14 dezembro 2005

"outro deus"?

Os pastores Ed René Kivitz e Ricardo Gondim, badaladíssimos no meio evangélico, fundaram um blog em conjunto, chamado - sob os suspeitíssimos e aterrorizantes auspícios de Marx, Freud, Nietszche, Sartre e "outros caras do tipo" - de outro deus (não sei se com maiúscula ou minúscula). Já gostei de ler os dois autores em minha adolescência como cristã. Hoje, eu o fiz por um dever de consciência. Um dia, alguém poderá apontar tristemente para indícios da vilipendiação da fé evangélica no Brasil usando esse blog como exemplo. Mas eu ainda espero que isso não aconteça.

Post de Ricardo Gondim: Pistas para pensar com novas categorias

Não é fácil sair da caixa e olhar de fora para dentro. As bitolas do pensamento religioso são demasiado rígidas. Entendo que essa inflexibilidade seja necessária para que a fé não descambe para o bizarro ou para o caricaturato. Entretanto, ela pode engessar a razão e impedir que se caminhe para as fronteiras.Se crer também é pensar, sentir-se livre para raciocinar enriquece a fé.Algumas pistas para que o evangelicalismo brasileiro ouse pensar sua fé com novas categorias.1. A Bíblia não pode ser lida cientificamente. É preciso aprender a lê-la como narrativa simbólica da história, mítica e poética. O esforço de tornar os Livros Sagrados um só texto é irreal. Não se pode querer fazer Abraão concordar com Paulo, e nem o Qohélet - Eclesiastes - com Tiago. A Bíblia não é só um livro, mas vários e eles não são homogêneos entre si. Seus autores discordam em vários assuntos.2. A Bíblia não é um livro que se propõe uma revelação codificada e sistematizada de Deus. Ela mostra as percepções de pessoas, tribos, povos e, principalmente, do povo judeu sobre o cuidado de Deus para com seu povo. Ela não revela como Deus costruiu a história, mas como o homens o fizeram e como Deus não os abandonou quando agiram mal. Muitas vezes, a compreensão do povo sobre Deus se mostrará ambígua, porque os homens são contraditórios.3. A essência do ser de Deus continua um mistério para a humanidade. O que se conhece é seu cuidado - pathos - divino. Portanto, toda especulação sobre o ser absoluto de Deus deve ser considerada apenas especulação. Os antropomorfismos, tais como paternidade, amizade, cuidado pastoral, se expressaram plenamente na encarnação. A mais alvissareira notícia do cristianismo não é que Jesus seja a imagem de Deus, mas que Deus é a imagem de Jesus.

Meu comentário (Norma):

Hã? Isto significa que, embora devamos encarar a Bíblia como nosso livro de fé e inspiração divina - afinal, foi ela que nos trouxe a revelação e as palavras de Jesus Cristo - , não podemos nos esquecer de que: "Ela mostra as percepções de pessoas, tribos, povos e, principalmente, do povo judeu sobre o cuidado de Deus para com seu povo. Muitas vezes a compreensão do povo sobre Deus se mostrará ambígua, porque os homens são contraditórios." Como assim? Contraditório é esse post. Não consigo deixar de ver nessa confusão mental o previsível resultado da leitura de autores da modernidade (Nietzsche, Sartre, Marx, Foucault). Na teologia isso não se resolve, porque o relativismo sobre a Palavra é a própria negação da teologia. Afinal, se a Bíblia é mais expressão de homens que palavra de Deus, para quê vou devotar a ela maior importância que a Nietszche ou Sartre? Como um pastor sério pode crer nisso? Prefiro o epíteto "fundamentalista": pelo menos, posso me livrar do cartesianismo sem muita dificuldade, ao passo que o relativismo é pior que um vício de droga injetável.


Post de Ed René Kivitz: E DEUS COM ISSO?

Deus para outro mundo possível. Foi o tema discutido no Fórum Mundial de Teologia da Libertação em janeiro de 2005, em Porto Alegre, RS. A expressão “outro mundo possível” substitui a velha disputa entre capitalismo e socialismo, que durou quase dois séculos. Desde a queda do muro de Berlim, já não faz mais sentido falar da sociedade socialista como alternativa à sociedade capitalista, e como ninguém encontrou uma palavra para colocar no lugar de “socialismo”, o lema é “outro mundo possível”. O fato é que há um desejo latente de que este “outro mundo” apareça, trazendo a superação dos abismos que separam a Califórnia do Piauí.Colocar Deus nesta discussão é um ato atrevido. Muita gente acredita que teologia tem pouco a ver com economia, e religião tem quase nada a ver com política. Mas isso revela uma ingenuidade, para não dizer ignorância, pois deixar de incluir Deus nas discussões a respeito de política e economia é jogar Deus para o ostracismo histórico, num canto remoto chamado céu e num tempo abstrato chamado eternidade.Vivemos dias (e já não é de hoje) em que Deus é chamado ao banco dos réus do processo histórico. Deus está associado aos fundamentalismos (cristão, judeu e muçulmano), e é também usado para justificar guerras chamadas de santas, sustentar teorias econômicas e estados injustos, obstacular o avanço científico, legitimar o atual império do planeta.A teologia deve sim estar a serviço de outro mundo possível. Deve ser capaz de descrever, numa espécie de avant-premiere, o reino de Deus, o novo céu e a nova terra, sob pena de ser taxada de diletantismo.A religião deve sim oferecer caminhos que recoloquem o ser humano na rota da vida, livre de culpas, medos e preconceitos. Deve promover justiça, paz e solidariedade, sob pena de assinar embaixo, admitindo ser mesmo "ópio do povo".Um outro mundo possível: Deus tem tudo a ver com isso.

Meu comentário (Norma):

Dizer que a expressão "um outro mundo possível" substitui a velha disputa entre capitalismo e socialismo em vez de representar este último é um mascaramento do que ocorre no Brasil - se consciente ou não, não sei. Vejamos: 1) O Brasil vive debaixo de um pensamento predominantemente de esquerda nas universidades, onde o marxismo é o solo frutífero para a quase totalidade das teorias de áreas de humanas; 2) No Brasil, "capitalista" ou "de direita" há muito viraram xingamento; 3) Livros didáticos de história vêm há anos inspirando o ódio aos EUA e a condescendência a guerrilhas e movimentos tais como o MST; 4) A igreja não se aparta de nada disso: os discursos dos pastores com maior evidência nos círculos evangélicos - além dos próprios Gondim e Kivitz, donos deste blog, também o Caio Fabio, o Ariovaldo (que tem o mérito de deixar claras publicamente suas posições de esquerda) - costumam não fazer diferença a nada do que foi dito acima. Isto posto, gostaria muito que o nome fosse recolocado no boi: o post deu a impressão de que há uma desejada "neutralidade" no desejo de um "outro mundo possível", quando é, mais uma vez, a velha agenda socialista que se impõe, com todos os seus velhos pressupostos.

Incrível: caem-me nas mãos cada vez mais evidências de que relativismo e esquerdismo são gêmeos siameses, e que na modernidade um nunca dá o ar de sua graça sem o outro. Se Deus permitir, um dia a igreja evangélica brasileira vai perceber isso.

42 comentários:

Luís afonso disse...

Bah Norma:
Estes caras além de relativistas no mau sentido do termo, são quase blasfemos: Deus - na visão deles - é que tem de seguir a cartilha do "novo mundo possível" como se fossem os homens os criadores deste novo mundo.
Esquecem que Deus sempre colocou Seu Reino fora deste mundo e querem por que querem que Deus leia Marx.
É o cúmulo da arrogância terrena disfarçada de ecumenismo...
Nada mais distante do Reino dos Céus..

