04 fevereiro 2006

A mentira do golpe de 64

O golpe militar de 1964 foi arquitetado pela CIA, certo? É o que pensa a maioria dos brasileiros. No entanto, esse mito foi desmascarado pelo ex-espião Ladislav Bittman, que revelou em livro que tudo não passou de um bem articulado projeto de desinformação de autoria da KGB. Duvida? Então leia até o fim.

Bittman foi membro do Partido Comunista da Tchecoslováquia desde a juventude. Entrou para o departamento de desinformação tcheca, órgão sob a direta supervisão soviética, e lá ficou durante 14 anos. Decepcionado com o comunismo, ele deixou a função e o partido em 1968, tendo que fugir para o estrangeiro com a família e pedir asilo aos Estados Unidos, país que havia aprendido com os comunistas a odiar. Mora lá desde então, e só pôde rever sua cidade natal, Praga, em 1994, quando seu decreto de morte foi revogado. Trabalha como professor na Boston University, onde leciona a cadeira “Disinformation and the Press”, relatando os planos comunistas que ajudou a implantar em seus anos como agente. No país que o acolheu, ele já é considerado uma das maiores autoridades em desinformação.

A América Latina foi um dos grandes alvos de desinformação pelo comunismo soviético. Em seu livro
The KGB And Soviet Disinformation. An Insider's View (Washington, Pergamon-Brassey's, 1985), Bittman conta que na época o alvo geral era disseminar e reforçar o anti-americanismo de forma artificial em todo o continente. Para isso, as metas específicas principais eram: virar a opinião pública contra o secretário-assistente de Estado, Thomas A. Mann, convencendo os latino-americanos de que sua política era de interferência e pressão econômica sobre seus países, e criar a impressão de que a CIA planejava golpes contra os governos do Chile, Uruguai, Brasil, México e Cuba. O autor relata em detalhes como foi forjado, no Brasil, o mito de que a inteligência americana foi a grande responsável pelo golpe militar de 1964. O processo foi o seguinte:

1- A agência de desinformação pôs para circular três falsificações:

- um press-release com o carimbo da Agência de Informação dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, “denunciando” a política imperialista de Thomas Mann

- panfletos de uma organização inventada, "Comitê para a Luta contra o Imperialismo Ianque", “denunciando” a presença no Brasil de agentes da CIA, do DOD e do FBI disfarçados de jornalistas, diplomatas e homens de negócio

- a mais ousada: uma carta que dava crédito ao FBI e à CIA pela execução bem-sucedida do golpe militar, “assinada” por J. Edgar Hoover, diretor do FBI

2- O jornal brasileiro O Semanário – que depois Bittman confessou ser de
propriedade da KGB – publicou notícia sobre a falsificação, atacando Mann.

3- O embaixador americano no Rio de Janeiro negou a existência de tal política e a emissão, pela embaixada, daqueles press-releases. Mas as mentiras continuaram a circular.

4- Jornais em toda a América Latina publicaram as “notícias” sobre a suposta política linha-dura de Mann de “favorecimento de golpes de Estado” e “enfraquecimento de Cuba”. Thomas Mann se tornou um símbolo do imperialismo americano. Estava criado o mito.


Já faz 20 anos que o livro foi publicado. Mas nenhum jornal brasileiro noticiou o fato ou procurou Bittman para uma entrevista - nem na época, nem depois. Professores continuam ensinando que a inteligência americana planejou e executou o golpe militar. E o governo ainda quer que continuemos enviando nossas crianças às escolas, proibindo os pais de educá-las em casa. A quantidade de distorções que os alunos precisam engolir parece alarmante para qualquer pai que, por estar um pouquinho mais informado que os outros, tenha a paciência de folhear os livros didáticos de história. A mentira de que a CIA foi está por trás de 1964 é apenas uma delas.

Bittman é enfático ao afirmar em suas aulas que as estratégias de desinformação continuam a vigorar em todo o mundo. Talvez até mais sofisticadas, imagino – por exemplo, com técnicas de Programação Neurolingüística e semelhantes. Assim, quem reclama da baixa qualidade de nossa mídia – jornalismo uniforme e mal escrito, televisão insossa, revistas com pouca informação relevante – está sendo gentil demais. Povoada, no mínimo, de simpatizantes do comunismo, nossa mídia é mentirosa mesmo. O único veículo que teve a coragem de romper o silêncio sobre Bittman e suas estrondosas revelações para a história brasileira foi o
Mídia sem Máscara, cujo editor, Olavo de Carvalho, também tratou do assunto na revista Época e no Globo, mas não foi ouvido ao sugerir que os jornalistas brasileiros fossem atrás da informação. Se eles fossem imparciais como todo jornalista deve ser, teriam entrevistado Ladislav Bittman. Teriam buscado a verdade. Mas “verdade” hoje, para a mídia e a educação brasileiras, parece ser um conceito absolutamente maleável – tal como para os agentes da desinformação comunista.

Não faça como a maioria dos brasileiros. Digite "Ladislav Bittman" no Google. Leia o livro. Agora que estamos passando por um furor esquerdista na América Latina, capitaneado por Hugo Chávez, não ajude a reforçar mentiras destinadas a favorecer o regime político mais centralizador, sanguinário e corrupto de todos os tempos, que ainda podem nos custar muito em nosso continente. Informe-se e tome posição o quanto antes.

8 comentários:

Moita disse...

