Sobre meu artigo na Ultimato, cabe um esclarecimento. Conforme a Carta Aberta das páginas 38 e 39, não é de hoje que a revista tem sido acusada de um esquerdismo quase militante, embora nem sempre em termos explícitos. A veiculação dessa carta na mesma edição de meu artigo suscitou em alguns leitores e não-leitores meus (hehe) a hipótese de que Ultimato, preocupada com essas acusações, tenha decidido publicar meu artigo somente para rebatê-las, dando mostras de pluralidade. Mesmo que o editor da revista tenha mencionado meu artigo como prova de que não segue uma linha antiamericana (o que aliás não entendi, pois os EUA estão ausentes do texto), não posso negar nem afirmar a veracidade dessa hipótese, pois não quero correr o risco de pecar ao emitir julgamentos acerca de motivações ocultas.
O que posso dizer com toda certeza é o seguinte: seja como for, a publicação de meu artigo não configura, de modo algum, pluralidade. Meu texto é um evento isolado em uma seção dedicada a opiniões femininas (“Deixem que elas mesmas falem”). A “pluralidade”, se limitada a uma seção de opiniões, não me parece algo significativo. Assim, o que dá identidade à revista são os articulistas de sempre, cuja maioria, de fato, é bastante conhecida do público, seja por suas posições à esquerda, seja por seu antiamericanismo, seja por manifestar apreço por certo feminismo: René Padillha, Paul Freston, Robinson Cavalcanti, Ricardo Gondim, Valdir Steuernagel, Bráulia Ribeiro. Isso é o que posso dizer simplesmente ao olhar o sumário da nova edição que tenho em mãos. E nisso não vai nenhum julgamento de valor. Apenas a constatação: sim, a grande maioria dos autores fixos da revista Ultimato tende a demonstrar posições de esquerda.
Mas e daí? Nosso país não conhece variedade política. A grande maioria dos formadores de opinião no Brasil é de esquerda. A revista apenas espelha esse fato no mundo protestante evangélico.
Tudo isso para, fundamentalmente, dizer o seguinte. No Brasil, as pessoas acham bonito o socialismo, aprovam ou não se incomodam com a ditadura cubana, odeiam os Estados Unidos, andam com camisetas do Che Guevara, veem no governo a solução de todos os problemas, xingam o “neoliberalismo”, abominam o capitalismo como o próprio Mal e não se dizem de esquerda. Claro, há os que o declaram mais abertamente, mas são minoria. A maioria sequer reconhece que existe, de fato, esquerda. Há ainda os que se denominam “socialdemocratas” embora continuem apoiando ditadores consumados como Fidel Castro e Hugo Chávez... Depreende-se disso que, neste país, o pensamento de esquerda se tornou a Opinião Comum Isenta e Racional. A explicação é simples: basta lembrar que desde o Brasil Colônia somos a somatória do Complexo do País Oprimido com a histórica expectativa de um governo que atue como um Grande Pai. Além disso, os ideais socialistas, onipresentes, nunca são questionados por leituras ou ensinamentos diversos, pois autores conservadores e liberais são ilustres desconhecidos no Reino dos Doutores do MEC. Ideologicamente, estamos quase tão fechados quanto a ilha-cárcere cubana...
Como conservadora, uma de minhas tarefas é denunciar o apagamento de todo um leque de opções (e isso não significa que eu seja uma adoradora dos EUA, uma entusiasta do capitalismo, uma elitista que não se importa com a pobreza etc. etc.). Outra, como cristã, é mostrar que a afinidade do socialismo com o cristianismo é, em grande medida, falsa, apontando para os perigos dessa convergência forjada. Isso significa afirmar que crente esquerdista não é crente? Claro que não! Mas se você, crente, por causa do seu esquerdismo, abre exceções ao aborto, cede ao relativismo (epistemológico, moral, cultural) e ajuda na perpetuação de um pensamento político autoritário por meio de um Estado forte e centralizador, quero contribuir para que você se desesquerdize, desconformando sua mente em relação ao mundo e submetendo-a cada vez mais ao senhorio de Cristo.
Dito isto, nos próximos posts procurarei responder às várias objeções que foram levantadas contra meu artigo, aqui ou acolá, indicando as leituras em que me apoiei para escrevê-lo.
P.S. É significativo que a publicação desse texto se dê no Dia da Mentira. Esquerdistas que não se dizem esquerdistas, mentindo conscientemente ou não: assumam suas posições! :-)
40 comentários:
To com você até nas vírgulas.
Alegro-me com sua coragem. Um abraço.
Obrigada, Pr. Julio!
Que Deus nos ajude a ter cada vez mais coragem em enfrentar este século!
Abração!
Acabei de ler seu artigo na Ultimato. Parabéns! Se me perguntam se sou da direita ou da esquerda, respondo: sou de Cristo!
(Pe. Evando Alves - www.dicovobisnet.blogspot.com)
A Ultimato mantém como articulistas algumas das poucas vozes do meio evangélico-protestante brasileiro que merecem serem ouvidas, esquerdistas ou não - desafetos ou não.
Esta mania rotuleira, denuncia muito mais uma postura de posar de heroi, do que propriamente preocupação com Reino, que diga-se de passagem, foi iniciado - não se ofenda - por um grupo que contava com esquerdistas. Pra não mencionar seu lider, mas aí já é demais, quem está apto para estas coisas?
Alguns desses que tendem à esquerda, demonstram uma praxis que não vejo nem de longe em muitos de direita, se bem que, pouco importa, o que interessa é uma confissão bem alinhada, chave que abre as portas do "céu que nos aguarda".