Norma disse...

Eu só quero ver aonde vai dar isso tudo... Por enquanto, é menos pior que eles dêem nomes aos bois e chamem socialismo de socialismo, em vez de disfarçar a coisa com esse tipo de eufemismo, "outro mundo possível". Não é de hoje que o esquerdismo gosta de posar como neutro e único (aprendi isso com John M. Ellis em Literature Lost), o que não deixa de ser uma grande covardia em tempos de totalitarismo cultural e midiático. Precisamos ser rígidos mesmo com esse tipo de camuflagem, pois o povo evangélico precisa ter os meios de entender exatamente do que se trata: um duvidoso amálgama de marxismo e cristianismo, coisas de Teologia da Libertação mesmo, dos pseudo-sacerdotes Betto e Boff. Nada de mimetismo.

Anônimo disse...

Temo por este meu comentário, pois não sei como ler seu obcecado post sem lembrar de alguém que disse que a Igreja Católica tem perdido os fiéis mais humildes para as igrejas protestantes, mas essas têm perdido seus fiéis mais ilustrados para a Igreja Católica. De fato esses pastores são uns espanta fiéis. Esse “outro mundo possível” todo mundo sabe que É o socialismo, pois não há nada que aponte para uma fuga dessa idiotice herege, que pretende fazer um céu na terra, como alternativa ao capitalismo (escrevi isto antes de ler seu comentário :-) ). A principal coisa que separa a Califórnia do Piauí pode muito bem ser a espiritualidade deste e soberba daquele, o que nos faz concluir que o Piauí é muito mais rico que o a Califórnia. Nessa questão particular de absoluta ignorância sobre economia, não são só os pastores, há muitos bispos da ICAR, sucessores de Pedro (uma vergonha!), pois é gente que oficialmente por meio de documento oficiais assinados e reafirmados por Papas desde Pio IX (1846-1878) deveria ser excomungado se fossem meros fiéis. Sendo bispos, a coisa fica ainda pior. Maravilhoso seu post.

Anônimo disse...

Norma, estou confuso...
Por causa do uso diferenciado sobre Relativismo, "outro mundo possível", teo.libertação, Sartre e "outros caras do tipo". Os referenciais não são os mesmo, os significados também não o são.
Mas a confusão veio por alguns "bombardeios" que levei.
Gondim relativista? Ele disse isso?
"Outro mundo possível" é uma maquiagem socialista?
Gondim, Boff e Kivitz estão na mesma jangada?

Bom, o bombardeio me balançou pois concordo em parte com você e concordo em parte com eles (será que isso é possível kkkkkkkkkk)
Deixe minha cabeça e coração esfriarem. Depois volto ok?
Um abraço

Paula disse...

Norma, concordo com os teus comentários. Há coisas que não podemos relativizar, e uma delas é a Bíblia. A Bíblia é a palavra de Deus, actualíssima.

Jorge Oliveira disse...

Post interessante...
Tudo passa e passará, menos a Palavra de Deus.
Abraços e Feliz Natal!
JO

Garcia Rothbard disse...

O "outro Deus" aparentemente está fora do ar.

Talvez eles tenham deletado o blog, talvez seja simplesmente um problema técnico.

Fico assim sem poder analisar melhor o seu post.

De qualquer forma, um grande abraço e mil beijos.

Norma disse...

É, César, a cultura marxista, mutante, sempre arruma um jeito de se apresentar decentemente para as novas gerações.
Sueño, eu já estive pessoalmente com o pr. Gondim. Não tenho absolutamente nada a dizer que o desabone, mas sim a suas idéias expressas naquele blog (e algumas do site). Não chame de "criatividade" coisas sobre as quais você provavelmente ainda nem refletiu. Essa mania do brasileiro de rejeitar sem pensar é terrível.

Norma disse...

Rodrigo, vou postar novamente sobre isso e você vai ver que as perplexidades de Gondim parecem estar em consonância com as teorias modernas relativistas.
José, estou muito feliz por você ter postado aqui. Achei bárbaros seus comentários no falecido Outro Deus, e tinha medo de que perdêssemos contato, pois seu mail não está disponível. Afinal, está difícil à beça encontrar cristãos que entendam dessas coisas. Entre os católicos parece que há mais que entre nós evangélicos.
Paulinha, vamos orar para que a modernidade fique na porta da igreja, mas não entre. Forçando ela está, e muito.
Feliz Natal também, Joincanto!
Garcia, o blog foi deletado e eles deixaram um último post chamado "obrigado", assim:
"Aprendemos preciosas lições neste curto espaço de tempo em que o Blog esteve no ar. Agradecemos a todos os que no-las ensinaram. O Blog será retirado do ar." Alguns leitores protestaram e perguntaram por quê (eu inclusive), mas não houve resposta. Fica a perplexidade. Aliás, o site do Gondim também está fora do ar, e eu me pergunto se uma coisa tem a ver com a outra. Talvez eles tenham a coragem de questionar a fé deles tal como Shaeffer, que se retirou do pastorado e ficou um tempo fora até resolver as dúvidas. Ou talvez as resolvam rapidamente. Ou talvez virem liberais (a morte da fé). Não sei. Seja como for, a cabeça deles está precisando de um bom upgrade.

Anônimo disse...

Norma, minha querida amiga, entendo a sua opçao pelo capitalismo, mas, dizer que no mundo moderno apenas o "esquerdismo" é relativista, me parece ingenuidade. Por que o capitalismo está fora? Você está dizendo que o capitalismo é a ideologia de Deus? Deus por acaso tem ideologia? Por que você não faz como eu? Eu nunca disse que o socialismo é a ideologia de Deus. O que eu sempre disse é que eu sou socialista, e que penso que essa postura é menos ruim que o capitalismo, e está mais próxima do socorro aos pobres. E tem mais. Eu sou socialista e não comunista. Sou pelo socialismo democrático e não pelo partido único.E acredito na possibilidade de uma democracia a partir do pobre e do despossuído. Agora, não confundo nada com o Reino de Deus. Você me conhece e sabe que eu prego que o Reino de Deus deve ser sinalizado por nossas vidas e práticas, mas, que só será implantado na segunda e gloriosa volta de Jesus Cristo. Eu não sou relativista. E, mais, minha teologia é reformada. Eu só não sou contado entre os puritanos porque, diferente deles, eu creio que os dons do Espírito Santo não cessaram e estendo a destra de comunhão aos pentecostais. Quanto ao capitalismo, onde o lucro é o princípio ético não há muito o que falar. Basta lembrar que o mercado não faz diferença entre o mercado financeiro e o mercado das drogas; entre a exportação de commodities e a de mulheres para a prostituição. Quem faz essa diferença é a moral; que, diga-se, não é o forte do capitalismo, senão as gloriosas nações capitalistas não fariam o que fazem. Por exemplo, não estariam condenando a África a assistir a morte de 6 mil de seus filhos e filhas, diariamente, por causa da AIDS, porque as multinacionais não podem ter o seu lucro diminuído. È melhor não falarmos do capitalismo. E lembre-se o socialismo é uma proposta de administração econômica, o comunismo é que é uma proposta de reestruturação do estado. O que caiu com o muro de berlim foi o comunismo, principalmente, em sua versão stalinista. E não se esqueça que são os gloriosos capitalistas que festejam a China, marcada pelo que a moral chamaria de trabalho escravo.

Anônimo disse...

