socialistas, na Rússia, em Cuba, na China, etc. Realmente, eu sou um libertário. Veja você: dois pobres-diabos cidadãos soviéticos seqüestraram um avião para deixar o paraíso e foram parar na Finlândia. Entregaram-se ao governo finlandês, que os devolveu ao Brejnev. Vão ser naturalmente fuzilados. Pois bem: quem protestou contra isso? Onde está o manifesto dos intelectuais com 3.999 assinaturas? No duro, eu sou um libertário. Eles, marxistas, é que são reacionários. Repito mais uma vez: os marxistas é que são reacionários.


Leia mais aqui.

23 fevereiro 2006

"Dois pesos e duas medidas"

O mundo inteiro está preocupadíssimo com os quinhentos homens detidos na base americana de Guantánamo, Cuba. A ONU e ativistas de direitos humanos de todo o planeta reclamam dos segredos que envolvem as detenções, insistindo em visitar o local e ouvir testemunhos dos presos. São os novos fiscais dos malvados Estados Unidos. Os presos, claro, são terroristas islâmicos. A simpatia mundial esquerdista está sempre inclinada para eles, não importa o que façam: assassinatos ideológicos de civis, bombas em prédios inteiros, incêndios, armas de destruição em massa, promessas inflamadas de "varrer Israel do mapa" - nada disso parece suficiente para mudar a prestimosa opinião pública. Já a mais leve suspeita de maus-tratos a presos políticos de alta periculosidade em tempos de guerra basta para levantar a voz de multidões enfurecidas em todo o mundo. Ça va de soi.

As esquerdas "esquecem", porém, que na mesma Guantánamo há muitas outras prisões de natureza bem diferente das americanas. Sua nacionalidade? Cubana. O motivo das prisões: terrorismo? Não: oposição aberta ao regime de Fidel Castro. A imprensa internacional não dedica uma linha a esses presos. A simpatia mundial esquerdista está sempre inclinada para Fidel, não importa o que ele faça. Bom, "dois pesos e duas medidas" é uma expressão pobre para qualificar tal silêncio sobre os absurdos crimes do castrismo. Na verdade, o que os presos cubanos, comprovadamente inocentes, são obrigados a passar está muito além de qualquer tapinha que um soldado americano possa ter dado em um preso de guerra. Aliás, o tratamento dispensado àqueles que tenham o azar de cair prisioneiros de terroristas islâmicos supera qualquer idéia possível de "crueldade". Para começar, é muito mais difícil escapar vivo da mão dos terroristas - que, quando não matam de uma vez, preferem se divertir torturando e mutilando seus desafetos ideológicos, ainda filmando tudo para que o mundo inteiro veja o quanto eles podem ser tão temíveis. Mas a lógica das esquerdas unifica irresponsavelmente ambos os procedimentos, apenas para depois clamar em favor de seus interesses.

Se você duvida de que islamismo e esquerdismo são o mais novo casal da hora, leia The Unholy Alliance, de David Horovitz. Na verdade, o casamento já está até antigo. Mas o povo brasileiro é sempre o último a saber das coisas mesmo. Com essa mídia esquerdista que temos, tudo se reproduz igualzinho, com o agravante da ausência completa de informações "do outro lado" com que o leitor possa fazer um balanço mais acurado. Minha amiga Graça Salgueiro escreveu uma carta ao jornal O Globo repudiando essa atitude. Reproduzo-a aqui.

Em relação ao artigo publicado na seção "Opinião" de hoje, desse jornal, sob o título "Um desserviço", cuja autoria não é identificada, gostaria de solicitar do(a) autor(a) os seguintes esclarecimentos:

1. O(a) autor(a) de tão indignado "apelo" já ouviu falar que na mesma cidade de Guantánamo, Cuba, vizinha à base americana (UMA apenas) há uma infinidade de outras penitenciárias CUBANAS?

2. E que nestas outras penitenciárias amontoam-se e apodrecem em vida mais de 300 presos políticos e de consciência CUBANOS?
3. E que destes presos há uma quantidade imensa deles que sequer foi julgado e sentenciado mas permanecem lá SEM DIREITO A UM ADVOGADO que "supostamente" defenda seus direitos, sobretudo a um julgamento justo?
4. Que a totalidade destes presos políticos e de consciência estão presos APENAS por não aceitarem o regime ditatorial de Fidel Castro, ou por quererem professar uma religião judaico-cristã?
5. Que muito desses presos se automutilam para chamar a atenção de um mundo que silencia perante sua situação, cúmplice com a ditadura mais longeva do planeta?
6. Que muitos desses presos se suicidam por não suportarem as condições infra-humanas de suas celas, as torturas físicas e psicológicas infligidas DIARIAMENTE, e a alimentação (COMIDA PODRE E COM VERMES) que lhes é oferecida provocando toda sorte de doenças?

"Desserviço", prezado(a) senhor(a), é esta campanha feita em torno da Base Americana de Guantánamo, como se fosse a "sucursal do inferno", quando o inferno mora ali, ao lado, e ninguém quer ver nem denunciar porque o mega-assassino do Caribe é inatacável. Por que todas estas pessoas que clamam aos céus pelo fechamento da base americana não têm o mesmo desprendimento, compaixão e espírito de solidariedade humana e EXIGEM a libertação dos presos políticos e de consciência cubanos presos injustamente? A Cruz Vermelha não diz nada porque não interessa desmascarar a farsa montada sobre as "torturas" e "abusos" cometidos na Base Americana de Guantánamo.