Alex
Alex,
Você está julgando, sinto dizer. Não tenho desafeto nenhum entre os articulistas de Ultimato, conforme você parece insinuar.
Todo mundo merece ser ouvido. O clima político no Brasil é tão sufocante que qualquer cristão que diga "sou de direita" é apedrejado com palavras. Então cabe a você dizer quem é ouvido e quem não é.
Essa mania não-rotuleira é coisa de brasileiro que não conhece as posições por seus nomes e identidades, mas que vai na onda do que é aparentemente bonito e agradável para todo mundo. "Se ser de esquerda é amar os pobres, sou de esquerda" - quantas vezes ouvi isso?
E, se você de fato crê que não se deve rotular, por que sugere que os discípulos de Jesus e o próprio Jesus eram de esquerda? Ora, você nem decidiu qual é sua opinião!
Quanto à práxis, não sei de quem você está falando, mas entendo que quem chega aqui apoiando a esquerda com argumentos do tipo "atiro para todo lado e me contradigo em um texto de três parágrafos" recorra a esse tipo de difamação fantasma. É típico.
Sem mais.
"Tudo isso para, fundamentalmente, dizer o seguinte. No Brasil, as pessoas acham bonito o socialismo, aprovam ou não se incomodam com a ditadura cubana, odeiam os Estados Unidos, andam com camisetas do Che Guevara, veem no governo a solução de todos os problemas, xingam o “neoliberalismo”, abominam o capitalismo como o próprio Mal e não se dizem de esquerda".
Este trecho é pra ficar guardado - porque é a pura verdade. Já cheguei a perguntar para várias pessoas se sequer eles já tiveram algum professor de ensino médio ou cursinho que falasse qualquer coisa a favor do capitalismo, ou até mesmo dos EUA. A grande parte do povo brasileiro não se diz de esquerda porque têm um certo receio do que isto possa significar; mas de fato, não é comum ouvirmos por aí alguém defendendo o capitalismo. Capitalismo, em português atual, é quase sinônimo de amor ao dinheiro.
Mas digo que certa vez cheguei a conhecer alguém que dizia ser socialista, então eu indaguei: "como assim"? E a pessoa: "sim, sou socialista, eu ajudo com projetos sociais, faço doações para instituições de caridade, etc... hahahaha =P é engraçado, mas triste...
Ótimo post como sempre, e parabéns pelo artigo, concordo com cada vírgula também!
Abraços!
Fernando
Obrigada, Fernando!
É isso mesmo, esquerdismo pra todo lado, e por quê? Porque aqui é o Estado que manda na educação. Simples assim. Isso é comunismo light... ou nem tão light assim.
Abração!
Parabéns pelo seu artigo Norma.
Como defensor das visões direito conservadora, fico muito feliz em ler artigos como o seu.
Dou graças a Deus, que ainda existe pessoas como você que sabe expor o pensamento de direita e defendê-lo e ainda nos moldes calvinistas.
O esquerdismo tem adentrado nas igrejas pregando que é a verdade e que veio socorrer os pobres, necessitados, angustiados, etc. sabemos portanto que a verdade e o socorro está somente na pessoa de Cristo Jesus.
OUço direto pessoas dizendo: Jesus era socialista, comunistas.Estão equivocadas.
Soli Deo Gloria
Norma,
Encontrei seu blog hoje, navegando daqui para ali, passando pelo monergismo.com, pelo tempora/mores até dar de cara contigo.
Li um monte de coisas suas e me deparei diante de algo que nunca vi e que sempre me trouxe um dilema e um sentimento de culpa tremendo: a convivência entre intelectualidade e cristianismo.
Há cerca de dez anos fui alcançado pelo Senhor e desde então tenho estado aqui e ali, em geral no meio pentecostal, e não tenho conseguido essa conciliação entre os dois elementos acima descritos.
No cabeçalho do seu blog li "recolocar o cristianismo na via dos debates intelectuais", vi a relação de "lidos e recomendados" no seu outro blog, li você falando em ler e em música (coisinhas sobre mim 2) e pirei.
Literatura e música cristã e secular - pode?rsrsrsrsr
Por favor, me conta tudo.
Sem pieguice, você ajudou a jogar uma pedra sobre "Ricardo Gondim e cia." e "esquerda" com que estava me enredando há algum tempo, mas de que já me afastava depois de entrar em contato com os sites acima e com a IPB e de outras intuições.
Um abração e prazer em te descobrir.
Kaio, obrigada!
Luciano, também fico muito feliz de ouvir você. Acredito que, no mundo de hoje, todo mundo passa por isso, pois a diferença entre os conteúdos racionais da fé e a intelectualidade mundana (relativista, imanentista, leviana) da academia é muito gritante. Ao continuar lendo os posts, antigos e recentes, você vai ver que também passei por muitos conflitos. É assim mesmo: faz parte da luta pela santificação, pois um dos maiores alvos do diabo é a nossa mente - onde todo pecado é concebido antes de praticado.
Se quiser conversar mais, passa o seu mail por comentário (não publicarei).
Abraços!
Prezada Norma,
Sou de Goiás e o forte aqui é a atividade agropecuária. Por isso, por favor, permita-me te incomodar mais um pouco e postar aqui o link para a entrevista do Reinaldo Azevedo no Notícias Agrícolas:
http://www.noticiasagricolas.com.br/noticias.php?id=64829
Indico essa entrevista para os irmãos que são esquerdistas e imaginam que arroz, feijão, carne, frango e óleo de soja são naturais do Pão de Açúcar e Carrefour. Um abraço e fica na Paz!
Puxa...um comentário como esse do Luciano, vale todos os posts publicados e todas os ataques que vc já soreu!