Prezada Norma,

Nunca havia lido seu blog e cheguei a ele por uma indicação do Pr. Eros Pasquini. Parabenizo-a pela qualidade de seus escritos.

Discordo, porém, da ligação estreita, que você vislumbra, entre o relativismo e as linhas de esquerda, e peço-lhe que a explique. Minha percepção, que é a de quem vive num país onde nem a elite intelectual esquerdista abre mão de seus hábitos burgueses, é a de que o relativismo é a justificativa por excelência da nossa alarmante sociedade de consumo cada vez mais desenfreado, e o consumo é a condição essencial do capitalismo.

Estou muito longe de ser de esquerda ou mesmo de centro. Como cristão, acredito que o Reino de Deus, presente nos corações dos homens, produzirá a justiça que nenhum regime, força ou idealismo jamais produziu, seja ele de direita, centro ou esquerda. Por isso, não tenho problemas em imaginar um capitalismo de cristãos, onde haja lucro, mas sem que a Justiça seja arranhada.

Entretanto, o que consigo enxergar é um sistema muito longe de Deus, em que relativismo, hedonismo, consumismo, sensacionalismo e sensacionismo são exaltados para que o consumo não tenha limites nem culpas. Por egoísmo e ganância, vende-se, a mui elevado preço, ganância e egoísmo a uma sociedade ávida por alívio. Até deuses (inclusive uma versão deturpada do nosso Deus) são vendidos por bom dinheiro, sem qualquer escrúpulo nem justificativa que se sustente fora desse perverso sistema.

Não que eu pense o oposto, e acredite que o relativismo é filho do capitalismo, e o marxismo e seus sucessores estejam livres dele. Antes, penso que ele se alastrou como praga e a todos contaminou, de forma que muitos o empregam (e muitos sejam seus empregados, se crermos que há um ser pessoal, que se oponha a Deus, a quem ele sirva) sem que se dêem conta de como estão esfacelando seus próprios alicerces. Temos que orar ao SENHOR para que a todos livre dessa praga, a despeito de quais crenças tenham sobre esta vida ou sobre aquilo que transcende nossa existência.

Norma disse...

Querido Ari! Onde eu digo que "sou capitalista"? Por que o anti-esquerdista (que é o que sempre digo que sou) precisa sempre ser o capitalista? Eu também não acho que Deus tem ideologia. Os efeitos nocivos do capitalismo são discutidos o bastante para que eu não precise tocar nesse assunto. Já os defeitos do esquerdismo não são assunto de quase ninguém. E no entanto, estive na universidade (Letras) tempo suficiente para constatar, com a ajuda de providenciais leituras, que 1) o marxismo está na raiz das principais correntes literárias em voga hoje, e nas áreas humanas em geral; 2) o marxismo traz a todas essas áreas: imanentismo, anticristianismo, esperança de transcendência na organização social, polarização da sociedade e conseqüente estímulo para o ódio. O marxismo é o principal responsável pelos universitários que acham que cristianismo é uma balela e pelos estudantes cristãos que abandonam a fé quando lá chegam. Em muitos dos textos postados aqui eu procuro trazer à baila essas discussões, porque não vejo ninguém sequer fazendo as leituras que faço (Ellis, Girard, Olavo de Carvalho), imagina discutir. A gente é lembrado dia após dia dos males de nossa sociedade capitalista, mas tenho contato com economistas que dizem que nossa sociedade tem muitos elementos de socialismo (impostos altos é um deles) - parece irônico, não é? Talvez quem esteja criticando o capitalismo não perceba isso, que os efeitos do que se vê são de um socialismo meio camuflado. Enfim. É um processo longo, e sei das minhas limitações - precisaria estudar mais filosofia, encarar economia, debater mais - , porém uma coisa é certa para mim: marxismo e relativismo estão intimamente ligados, ou, mais que marxismo, um modo de agir/pensar que data da Revolução Francesa. Eu precisaria de um texto enorme para mostrar isso, que comecei a perceber "sozinha" (entendam-se as aspas: com Deus), estudando cultura e literatura francesa para dar aulas na UERJ, há quatro anos. Depois as leituras só foram corroborando e ampliando meus insights - não de que o capitalismo é o sistema preferido de Deus, mas de que os sistemas de esquerda trazem piores conseqüências para tudo, inclusive para a fé cristã. Por exemplo: o pensamento politicamente correto (que sei que você odeia tanto quanto eu) é uma das "crias" do marxismo, já que é apenas um prolongamento da divisão maniqueísta da sociedade, jogando, em vez de ricos e pobres, os dois sexos e raças diferentes umas contra as outras. Quanto a você: sei que você é social-democrata, querido amigo, e SEI que você não é relativista, e desculpe se dei essa impressão neste post. Não foi minha intenção. Apenas acho que os pastores desta geração sua estão dando espaço demais à Teologia da Libertação (incubação do marxismo no cristianismo) - algo que os católicos têm mais "cancha" para perceber que é pernicioso para a teologia bíblica. Até hoje não vi nada em sua pregação que trouxesse frutos nocivos advindos dessa teologia, mas foi triste perceber que o relativismo está presente nos textos recentes de Gondim - e sei que uma coisa tem relação com a outra. Eu adoraria encontrar com você para discutir isso tudo pessoalmente, pois minhas reflexões aqui neste blog são resultado de um longo - e doloroso - processo. Última coisa: sei que há múltiplas divisões dentro do esquerdismo (socialismo, comunismo, social-democracia), mas, sob a égide da Revolução Francesa, todas elas trazem a mesma iconoclastia, o mesmo Estado-Deus, a mesma concentração de poder e renda no Estado, o mesmo anticristianismo e imanentismo. Há gradações, mas não vejo como fugir da identidade entre elas, como não vejo que bem pode trazer para a sociedade um sistema que força a realidade a se adequar a um ideal, de modo violento e usurpador das liberdades pessoais. Toda aquela questão do desarmamento é um bom exemplo: pensou-se que os cristãos que votaram contra estavam querendo legitimar a violência, quando na verdade estávamos querendo assegurar as liberdades individuais. Veja, Deus manda a gente fazer milhões de coisas maravilhosas, mas não nos obriga a nenhuma delas. O Estado pode ter um ideal, mas quando quer forçar as pessoas a ele, aí é que mora o perigo. Não há limites para uma mente que crê que o bem pode ser forçado. E foi contra isso que nos levantamos no plebiscito.

Norma disse...

Oi, Paulo Pires! Acredito que minha resposta ao Ari explica as questões que você levantou em seu post.

Anônimo disse...

Parabenizo homens de coragem e lucidez como Ed René, Ricardo Gondim, e Ariovaldo.
Que através de um Blog fizeram todo um hol da sociedade se inquietar e fazer algo que há muito não se fazia, pensar...
Já tive a oportunidade de estar próximo do Ed e do Ari e sei bem que a cada passo que dão se aproximam com grande ousadia da palavra de Deus.
O que não se entende é que Deus não está lá longe no céu, mas está aqui, no acordar, trabalhar, no mais simples do cotidiano do qualquer ser humano.
O que entendo que está sendo feito não é a relativisação da Bíblia, de Deus ou do Reino, mas sim a divinização da sociedade, do trabalho, e de qualquer outra coisa "comum".
Por muito tempo errou-se dizendo que a igreja era sacra, a igreja é instituição como o estado, sacro sou eu e você, e tudo quanto fizermos, pensarmos e etc...
Assim, a sociedade se faz sacra também, pois minhas mãos estão nela, o meu trabalho é sacro, pois eu estou nele.
O Cristianismo por anos se afastou da humanidade a um ponto em que tornou-se apenas um amuleto, onde pessoas buscam riquezas materiais, cura de dores de cabeça, e etc.
O movimento que começou é a fundamentação de uma Fé que seja verdadeira e e absoluta num Deus real, próximo e atuante.
Assim o relativo da sociedade que é o estar onde se acha bom, se ICAR que cura...se teo. da prosp. que dá riqueza...tanto faz desde que seja o que o homem quer perde-se e se desfaz.