E, finalmente, sugiro a visita a este site que conta tudo aquilo para o qual o mundo fecha os olhos sobre os presos cubanos:
www.PayoLibre.com.

Atenciosamente,

Graça Salgueiro


Observação: em nosso país, comentários indignados repetidos aqui e ali sobre a presteza dos ativistas humanos para a proteção dos direitos de criminosos e o correlato desprezo com que as vítimas costumam ser tratadas, assim como sobre a maldade implícita no Estatuto do Desarmamento ao punir as famílias que, acuadas, usarem de uma arma para sua defesa, demonstram que talvez a paciência do povo brasileiro esteja muito mais perto do fim do que se imagina. Tomara.

22 fevereiro 2006

Bono Vox lulista

Em turnê pelo Brasil, o insuportável Bono Vox e seu U2 fizeram uma surpresa para a platéia, contribuindo para a propaganda de reeleição do Lula ao mostrar cenas comoventes dele no telão. O grupo deve ter achado que ia abafar com os brasileiros. Errou feio, como o leitor imagina: vaias para todo lado.

Que ninguém se engane: Lula não vai para o exterior para passear (pelo menos, não só), mas para reforçar uma imagem dificilmente contestável de grande líder comprometido com as massas desfavorecidas no Brasil. Não só irlandês, mas francês também compra a idéia: em 2005, "Ano do Brasil na França", Lula foi aplaudidíssimo em um show do Gilberto Gil. Os poucos brasileiros que lá estavam bem que vaiaram, mas, logicamente, não foram ouvidos.

Alguém duvida de que as histórias do mensalão não saem nem na França nem na Irlanda? Por que será, hein?

Aqui, quase ninguém na imprensa abordou o assunto das vaias, a não ser os outsiders de sempre, aqueles bichos raros cuja existência tanto impressiona os jornalistas da Folha de São Paulo - entre eles, Reinaldo Azevedo. Vale a pena ler o artigo e conferir a idiotice política do roqueiro engajado.

19 fevereiro 2006

E por falar em Chávez...

...vejam o que ele está fazendo aos missionários evangélicos na Venezuela.

E sobre Pat Robertson: em uma leitura atenta do texto, fica óbvio que Chávez se aproveitou de sua afirmação - de que o líder venezuelano deveria ser morto - para fazer algo que já queria fazer há muito tempo. Tal como explica René Girard, os novos totalitários culpam alguém (no caso, sempre os EUA) e se vitimizam para sancionar suas ações arbitrárias. É o "totalitarismo da vítima", o mesmo que impulsiona terroristas islâmicos.

Pat Robertson demonstra ser um homem impulsivo - aliás, pediu desculpas publicamente pela afirmação - , mas está corretíssimo em sua análise ao dizer que Chávez "tem destruído a economia venezuelana, e vai abrir espaço para que a infiltração comunista e extremistas muçulmanos cheguem em todo o continente". Basta ler as notícias e ver com quem Chávez anda se associando - não por acaso, os mesmos que costumam se colocar no lugar da vítima para perpetrar seus atos criminosos.

"Antes mortos que escravos!"

Apresento aqui a tradução da maior parte do artigo Una luz en la oscuridad, por 20 años más, de Oswaldo Payá Sardiñas. Sua publicação neste blog se dirige, como advertência, a todos os cristãos brasileiros que, por falta de informação suficiente, ainda crêem no socialismo como solução para as mazelas da humanidade. Digo a quem pensa assim: uma palavra a favor da Cuba de Fidel Castro, ou da Venezuela que Chávez está tentando construir, e vocês estão sancionando a trágica situação que esse homem corajoso denuncia em seu texto.

Este post é dedicado à Igreja perseguida em todo o mundo. As frases entre colchetes são comentários meus ao texto de Sardiñas.

"O totalitarismo é um assunto religioso. Com certeza não está inspirado na fé, mas no ópio da mentira e na dominação do ser humano. Para que tenha sucesso, tal dominação precisa esvaziar espiritualmente o ser humano, matar a fé. Por isso, o processo intensivo e mesmo cruento com que se quis descristianizar a sociedade e a cultura cubanas desde que esse regime se instalou até nossos dias. Um regime que conta com estruturas, mecanismos de repressão e propaganda que tratam a Igreja, a religião e o crente como um alvo, assim como a um inimigo. É por esse motivo que o totalitarismo é um assunto religioso, pois trata de dominar todos os aspectos da vida da pessoa, e a pessoa mesma. Também porque impõe ao cidadão, desde criança, um culto ao setor de poder político, com vistas a anular a liberdade interior, a liberdade dos filhos de Deus, impondo a todos a adoração, ainda que simulada, ao ídolo do medo. [Sempre digo neste blog: o comunismo desvia o impulso espiritual do homem para líderes e símbolos do regime. Só isso já bastaria como argumento para que nenhum cristão se dignasse a aderir a ele.] O comunismo, como todos os totalitarismos, é uma agressão, uma invasão maligna contra a pessoa, contra sua vida por inteiro, sua liberdade e sua identidade. Não estou exagerando: todos os cubanos sabem disso, nós que sentimos isso em cada passo e em cada aspecto de nossas vidas. (...)

