27 fevereiro 2010

Esquerdismo assassino e seus cúmplices

Em artigo para o Boston Globe, o jornalista Matthew Price conta que perguntaram para o propalado historiador Eric Hobsbawn, leitura obrigatória nas universidades brasileiras, se a perda de vinte milhões de pessoas no regime comunista da antiga União Soviética havia sido justificável. Sem hesitar diante das câmeras de TV, Hobsbawn respondeu: “Sim.”

Há quem diga que o comunismo acabou, mas (que curioso!), mesmo morto, continua matando. Dias depois da publicação do artigo de Price, em março de 2003, houve a chamada Primavera Negra em Cuba, uma onda de prisões de dissidentes do regime castrista. Entre 75 outros cubanos, Orlando Zapata Tamayo foi preso. Seus crimes: “desrespeito, desordem pública e resistência”. Sua pena: 36 anos de detenção. No cárcere, vinha sofrendo graves espancamentos, maus-tratos e tortura psicológica. Quase sete anos depois, no dia 3 de dezembro de 2009, Tamayo decidiu que seu martírio não seria em vão: começou uma greve de fome pelo fim da ditadura em Cuba. O chefe da prisão resolveu “dar uma forcinha” para a greve e mandou que negassem água ao preso. Hospitalizado com falência renal, foi posto nu em um quarto com um forte ar-condicionado e contraiu pneumonia. Em seguida, sem tratamento, foi levado de volta para a prisão, largado para morrer. No dia 23 de fevereiro deste ano, depois de 85 dias sem se alimentar, Tamayo falece.

Diante do ocorrido, qual o veredito de Raúl Castro, irmão do ditador? “A culpa é dos Estados Unidos.”

Graças ao Senhor de toda a justiça, a morte de Tamayo está provocando protestos no mundo inteiro. Os Estados Unidos, a União Europeia e o Canadá exigem a libertação de todos os presos políticos em Cuba (duzentos, segundo os dissidentes). Na República Checa, o parlamento guardou um minuto de silêncio em homenagem a ele. Lech Walesa, líder que trabalhou pelo fim do comunismo na Polônia, está pressionando o governo cubano a favor dos encarcerados, e a Anistia Internacional se pronunciou sobre a repressão violenta do regime. A movimentação chega tarde demais, porém: desde 1957, a Cuba socialista já matou 17 mil diretamente e 83 mil no mar, tentando deixar a ilha.

E o Brasil, o que fez? Lula estava lá e, representando-nos, calou-se diante de tudo isso.

Conta o jornalista que Hobsbawn, cúmplice ideológico do assassinato de milhões de pessoas, alegrou-se muitíssimo com a eleição de Lula para presidente do Brasil. Compreende-se. Diante das mortes simbólicas e reais do mundo socialista, ambos se irmanam em suas justificações. Price também escreve que hoje poucas figuras da envergadura do historiador mantêm a mesma devoção ao comunismo. Isso certamente não é verdade no Brasil. Se fosse, o barulho em torno da morte de Tamayo seria maior. Bem maior. Haveria uma indignação gigantesca contra o silêncio conivente de Lula. ONGs fariam passeatas, ativistas de direitos humanos bradariam de horror. Entre os cristãos, haveria ainda mais protestos. Na igreja protestante brasileiras, pastores iriam a público pedir perdão a seus fiéis por terem apoiado Fidel e seus seguidores — Chávez, Morales, Lula. É isso que espero dos pastores brasileiros. Há muito tempo, na verdade.

E você, cristão esquerdista que apóia Fidel, que gosta de Lula, que anda com a camisa do Che, que louva as maravilhas do socialismo, já se informou? Já pediu suas desculpas em público? Até quando será cúmplice da tirania e do assassinato?

34 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito.
Que os padres da Teologia (dita) da Libertação se sentissem "presas" dessa advertência.
Fraternellement,
Beto.

Ricardo Mamedes disse...

Norma,

A "política" cubana imposta pela "revolução" e capitaneada pelos irmãos Castro é vil, repulsiva. O caso Tamayo é emblemático. Muitas vezes eu me perguntei o porquê do silêncio quase geral da América Latina a respeito de Fidel, dos seus métodos horrorosos e da repressão àqueles poucos que ousam se opor.