Anônimo disse...

Antes que qualquer um diga qualquer coisa, no meu comentário disse que a igreja não é sacra, estou me referindo a igreja local, a igreja que sou e você juntos, é sacra pois eu e você somos ela, assim como o nosso trabalho.

Anônimo disse...

Prezada Norma,

Suas respostas ao pr. Ariovaldo satisfizeram minhas dúvidas apenas em parte. Como eu não tenho as mesmas leituras que você, algumas relações que lhe parecem óbvias não são tão ululantes para mim -- o que talvez revele também um pouco mais de minha reconhecida incompetência para assuntos das ciências humanas, por mais que me importe com os problemas humanos.

Já ia falar de minha "miopia social", mas o termo seria ruim porque miopia é uma dificuldade para enxergar o que está longe. Como tenho hipermetropia nos olhos, estou acostumado a não enxergar bem qualquer ponto do espaço, principalmente os que estão mais próximos. Talvez eu tenha em comum com os marxistas de discurso não enxergar tanto marxismo assim na cultura e no regime em que nós vivemos, nem em nosso país nem nos Estados Unidos ou na Europa, de quem sofremos grande influência.

O ser politicamente correto, que aparece como uma cria do marxismo, é um exemplo de algo que me causa dificuldade de percepção, se não mesmo estranheza. Talvez me faltem muitas leituras, mas a informação que eu possuo é a de que atitudes politicamente corretas ganharam maior vigor na sociedade norte-americana pelos idos da década de 1960, o que coincide com um período de não muito velada caça a comunistas, que não se restringiu ao seu próprio país, mas se espalhou, com formas e intensidades variadas, aos países vizinhos e a muitos aliados. Coincide também com conflitos étnicos, alguns de apreciável violência, que precisavam de soluções. As soluções apresentadas eram soluções de compromisso, incompletas, apenas politicamente corretas, para apaziguar as partes, sem realmente tocar na raiz dos confrontos, para provocar o menor impacto possível.

Talvez muitos dos movimentos sociais ocorridos em tal época tivessem elementos marxistas, já que Marx, além de fazer uma análise profunda da economia e da sociedade de seu tempo, propôs um modelo de sociedade que foi adotado por muitos. Mas as formas como os problemas foram tratados não foram propostas por Marx (embora fossem exemplos de uma previsão que ele fez, de que o capitalismo teria que fazer pequenas concessões de vez em quando, para conter as revoltas que sua consolidação provocaria).

Se dizer que o marxismo é anticristão e que prega o Estado em lugar de Deus deriva da declaração de que a religião é o ópio do povo, temos que ter cuidado. Em primeiro lugar, creio que tal declaração fala de qualquer religião, não apenas do cristianismo, embora fosse ele a religião predominante no contexto de Marx. Em segundo, devemos colocar a mão na consciência e reconhecer que a igreja cristã muitas vezes agiu, sim, como mero analgésico e, associando-se a poderes temporais corrompidos, tornou-se desprovida de moral, de caráter e de relevância. E quando o faz nos dias de hoje, torna a errar da mesma forma, e efetivamente afasta de Deus, por seu mau testemunho, homens e mulheres que de outra forma seriam brilhantes (porque é o tolo que que diz em seu coração que não há Deus).

Longe -- espero -- de ser relativista, há que se ter cuidado com a forma de encarar as coisas. Se considerarmos que o marxismo não é um pacote fechado, mas sim um conjunto de peças, talvez até possamos pinçar nele alguma coisa boa. O Marx analista costuma ser respeitado mesmo por quem não gosta do Marx político.

Quanto à Teologia da Libertação, é alarmante mesmo que venha ganhando corpo entre evangélicos, que, ao contrário dos católicos, acreditam que a salvação é pela fé, e não pelas obras. Para os católicos, que tradicionalmente crêem na primazia das obras (ainda que no papado de João Paulo II se tenha dado crédito, com quase cinco séculos de atraso, ao mérito do "Sola Fide"), é mais natural ver o florescimento de tal corrente sócio-teológica. Mas também temos algo a aprender com os liberais: não podemos esperar que a Justiça simplesmente aconteça, pois a fé sem obras é morta, e fé morta não é fé verdadeira, pois a fé verdadeira é dom do Deus Vivo. Não falo de montar comunidades eclesiais ou muito menos apoiar revoltas ou pegar em armas, obviamente, mas nós deveríamos, no mínimo dos mínimos, trabalhar mais ativamente para que o Reino de Deus chegue a mais corações para que, a partir de conversões, a Justiça brote naturalmente desses corações transformados.

Creio que nós podemos ter uma atitude mais bereana, de ouvir e filtrar, com base na Palavra, o que presta e o que não presta, como também Paulo nos exorta. Isto não é relativismo, mas sabedoria e instrução bíblica.

Assim, a Teologia de Libertação não seria uma relativização do marxismo, mas uma seleção de algumas de suas partes, segundo a visão da tradição católica, que difere sensivelmente da nossa prática, que gostamos de reputar como bíblica.

Norma disse...

Olá, Bruno. Achei seu comentário um pouco confuso em algumas partes. A dessacralização da igreja é algo bem protestante, não tem a ver com o momento em que vivemos. E o pr. Ari não estava no blog, só pr. Gondim e pr. Ed René. Abraços, volte sempre!

Norma disse...

Oi, Paulo. Acredito que a modernidade, fragmentária, muitas vezes prejudica nossa capacidade de enxergar as semelhanças e as identidades em um quadro de elementos supostamente diferentes entre si. Estamos em uma época em que temos olhos mais para as diferenças e menos para as semelhanças, e precisamos estar atentos para isso. Mas vou lhe falar de uma das chaves que me foram úteis para entender um pouco desse marxismo difuso que está no substrato da modernidade. Sou uma leitora ávida do cristão René Girard, cuja teoria sobre o bode expiatório aponta para a necessidade de nos valermos do sacrifício de Jesus para acabarmos com o mecanismo que consiste no seguinte: o homem vê o mal fora de si mesmo, encarnando-o em alguém ou grupo, e o elimina, para a "felicidade" de todos. O cristão não se vale desse mecanismo, pois crê que o mal está NELE MESMO e que um INOCENTE (Jesus) morreu em seu lugar. Mas as ideologias da modernidade seguem todas o mecanismo do bode expiatório: para Hitler, os judeus eram o mal; para o comunismo (vide Manisfesto Comunista, neste blog), a burguesia (ou classe dominante) é o mal. A partir do Manifesto, as esquerdas todas repetem o mesmo discurso: de quem é a culpa? a culpa é das "elites". (Alguma coincidência com relação ao que ouvimos do nosso presidente?) Se acabam-se as elites, acabam-se os problemas, pensam eles. É claro que não se acabam, e a história o provou. Porém, o mesmo mecanismo ultrapassa a economia e se multiplica, gerando uma cadeia sem fim: os filósofos do marxismo (Escola de Frankfurt) fazem uma correlação entre o "sentimento burguês" (indesejável para a revolução, segundo eles) e a tradição ocidental judaico-cristã. Passaram então a combatê-la de todas as forças. O anticristianismo atual e militante da academia tem suas raízes no marxismo, portanto. Os filósofos e teóricos que se seguiram estão quase todos imbuídos por esse ódio da cultura ocidental, que eles dizem machista, conservadora, produtora de culpas desnecessárias. Não é à-toa que hoje a academia inteira odeia essa tradição e a culpa de todos os nossos males. Não é por acaso que o politicamente correto nasce daí: assim como se quer que o pobre veja o mal no burguês (está tudo lá, no Manisfesto), como extensão temos outros pares de "oprimidos" e "opressores": o pensamento PC quer que o negro veja o mal no branco, a mulher veja o mal no homem, o gay veja o mal no hetero. Não estou negando a existência do racismo e do machismo, apenas afirmando que DEMONIZAR GRUPOS INTEIROS NÃO É A SOLUÇÃO, mas cria uma sociedade polarizada ao extremo, que toma o ódio como um verdadeiro dever, gerando uma perpétua guerra. Os cristãos deveriam estar na contracultura disso, mas não estão. Eles não entendem o quadro geral, apenas vêem uma pequena parte; é por isso que podem, ao mesmo tempo, ser socialistas e detestarem o politicamente correto - sem entender que o politicamente correto é apenas a vertente cultural do socialismo. Um texto muito bom sobre isso, do Olavo de Carvalho, está em http://www.olavodecarvalho.org/semana/06082002globo.htm.