A Igreja em Cuba pode dizer como o apóstolo Paulo: Que perseguições suportei! E também: Somos um espetáculo para o mundo! Um mundo que nos julga, dizendo que o totalitarismo caiu na Europa e em Cuba não. E o que o mundo sabe sobre a perseguição, as chantagens, os ardis, as armadilhas, as ameaças, as ofensas, as repressões e limitações a que nossa Igreja tem sido submetida? O que sabem da solidão da Igreja em Cuba, devido aos muitos que diziam, na Europa, na América Latina e em outros lugares, que esta era a ilha da liberdade [infelizmente, no Brasil, ainda dizem isso - e mesmo quem partilha desta fé; que vergonha para os brasileiros...], enquanto milhares de religiosos, em sua maioria cristãos, estávamos em campos de trabalhos forçados? Essa Igreja em Cuba, de que somos parte inseparável, é imperdoável para o poder político totalitário e para o reino deste mundo, porque nunca se vendeu, nunca foi nem instrumento nem cúmplice da opressão. O povo sabe que esta é sua casa, o último refúgio para aqueles que perderam tudo e não têm a quem recorrer. (...)

Vinte anos depois, o povo cubano está mais oprimido, mas ainda querem lhes fechar mais ainda as portas do futuro. Impõem a ele a sentença Socialismo ou morte. Isso é muito grave, pois sabemos o que quer dizer a todos os cubanos. Tal como se fossem escravos, recebem a ameaça tremenda: antes mortos que livres. E nós, desde o mais profundo, radical e libertador espírito do Evangelho de Jesus Cristo, respondemos: antes mortos que escravos! Nossa mensagem não aceita o poder de escravidão e de morte. Nossa mensagem é liberdade e vida. Sem ódios, sem violência, e sem medo, cultivando o diálogo e a reconciliação, devemos anunciar que somos, todos os cubanos, sem exceção,a família do povo bendito de Deus para viver em fraternidade e liberdade."

17 fevereiro 2006

Um aconselhamento para morte

Nota da autora: As palavras das personagens reais deste texto foram tiradas, com pouquíssima edição, da seção “No divã com Caio” do site de Caio Fábio. O título do aconselhamento é: “A escolha de Sofia”.

Cena: Um homem evangélico, cristão desde pequeno e casado com uma missionária, recebe dos médicos a notícia de que a menininha que sua esposa carrega no ventre é portadora da síndrome de down. O fato não lhe desce pela garganta: “Por que Deus fez isso conosco, logo com minha mulher, que O ama tanto?” Os conflitos não parecem cessar, e juntos resolvem ir ter com um amigo cristão, psicólogo, que os aconselha a abortar a criança. “O nascimento traria muito mais dor para vocês e para a neném”, ponderou ele. Marcaram então o procedimento com o médico. Porém, se o homem estava racionalmente convencido, seu coração lhe dizia que talvez aquela não fosse a decisão correta.

Um dia antes da intervenção, o homem resolveu escrever a Caio Fábio, que tem um site com uma seção de aconselhamento. Explicou seu caso e expôs a ele sem pudores seu estado de alma: “Estamos terrivelmente abalados. Será pecado? Teríamos esse direito?” Pediu que Caio lhe dissesse se poderia livrar sua filha “de uma vida de preconceito, tratamentos dolorosos e morte prematura”.

– Por favor, me ajude a ter paz! –escreveu, por fim.

E mandou a mensagem para o correio do site de Caio.


Uma resposta de morte

O homem torturado por sua incapacidade de aceitar a vinda da filha doente queria uma resposta que satisfizesse a ambos: seu inconformismo e sua moral cristã. É o que deixa entrever com essas palavras: “Por favor, me ajude a ter paz!” Já havia tomado a decisão de abortar sua filha, mas pediu um dia antes a Caio Fábio, requisitado por muitos como sacerdote evangélico, que acalmasse seu espírito, endossando-a ou não. Era uma forma de tentar a Deus, para ver se de última hora Ele o impediria de fazer algo tão terrível, e ao mesmo tempo oferecia-se a um grande risco: o de receber uma resposta que, por seu impacto de verdade, pudesse convencê-lo a abdicar do controle sobre seu cronograma, a encostar em um canto suas expectativas sobre o filho que queria ter, a abrir à força na alma um espaço para amar um serzinho de olhos puxados que dependeria dele por toda a vida. Mas Caio lhe deu o que ele preferia ouvir:


Digo-lhe, com minha consciência limpa diante de Deus, que se eu estivesse em situação semelhante, com todas as dores desta vida, ainda assim aceitaria a sugestão do psicólogo e cristão. Pecado, meu irmão, é ter filhos sem amor. Foi somente quando eu decidi crer de todo o coração que Deus “sabe”, e sabe com verdade e amor quem eu sou e o que existe em meu coração; e que Ele não é moralista em seu saber, posto que a verdade não é moral, mas apenas verdade – foi então que fui aprendendo a andar em paz, até quando o mundo inteiro diz que estou errado.

No entanto, o casal não leu essa resposta: o tempo havia passado e, se Deus não interveio, pai e mãe prosseguiram com seus planos. No que teria dependido de Caio Fábio, se tivesse respondido a tempo, a menininha doente morreu sem conhecer a luz do dia – e com ela, ainda que não saibam disso, uma parte de seus pais morreu também.