Qual a resposta de Lula para o caso Tamayo? "não costumo meter o nariz na política alheia". Mas em Honduras ele se meteu - e que vergonha para nós brasileiros!

Esse nosso continente está infestado por essas ideologias de esquerda fascistas, representadas por "lideranças" como Chávez, Correias, Morales e alguns mais. E na mesma direção está Lula, que somente não repete iguais ações por temer a reação da população brasileira.

O socialismo na antiga União Soviética com as suas perseguições a judeus (pogroms) e a tantas outras minorias, por Lênin, Stalin diretamente do Kremlim, referendados pelo "Politburo" e o seu "Stablishment", mostrou o que uma "política de Estado" pode ser capaz de impor a uma população dominada: a morte, o genocídio.

As esquerdas são sempre iguais, somente mudam os autores.

Abraços!

Ricardo

Nilson Junior disse...

Parabéns Norma Braga, por ter escrito esse artigo!
Sempre leio as coisas que escreve. Sou professor de História e confesso que tenho (ainda) a tendência de considerar o Eric Hobsbawn, como um marxista "inteligente". Seus livros não possuem aquele tom "combativo" de outros historiadores como Perry Anderson, E. P. Thompson, entre outros, contudo, ele é marxista. Lembro que ele concedeu uma entrevista na Folha dizendo que ainda acreditava no sonho comunista e talvez essa seja a razão pela qual eu o coloque aspas quando digo que ele é inteligente. Não quero estender-me nesse ponto, mas penso que nem todo historiador marxista deve ser evitado (sei que você não disse isso!). Christopher Hill é um historiador da tradição marxista inglesa e escreveu livros muito interessantes sobre os puritanos; inclusive o Rev. Augustus Nicodemos o cita em um artigo seu sobre os puritanos, enfim...
Discordo do que Eric Hobsbawn disse e acho que os cristãos que consideram possível uma sintonia entre cristianismo bíblico e qualquer coisa que seja influênciada pelos princípios de esquerda devem tomar conhecimento do que ele disse. Posso imprimir seu texto para mostrar a alguns amigos meus?
Termino dizendo que sinto falta de historiadores reformados com livros traduzidos em português!
Um abraço e continue escrevendo!

Norma disse...

Pois é, amigos, vamos orar para que no Brasil a coisa recrudesça.

Nilson, muito obrigada por sua contribuição aqui! De fato, se fôssemos boicotar todos os historiadores marxistas, não sobrariam muitos historiadores para ler, hehe!

Claro que pode imprimir meu texto! Sinta-se à vontade.

Abraços!

Aguaya disse...

Norma, muy bueno tu escrito!
Como cubana siento vergüenza por el gobierno que tiene mi país desde hace más de 51 años y por el apoyo que le han dado y siguen dando otros gobiernos que muy seguramente no permitirían una situación así en sus propios países.
Saludos desde Berlín! y gracias por tu solidaridad!

Norma disse...

Querida Aguaya!

Não precisa agradecer! Como brasileiros e como seres humanos, temos a obrigação de denunciar e pressionar para que a liberdade seja real, se não no mundo inteiro (o Oriente seguiu um desenvolvimento muito diferente do nosso), pelo menos no Ocidente, onde a tradição judaico-cristã fez implantar os valores do respeito ao indivíduo e à consciência pessoal.

Que Deus a abençoe muito! Conte comigo para continuar dando força para o fim do regime de Fidel.

Abraços!

Aguaya disse...

Un abrazo, Norma!
Qué bueno saber que no estamos solos!!!

Norma disse...

Na verdade, Aguaya, eu fico emocionada ao saber que posso unir meus pequenos esforços ao trabalho árduo de muitos, na net e fora dela, para pôr abaixo a tirania em Cuba.

O que me preocupa no Brasil é o investimento pesado, principalmente via educação, para conquistar as mentes e torná-las dóceis ao totalitarismo de esquerda. É com um trabalho de formiguinha que eu vou contribuindo para libertar algumas dessas mentes, sobretudo no meu meio (cristão protestante).

Seja sempre bem-vinda aqui!

Para os leitores: deem uma olhada nos sites da Aguaya (no perfil), são excelentes! Já coloquei um deles na minha lista de blogs e depois vou olhar com calma os outros.

Norma disse...