Norma disse...

Por fim, faltou dizer que tudo o que descrevi tem a ver com o relativismo, porque as teorias relativistas melhor possibilitam o que todas essas correntes querem: o fim da tradição judaico-cristã. O filósofo Michel Foucault é um grande inspirador disso nas áreas humanas (na literatura, da corrente popularíssima dos Estudos Culturais), e ele era extremamente relativista em sua teoria. O exemplo mais flagrante: em Foucault, o marxismo e o relativismo se encontram em sua afirmação de que, no ser humano, toda vontade de verdade (desejo de conhecer a verdade) não passa de um mascaramento da vontade de poder (desejo de se impor ao outro) - de onde se deduz que não há verdade. Qualquer estudante de humanas ouve essa frase mais do que qualquer outra coisa em seus anos de graduação e pós. Isso se coaduna perfeitamente ao imanentismo que o marxismo sustenta desde o início: não há Deus, não há realidade última, não há verdade. O fim da transcendência dá o tom a esses últimos tempos para que, ao negar a adoração ao Deus invisível, o visível (o homem) possa ser adorado. Todo o esforço dessas teorias vai nessa direção. Dito isto, o cristão que endossa algum marxismo (teoria ou prática) em seu discurso está não só equivocado, mas contribuindo sem saber para a destruição da idéia de verdade e da credibilidade do cristianismo - além do esgarçamento do delicado tecido social, ao promover o orgulho sectário (feminismo, ação afirmativa, orgulho gay) e o correlato ódio a grupos "opostos" como solução para os preconceitos.

Norma disse...

Quando se diz, com Foucault, que a vontade de verdade não passa de uma vontade de poder, repete-se o credo marxista que inaugurou a polarização da sociedade em opressores e oprimidos: assim, o homem teria sede de conhecimento não por causa da verdade, mas para mandar mais e melhor, para ser um melhor "opressor". Isso é horrível, mas é a raiz do marxismo, que EM TUDO vê relações de poder. É a ideologia do ódio, tão diferente do que Jesus nos ensinou. Se Jesus fosse marxista, com certeza pregaria a eliminação dos fariseus ou arranjaria um jeito de obrigá-los a ser diferentes, em vez de exortá-los continuamente e pregar o amor aos inimigos. O marxismo tenta consertar o mundo à força, esse é o problema. Não conserta, mas piora, pois em nome dos bons sentimentos há toda sorte de arbitrariedades.

Anônimo disse...

Ariovaldo, você poderia dar exemplo de onde o capitalismo foi ruim e onde o socialismo foi bom para os pobres? O que se vê é que os países mais capitalistas são mais ricos justamente porque a pobreza foi enormemente diminuída graças à economia de mercado. Por que o capitalismo com toda sua selvageria e “insensibilidade social” faz mais pelos pobres de seus países mais do que a esquerda com toda a boa intenção do mundo faz pelos seus miseráveis? O capitalismo faz sem querer o que o socialismo não consegue fazer querendo. Não se trata de acidente. Outra coisa que não é acidental é aquilo que acontece SEMPRE que um socialista chega ao poder e que não há como ser diferente com pessoas que querem acabar a pobreza por meio do Estado. Tais burocratas tentaram ampliar o Estado para colocá-lo ao serviço do governo e em seguida ampliar o governo para colocá-lo ao serviço do partido. E fazem isto sem hesitar por se considerarem acima do bem e do mal em face de suas superiores boas intenções, como se quem tivesse o monopólio do bem tivesse o direito de fazer o mal. Que o capitalismo é imperfeito eu concordo, agora, não dá para encontrar outra coisa diferente de socialismo como alternativa? O capitalismo tem a enorme virtude de gerar riqueza. Já o socialismo e suas variantes não têm nada que preste, além de belas intenções. O que seria socialismo democrático? A existência de vários partidos com a condição de que todos sejam socialistas? Pense bem. Nem toda África é miserável. Apenas a não capitalista. A China começou a enriquecer assustadoramente assim que implantou métodos capitalistas no seu mercado (você está enganado, ninguém festeja a China com seu trabalho escravo), além disto, na China, o capitalismo permitido é apenas para dar sobrevida ao regime comunista. Alguém tem que pagar a conta de alimentar mais de 1 bilhão de pessoas e só o capitalismo paga contas. Aqui a maioria acha que os problemas do Brasil são causados pelo capitalismo. E mais, equivocadamente pensam que vivemos em um sistema plenamente capitalista e por isto temos miséria e desemprego. É o contrário, quando o Brasil crescer, tenha certeza é porque adicionou mais capitalismo em sua dieta. Até lá, não reclamemos, a culpa é de nossa ignorância em economia ou de nossa inimizade ao óbvio. Perdoe-me se o ofendi, somos irmãos em Cristo e é triste ver um cristão seduzido por idéias atéias (e, pior, equivocadas, que jamais resistiram à realidade). Não se esqueça de que o diabo é o macaqueador de Deus e o socialismo é um de seus disfarces, pois se põe ao lado dos oprimidos (como se poderia esperar de um cristão), porém (e eis toda a diferença) aponta o dedo para um culpado, elege a luta como princípio do progresso e faz os homens se odiarem, como sua acusação de que o culpado pela AIDS na África são “as multinacionais”. Já eu acho que a África só tem 1 problema: falta de Cristo, que aliás é a verdadeira causa da AIDS e todo o mal. No cristianismo, somos exortados por Nosso Senhor a amar quem nos odeia e orar por quem nos persegue. O socorro aos pobres deveria ser visto como uma virtude cristã e não socialista. E tudo neste mundo deve estar inserido nos objetivos do Reino de Deus, não dá para dissociar nada de Deus. Não dá para entender cristão buscando inspiração em ideologias atéias para justificar a ajuda aos pobres. Além disto, como é possível ajudar os pobres sem antes haver a correspondente geração da riqueza? De fato, são os países capitalistas os maiores doadores de riqueza (o “trabalho” do Bill Gates hoje é dar seu dinheiro para projetos sociais). O que caiu com o muro de Berlin não foi o comunismo stalinista (Stalin morreu em 1953 e seus crimes foram denunciados por seu sucessor, que quase não matou ninguém a partir dali e o muro caiu em 1989, porque Ronald Reagan aumentou o gasto dos EUA com defesa e com isto inviabilizou a pobre União Soviética, que não podendo acompanhar a corrida armamentista, não teve outra saída a não ser acabar com guerra fria, acabando enfim com o projeto trapalhão de Lênin e Cia.), o que caiu foi um modelo econômico que na prática jamais funcionou e só gera miséria por onde passa.