Analisando a resposta de morte

Em A mente de Cristo, escrevi que as igrejas evangélicas brasileiras tendem a seguir o mundo quando cedem ao subjetivismo que caracteriza nossa época, particularizando tanto a mensagem do Evangelho que muitas vezes as afirmações dos púlpitos não desafiam as mentiras vigentes no mundo, pois não as tangenciam. Jesus, assim, raramente é apresentado como a luz que ilumina a todos os homens (João 1:9), ou seja, “para a humanidade”, mas apenas “para a sua vida”. É como se os Evangelhos servissem para resolver problemas pessoais, mas não trouxessem a resposta para a desordem do mundo. Isso, sem dúvida, é uma mutilação na forma de comunicar a verdade.

Uma outra maneira de entender isso é o seguinte: a lei é uma instância objetiva. São os mandamentos de Deus que nenhum homem pode descumprir sem se tornar um condenado à morte – e a Bíblia diz que todos a descumprem automaticamente depois do pecado original. A lei, portanto, como afirma Paulo, é para condenação, pois simboliza a ordem objetiva que Deus quer dar ao mundo, a todos nós, e que sozinhos não podemos alcançar. Mas Deus é um Deus também de subjetividade, e Jesus, que veio na forma de uma pessoa, mostrou isso claramente.

Porém, Ele tinha dito que não viera para anular a Lei. Essa é a questão. Ele veio para dizer que só com Ele essa ordem ideal de Deus é possível. Nele, somos capazes de satisfazer o padrão objetivo divino, ao sermos purificados por seu perdão. Nele alcançamos graça para não vivermos em pecado. Um dia, Ele restaurará toda a ordem do mundo, e não viveremos mais sujeitos ao pecado. Dessa forma, Ele une as duas pontas em si, objetividade e subjetividade, sem conflitá-las.

Raramente sabemos fazer isso, principalmente nos últimos três séculos. O objetivismo presente no racionalismo dominante desde Descartes tem feito crer que Deus está tão longe, encastelado em suas leis, que não olha para cada pessoa de modo específico. E seu oposto correlato, o subjetivismo? Consiste em crer que Deus está tão perto, tão apaixonado por nós, que não liga se quebramos as leis de vez em quando. É onde se firma Caio Fábio para aconselhar o casal ao aborto.

Diz ele: “o ato homicida no aborto é aquele praticado com descaso e frieza por aqueles que transam irresponsavelmente e decidem descartar as eventuais situações de gravidez (...) Essa, no entanto, não é a situação de vocês. Ao contrário, Deus vê a angústia de suas almas e o amor que vocês já têm por esse rebento que foi formado com uma deficiência de natureza irreversível, a qual, foi antecipadamente revelada a vocês. (...) se o casal foi informado durante a gestação, e se angustia com o que será de suas vidas e da vidinha da criança, a menos que surja uma súbita convicção da parte de Deus no coração, o que deve ser feito é o que vocês fizeram.”

Ou seja: ele não ignora a lei – aborto é homicídio – , mas a subjetiviza. Se o aborto for praticado com dor no coração, porque “Deus vê” de perto e sabe as nossas dores, passa a ser permitido. Assim, a lei é relativizada em prol da subjetividade humana! Em vez de caminhar lado a lado com a lei, a subjetividade passa a subordiná-la, tal como uma tirana disfarçada de bondade. Passa a importar menos o ato em si (destruição de um ser criado por Deus) que a motivação interior de quem o perpetra (recusa de aceitar a doença desse ser). Veja que Caio Fábio pretende inaugurar uma nova forma de direito: aquela que coloca as motivações acima da gravidade do ato. Ora, sabemos que a culpa pelo ato é minimizada pelas leis dos homens em alguns casos de emotividade extrema. Mas minimizada não significa apagada – nesse caso, o aborto continuou a ser homicídio, e como tal deveria ter sido desaconselhado em qualquer caso, não incentivado ou confirmado.

Além disso, o argumento-mestre de Caio Fábio passa a ser o seguinte: se vocês não conseguem suportar a idéia de receber a criança desse jeito, é porque Deus não não está lhes dando “convicção”, logo permite o aborto nesse caso específico. Ora, quem disse que os nossos sentimentos equivalem aos sentimentos de Deus? De novo, a subjetividade impera sobre a objetividade. Nesse andar, Caio Fábio acabará sancionando todos os seus atos e sentimentos – quando a Bíblia ensina que o coração do homem é enganoso e nossos pensamentos não são os de Deus. Podemos sentir paz quando Deus não nos dá paz e tomar decisões erradas em nossa vida, e é por isso que nossa subjetividade precisa ser constantemente moldada à luz de Seus preceitos. Creio firmemente que era esse Seu intento em toda a história: os sentimentos do casal – horror à idéia de criarem uma filha com síndrome de Down – seriam transformados se eles tivessem ouvido a Deus para essa grande oportunidade de transformação. Ele os ensinaria a amar a filha em suas imperfeições e limitações, a cuidar dela em todos os momentos; e mesmo se eles rejeitassem tal aprendizado ela jamais seria um “aborto vivo”, como afirma no mesmo texto Caio Fábio, pois a Bíblia fala dos filhos desprezados pelos pais que Ele acolhe: “Eu serei seu pai e sua mãe.” Em nenhum momento a criança seria abandonada.

Em seu humanismo e seus argumentos torcidos, porém, Caio Fábio chamou o caso de “Escolha de Sofia” (mal ou mal) e só pôde vislumbrar morte nas duas opções: tanto no nascimento da menina, que significaria para ele a morte simbólica dos pais, quanto na sua morte, morte real, a pior opção, irreversível e fonte de culpas sem fim. Com Deus, a primeira opção significaria sempre vida, e vida em abundância, pois Ele não desampara Seus filhos. Mas Caio não viu a graça que dá vida, e suas palavras foram de morte. Peço a Deus que as vivifique, pelo bem de sua alma e das pessoas que ainda irão ouvi-lo.