Exilados cubanos ocupam consulado do Brasil em Miami

Da EFE
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1507717-5602,00-EXILADOS+CUBANOS+OCUPAM+CONSULADO+DO+BRASIL+EM+MIAMI.html

Miami, 26 fev (EFE).- Um grupo de exilados cubanos ocupou hoje pacificamente durante uma hora o consulado do Brasil em Miami para denunciar a "cumplicidade" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no "assassinato" do prisioneiro político Orlando Zapata Tamayo.

Cerca de 15 pessoas da Assembleia da Resistência, entre ex-presos políticos cubanos e membros de organizações do exílio, entraram nas instalações do consulado do Brasil e ocuparam uma das salas enquanto exclamavam: "Lula, cúmplice!", "Vergonha para Lula!" e "Viva Orlando Zapata Tamayo!".

"Lula é cúmplice da ditadura castrista e do assassinato de Orlando Zapata", expressou à Agência Efe Orlando Gutiérrez, diretor do Diretório Democrático Cubano, que liderava o grupo que entrou no consulado brasileiro.

Gutiérrez ressaltou que o objetivo da ocupação era pôr em evidência a "vergonha que representa para o Brasil Lula aparecer abraçado aos irmãos Castro no momento em que estão assassinando um homem pelo mero fato de discordar".

O presidente brasileiro se reuniu na quarta-feira passada com seu colega cubano, Raúl Castro, e com seu irmão Fidel, no dia seguinte da divulgação da morte de Orlando como consequência de uma greve de fome de 85 dias.

O grupo de exilados, pertencentes a organizações como Plantados e Madres y Mujeres Antirepresión por Cuba (MAR), entregou ao cônsul brasileiro, Luiz Augusto de Araújo Castro, uma foto na qual aparece Lula se abraçando a Fidel Castro com a imagem de Zapata Tamayo impressa no meio.

No verso da fotografia se lê: "Fidel Castro, assassino; Lula, cúmplice".

Essa fotografia, que pediram ao cônsul para entregar ao presidente, "deve envergonhar Lula".

"Não há melhor documento que o rosto do prisioneiro político que ia ser assassinado pelo regime castrista", disse a presidente da MAR, Sylvia Iriondo.

"O caso de Orlando é uma mostra da trajetória e história de crimes e violações perpetradas pelo castrismo", disse.

Sylvia denunciou que "ainda restam muitos presos políticos cubanos em condições críticas", ao mesmo tempo em que pediu à comunidade internacional para que não tolere a "impunidade e falta de vergonha" do regime de Havana.

Gutiérrez explicou que a ação realizada hoje é o "começo de uma campanha para alertar o povo brasileiro que as ações de Lula são prejudiciais para o povo cubano". EFE

Jorge Fernandes Isah disse...

Norma,

Com o "jeitinho brasileiro" de se fazer de cego, surdo e mudo (mudo nem tanto), poucos deram atenção à morte de Tamoyo, e a tudo o que ela representa: o ódio e a injustiça que o marxismo estabeleceu como princípios gerais do movimento.

Basta lembrar que tudo começou com Lenin (do ponto de vista prático, quero dizer), o qual considerava todos os meios legítimos e "morais" para garantir que a revolução triunfasse (levado ao extremo por Stalin, Mao, Fidel, Sung, etc) mesmo que fosse a morte de milhões de inocentes, os quais dizia defender.

De certa forma, acho que vivemos um estágio de "ilha da fantasia" onde os sonhos e os delírios sobrepõem-se à realidade, ao ponto em que a fantasia (ou seria a desordem moral?) representa o guiar cegos por outros cegos, como o momento brasileiro demonstra.

Pior ainda é ver a igreja, ou boa parte dela, em flagrante desobediência ao Evangelho de Cristo, defender posição tão antibíblica, tão avessa ao ministério do Senhor e dos apóstolos; a desprezar e escarnecer o sofrimento de milhões de irmãos que são perseguidos por amor a Cristo nesses países, cujos regimes anticristãos eles tanto glorificam.

O mínimo que se pode chamá-los é de incoerentes, contraditórios, inconsequentes. E fica a pergunta: onde está o amor que tanto propalam ter e exigir que se tenha, quando se mostram insensíveis para com a dor e a aflição do proximo?