Norma disse...

Olá, Jadielson. Vamos lá.
Em primeiro lugar, o bode expiatório é sempre alguém (pessoas), não algo (idéias). O bode expiatório do nazismo eram os judeus, o do comunismo (até hoje) a classe dominante. A lógica embutida nos dois grupos é parecida (eliminem-se os judeus ou a classe dominante para acabar com o mal) e suas conseqüências também (a diferença é que o comunismo matou mais que o nazismo).
Quando eu me levanto contra as esquerdas, não o faço com a finalidade de fazê-las encarnar um mal a ser eliminado, porque não me interessa o fim dos esquerdistas, mas sim a problematização e a derrocada da IDÉIA esquerdista, que é ruim (não funciona), perigosa (alimenta-se do mecanismo do bode expiatório) e geradora de múltiplas deformidades (relativismo, anticristianismo, defesa do aborto).

Anônimo disse...

Amados, concordo que criar inimigos (ex.: culpar as elites de forma genérica) não ajuda em nada. A idéia de luta de classes é tola pelo simples fato de que o operariado no poder torna-se elite. A elite é algo inevitável. O que deve ser combatido são os atos opressores, e os indivíduos exploradores, dentro e fora dessa elite. Ou seja, a luta de classes não é a solução. Mas defender os pobres e os fracos é um dever cristão, mesmo que pra isso precisemos nos chocar com os poderosos.
Jesus se chocou com os poderosos 'opressores' de seu tempo repreendendo-lhes por seus erros. Creio que esse exemplo deve ser imitado. Não iniciou uma revolta contra os fariseus, mas exortou-os e agiu em prol da justiça e solidariedade (ex.: caso da mulher adúltera).Comparativamente, percebo que a esquerda erra em criar inimigos e acerta em se colocar ao lado dos oprimidos.

Norma disse...

O problema, Cléber, é que os "bons sentimentos" das esquerdas acabam encobrindo o grande equívoco que é a luta de classes...
Jadielson, vou respondendo aos poucos, em posts aqui e ali.

Oswaldo Viana Jr disse...

Oi Norma, finalmente apareci!

Quero só apontar as besteiras que o Ariovaldo escreveu. Por que ele não vai estudar economia e história ao invés de ficar papagueando as cartilhas ideológicas nas quais foi doutrinado? Um cara tão inteligente...

1) capitalismo NÃO É uma ideologia. É um modo de produção de bens e serviços; o socialismo nada mais é que capitalismo de Estado, pois este é o único proprietário de todos os bens e meios de produção. O comunismo é uma utopia, um eterno vir-a-ser, o estágio no qual o próprio Estado deixará de existir (socialismo é/era a etapa imediatamente anterior - vide a sigla URSS);

2) o oposto do socialismo ou dos socialismos (pois há socialismos não-marxistas - este se intitulou "científico") é o liberalismo econômico.

3) “lucro” não é nem nunca foi princípio ético de capitalismo nem de socialismo algum: é simplesmente o instrumento que faz a economia de um país, de uma empresa, de um indivíduo, até do MST, andar pra frente. Da mesma forma, "mercado" é apenas o local (físico ou virtual) onde se efetuam trocas de mercadorias: o problema, aqui, são os mercadores;

4) nenhum sistema econômico (capitalismo, escravismo, feudalismo, socialismo) é moral ou imoral: todos são amorais. Morais ou imorais são as nações, as empresas, os indivíduos. Perdão: vejo que o socialismo é imoral, já que ele é um parasita do capitalismo. Socialismo como proposta de administração econômica é uma piada! Só funciona onde há “stalinismo”, como (ainda) em Cuba, ou na China. Esta traz o pior dos dois mundos: empresas transnacionais imorais, que buscam o lucro que só um governo opressor de seu povo pode garantir.

É sempre necessário lembrar que o capitalismo nasceu e se desenvolveu dentro da cristandade, numa época em que o mundo era ordenado pela Igreja e pela certeza da vida eterna ou do castigo eterno. À medida que o cristianismo foi deixando de ser a viga-mestra da sociedade, as forças econômicas que ele libertou acabaram se voltando contra seu criador. Lembro-me de uma frase do papa Pio XII: "O socialismo tem por pai o liberalismo, e por herdeiro o bolchevismo".

Creio que os que bradam contra "o capitalismo" estão bradando, na verdade, contra o secularismo, o humanismo, o materialismo. Eles clamam por um "outro mundo possível", mas o que realmente querem é o Reino de Deus (que "está dentro de vós"). Que oportunidade para nós! Como a temos aproveitado?

Norma disse...

Oswaldo, os mesmos que vêem o capitalismo como o grande vilão são incapazes de fazer diferença entre o Livro Negro do Comunismo (quase todo escrito por ex-comunistas) e o Livro Negro do Capitalismo (escrito por esquerdistas para combater o primeiro). Este nivela as mortes do comunismo (mortes a mando do Estado) e do capitalismo (mortes causadas por diversos fatores, todos indiretos, nenhuma delas "mandada") para afirmar que o capitalismo "mata mais", dizendo que não há diferença entre, por exemplo, uma morte por fuzilamento em Cuba e uma morte por fome no interior do nordeste brasileiro! Não dá, né? Diante desse lapso cognitivo, pergunto-me se realmente dá para debater alguma coisa com esquerdistas. Isso me deixa muito pra baixo.

Volney Faustini disse...

Tisk tisk! Oswaldo, desmerecer alguém que não pensa como você não faz do seu argumento mais [i]inteligente[/i], pelo contrário. Antes de discutir sistemas, devemos estudar e debater história. E pra não ir muito longe fico com algo que tem a ver com a nossa geração (1974 - é muito longe?).

Sabe quem foi um dos signatários por traz desse ligeiro extrato (pinçado) da declaração evangélica daquele ano?

E mais, veja o que Samuel Escobar enfatiza: [i]Jesus leva a sério o problema da pobreza, do poder, de relacionamentos, os quais são essencialmente os problemas que causam um maligno desajuste e injustiça social e político.[/i]

Se um outro mundo não for possível para os cristãos - e dele fazerem em prática, o que nos resta? Só (aí assim o termo é bem usado) papagaiar todos os domingos? Por que temos o crescimento de um neo-pentecostalismo-pós-catolicismo com uma caricatura do cristianismo? NÃO TEMOS FEITO A NOSSA PARTE (sorry por gritar).

E mais um pouco de história. Ganha um doce quem me disser o autor (ainda em 1974) desta citação:
[i]O verdadeiro cristianismo produz beleza assim como verdade, especialmente destacada nas áreas de relações humanas. Leia o Novo Testamento cuidadosamente com isso em mente; veja como repetidamente Jesus retorna a esse tema, assim como Paulo menciona-o também.[/i]

Norma, pode continuar porque ainda não chegamos no âmago. Naum tem nada a ver com Capitalismo ou Socialismo. Tem a ver com o hoje e o agora. O que fazemos com a injustiça, com a pobreza, com o nosso país.

Eu também sou contra Fidel. Mas e o nosso nordeste (por exemplo), ainda nas mãos de coronéis, e de políticos safados - de qualquer partido ... e da nossa (os cristãos) pouca e rara expressão
de transformação. Contra quem você vai gritar primeiro?