Parabéns Norma, vc tem um dom lindo...escrever tudo que a gente pensa e não sabe expressar em palavras tão esclarecedoras. Valeu o Blog!!!!!!!
Deus te abençõe, Luciano, na árdua tarefa de desatar os nós que colocam na nossa cabeça, e que só o conhecimento profundo da Palavra pode esclarecer.
Graças à Deus pela internet, que no meio de tanta lama, também disponibiliza pra nós preciosidades como este Blog e os outro que o Luciano mencionou!
Norma, querida no Senhor!
Você sabe que eu, de um lado avesso, virei seu leitor e, confesso, muito mais pela graça da escrita que pelas ideias (espero quer goste dos meus elogios, pois sei que minhas críticas não agradam tanto). Gostei daqui, pois seu blog reúne uma galera simpática ao tema, mas também com argumentos, diria, "neo-intelectuais" (do tipo: “eu acho, então deve ser assim mesmo”).
Você diz: "Nosso país não conhece variedade política."
Eu digo que, infelizmente, não é assim, você sabe bem, pois nós temos 27 partidos em atuação, dos mais variados, com as ideias mais estapafúrdias, as menos sérias, as mais delinquentes e as mais atravessadas, ao lado do que eu e você achamos razoável.
Defender capitalismo, acho demais... Defender o socialismo é defender que o céu está azul quando está nublado. Mas com o capitalismo é fazer o mesmo, só em dia de tempestade... O capital não tem compromisso ideológico e não dá pra falar de “cristianismo saudável” perto dele. Ele não deixa e transforma a mensagem do evangelho no que há de pior.
As livres instituições não derivam dele, ao contrário, se a ele se submeterem por completo, nos seus moldes de sucesso, vão virar mercadorias. O socialismo transformaria em outras coisas, mas basta ver as igrejas neo-pentecostais como a IURD, Show da Fé, Mundial do Poder de Deus, etc. São exemplo da capitalização da religião, que se espalha como vírus, como reflexo da entrada de valores liberais (e não conservadores, como você, talvez, gostaria) dentro do cristianismo.
É por isso que de novo estou aqui, só pra perturbar, com esses contra-exemplos.
O que me chateia ao mesmo tempo que me une a você no seu discurso é isso aqui:
"Mas se você, crente, por causa do seu esquerdismo, abre exceções ao aborto, cede ao relativismo (epistemológico, moral, cultural) e ajuda na perpetuação de um pensamento político autoritário por meio de um Estado forte e centralizador, quero contribuir para que você se desesquerdize, desconformando sua mente em relação ao mundo e submetendo-a cada vez mais ao senhorio de Cristo."
Chateia-me, pois seu cristianismo parece exigir postura política de direita e parece que um "crente de esquerda" vira um retardado mental ao adotar tal modo de ver o mundo. Une-me a você, pois acho que, de fato, deve ter gente que não reflete bem as alianças que faz na vida e acaba por colocar à frente de sua fé uma porcariada que é nitidamente contrária a Deus e à vida que nosso bom Pai criou.
Chateia-me por você deliberadamente fechar os olhos para a situação do Estado brasileiro frente ao Estado norte-americano. De onde você tirou que é por causa do socialismo que o Estado é forte? Não sou antiamericano e já morei lá, inclusive, mas, até onde eu me lembro, TODAS as intervenções dos EUA em Estados alheios (que estivessem bem ou mal para serem invadidos), embora com motivações eminentemente econômicas, só foram feitas nas bases de um governo extremamente forte. Aliás, o mais forte do mundo, nesse e em outros sentidos: "a Lei é o rei" e é cumprida, a polícia é boa, mas oprime minorias, o Congresso é fortíssimo. O que eu diria haver lá é um equilíbrio de poderes mais harmônico, com um executivo que, decididamente, nunca teve esquerda.
Por fim, une-me a você, para que você se "desdireitize", e todo mundo, neste sentido específico, se “desideologize”, na medida em que isso efetivamente nos torne um Corpo mais unido para Seu Cabeça.
Um abraço!
Oi, André,
Puxa, todo mundo diz que eu defendo o capitalismo. No entanto, se o "capitalismo" dependesse de mim para isso, há muito tempo que o mundo inteiro seria socialista! Hehehe!
Para defender de verdade o capitalismo, eu teria que saber muito de economia, coisa que efetivamente não é o caso. (Já para defender o socialismo basta usar meia-dúzia de palavras melosas e lugares-comuns sobre a pobreza...)
Mas repare que você se contradiz. Você afirma que "o capital não tem compromisso ideológico" (como se fosse "neutro") e, em seguida, atribui ao capitalismo características que eu, como cristã, também abomino: a ganância, o egoísmo, a reificação do ser humano, a valorização do ter acima do ser... Só que isso não é "sistema": isso é pecado original, é ser humano. É óbvio que tenho horror dessas coisas também. De vez em quando falo delas aqui no blog.
O que prefiro declarar é que a solução para isso tudo é a transformação interior que só Jesus Cristo pode proporcionar. A mudança começa no indivíduo (voluntariamente!) e transborda para a coletividade. Nisso, o socialismo é uma inversão, ao pregar solução estatal (e obrigatória!) para esses problemas. Além disso, a literatura esquerdista ainda se acompanha de inversões morais e relativismos. Imagine uma igreja inteira refém dessas inversões!
Acredito que a você falta leitura para compreender melhor esses perigos. Estive mergulhada neles até o pescoço nos anos de formação universitária e falo sobretudo da minha experiência.