Parabéns pelo texto lúcido.

Cristo a abençoe!

PS: Posso republicá-lo no blog Internautas Cristãos?

Norma disse...

Olá, Jorge!

Claro que sim! Ando um pouco triste com o silêncio da igreja sobre o assunto. Tenho orado para que Deus me inspire a ações mais efetivas sobre isso. Como pode, a igreja apoiar aquele bandido da ilha-cárcere, não só com sua inatividade, mas ainda com militância de esquerda - é o fim da picada.

Quanto mais crentes lerem meu post, melhor!

Abração!

Unknown disse...

Você não acha que condenar todo o pensamento político de esquerda é um tanto quanto precipitado, baseado somente em um caso em particular?

Sabia que o avanço conquistado pela social-democracia, que estabeleceu o estado de bem-estar social na europa e retira milhões de pessoas da miséria hoje no brasil, é um legado do espectro a esquerda do pensamento político?

Minha intenção não é polemizar, somente refletir.
Abraço, Marcelo.

Norma disse...

Marcelo,

Você falou bem: social-DEMOCRACIA.

Mas aqui no Brasil só tem "social-democrata ex-guerrilheiro", e nesses eu não confio não.

Abraços.

André disse...

Caro Marcelo, assim como a Norma, eu não confio nesses; mas também não confio naqueles. Os avanços europeus da social-democracia teriam sido muito maiores sem ela. Em países como Alemanha Ocidental, França e Itália, que adotaram um modelo econômico liberal (assim como o Japão, para dar um exemplo externo à Europa), o Plano Marshall funcionou bem e a recuperação da economia no pós-guerra foi rápida. A Inglaterra, entupida de fabianismo e keynesianismo, foi rapidamente superada por todas elas. Os Estados Unidos também aderiram ao keynesianismo, e o resultado disso foi a crise econômica mundial dos anos 70.

Cristiano Silva disse...

Mas aqui no Brasil só tem "social-democrata ex-guerrilheiro", e nesses eu não confio não.

Lembrei novamente de você nesta frase, pois acho que você iria gostar e muito daquele livro (cheguei a comentá-lo no meu próprio blog) que te indiquei no Tamos Lendo, especialmente a terceira parte (se não me engano) do último capítulo, que trata disso que você disse nesta frase.

Abraços.

Norma disse...

Oi, Cristiano,

É o Guia do Politicamente Incorreto? Já comprei e já estou lendo! Em breve tem post sobre ele.

Abração!

Eduardo Medeiros disse...

Norma, concordo plenamente com você: o comunismo matou milhões. Só não podemos, creio, ter a ilusão de que o capitalismo direitista e imperialista não fez o mesmo.

Norma disse...

Eduardo,

O capitalismo só equivale ao comunismo em número de mortos se você argumentar que a morte de um bebê faminto em um país pobre (que se deve a N fatores) equivale à morte do dissidente político no paredão.

É CRIMINOSO igualar as duas mortes porque acaba inocentando o comunista, não percebe? Daí para assassinar um dissidente e dizer que "a culpa é do sistema" é um pulo!

Aliás, vou refazer meu raciocínio. É bem capaz que a morte de um bebê faminto se deva TAMBÉM ao comunismo, já que em geral só há pobreza extrema em países que já foram invadidos pelo comunismo. Em Cuba, por exemplo, as pessoas comem com cartões de racionamento. Se alguém morre de inanição em Cuba, ou adquire uma doença por má nutrição, aí sim, a culpa é diretamente de Fidel. Mas nesse caso a pobreza foi INTENCIONALMENTE provocada. O capitalismo, ao contrário, promove riqueza, não por ser um SISTEMA fechado, mas sim por deixar as pessoas LIVRES. Não há uma relação direta entre o "capitalismo" (termo que sequer tem uma definição direito) e assassinatos.

Se uma pessoa é pobre, isso se deve a inúmeros fatores, mas nos países capitalistas essa pessoa SEMPRE tem alguma chance de melhorar, seja por mecanismos de ajuda, seja por contatos, o que for. Nos comunistas, não. Todo mundo empobrece debaixo de chumbo!

Caramba, isso é tão simples de entender!

Eduardo, você já se livrou das garras do comunismo. Falta agora se livrar da demonização do capitalismo por parte do comunismo. Ainda tem resquícios de ideologia na sua posição. :-)

Abraços!