15 fevereiro 2006

Ainda sobre as charges dinamarquesas

Depois de ter escrito o último post, encontrei referências e reflexões imperdíveis na net, de autoria de pessoas amigas. Em vez de editar a entrada anterior, prefiro recomendá-las aqui:

Desenhando a hipocrisia, Daniel Portela: observações pertinentes aliadas a dados importantíssimos sobre os conflitos envolvendo as caricaturas de Maomé. Os desenhos dinamarqueses estão lá, parecendo bem inocentes quando comparados a alguns desenhos virulentos de chargistas islâmicos (que também estão lá). Além disso, tem o link para uma entrevista na tv com Augustus Nicodemus (de um de meus blogs preferidos) e um texto excelente de John Piper, devidamente traduzido.

De cartunistas e oportunistas, Victor Grinbaum, em artigo do Mídia sem Máscara: uma análise inédita do fenômeno da intolerância islâmica, aliada à indiscutível prova dos fatos. Segundo o autor, a violência suscitada pelo desrespeito a Maomé - que culminou no decreto de uma sharia (punição de morte) contra os chargistas dinamarqueses e em ataques tão explosivos que ocasionaram a morte de dezenas de manifestantes - é sugerida como bem menos "espontânea" do que a mídia mundial nos deixa supor. No final do texto, ainda há uma série de links para complementação de informações. Não dá para deixar de ler.

14 fevereiro 2006

Marxismo, islamismo e os progressistas brasileiros


Texto do balão da charge: "Você tem idéia do quanto isso aí é ofensivo?" Dizeres no chapéu do desenho maior: "O judeu." Legenda no desenho menor: "Maomé." Repare que o personagem louro tem na camisa a bandeira da Dinamarca, enquanto o outro traz na sua o símbolo islâmico.

Recomendo dois textos para reconhecer e ajudar a entender o aparentemente estranho fenômeno de associação entre marxismo e islamismo. O primeiro, de Reinaldo Azevedo, trata da incoerência de um Carlos Heitor Cony, autor esquerdista e beneficiário de uma pensão-monstro por ter sido vítima da censura militar, sair de caneta em punho relativizando a liberdade de expressão no episódio das charges dinamarquesas. É até engraçado testemunhar gente de prestígio na mídia - invariavelmente esquerdista - defendendo a ofendida truculência islâmica; logo eles, que são os primeiros a fazer troça do judaísmo e do cristianismo, a usar termos pejorativos com relação às igrejas católica e evangélica (lembrem-se da reação indignada à nomeação do novo papa conservador) e a ignorar solenemente insultos anti-semitas e anticristãos muito piores que as gracinhas veiculadas no jornal dinamarquês. No Brasil, quem é evangélico sequer precisa pensar muito para enumerar as referências hostis e as piadinhas de mau-gosto que tem de agüentar estoicamente na tv, nos jornais, na rádio, em salas de aula. Eu mesma posso citar umas dez assim que me perguntarem. Não, senhores bem-pensantes, não venham posar agora de guardiães da sensibilidade religiosa. Temos todos os dias o testemunho de uma fila gigantesca de religiosos sinceros prestes a desmentir sua repentina boa-vontade.


A opinião maciça da mídia esquerdista mundial a favor da ira islâmica (e de seus arroubos de depredação) e contra a liberdade de expressão na imprensa não é mera coincidência. Leiam o segundo texto, uma análise acurada que Olavo de Carvalho faz da articulação mundial entre marxismo e islamismo ao explicar o marxismo não como um simples "sistema econômico" (que fracassou no mundo todo), mas essencialmente como uma cultura, mutante e parasitária. O mil vezes mais poderoso marxismo cultural é autor e propagador milionário da agenda politicamente correta em todo o globo, ganhando profissionais midiáticos do mundo inteiro. Ele se associa mais estreitamente não só com o islamismo, mas, dentro das igrejas, com o liberalismo teológico, pois afinal ambos os grupos, marxistas e liberais, são antigos companheiros na aversão ao cristianismo, acusado por eles de precário, estreito, inimigo da liberdade. Os progressistas no Brasil têm se deixado seduzir cada vez mais por esse marxismo, assimilando o discurso "libertário" da modernidade que o alimenta e insurgindo-se, tal como zumbis hipnotizados, contra a teologia clássica cristã, engrossando as fileiras dos mortos-vivos liberais. É precisamente aí que a igreja brasileira corre o risco de esfriar, passando por processo semelhante ao das igrejas européias; não seria por acaso que, aproveitando o vazio deixado pelo cristianismo, o islamismo vale-se do estímulo que os governos de esquerda lhe proporcionam para se expandir assustadoramente rápido na Europa "secular".

Que os progressistas brasileiros saibam, portanto, que adotar o marxismo como um "ideal" é assinar embaixo de uma cultura anticristã, satanista, destrutiva, relativista, mentirosa e totalitária - além de impulsionadora da intolerância islâmica em todo o mundo.