Não me preocupo em me "desdireitizar" porque não sou bem "direitista", mas sim conservadora. É claro que há tentação de inversão no conservadorismo também. Mas no esquerdismo a coisa é muito pior, além de mais difundida e mais "invisível" (já que o esquerdismo se propõe diretamente a ser uma teologia invertida). Repito, é preciso leitura para compreender melhor essas coisas, e eu mesma estou buscando essa compreensão. Sugiro, para começar, Alain Besançon, A Infelicidade do Século. Sobre esse livro, o artigo do Rodrigo Constantino (que não é conservador, mas liberal) é bem elucidativo:
http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=44717&cat=Artigos&vinda=S
Depois escrevo mais.
Abraços!
Sobre o silêncio de Lula diante do crime perpetrado contra Tamayo em Cuba:
http://arquivoetc.blogspot.com/2010/04/miguel-reale-junior-grande-farsa.html
Se a igreja age como Lula, é preciso denunciar esse pecado e clamar por arrependimento. É o que estou tentando fazer: no Brasil, a simpatia pelo regime cubano é grande e difundida demais. Enquanto os crentes estão preocupados com o "capitalismo", gente é assassinada em Cuba debaixo do sistema comunista de Fidel sem que se dê um ai. Isto está errado!
Não promovam o capitalismo se não quiserem (eu mesma não dou a mínima), mas PAREM DE PROMOVER O SOCIALISMO!
André Venâncio escreveu nos comentários ao Abaixo-Assinado pela liberdade em Cuba o que nós, conservadores, acreditamos ser a DEMOCRACIA. Adorei e subscrevo. Vale a pena ler de novo aqui:
Nós temos um conceito bem definido sobre o que é democracia. Ela inclui necessariamente a coexistência de vários partidos, a possibilidade legal de oposição, a dissociação entre o Estado e o Partido. Inclui o direito de discordar em público sem ser espancado, jogado na cadeia ou fuzilado sob acusação de "traição da pátria", "espionagem", etc. Inclui também o livre acesso à informação. Inclui, finalmente, o direito de poder ser considerado gente, com todos os direitos que isso acarreta, mesmo discordando da "maioria".
Você, leitor, crê nessa democracia? Ou prefere adotar a "democracia" à moda de Chávez, Fidel, PT?
André
Vamos ver se consigo entender o que você entende por "ser contra o capitalismo". Capitalismo não é uma ideologia, não tem uma definição clara e, portanto, cada um entende como quer. Normalmente quem se diz "contra o capitalismo", quer dizer "sou contra quem se opõe ao socialismo" pois, ao contrário do capitalismo, esse tem definição. Socialismo, na prática, é o estado ter os meios de produção e ser dominado por um grupo de autocratas que reprime violentamente qualquer idéia divergente, matando e torturando muito para conseguir isso. TODOS os países socialistas, seja URSS, China, toda a Europa Oriental, Coréia do Norte, Vietnam, Cuba, Albânia se encaixavam (alguns até hoje) nessa definição de socialismo. Esse é o socialismo e opor-se a isso não pode ser errado, pelo contrário, qualquer ser humano decente não pode conformar-se com uma barbaridade dessas.
Hoje em dia, vemos outra forma de tomada do poder. O objetivo é o mesmo, criar uma ditadura tão cruel quanto a URSS, mas não repentinamente, como fez Lênin, e sim passo a passo. Dominar totalmente a mídia, a academia, o ensino do fundamental ao superior; tornar toda a atividade econômica tão dependente da boa vontade do governo, que seja impossível alguém não ir à falencia se cair em desgraça diante do Partido; destruir a segurança jurídica, tornando as decisões judiciais instrumento de poder do Partido, impor um sistema de corrupção tão grande, que a riqueza dos membros do Partido seja inigualável. O processo está muito mais adiantado na Venezuela, mas a intenção do Partido, no Brasil, é seguir o mesmo caminho. Criar uma URSS a prestação é tão criminoso quanto cria-la de uma vez.
Normalmente, o que as pessoas chamam de "capitalismo", é simplesmnete o fato de os meios de produção não serem estatais (isso é, do Partido). Além do aspecto totalitário e absurdamente injusto dos regimes socialistas, devemos lembrar que a propriedade dos meios de produção concentradas nas mãos do Partido, levou sempre à miséria e à fome. Só a flexibilização desse sistema, voltando a permitir propriedade privada, pode permitir que o povo chinês saísse da miséria (e só parte dele, até agora). Como uma pessoa pode querer implantar um sistema que além de injusto, leva necessariamente à fome e à miséria.
Caro Osmar, não sou de Goiás, mas também estou envolvido no mundo do agronegócio. Ainda não vi a entrevista, mas me interessei muito por ela e quero agradecer a você pela divulgação. Já participei de um experimento agrícola que foi interrompido por baderneiros do MST.
Norma, fico feliz que tenha gostado do que eu disse. Eu escrevi isso no calor do "debate" com um sujeito que acha que o regime castrista é eminentemente democrático. Naturalmente, não é uma definição exaustiva de democracia; mas já estaria muito bom se esses elementos que citei estivessem presentes por toda parte.
Agora vou me dirigir ao meu xará que comentou aí em cima. Abraços aos dois!
Caro André, quero lhe dirigir umas poucas palavras a respeito do comentário postado por você acima.
1. Não sei quanta variedade há entre os 27 partidos políticos brasileiros, mas a multiplicidade partidária não é, por si mesma, garantia de diversidade de opiniões. De qualquer forma, as diferenças ideológicas entre os dois partidos dominantes (PT e PSDB) não são muito grandes. São ambos partidos de esquerda, dominados pelos herdeiros da esquerda uspiana. O DEM, que segundo alguns é de extrema-direita, inspira-se no Partido Democrata, que é, veja só, a esquerda americana. Não há nenhum partido conservador, por exemplo.