Gente, tem tanto texto bom e história pra revivermos e debatermos, que se ficarmos com argumentos rasos ou tentativas de depreciar o oponente, realmente o debate vai deixar a Norma frustrada.

Volney Faustini disse...

Faltou o extrato (sorry - é muito cedo pra mim ...):
Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos, algumas vezes, considerado a evangelização e a atividade social mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja a reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever cristão.

Extrato do Ponto 5 do Pacto de Lausanne

P.S. - Norma, quero que saiba que conhece-la na blogosfera foi uma das coisas boas de 2005. Vamos nessa!

Anônimo disse...

Norma, estou visitando seu blog hoje e fiquei admirado com o nível da discussão. Muito bom! Porém fiquei com uma dúvida: você se declara nitidamente "anti" - anti-esquerdista, anti-relativista - mas em nenhum lugar, e olha que eu passei umas agradáveis três horas lendo seu blog, em nenhum lugar mesmo, eu consegui achar uma posição afirmativa sua. Você se nega como de direita e capitalista, explicitamente, assim como também explicitamente se assume anti-esquerdista. Até para não capitular diante desse maniqueísmo ideológico que nos assola no Brasil, eu gostaria muito de saber, também explicitamente, como você se define ideologicamente. Uma via que se diferencie do esquerdismo marxistóide e do capitalismo "mammoniano" em que vivemos é importante ser definida e partilhada, para que possamos crescer com seu conhecimento. Prá não ficar muito laudatório, eu só quero discordar da generalizãção de conceitos que são, no mínimo, matizados. Isso vale tanto para capitalismo, quanto para esquerdismo, quanto para cristianismo.
Parabéns pelo seu blog. Eu só espero que você "saia da toca" e nos fale sobre sua alternativa ao esquerdismo e ao capitalismo ;-)).

Norma disse...

Olá, Marco! Bom, devo dizer que estou na toca, sim... estudando! Se eu tivesse de escolher aqui e agora, cedendo ao maniqueísmo esquerda-e-direita ou socialismo-e-capitalismo, eu me declararia, sem hesitar, de direita e a favor do capitalismo como um melhor (BEM melhor) sistema que o socialismo. Nisso, entendo que a história e alguns raciocínios elementares para um cristão estão a meu favor (já expliquei alguns deles aqui e ali). Porém, sei que preciso comer muito feijão ainda para me posicionar mais claramente "de direita" (na verdade, prefiro o termo "conservadora" para me definir por enquanto), e um feijão que eu não tenho tido tempo de comer por causa da elaboração da tese de doutorado: feijão de história, sim, mas sobretudo de economia, de aprofundamento nas diversas correntes econômicas (principalmente o liberalismo) e seus autores. Não sei se isso tem ficado claro nos meus posts, mas a crítica ao esquerdismo que eu tenho toda condição de fazer, por enquanto, e a faço com muita consciência, é a crítica ideológica, por ter sido exposta na faculdade por anos a fio a teorias imbuídas de relativismo e ter descoberto que todas elas têm um fundo esquerdista - e que isso está longe de ser por acaso. Dito isto, reitero que, quanto mais estudo, mais sinto a necessidade de estudar ao me dar conta de que quase nada sei - conclusão não muito criativa, mas certamente verdadeira para quem quer que se lance à aventura do conhecimento, para além das conversas cotidianas e do desgastado senso comum.
Abraços!

Anônimo disse...

Oi Norma,

Desculpe, mas não ví em parte alguma de seu post ARGUMENTOS contra o que o pastor Ricardo disse. Há, somente, isso: "Contraditório é esse post. Não consigo deixar de ver nessa confusão mental o previsível resultado da leitura de autores da modernidade (Nietzsche, Sartre, Marx, Foucault). Na teologia isso não se resolve, porque o relativismo sobre a Palavra é a própria negação da teologia.", que para mim (e creio que para muitos outros também), não foi nada além de um comentário sem qualquer respaldo bíblibco, teólogico ou científico de alguém que PARECE não entender o que está lendo ou do que está falando.

Ao invés de atacar, por que não argumentar em cima dessas questões?

Até outro post!
Gabriela G.

Anônimo disse...

Norma da glória. Só agora encontrei o seu blog e não sei realmente o que dizer. Discordamos tão espetacularmente e em tantos pontos que chega a ser, por falta de palavra melhor, romântico. A possibilidade de diálogo entre nós é tão remota que chega a me atrair.

Cheguei tarde demais para participar do "outro deus", mas antecipo retroativamente o quanto teríamos nos degladiado ali.

Por onde começar?

Você despacha toda a argumentação do Ariovaldo afirmando que "os efeitos nocivos do capitalismo são discutidos o bastante para que eu não precise tocar nesse assunto". Caracas! Guie a minha mão e mostre-me onde, por favor. Onde posso encontrar essa discussão lúcida e independente sobre os efeitos nocivos do capitalismo? Onde foi realizada e por quem? Pelos comunistas? Talvez, mas você parece descartar inteiramente todos os pensadores comunistas tomando-os por, digamos, comunistas demais. E relativistas, nonetheless. Sem contar essas opiniões satânicas, onde posso encontrar essa exaustiva análise dos efeitos nocivos do capitalismo? Por certo não no seu blog. Nas opiniões de gente abençoada como o Ricardo, do Kivitz ou do Ariovaldo, talvez? Ah, mas essas são imediatamente descartáveis por causa do seu descarado matiz socialista. Sou forçado a concluir que não há onde eu possa olhar para uma crítica ao capitalismo que não seja maculada por alguma tendência comunista. "Os efeitos nocivos do capitalismo foram discutidos o bastante", mas não em nenhum fóro abalizado por você. O que, concluo, é previsível, visto que qualquer crítica ao capitalismo é (evidentemente!) comunista e está longe de ganhar o seu aval.

A expressão racicocínio circular foi criada para momentos como este. E os outros é que são maniqueístas.

Como já devo ter dito em algum lugar, não vejo qualquer virtude no socialismo, mas enxergo com clareza as severas falhas do capitalismo, e entendo, com pagãos como Bernard Shaw e cristãos marginais como Kierkegaard, que o capitalismo é essencialmente incompatível com a mensagem de Cristo. Não se trata dos "efeitos" do capitalismo serem nocivos. São os seus *pressupostos* inteiramente incompatíveis com o posicionamento de Cristo. São os "reis dos gentios" que colocam-se acima dos seus subordinados e buscam a qualquer custo o primeiro lugar. A competitividade que pressupõe o capitalismo é a essência de tudo de que a mansidão de Jesus nos convida a abrir mão. "Mas entre vocês não será assim".

A lacuna que se abre imeditamente entre nós é, portanto, notadamente intransponível. Como compartilhamos da admiração por Girard, não será exagero dizer que temos algo em comum. Mas como vejo você recusar o título de "outro mundo possível" para uma alternativa ao capitalismo; como sua posição deixa claro que você não crê existir alternativa sã ou cristã ao capitalismo, estou supondo que sustenta, com Francis Fukuyama, a noção de que o capitalismo gerou o melhor dos mundos possíveis (será que foi daqui que Kivitz roubou a sua expressão?). Seu dualismo é doloroso: a única alternativa ao capitalismo deve ser ao mesmo tempo satânica e comunista - sinônimos, evidentemente, no seu vocabulário. Se Kivitz fala numa terceira possibilidade, está mentindo para você, para nós e para si mesmo. Se existe uma alternativa ao capitalismo, Deus certamente não tem nada a ver com isso.

Norma disse...