13 fevereiro 2006

O materialismo e a negação de Deus

O autor francês Jean-Paul Sartre defendia o ateísmo sem esconder a intrínseca aridez do sistema, reconhecida por ele ao confessar (creio que com algum orgulho) a dificuldade sofrida por quem quer que almejasse rejeitar todo sentimento do absoluto. Afirmava que o ateísmo é “a convicção de que o homem é um criador e que está abandonado, sozinho no mundo” e “no seu sentido mais profundo, um desespero”. O ateu, para ele, era como o cavaleiro solitário a pregar a esperança apesar de toda ausência de garantias. Esse discurso ainda sobrevive e dá muito ibope entre os teóricos modernos; mas pergunto-me: quem é o ateu "puro", principalmente no Brasil, terra das religiosidades várias e pululantes?

Hoje, em uma época de poucos aspirantes a heróis solitários e de uma certa obsessão pelo conforto (sobretudo espiritual), o ateísmo tout court e sua negação de Deus parece ser tendência menos popular que a de diminuí-Lo sob vários aspectos, segundo cada corrente: humanizá-lo para se declarar “seu inimigo” (satanistas), retirar dele atributos inerentes como a soberania e a presciência (liberalismo teológico, teísmo aberto ou relacional), reduzi-lo a uma “força” impessoal pronta a ser utilizada (esoterismo, paganismo, paulocoelhismos em geral). Face a essa ampla gama de maneiras de negar indiretamente o Deus cristão, podemos pensar que o ateísmo puro funcionou menos como uma opção válida de explicação para a condição humana que uma preparação da abertura de comportas para essa salada mística que caracterizará a era do Anticristo – em que cada ingrediente, por mais díspare do outro, contribuirá para um só objetivo comum, qual seja, o deslocamento da religiosidade para a força do próprio homem.

Assim como a noção de Deus não desaparece mas é vilipendiada através da inflação do poder humano, nas mais variadas áreas do pensamento é fomentada a idéia de uma “transcendência imanente”. O roteiro desse fomento ecoa as sucessivas mutações da negação de Deus: primeiro, nega-se toda transcendência, sobretudo no meio científico; depois, admite-se alguma, mas sempre pelas mãos humanas, e sobretudo nas artes. (Já ouvi em sala de aula, pela boca de uma estudante de pós-graduação em Letras, a pomposa frase “só a arte pode dar conta da religiosidade”, a que todos assentiram silenciosamente – apenas a minha voz se fez ouvir, “como assim?”, e não obtive resposta direta.) Aos poucos, um materialismo mutante se imiscui em todas as áreas – categórico nas ciências, travestido de “condição humana” na filosofia e nas artes – , enquanto, em paralelo, as transcendências imanentes proliferam em idolatrias artísticas e sistemas pseudo-religiosos facilmente adaptáveis ao gosto do cliente. Desse modo, onde o materialismo não pode anular por completo a sede humana de transcendência, ele a desloca para objetos finitos e fins imediatos.

Mas a verdadeira finalidade do materialismo – a negação direta ou indireta do Deus cristão, pessoal e soberano – nunca pode ser totalmente ocultada. Isso é patente na descoberta que nos apresenta o pastor Richard Wurmbrand em seu livro sobre o pensador que construiu todo o seu sistema sobre o materialismo: Karl Marx. Segundo Wurmbrand, nem Marx era ateu, mas sim satanista. Não admira, nem um pouco. Leia um trecho de Marx & Satan em inglês, aqui. E leia um artigo sobre o assunto, em português, aqui.

09 fevereiro 2006

O marxismo na genealogia do Anticristo

Esse post faz pendant, como se dizia antigamente, com o do meu amigo Eliot D. Chambers, Os evangélicos brasileiros e as causas do Anticristo.

Como já afirmei aqui, o marxismo é pai ou avô de muitas correntes teóricas em voga na academia, sobretudo na área de humanas. Na filosofia, de forma direta, a Escola de Frankfurt; na letras, a Análise do Discurso, as correntes de Estudos Culturais e autores do pós-estruturalismo como Michel Foucault; na história e nas ciências sociais, então, é difícil dizer de fato o que não vem do marxismo!

No Brasil de hoje, é fundamental entendermos o papel do marxismo como o maior fomentador de um anticristianismo que chega a ser tendência geral entre os bem-pensantes. Marxismo e descendentes não sobrevivem, como teoria, sem o imanentismo e a luta contra a transcendência que os caracterizam – luta que empreendem para melhor dirigir as pessoas para sua utopia socialista de poder total exercido por homens. Nada me dissuade do fato de que o marxismo estará na "árvore teórico-genealógica" da humanidade como um dos importantes antepassados da ideologia que permitirá a adoração ao Anticristo. Um dos primeiros nomes a constar nessa árvore seria com certeza Epicuro, o idealizador de uma "filosofia" tão louca (algo como a apologia de um sistema baseado na assistematização total da existência) quanto parece ser a mente dos amantes da modernidade que confessam gostar dele, tal como o professor de filosofia e organizador da coleção Os Pensadores citado por Olavo de Carvalho em Jardim das Aflições. (Diante disso, como confiar no ensino de filosofia no Brasil? Tenho para mim que Olavo de Carvalho é o único autor brasileiro de peso hoje a tratar a filosofia como busca real da verdade objetiva. Se o leitor conhecer mais um, avise-me!)

Assim, que nenhum cristão se engane: o marxismo é anticristão e, por onde quer que tenha se imiscuído, tem se engajado em uma persuasiva apologia à destruição do cristianismo e dos valores que fundaram a civilização judaico-cristã. Quem duvida disso pode ficar com as palavras do próprio Marx:

“O comunismo começa pelo ateísmo.”