2. Sim, existe esquerda nos EUA. Até no Partido Republicano. Mas é claro que a esquerda americana por excelência está no Partido Democrata. Além disso, a grande mídia americana praticamente inteira é de esquerda. Os ambientes universitários também estão tomados pela esquerda. E isso não é de hoje. Sugiro uma leitura: Nem Marx nem Jesus, de Jean-François Revel. O próprio autor é (ou pelo menos era) um esquerdista francês, e nesse livro ele procura mostrar, dentre outras coisas, que o antiamericanismo da esquerda europeia está totalmente distante da realidade ao imaginar que nos EUA só existe capitalismo e conservadorismo. E isso foi em 1970, e a esquerda americana já era forte naquele tempo; hoje está muito pior (para nós, conservadores, é claro). Fiz alguns posts sobre esse livro no Tamos lendo!, o blog que eu e a Norma mantemos juntos, e pretendo fazer ainda mais alguns. Sugiro que você os acompanhe.
3. Gostei da sua imagem sobre o céu nublado e sobre a tempestade; apenas acho que é o contrário: o socialismo é a tempestade.
4. A "mercadorização" de tudo no capitalismo é possível, mas é um mal menor, pela simples razão de que ninguém é obrigado a aderir a ela. A existência de "livres instituições" é possível num sistema de liberdades políticas; no socialismo, não.
5. Você disse à Norma que "seu cristianismo parece exigir postura política de direita e parece que um 'crente de esquerda' vira um retardado mental ao adotar tal modo de ver o mundo". Não acho que todo crente esquerdista seja um retardado mental; alguns são apenas ignorantes e têm uma cosmovisão deficiente. Outros, porém, se tornam muito piores que um mero retardado mental. Há casos e casos.
6. Você não entendeu o que a Norma chamou de "Estado forte". Não é um Estado que tem poder econômico e militar para se impor sobre outros Estados, e sim um Estado que se intromete fortemente na vida de seus próprios cidadãos, que regula a economia, a educação, a cultura, a imprensa, as igrejas, as famílias... Aliás, os EUA foram um país mais próspero e abençoado justamente na época em que era mais federalista, com pouco poder em Washington e muito nos estados, nos condados, nas prefeituras e nas associações de bairro. Pensar sobre isso ajudará você a entender melhor a proposta conservadora.
Abraços!
Perfeito, Aprendiz e André.
Um sonho impossível para o Brasil seria este: ações mais autônomas e locais, cada estado vivendo sua identidade, preenchendo suas necessidades, fortalecendo seu povo, suas iniciativas. O centralismo é o que atravanca o país.
André von Held Soares: recomendo fortemente que você leia os conservadores. Do lado dos liberais, e mais propriamente sobre economia, esse textinho, bem básico, seria um bom começo:
http://www.alternativabrasil.org/2010/03/em-defesa-da-livre-concorrencia.html
Abraços a todos!
Muito bem, ao André (Norma, espero que não fique chateada de eu usar seu espaço),
1. Concordo profundamente com você: os nossos 27 partidos que temos são de questionável “diversidade de opiniões”. Foi o que eu quis dizer com “dos mais variados, com as ideias mais estapafúrdias, as menos sérias, as mais delinquentes e as mais atravessadas”. Existe é bagunça, à brasileira. Muita. Mas dizer que não existe diversidade é meio demais, não acha, não? Meio presunçoso, no mínimo. Será que você agüentaria encher o saco do FHC falando que ele e Lula são farinha do mesmo saco? Ou de um Covas? Um Ciro Gomes? Acho dificílimo, amigo... Será que só seus leitores ou apoiadores podem dar uma definição do que é diversidade política? Aliás, o que falta a você? Um Partido Republicano norte-americano, só que brasileiro? Até onde eu saiba, você mesmo pode montar um partido, conforme consagrado na nossa CF vigente, se estiver achando que não tem nada bom na direita. Eu acho que o engajamento que vejo aqui é tão grande, que você já tem motivos suficientes para montar o Partido Conservador. Se não montarem, repito as palavras de um grande Republicano, Abraham Lincoln: “Só tem o direito de criticar, aquele que ajuda.” Então, meta as mãos à obra e pare de choradeira, se 27 legendas não significam nada pra você. Vai me dizer que o PSDB é esquerda, na acepção tradicional do termo (de viés socialista)? Você só pode estar brincando, tucaninho...
2. Bem, que exista esquerda nos EUA eu sei. Mas acho que você queria que eu falasse de Michael Harrington, NAM, DOSC... precisa mesmo? Aliás a esquerda está em tudo que é canto, desde muito. Na verdade, como eu não esperava ter que conversar com tanta gente aqui neste blog, acabei só falando do que já escrevi e discuti com a Norma até agora, como se fosse coisa velha. Se quiser acompanhar a discussão (lamento, não vou te colocar a par, pois é coisa muito longa) vai ter que me ler no meu blog. Por isso não fui rigoroso. Não garanto que eu vá acompanhar seus textos no outro blog ainda, pois acho que, nas nossas divergências, posso acabar me desgastando e acho que ninguém quer isso. Mas, se você achar muito importante, edificante, pouco beligerante, equilibrado, eu até dou um pulo lá.
3. Obrigado pela apreciação. Podemos colocar da sua forma, não faz o menor problema. Não sou socialista.
4. “mal menor”, não viaja... Você não está conversando com uma criança de 13 anos que tem um professor de História inflamado. Isso é balela da grossa. Bem, se você acha que os exemplos que citei de o evangelho virar mercado algo bom (pois esse foi o sentido, e não uma defesa do modelo socialista), acho que precisa rever sua maneira de se relacionar com o sagrado. A política faz pouca diferença diante de nosso Senhor (talvez não “para”, mas “diante”, sim). A dinâmica é outra. De novo, não sou o esquerdista típico.