Hehehehehe! Paulo da glória! Adorei seu comentário. Não sou tão pró-capitalista assim como pode parecer. Mas você há de convir que tanto o Brasil atual como o mundo estão pró-esquerdistas demais. E isso é perigosíssimo - Girard explica. Prometo que volto para conversar sobre isso tudo. Gostar de Girard é um ótimo começo. :-)

Anônimo disse...

Se continuar assim, isso vai descambar para o universalismo ecumênico, e depois só Deus sabe.

Anônimo disse...

He,he!
A discussão está muito boa, pois o pentecostal Ricardo Gondim, o batista Ed Rene e o reformado contraditório Ariovaldo Ramos, estão tocando no calcanhar da turma que sempre se abrigou sob a explicação simplista, oferecida pela cosmovisão calvinista, para as mazelas do mundo. Elucida pouco, até porque não podemos ignorar a antiguidade desse debate-boca, que parece sempre empatado, e não melhora o mundo, mas oferece entretenimento para os interessados. Legal!

rui miguel duarte disse...

Olá, Norma.
Tens um blog interessante e sumarento. Voltarei.
Quanto ao tema em debate, estou contigo. Deixa-me perplexo que um autor tão apreciado, emsmo em Portugal, o Pr. Gondim, pareça relativar tanto uma leitura eminentemente simbólica da Bíblia (embora seja a aplicável especialmente na literatura apocalíptica, em Apocalipse ou nas profecias de Daniel). E que afirma que os autores dós livros da Bíblia discordem em váriaos assuntos. Se com seriedade só podemos pensar assim, matamos a convicção de que, através das experiências, sensibilidades e estilos literários humanos, Deus deu entendimento e percepção de quem Ele é e de qual a sua mensagem, de forma que podemos, após sério e humilde estudo, como congruente de capa a capa.
Como membro da Comissão que ao nível da Sociedade Bíblica de Portugal revê a tradução interconfessional em português corrente "A Boa Nova" a partir dos originais tenho convivido com teólogos da área já demasiado liberais. Nessa denominação, com efeito, convivem estranhamente muito bem as mais variadas tendências e sensibilidades.
Não desejo que enter os evangélicos, que se se reclamam da integridade do que o próprio Jesus disse ser a Sua imutável Palavra, cheguemos. Paulo escreveu precisamente o contrário: que chegaríamos à unidade da fé.
As sensibilidades e "nuances" não devem ser tais que comprometam esse sentido de unidade conferido pela pessoa de Jesus Cristo e pelas Escrituras. Daí que prefira diz, como a Escritura, que Jesus é a imagem de Deus, em vez de, como Gondim, que Des é imagem de Jesus.

Já agora, em relação ao Evangelho de Judas. É um documento do II séc., pois Irinneu, Contra as heresias, menciona-o.
Abraço

Anônimo disse...

O que há de errado com a Bíblia?
Coloco esse tópico aqui para que seja discutido pelos interessados algo que julgo ser o principal problema do "cristianismo" atual.
Claro, que teríamos que admitir que o cristianisto está com problemas.
Estou com 48 anos e meu berço ficava ao lado do púlpito em que meu pai pregava.
Conheço quase tudo que está aí no mercado evangélico e não temo em afirmar que há um grande engano prosperando em meio ao avanço da pregação evangélica.
Entao pra encurtar e ser direto:

O problema evangélico das denominações, das interpretações, dos modismos, das novidades, das unções, da exploração, da presunção, da dominação está amparado em um dogma
Esse dogma é assim enunciado:

Biblia = Palavra de Deus

Entao vem a minha pergunta: O que há de errado com a Bíblia?

Então respondendo a pergunta e no aguardo das contestações, quero dizer que o problema não está na errância ou inerrância, ou na veracidade ou inveracidade.

O problema está no dogma enraizado.
O problema está na Canonicidade.

A bíblia por conta disso virou um objeto de:

Culto: (Sagrada, Sacra, Santa, Santíssima)
Pregação : (A bíblia é pregada em todas as igrejas evangélicas)
Devoção: (As pessoas amam a bíblia, defendem com unhas e dentes etc.)
Entidade a ser seguida: (As pessoas querem seguir a Bíblia)
Interpretação ( As pessoas interpretam e fundam denominações segundo as suas interpretações e entendimentos.
Autoridade: (As pessoas atribuem autoridade a ela como a uma pessoa. Na verdade ela É o deus, portanto deve ser obedecida)

ou seja...

A bíblia É o grande ÍDOLO evangélico.

Ou seja, a meu ver não tem nada de errado com a Bíblia, e sim com o que fizeram dela ignorando os ensinos básicos de Jesus que por coincidência estão lá nos Evangelhos.

Well tá denunciado o encosto...

Norma disse...

Paulo Silas, você sempre com seus adjetivos e sem argumentação alguma.

Obrigada, Rui, pelas impressões.

Ronald, o que você diz não faz o menor sentido para um protestante. Além do mais, você não explicou por que a Bíblia se torna um "deus" se queremos pregá-la e segui-la como a Palavra de Deus.

Anônimo disse...

Nós os "protestantes" não adoramos a Bíblia, mas o Deus que ela revela. Não obedecemos à Bíblia, mas as ordenanças de Deus nela reveladas. E pregamos, não a Bíblia, mas o Evangelho ("boa notícia") de que todos podem ser salvos, se quizerem, aceitando a salvação de Jesus, o único que tem salvação para oferecer. Aceitar isso ou não é exercer um dos mais valiosos direitos que Deus outorgou ao homem, o livre-arbítrio.

nilson disse...

Norma minha irmã !

Ser de esquerda ou direita, o que te incomoda ?
Nossos corações são de esquerda ou de direita quando nossas motivações escondem nossos desejos mais secretos.O iluminismo ainda faz sombra sobre a nossa sociedade, lembre-se disto! Relativismo,secularismo,pluralismo,consumismo,narcisismo e todos os ismos.

O socialismo é tão bestial quando o capitalismo.Os dois sistemas ideológicos na sua fonte possui dogmas luciferianos.A bola da vez é o capitalismo quando um dia eu e voce se estivermos vivos até lá veremos que para o consumo uma marca deve estar na mão direita ou não fronte.

Não sou mais evangélico, e este termo me dá náuseas, não sou mais, não porque me apostatei da fé, ao contrário me libertei de um estigma que me escandaliza.

Quem eu quero ser? Um moraviano, Um anabatista,Um pietista,um nelson mandela,uma madre tereza de calcutá e um daqueles apaixondados pela volta de cristo.Sendo assim a paixão teológica se complementa com a paixão missionária e a compaixão pelos pobres. O resto é elocubraçao e discussões que podem expor inclusive a nossa mente cauterizada pele preconceito religioso.
abç.

Norma disse...

Nilson,

Tenho para mim que, geralmente, o cristão que não se posiciona frente às questões do mundo está um tanto indiferente à própria humanidade, e na pior das hipóteses, achando-se "acima" de todos, pecando por orgulho.

Só há uma coisa a dizer a você: cuidado com esse "desengajamento" , pois esse é o mesmo espírito das seitas. O "desengajado", aquele que se acha livre demais e diz "não sou de igreja nenhuma, sou de Jesus", é o mais propício a cair na escravidão mais difícil de se libertar, a oculta.

Abraços.

Unknown disse...

Graça e paz irmã,
Segue um versículo p meditação Atos dos Apóstolos: 19. 32. Uns, pois, gritavam de um modo, outros de outro; porque a assembléia estava em confusão, e a maior parte deles nem sabia por que causa se tinham ajuntado. - Bíblia JFA Offline