"Quero me vingar Daquele que reina lá em cima."


“Com desprezo, bato no rosto deste mundo com minha luva e observo a queda deste anão-gigante, sem que esse fato possa sufocar meu ódio. Tal como Deus, vitorioso, caminharei através dos escombros deste mundo, atribuindo à minha palavra um poder ativo. Sinto-me tal como o Criador.”

“Em uma palavra, odeio todo Deus.”

“O que é verdadeiro não é a realidade, mas o que me é útil.”

“Há verdades eternas como a liberdade, a justiça etc., que o comunismo destruirá. Ele suprimirá a religião, a moral, em vez de reorganizá-la. Sei que estamos em contradição com relação à evolução histórica, tal como a conhecemos até aqui. Qualquer que seja a forma que uma exploração tenha adotado, ela é um fenômeno constante em todas as épocas. A revolução comunista é a ruptura mais radical com todas as formas tradicionais de propriedade; não nos espantemos, portanto, se ela liquidar também, de forma radical, com as idéias tradicionais.”


Lênin também era bastante eloqüente ao demonstrar o tamanho da hostilidade que está no coração do comunismo:

"Eu sou inimigo pessoal de Deus."

"Prefiro um milionário ou um capitalista que negue Deus a um camponês ou operário que creia Nele."

Hoje, na época das espertas sutilezas, não dá mais tanto ibope pintar tão vivamente esses ódios. Mas eles estão bem atuantes por trás das palavras adocicadas. Sob as cores mais suaves das recomendações de Antonio Gramsci – que pregava uma revolução light, não pelas armas, mas através da ocupação de espaços na mídia, na educação, na cultura – , o marxismo está mais forte que nunca no Brasil. Nas escolas, ensina-se que a guerrilha é linda e que o socialismo é bom, idealista, preocupado com o homem. Nas universidades, as teorias mais ensinadas são sempre as de fundo ou inspiração marxista – o que é muito diferente disso sequer é conhecido. Nas igrejas, os evangélicos reproduzem a tônica esquerdista, e seus pastores se formam em seminários cujos professores, na maioria neoliberais, têm as mesmas leituras relativistas da academia. Isso explica por que o esquerdismo é a tônica de todas as vozes mais ouvidas no país. Mas o principal interesse do esquerdismo nunca é revelado: negar Deus com o objetivo de desviar todo impulso religioso para instâncias de poder humano, que passam a manipular de modo transcendente, sem limites, até mesmo a alma do povo. Diante disso, os cristãos não devem se espantar com o pesado clima que têm de suportar há décadas. Devem, sim, procurar se informar e orar, orar muito, para que não sejam pegos de surpresa quando a adoração ao Anticristo estiver totalmente às claras.

05 fevereiro 2006

O Antianticristo

Querido amigo e irmão em Cristo, além de companheiro de ênfases antiesquerdistas, Henri Levinspuhl passou de discípulo de Nietzsche a seu mais diligente detrator ao se converter. Escreveu O Antianticristo, em que combate aforismo por aforismo da obra do filósofo. Não deixe de ler. Aqui, deixo aos leitores um trecho do prólogo, que trata do desprezo pela verdade que caracteriza nossa época. Fica como um aviso sobre a triste possibilidade de adesão involuntária aos conteúdos que eu denuncio neste blog: o esquerdismo, que corrompe o desejo transcendente pelo bem ao positivar meios escusos para fins imaginários e reforçar maximamente o poder humano; o imanentismo, que declara a ausência de valores eternos e, imune a todo modelo, chama belo ao feio; e o relativismo, que destrói a inteligência ao atentar, em linguagem e em atos, contra o verdadeiro.

É um tenebroso momento na história da humanidade, com populações inteiras convertidas em esquadrões inconscientes na luta para extirpar, do coração humano, o apreço pelo que mais lhe convém. E quem ainda não notou o quanto interessa à astúcia alistar a sinceridade no exército da mentira, deve começar a precaver-se, não lhe suceda confiar na astúcia, e assim propagar a calúnia; não lhe suceda transmitir, e como se fora a maior das verdades, o engano que o calunioso sabe fraudulento. Porque deveras convém à maquinação que, em seu lugar, alguém transmita a mentira sinceramente, e mesmo inflame-se com sentimento de justiça inconformado, ao passo que imputa à verdadeira justiça algo medonho. E embora atrair a sinceridade para o apostolado da calúnia seja a obra de uma velhacaria rematada, a sinceridade só se entrega a um servicinho sujo desses se contaminada de malícia.

04 fevereiro 2006

A mentira do golpe de 64

O golpe militar de 1964 foi arquitetado pela CIA, certo? É o que pensa a maioria dos brasileiros. No entanto, esse mito foi desmascarado pelo ex-espião Ladislav Bittman, que revelou em livro que tudo não passou de um bem articulado projeto de desinformação de autoria da KGB. Duvida? Então leia até o fim.

Bittman foi membro do Partido Comunista da Tchecoslováquia desde a juventude. Entrou para o departamento de desinformação tcheca, órgão sob a direta supervisão soviética, e lá ficou durante 14 anos. Decepcionado com o comunismo, ele deixou a função e o partido em 1968, tendo que fugir para o estrangeiro com a família e pedir asilo aos Estados Unidos, país que havia aprendido com os comunistas a odiar. Mora lá desde então, e só pôde rever sua cidade natal, Praga, em 1994, quando seu decreto de morte foi revogado. Trabalha como professor na Boston University, onde leciona a cadeira “Disinformation and the Press”, relatando os planos comunistas que ajudou a implantar em seus anos como agente. No país que o acolheu, ele já é considerado uma das maiores autoridades em desinformação.