Normacita

A esquerda adora uma arapongagem de desinformação e desfaçatez. Vê agora aqui, tão forjando lista, falsificaram assinaturas e escala menor ameaçaram a Kika, fazendo-se passar por um alto magistrado do Tribunal.
o povo ruim.

Passe na Moita vc vai gostar. acho.

Norma disse...

Pois é, Moita! A gente não quer ser parcial nem generalista, mas vai estudar e vê que é assim; procura saber das coisas, e vê que é assim. Já virou uma cultura, a coisa vai passando de geração em geração de governos e partidos, de professor para estudante, e vai seduzindo, vai se reforçando. Aqui na América Latina os soviéticos entenderam isso muito bem, e se aproveitaram para manter a situação a seu favor. O resultado está aí: ser de direita é "feio", o antiamericanismo é normal, os cristãos conservadores são burros e preconceituosos, quanto mais à esquerda melhor... Até quem se diz "liberal" economicamente tem caído nessa. É tão forte que parece mais que uma cultura, de fato um vírus - cujos sintomas são cegueira, má-vontade em se questionar, uso sistemático de um vocabulário cujas expressões mais escondem que explicam... e isso, na quase totalidade das pessoas em volta. Vou lhe contar, não é fácil ser antiesquerdista no Brasil!

Passo lá, sim!
Abração!

Anônimo disse...

Norma, me diz uma coisa:
Sera que nao haveria uma editora no Brasil que estaria comprimetida com o lancamento de livros que apoiassem um movimento de esclarecimento a populacao com uma linguagem politica, mas simples, e com um bom embasamento de pesquisa??
ou mesmo livros como este do Ladislav Bittman, que poderia ser lancado num modelo popular para que todos pudessem ter acesso...voce acha que isso seria possivel?? E tambem livros para cristaos, que mostrassem os desvios da teologia esquerdista e o grande prejuizo que ela causa na vida da igreja?
Seria possivel alguma coisa assim??

Norma disse...

Também gostaria de saber, Wilson... Mas temo que a maioria esteja comprometida de alguma forma com o esquerdismo ou com os esquerdistas. De qualquer modo, falta coragem para desafiar o status quo. Pressão ideológica e emocional demais em cima, dinheiro, troca de favores... Mesmo quem começa bem acaba cedendo, e quando vê está defendendo um esquerdismo light. As exceções só confirmam a regra.

Podemos tentar procurar, mas se nem um jornalista como o Olavo, escrevendo no Globo, conseguiu fazer as pessoas acordarem, não sei o que daria jeito. Se você conhecer cristãos conservadores dispostos a isso... Os que eu conheço não têm poder nem dinheiro (eu incluída).

Norma disse...

Oi, Tarcizio!

O alerta do Olavo no Globo e na revista Época foi em 2001. No MSM, o artigo sobre o assunto (também do Olavo) data de 2002. Em maio de 2005 o Luiz Afonso voltou a tocar no assunto. Ou seja, faz tempo. E ninguém fez nada - nem traduziu o livro, nem publicou reportagem, nem procurou saber. A questão é que o antiamericanismo é vital para a esquerda, porque o marxismo, como utopia secular, é um sistema/uma cultura que não sobrevive sem o bode expiatório. Girard explica, como eu sempre digo. :-) E um dos trunfos que eles têm nas mãos para manter a todo custo esse antiamericanismo é dizer (e ensinar) que a direita dos EUA foi diretamente responsável por regimes ditatoriais na América Latina. Você vê, essa mentira comunista de autoria da antiga URSS está com longas pernas, mas só por enquanto, se Deus - que ama a verdade - quiser.

Olha, eu tenho a forte impressão de que você não vai achar esse livro em nenhuma biblioteca, pelos mesmos motivos. Mais fácil comprar pela internet. Se junto com a curiosidade você estiver com pressa em conhecer detalhes da operação da KGB no Brasil, há um trecho grande dele traduzido no MSM, de onde tirei as informações para compor a entrada do blog. O link está lá no post.

Abração!

folton disse...

Parabéns Norma. Como sempre você mostra coragem e competência.

Seu novo admirador
Fôlton

Luís afonso disse...

Norma: No ano passado eu - num esforço inédito - consegui o e-mail do Bittman. Resolvi seguir ao pé da letra as orientações do Olavo. Trocamos diversos e-mails, mas o cara é uma tumba. Consegui somente uma afirmativa - de que o Semanário era realmente propriedade da KGB/Cheka.
O conteúdo desta revelação foi publicado no MSM em duas matérias no ano passado:
http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=3454
http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=3505

Obrigado pelo link.

LA

João Emiliano Martins Neto disse...

Prezada Norma,

Meus parabéns por este seu post. Até hoje se pensa realmente isso que o golpe foi planejado por aquela respeitada nação que é os Estados Unidos. Puro nonsense. Quando muito foi uma armação dos udenistas, esse arremedo de direita que nós tivemos aqui no Brasil, na verdade eram fascistas, que perseguiam o governo infestado de comunistas de Juscelino Kubitschek, mas eram iguais ou piores a ele.
Hoje esses udenistas estão todos no PFL o qual através do murista do seu presidente o sr. Jorge Bornhausen tem a petulância de dizer que o Brasil não precisa de partidos de direita, pois o mesmo é pobre e requer a "presença" do Estado. Eles chamam os conservadores de retrógrados... Pobre Brasil...

Abraços fraternos do,

JOÃO EMILIANO MARTINS NETO