Ricardo Mamedes disse...

Norma,

Ah... parece que o marxismo, raiz de quase todas as esquerdas (ou de todas), entranha nos seus seguidores e simpatizantes a semente do mal, difícil de ser extirpada, o que se nota pelo descontentamento do Eduardo com a "direita imperialista" - aliás, um termo cunhado pelas esquerdas obscurantistas e absolutistas.

O pior de tudo - eu e o André até tivemos uma interessante discussão a respeito no RVJ - é que tal mentalidade retrógrada e maléfica é capaz de estender os seus "tentáculos" até mesmo de encontro às novas gerações, como prova o posicionamento esquerdista mal disfarçado do Eduardo. Só faltou o discurso sobre dominadores e dominados (aliás, não faltou), condição imposta pelo "capitalismo selvagem/imperialista". Arre!

Ricardo

Ricardo Mamedes disse...

Norma e André,

Convido-os a uma visita e a leitura do texto "Sobre esquerdas e enxofre" (ricardomamedes.blogspot.com). Acho que faço um mea-culpa.

Abraços.

Ricardo

Eduardo Medeiros disse...

Norma, eu não me livrei do comunismo pois comunista eu nunca fui. Eu sou mesmo é capitalista.

Mas para mim, o comunismo foi (ainda é?) uma utopia. A utopia de todos terem tudo em comum. Uma sociedade sem classes. Essa ideia de comunismo sempre me foi atraente, mas sei que a "natureza humana" não suporta a igualdade.

Não gosto de Fidel. É um assassino, sim, ponto. Mas o principal motivo dos cubanos estarem na miséria é o embargo econômico imposto pelos donos do mundo.

Voltando ao comunismo como utopia, vejo que a utopia foi usurpado por ditadores e assassinos (você conhece todos) que impuserem um sistema que de igualitário nunca teve nada, visto que a classe dirigente continuou abastada e o povo, foi igualado na pobreza e as vozes discordantes foram todas silenciadas.

A pedra no sapato do capitalismo ainda é que ele é ótimo para produzir riquezas (à custa do trabalhador mal pago) mas é deficiente em distribuir a riqueza produzida.

Somos livres no capitalismo? claro que sim! somos até livres para que portadores de curso superior almegem empregos mal remunerados pois a competição só premia os mais apetos.

Então, ficarei muito feliz com o meu capitalismo quando ele conseguir acabar com a miséria do mundo.

Será que os governos capitalistas americanos e europeus um dia vão abrir mão dos seus lucros para salvar o continente africano?

um abraço capitalista rsss

André disse...

Caro Eduardo, enquanto você não me escreve em privado, permita-me dirigir-lhe umas palavrinhas aqui mesmo, a propósito da discussão acima.

1. Não é necessário ter sido comunista para que seja necessário se livrar dele. Aqui no Brasil, aprende-se a pensar em categorias pró-comunistas por osmose. Ou, melhor dizendo, por doutrinação nas escolas e nos meios de comunicação em geral.

2. Não creio que a sociedade humana não decaída seria igualitária; mas não é necessário entrarmos nesses detalhes. Você tem razão em dizer que a igualdade é impossível. Mas é por isso mesmo que a tentativa de implantá-la não pode resultar em boa coisa. De modo que o socialismo erra também nos fins, e não só nos meios. A utopia não foi "usurpada por assassinos", e sim já engendrada e implementada por pessoas que, em ato ou em pensamento, se enquadram nessa categoria.

3. O embargo americano a Cuba foi mais que compensado pelos rios de dinheiro que a ilha ganhou da URSS ao longo de três décadas. A Europa Ocidental inteira se reergueu da pior guerra da história com apenas um décimo desse dinheiro. Veja que interessante: mesmo sendo um capitalista, você engoliu direitinho a propaganda do regime castrista sobre si mesmo e seu inimigo do norte. Percebe o que quero dizer com "osmose"?

4. Como capitalista, você deixa muito a desejar: também engoliu o discurso comunista sobre a mais-valia, a concentração de riquezas, a exploração sistêmica, etc. Pois eu lhe digo que, se há trabalhadores mal pagos no capitalismo, eles são muito mais bem pagos que os dos regimes autoritários ou totalitários defendidos pelas pessoas que denunciam o capitalismo. Onde quer que a economia de mercado tenha prosperado, o nível de vida da população sempre se elevou. De outra forma, quem teria dinheiro para consumir o que os grandes empresários produzem?

