Um esforço, com a graça de Deus, de recolocar o cristianismo na via dos debates intelectuais. Não por pedantismo ou orgulho, mas por uma necessidade quase física de dar nomes às minhas intuições e contornar o status quo das idéias hegemônicas deste mundo.
03 novembro 2005
"A verdade não existe"
Depois de ouvir por anos a fio na academia a terrível frase "a verdade não existe", há um bom tempo tomei uma decisão de uma vez por todas: considerar nulidades intelectuais todas as elaborações teóricas ancoradas sobre tal afirmação. Independente da motivação de seus defensores, a frase revela tanto da desonestidade intelectual (consciente ou não) de quem a pronuncia, que sequer tenho mais paciência para me embrenhar em discussões intermináveis com o objetivo de me opor a ela. Ridicularizável em menos de dez segundos, "a verdade não existe" foi concebida para se alçar cinicamente a uma condição superior a todas as enunciações possíveis, pois se presentifica necessariamente como uma "verdade" ao mesmo tempo em que impede sua refutação. É portanto pura crueldade discursiva, terrorismo lingüístico passando-se por resultado de processo argumentativo, com o fim de paralisar a atividade mental do receptor. É, acima de tudo, o lema da indigência intelectual de nossa época - e, como lema, não precisa mesmo prestar tributo à coerência, assim como "é proibido proibir". Mas o que fazer, se a própria academia, que se quer instância "produtora" de conhecimentos por excelência, não se cobra maior razoabilidade? Em vez então de tentar afrontar essas "teorias", uma por uma, em pé de igualdade na arena dos debates intelectuais - e elas são tão numerosas quanto os Smith de Matrix II - , melhor simplesmente sair de perto e deixar que se explodam sozinhas em suas bombas pseudoconceituais. Mais sábio e eficaz é tentar desatar, nas profundezas, os nós cognitivos geradores dessas tautologias modernas - para prevenir o estudante de uma vez por todas de cair nas garras de mais um Smith da vida.
Se você duvida do que estou dizendo, imagine o seguinte diálogo:
- Blá blá blá blá blá, porque não há teoria mais verdadeira que a outra, porque tudo são construções humanas, porque a verdade não existe - declara um estudante, repetindo o que o professor falou.
- Mas criatura - rebate o outro - , você não percebe que, se eu acreditar em você, o que você diz agora também entra para o rol das "construções humanas" e das "verdades que não existem"? E isso desmente tudo o que você falou. Ou por que justamente as suas afirmações iam fugir da comprovação da sua teoria?
- . . .
Ou seja: essas afirmações não são sequer afirmáveis, apenas um curto-circuito mental. Não dá para levar a sério, dá?
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7 comentários:
NÃO!
A verdade existe, sim!
Com tantas teorias se baseando nessas premissas não é de se admirar que as universidades sejam os locais que possuam o maior índice de asnos por metro quadrado.
Não é a toa que, quanto mais se dá trela para os tais 'intelectuais', mais guerras e desatres econômicos e sociais aparecem. O Brasil é o exemplo disso.
"Ditadura" do relativismo é exatamente a palavra. Arrisco dizer que são dois os pilares dessa "modernidade" fabricada: o primeiro é o pressuposto mencionado de que todas as afirmações sobre o mundo são igualmente válidas (anulando-se, portanto, na máxima "a verdade não existe"), e o segundo está muito bem detectado e analisado na obra de Girard - o totalitarismo da vítima. Vou pensar melhor essa articulação entre os dois e depois fazer um post sobre isso.
Joincanto, gostei de saber da presença de mais um evangélico de olhos abertos entre nós! É isso aí: um belo "não" na cara desses perversos que querem destruir a beleza da razão humana.
Paulinha, sobre a verdade em Cristo, escrevi mais especificamente no ensaio http://coletaneanormabraga.blogspot.com/2005/10/mente-de-cristo.html.
Você vai gostar!
Beijos,
Norma
Não mesmo...
"A verdade NÃO existe"
Ouvi esta frase da boca de um pai-de-santo, já no início da manifestação da entidade (a voz já bem grossa), após algumas horas de conversa amigável, na qual eu tentava evangelizá-lo. Não o confrontei mais, a partir daí, senão a coisa ia ficar feia pro meu lado (eu estava sozinho, às 11 da noite, no quintal da casa dele, em Santa Cruz da Serra, em abril deste ano).
Percebi, a partir dessa experiência, que no caso dele (e certamente em muitos outros por aí, até insuspeitos para nós) o domínio do espírito maligno era tão grande que o sujeito não tem mais sequer vontade própria. Está completamente escravizado.
Só para constar: o nome do "Orixá-de-cabeça" do Ricardo era "Logunedé". Mas bem podia se chamar "Legião".
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