5. Concordo. Sem tirar nem por. Acho sensata a sua análise.
6. Acho que entendi o que a Norma disse. Mas, se quiser ficar em cima de mim ensinando e batendo na minha mão quando eu falar algo mais desviante, pode ficar. Mas, diga-me, que tal a polícia norte-americana? “Them porcs?” Disso você não me falou (e acho que eu sim, por ocasião de falar de um Estado forte, que, justamente interfere nas vidas dos indivíduos). Entrar no país dos outros não conta, né? Além disso, e a cultura do “I’ll sue you”? Já passou por isso? Nada agradável. O Estado lá também vem contra os menores, fique esperto. Ou você é WASP? How about to shoot some niggers? Mas faço um mea culpa pra você: é claro que os EUA dão um banho em nós ou em qualquer Estado socialista que já houve. Ninguém duvida disso. Só não é perfeito. Ou é? E copiar também não é o caminho, cara-pálida.
André Soares,
Para começar: o que você tem contra o free trade? E que história é essa de "capitalismo como espírito", que "move-se na apropriação de ideologias que lhe são interessantes e as utiliza"? Você está confundindo o capitalismo com o Diabo, cara!
Hahaha! Você é muito mais esquerdista do que pensa...
Não sei se "estamos juntos nessa", não. Conforme eu afirmei, a ganância, o egoísmo, a reificação do ser humano, a valorização do ter acima do ser são PECADOS que se manifestam EM QUALQUER SITUAÇÃO, inclusive no sistema... adivinhe... socialista! Ahá. Garanto que você não esperava por essa...
Sei não. Para quem "não é socialista", parece que você caiu no conto de Marx. Só falta dizer que comércio e propriedade privada são pecado...
Se as recomendações de leitura ofenderam você, é porque não tenho obrigação nenhuma de saber de que background você fala. Alguma coisa no seu discurso deu a entender que você joga pedras no que não conhece. Por isso postei textos basiquinhos. De qualquer forma, tem muita recomendação de leitura no blog e, se você quiser mesmo buscar alguma informação conservadora, fique à vontade.
Quanto a sua mensagem ao André Venâncio (que aliás é meu noivo), achei-a de MUITO mau gosto em vários momentos (acho que você estava mesmo irritado com o Capetalismo), então vou mandá-las a ele antes de publicar, para saber se ele está a fim de responder. Porém, intuo que ele não se incomodará em responder, já que você, além de ter sido muito mal-educado (e não "ácido"), já anunciou que quer continuar lá no seu blog o debate. André, desculpe, mas tô começando a achar que o que você mais quer é ibope pro seu blog. Isso não me parece correto.
Mas o que me incomodou mesmo foi seu tom, muito pouco respeitoso na casa dos outros. Como quer que, depois disso, visitemos a sua? Perdoar, eu perdoo, mas daí a querer continuar conversando...
Outra coisa. Notei que, apesar de eu ter dito em algum lugar, dirigindo-me a você, que a questão do bode expiatório em Girard pode ser associada aos totalitarismos (nazismo, comunismo e politicamente correto, que é um totalitarismo do pensamento), você continua escrevendo (um tanto histericamente, acho) sobre o absurdo arbitrário de eu ter iniciado meu artigo com Girard. Por que não esperar, conforme prometi, que eu escreva mostrando as fontes? Não há debate possível onde não há um mínimo de "pré-confiança".
Você tinha começado bem, pena.
Abraço.
Ok, desculpe pelos inconvenientes.
Desculpe pelos transtornos.
Um abraço.
André von Held,
Não acredito que você apagou o que escreveu...
E agora? O André Venâncio estava disposto a responder aquela última mensagem que sobrou. Eu a publiquei. Agora só falta ele responder e você apagar também...
André, também não sei o que deu em você pra excluir seus comentários posteriores. Mas já que eu já havia me prontificado a responder seu comentário dirigido a mim, e ele ainda está aí em cima, direi algumas coisas a respeito.
1. Eu disse que as diferenças ideológicas entre PT e PSDB "não são muito grandes", que são ambos de esquerda e que o DEM, o grande partido de direita, inspira-se na esquerda americana. Você transformou isso em "não existe diversidade" entre todos os 27 partidos brasileiros. Já aqui você demonstrou alguma dificuldade em entender o que digo. Sobre Covas e Ciro Gomes eu pouco sei; do primeiro, apenas que sempre militou na esquerda, desde os tempos do MDB; do segundo, apenas que defendeu na TV há poucos anos, num debate com Rodrigo Constantino, o inchaço orçamentário do Estado brasileiro. Quanto a FHC, o que sei é que ele é um grande admirador do comunista Antonio Gramsci, e que se gaba, inclusive, de ser mais gramsciano que o PT; sei também que foi no governo dele que as escolas públicas foram transformadas em centros de doutrinação marxista e que o MST recebeu rios de dinheiro do governo federal. Lembro-me ainda de uma conversa dele com Christovam Buarque (na época ainda no PT) em que eles diziam justamente isso: que as diferenças entre os dois partidos não eram ideológicas. Quanto ao PSDB como um todo, se é esquerdista no sentido clássico, barroco ou romântico, pouco importa. Não importa o que eu penso do partido, e sim o que ele pensa de si mesmo. Onde devo enquadrar um partido que morre de vontade de fazer parte da Internacional Socialista? Diante dos fatos que apresento, suas piadinhas são ridículas, e apenas demonstram sua ignorância sobre o tema. Quanto a fundar um Partido Conservador, limito-me a registrar uma obviedade que não passou pela sua cabeça: existem outras maneiras de ajudar a causa conservadora. O Partido Republicano me parece insuficientemente conservador, e assim também parece à maioria dos conservadores que conheço. Se você o considera o supra-sumo do conservadorismo, é porque está mesmo por fora. Aliás, eu havia dito antes que a esquerda americana está presente inclusive dentro do GOP. Você, pelo jeito, não me leu com muita atenção. Finalmente, se eu sou conservador e critico o PSDB por considerá-lo esquerda, que sentido há em você me chamar de "tucaninho"?
