21 outubro 2005

O mal que sai da boca*


Enviei a amigos uma espécie de resumo dos meus posts sobre desarmamento. Um deles, um amigo leal que votará no "sim", resolveu disponibilizá-lo em sua lista de difusão para equilibrar o debate. O texto gerou polêmica entre participantes da lista, entre os quais um irmão que me contactou de forma amigável, dizendo-se pelo "sim" e expondo seus argumentos. Antes disso, porém, tendo recebido de outro participante uma verdadeira bomba textual, eu já nem queria mais tocar no assunto. Deixei a mensagem-bomba sem resposta, mas não faria o mesmo com a mensagem gentil. Escrevi:

Em primeiro lugar, obrigada por seus comentários polidos e respeitosos.

Tenho muitos amigos cristãos que votarão no "sim" e de vez em quando mando alguma mensagem a eles. A que você recebeu foi uma delas. Não pretendia criar polêmica com ela, já que foi escrita para pessoas que me conhecem, com argumentos bastante breves. Um amigo tomou a liberdade de divulgá-la em sua lista de difusão, o que isoladamente não me chatearia de modo algum; infelizmente, acabei sendo alvo de palavras muito duras e injustas por um dos participantes da lista, a quem sequer conheço pessoalmente. Ainda estou em estado de choque pela violência dessas palavras - se me permite a franqueza.

Estamos em tempos muito difíceis, em que muito se fala em pluralidade de opiniões, liberdade de expressão etc., mas existe uma espécie de vigilância quase policial quanto a determinadas idéias - e hoje essa questão do desarmamento tem suscitado muito ódio entre as pessoas, inclusive na igreja, descubro agora. Permita-me, por favor, simplesmente fazer isso: agradecer a polidez de suas palavras e abster-me de continuar argumentando. As palavras daquele participante me feriram, e eu prefiro agora ficar em silêncio e esperar que a vontade de Deus se manifeste em relação ao referendo.

Porém, se como irmã em Cristo eu puder lhe pedir algo, peço-lhe o seguinte: que não ecoem em seu comportamento palavras amargas para com quem votará no "não"; que por sua boca não seja atribuída, a nenhum outro cristão conhecido seu, a pecha de amante da violência ou de falso cristão, ou algo semelhante. Basta de sofrimento. Deixemos cada um com sua opinião, e Deus como juiz de todos.

Pela sua delicadeza demonstrada para comigo, sei que fará o que lhe peço.

Abraço fraterno,

Norma


Observação do dia seguinte: Hoje soube que o participante que enviou a "bomba" já foi político, tendo sido expulso de uma lista de discussão por suas posturas radicais. Não me surpreenderia se soubesse que ele ainda atua em uma dessas ongs a favor do desarmamento. Isso explicaria sua insistência em publicar no site do meu amigo suas palavras injuriosas contra mim. Como um exemplo do que Olavo sempre diz (e Girard demonstra), ele me acusou de "agredir" os leitores do site apenas para se justificar previamente e me agredir à vontade. No texto dele, acusa-me de leviandade e calúnia, insinua que não conheço minha fé nem a Bíblia, "desafia-me" a provar o que digo. Buscando me desmoralizar, usa e abusa do argumentum ad ignorantiam ("não estou sabendo de nada disso, logo é mentira"). Ora, se ele realmente não sabe, que vá se informar, que vá buscar no Google as fundações Ford e Rockefeller relacionadas a medidas desarmamentistas, que vá ler o Olavo e o Mídia sem Máscara! Não apresentei ali nenhuma novidade de informação que não possa ser checada pelos leitores. Porém, não tenho certeza se ele realmente não sabe do que estou falando. Afinal, refutar idéias apenas duvidando da integridade moral de seu autor - ou seja, bater em vez de argumentar - é um artifício que só põe em cheque as verdadeiras motivações de quem assim procede.

A pergunta que resta: Como pode alguém que fundamenta seu "sim" com brios pacifistas lançar mão de tanta violência verbal quando se trata de defender seus argumentos? E ele não é o único caso de que tenho notícia. Pessoas que vão votar pelo "não" têm sido alvejadas sem piedade, sendo questionadas em sua moralidade, em seu cristianismo, em seu amor pelo próximo - prova de que boa parte dos que votarão pelo "sim" não são tão pacifistas quanto gostam de demonstrar. Tenho mais que esboços de resposta a esta pergunta, mas deixo a reflexão para o leitor.

*Mateus 15:18

Um comentário:

Oswaldo Viana Jr disse...

A maneira como esse sujeito reagiu e os "argumentos" que ele usou configuram tipicamente um caso de influência demoníaca direta.