A América Latina foi um dos grandes alvos de desinformação pelo comunismo soviético. Em seu livro
The KGB And Soviet Disinformation. An Insider's View (Washington, Pergamon-Brassey's, 1985), Bittman conta que na época o alvo geral era disseminar e reforçar o anti-americanismo de forma artificial em todo o continente. Para isso, as metas específicas principais eram: virar a opinião pública contra o secretário-assistente de Estado, Thomas A. Mann, convencendo os latino-americanos de que sua política era de interferência e pressão econômica sobre seus países, e criar a impressão de que a CIA planejava golpes contra os governos do Chile, Uruguai, Brasil, México e Cuba. O autor relata em detalhes como foi forjado, no Brasil, o mito de que a inteligência americana foi a grande responsável pelo golpe militar de 1964. O processo foi o seguinte:

1- A agência de desinformação pôs para circular três falsificações:

- um press-release com o carimbo da Agência de Informação dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, “denunciando” a política imperialista de Thomas Mann

- panfletos de uma organização inventada, "Comitê para a Luta contra o Imperialismo Ianque", “denunciando” a presença no Brasil de agentes da CIA, do DOD e do FBI disfarçados de jornalistas, diplomatas e homens de negócio

- a mais ousada: uma carta que dava crédito ao FBI e à CIA pela execução bem-sucedida do golpe militar, “assinada” por J. Edgar Hoover, diretor do FBI

2- O jornal brasileiro O Semanário – que depois Bittman confessou ser de
propriedade da KGB – publicou notícia sobre a falsificação, atacando Mann.

3- O embaixador americano no Rio de Janeiro negou a existência de tal política e a emissão, pela embaixada, daqueles press-releases. Mas as mentiras continuaram a circular.

4- Jornais em toda a América Latina publicaram as “notícias” sobre a suposta política linha-dura de Mann de “favorecimento de golpes de Estado” e “enfraquecimento de Cuba”. Thomas Mann se tornou um símbolo do imperialismo americano. Estava criado o mito.


Já faz 20 anos que o livro foi publicado. Mas nenhum jornal brasileiro noticiou o fato ou procurou Bittman para uma entrevista - nem na época, nem depois. Professores continuam ensinando que a inteligência americana planejou e executou o golpe militar. E o governo ainda quer que continuemos enviando nossas crianças às escolas, proibindo os pais de educá-las em casa. A quantidade de distorções que os alunos precisam engolir parece alarmante para qualquer pai que, por estar um pouquinho mais informado que os outros, tenha a paciência de folhear os livros didáticos de história. A mentira de que a CIA foi está por trás de 1964 é apenas uma delas.

Bittman é enfático ao afirmar em suas aulas que as estratégias de desinformação continuam a vigorar em todo o mundo. Talvez até mais sofisticadas, imagino – por exemplo, com técnicas de Programação Neurolingüística e semelhantes. Assim, quem reclama da baixa qualidade de nossa mídia – jornalismo uniforme e mal escrito, televisão insossa, revistas com pouca informação relevante – está sendo gentil demais. Povoada, no mínimo, de simpatizantes do comunismo, nossa mídia é mentirosa mesmo. O único veículo que teve a coragem de romper o silêncio sobre Bittman e suas estrondosas revelações para a história brasileira foi o
Mídia sem Máscara, cujo editor, Olavo de Carvalho, também tratou do assunto na revista Época e no Globo, mas não foi ouvido ao sugerir que os jornalistas brasileiros fossem atrás da informação. Se eles fossem imparciais como todo jornalista deve ser, teriam entrevistado Ladislav Bittman. Teriam buscado a verdade. Mas “verdade” hoje, para a mídia e a educação brasileiras, parece ser um conceito absolutamente maleável – tal como para os agentes da desinformação comunista.

Não faça como a maioria dos brasileiros. Digite "Ladislav Bittman" no Google. Leia o livro. Agora que estamos passando por um furor esquerdista na América Latina, capitaneado por Hugo Chávez, não ajude a reforçar mentiras destinadas a favorecer o regime político mais centralizador, sanguinário e corrupto de todos os tempos, que ainda podem nos custar muito em nosso continente. Informe-se e tome posição o quanto antes.

01 fevereiro 2006

Novo artigo no MSM

Saiu artigo meu no Mídia sem Máscara:

O pastor brasileiro e a "direita religiosa fundamentalista"

É uma pena que a quase totalidade (pelo menos, sua parcela midiatizada) dos pastores do Brasil comungue com os ideais e propósitos das esquerdas. Um misto de doutrinação escolar, falta de informação e preconceito com relação à "direita" - temperado ainda, por que não dizer, por um certo infantilismo intelectual (dominante entre nós evangélicos, infelizmente) - os leva a isso. Tomara que esse texto os alcance. Pode incomodar um pouquinho, mas talvez seja útil para, ao provocar questionamentos, pelo menos equilibrar entre nós o debate político e matizar tais adesões, ajudando ainda a precaver os mais teoréticos contra as empulhações relativistas que costumam acompanhar todo filhote de marxismo.

Boa leitura!