2. Eu não queria que você falasse de nada. Quando mencionei a esquerda americana, estava me referindo principalmente ao Partido Democrata, para contestar sua afirmação de que nunca houve esquerda no congresso americano. Eu não estava falando de um esquerdismo marginal. Só pra dar um exemplo, procure algo no Google sobre a tese de doutorado de Hillary Clinton, ou sobre quem são os apoiadores de Hugo Chávez nos EUA. O nome de Jimmy Carter talvez apareça. Não tenho, por enquanto, interesse algum na conversa travada em seu blog. E quanto à minha sugestão a respeito dos posts sobre o livro "Nem Marx nem Jesus", fique à vontade para recusar. Não perderei absolutamente nada com isso. Minha sugestão destinava-se apenas a incrementar seus conhecimentos; eu nem mesmo sugeri que você comentasse ou debatesse comigo a respeito. Apenas sugeri a leitura. Mas se o contato com ideias diferentes é demais para você, deixe pra lá.
3. Por mais que você diga que não é socialista, sua comparação meteorológica mostra que você está mais pra lá do que pra cá. Por isso, não faz sentido algum você dizer que a inversão sugerida por mim "não faz o menor problema".
[continua]
4. Não entendi a demonstração de raivinha contida nesse item. Não tratei você como uma criança de 13 anos, mas você acaba de se comportar como uma. Não entendo por qual meio você chegou à conclusão de que acho que a mercadorização do evangelho é "algo bom". Sua crítica não faz sentido se os perigos para a igreja sob o capitalismo não forem maiores que sob o socialismo. E não são; esse é o ponto. Explicitarei isso, na esperança de que agora você entenda. Você frequenta uma dessas igrejas que você criticou? Se eu estiver correto em supor que não, então deve frequentar alguma outra, que não aderiu a essa palhaçada. Há opções. O capitalismo não leva a igreja necessariamente a esse problema que você apontou. E se a igreja estatal socialista se desviasse da fé? Qual seria a opção? A clandestinidade, viver sob perseguição. É a história das "livres instituições": no "livre mercado", você pode escolher entre as bobagens e as coisas sérias; no monopólio estatal, não existe a segunda classe de alternativas. Você pode não ser o esquerdista típico em tudo, mas tem se mostrado tipiquíssimo em sua indignaçãozinha que paralisa a capacidade de leitura.
5. Ah, que bom!
6. Se você entendeu o que a Norma disse sobre o "Estado forte", por que respondeu como se tivesse entendido outra coisa? Você adora reclamar por eu responder ao que você diz, e não ao que quer dizer, como se eu tivesse obrigação de adivinhar. Suas insinuações sobre WASP e niggers é apenas insultuosa, outro fruto dessa sua raivinha infantil, e não merece comentário, pois apenas demonstra que você já havia parado de pensar antes de concluir o texto. Mas, por caridade, comentarei o resto desse item. A questão de "entrar no país dos outros" - em guerra, obviamente - nada diz sobre o grau de liberdade desfrutado pelos cidadãos do país, de modo que o ato de introduzir na conversa um tema tão complexo e que mereceria uma análise "caso por caso" só pode ser efeito do desejo de melar a discussão, em vez de fazê-la progredir. Quanto ao conselho embutido na frase "O Estado lá também vem contra os menores, fique esperto", respondo que não tenho motivo para me preocupar, já que não estou lá e não sou menor. Além disso, os países mais livres do mundo têm idades de maioridade penal baixíssimas. Isso nada tem a ver com a liberdade no sentido aqui discutido, já que penas só se aplicam a criminosos, sejam eles de que idade forem. E onde foi que eu falei em copiar? Não é porque há idiotas socialistas idolatrando Cuba que um opositor do socialismo vai necessariamente idolatrar os EUA. E, finalmente, se você tivesse lido direito, teria notado que no final eu disse que "os EUA foram um país mais próspero e abençoado justamente na época em que era mais federalista, com pouco poder em Washington e muito nos estados, nos condados, nas prefeituras e nas associações de bairro", de onde decorre que a centralização do poder nos EUA é maior hoje do que já foi um dia. (Aliás, alguns intelectuais conservadores que conheço dizem que quem deu início ao fim do federalismo americano foi Abraham Lincoln, esse que você chama de "grande republicano".) Não faz sentido, portanto, você me acusar indiretamente de ter uma concepção romântica da liberdade americana. Você devia ter lido direito, só isso.
Não tenho o menor interesse em seu blog, e não sei se você vai ler isto e responder. Mas, caso pretenda fazê-lo, recomendo que pense mais e se revolte menos que nesta última vez.
O Senhor te abençoe e te guarde.
Norma, você poderia se tornar a "norma" dos debates democráticos. Passei aqui para parabenizá-la. Li seu artigo na Ultimato e fiquei bastante intrigado com o interesse da revista em se mostrar, a princípio, como uma publicação... sinceramente, "sei lá o quê". Se a revista quisesse fazer contrapontos deveria convidá-la para ser articulista também.
Graça e Paz!
Edmar Xavier, pr.
Igreja Batista no Horto, RJ
Norma
alegro-me com sua atitude e coragem..
Vc mostra postura e definiçoes claras com a proposta do evangelho..
com alegria
Eduardo vaz
eduardovaz.blogspot.com
André von Held Soares
Talvez o que você esteja esquecendo, é que a aberração, na história humana (e desastroso também) é os meios de produção serem propriedade de um partido político. Isso nunca deu certo, não consigo compreender como alguém pode desejar algo tão horrivel.
Quanto ao mercado livre (embora menos do que deveria), esse é dentro de certos limites, o estado mais comum, e certamente o mais natural. A maior parte da história econômica da humanidade tem sido de trocas entre agentes não estatais. E, veja só, as injustiças e opressões, tem sido via de regra, pela ação de tolher a liberdade econômica. Os impostos escorchantes que empobrecem os povos, ao longe do toda a história, a escravidão, os reis divinos que tudo podiam, essas coisas eram agressões ao príncípio de trocas livres entre homens livres.
Não é estranho, nem pode ser considerado imprevisível, que os partidos comunistas da URSS e China, e seus satélites, tenham sido extremamente opressivos. O comunismo é uma forma atual e mais perversa do antigo modo oriental de produção. Os antigos impérios centralizadores da Babilônia e Egito, escravizavam povos em favor de uma elite de burocratas, que eram os verdadeiros donos do país. Stalin compreendia isso, e era assim que ele queria as coisas. O sistema soviético era um sistema escravista, assim como o sistema comunista chinês tem sido sempre escravista. Na URSS, como é até hoje na China, as elites casavam entre sí, pois tinham consciência de serem aristocracias, donas do país. Cuba e Coréia do Norte também são propriedades das família que as dominam. No Brasil, da mesma forma, está se formando uma aristocracia riquíssima e poderosíssima de militantes petistas.
Deixe de crer contos da carochinha, socialismo é tomada de poder por uma outra elite. Mais do que isso, é um instrumento inigualável de manutenção do poder, por meior de opressão muito mais fortes do que os antigos. Só trouxas caem nessa.
Concordo plenamente com você. Até publiquei seu texto no blog da sala da Escola Bíblica Dominical da qual sou professora (uma sala de moças jovens).
Nestes dias de escassez moral e ideológica faz bem saber que existem ainda atalaias como Elias, Jeremias, Paulo... Na minha igreja tenho o meu pastor (pr Ailton José - AD Pernambuco) que é um verdadeiro profeta, homem de Deus, comprometido com a verdade.
Apoio você e seus textos. Amo a forma como você escreve. Um abraço e Deus te abençoe.
Adna
Shalom!
Prezada irmã Norma, quero lhe convidar a ler meu último texto:
Ressurreição: A morte da morte
O Julio Severo apreciou o texto.
Gostaria de saber sua opinião.
Desde já lhe agradeço!
Pr. Marcello
http://davarelohim.blogspot.com/
Prezada Norma, Graça e Paz!
Permita-me te incomodar novamente e divulgar aqui o lançamento pela Hagnos da obra "No Crepúsculo do Pensamento Ocidental" do Herman Dooyeweerd e traduzido pelo Pr. Guilherme de Carvalho:
https://hagnos.com.br/livro.php?id=886
Um abraço!
Kharis kai eirene
Prezada Norma, penso que ser de esquerda, ou de direita é quase que uma condição histórica, cujos fatores exógenos empurra o sujeito para uma das duas opções. Como cristão, considero que uma atitude moderada, equilibrada e crítica, sempre será a melhor opção, seja de esquerda, seja de direita. Penso que a atitude cristã no tempo dos "pós" deva ser mais profética, fraterna e cristocêntrica. O resto, acredito, vem por acréscimo.
Esdras Bentho
Por que nao escreve para a Cristianismo Hoje que é de ultradireita?
Paty,
Não me consta que a CH seja de ultradireita, aliás, nem sei que "bicho" seria esse. Em geral, as pessoas que dizem "tal coisa é de direita" são mesmo é de esquerda, porque a "direita" deixou de ter voz aqui no Brasil há muito tempo...
A Primeira Leitura, do Reinaldo Azevedo, era de direita. Eu adorava. Se me chamassem, eu certamente escreveria ali. Pena que acabou. E tem a Dicta & Contradicta, que se pode chamar também de direita, uma revista ainda viva, mas que é semestral. Fora isso, não tem mais nada. A Veja não é de direita, mas é mais para o centro que o "normal" no Brasil (que é a esquerda). E nenhuma dessas revistas é cristã evangélica. De modo que prefiro escrever no meu blog mesmo.
Abraços.
Adna, você é uma fofa. Muito obrigada!
Marcello, vou dar uma olhadinha sim!
Osmar, estou louca para pedir esse livro. Comecei a ler uma introdução ao pensamento de Dooyeweerd, um livro de Kalsbeek chamado Contours of a Christian Philosophy. Esse também seria uma boa pedida para as editoras brasileiras!
Esdras, concordo com a atitude moderada em tese apenas. Pois no Brasil a coisa está tão para a esquerda que só um esforço grande para o outro lado pode equilibrar o debate. Além disso, muitas vezes a "moderação" pode ser usada como desculpa para os indecisos continuarem com sua inércia. O comportamento "não quero me indispor com ninguém" é típico do brasileiro e o impede de ser veículo da ira santa de Deus.
Gente, desculpem demorar para responder. Grande abraço a todos!
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