5. Por que o capitalismo teria a obrigação de acabar com a miséria do mundo? Em comparação com as alternativas disponíveis, já é uma grande coisa que ele não a agrave.

6. Os países ricos já despejaram rios de dinheiro de seus respectivos contribuintes no continente africano. Eles tiveram o mesmo destino que o dinheiro soviético teve em Cuba: financiaram a corrupção, a tirania, o crime. Isso é culpa do capitalismo?

Abraços!

Ricardo Mamedes disse...

André,

A questão não é "se dizer capitalista", como faz o Eduardo, mas ser e sentir-se capitalista. Mediante essa introdução eu diria que o Eduardo é um "capitalista" radical de esquerda (rsrs) - usando até mesmo os antigos jargões da turminha. Só faltou defender os "meios de produção" vinculados exclusivamente ao Estado para a garantia de "equânime distribuição de renda". Sobre isto, é só olhar a história da União Soviética com a sua falta de liberdade, as "dachas" para os do Partido, os produtos americamos garantidos no câmbio negro para a elite (elite?), etc, etc.

Sabe, a uma "utopia" eu ainda prefiro o capitalismo com todas as suas mazelas.

Abraços,

Ricardo

Mário Magalhães disse...

Norma, excelente texto!

Confesso que tenho vergonha do Brasil, pelo procedimento ético do nosso presidente. Principalmente, diante de tamanha aquiescência à corrupção e a um assassinato político.

Escrevi um texto e acho que o Brasil está indo para o rumo da ditadura civil, infelizmente.
http://fcomario.blogspot.com/2010/01/como-surgem-os-ditadores.html

André disse...

Caro Ricardo,

Pois é, o Eduardo e pessoas que pensam como ele são os capitalistas dos sonhos de Lênin. hehe

Abraços!

Anônimo disse...

Norma,

Caso deseje conferir, você foi citada no artigo "Mulher e teologia, uma mistura graciosa" no blog Cinco Solas.

Em Cristo,

Clóvis

Norma disse...

Oi, Clóvis,

Obrigada pela menção e pelas palavras amáveis!

Grande abraço!

Anônimo disse...

Olá Norma,

vc é muito inteligente e escreve bem. Porém, não me agrada ver que sua visão de mundo continua maniqueísta. Já disse isso em algum outro post. O Cristianismo vai muito além da disputa direita x esquerda e vc sabe disso.

É claro que posso estar errado e com certeza vc tem respostas bem articuladas a esse tipo de crítica. De qualquer forma, estou perdendo o interesse por seus textos (com exceção daqueles que falam de outros assuntos, cada vez mais raros).

Também gostaria de dizer que as opiniões aqui postadas dão a impressão de que a preocupação com pobreza e desigualdade é quase um pecado...

obrigado pela atenção, abraço!

Norma disse...

Olá, Vinícius,

Talvez eu pudesse aproveitar de fato suas críticas se elas estivessem bem fundamentadas. Mas você proferiu pelo menos duas inverdades: de que minha cosmovisão é maniqueísta (quando na verdade eu faço oposição antiesquerdista POR CAUSA do excesso de "esquerdização" do mundo protestante no Brasil de hoje) e de que eu escrevo cada vez mais sobre política (é justo o oposto e uma simples contagem de posts o atesta).

Além dessas tortas afirmações, você declara que está "perdendo o interesse por meus textos". Um conselho para você: esse tipo de sinceridade é melhor utilizado diante de pessoas com quem se tem certa intimidade. Senão, soa um tanto imaturo e arrogante.

Não contente com isso, para terminar, você tira do bolso essa "impressão" de que eu não gosto de falar da pobreza. Isso é preconceito esquerdista, meu caro: você infere isso das minhas posições antiesquerda, do nada. E ofende, claro (não que eu me dê ao luxo de sentir-me ofendida, se é que você me entende...).

Por isso tudo, não posso evitar o pensamento de que sua leitura por aqui tem sido bastante superficial. É pena, mas não se pode agradar a todos.

Abraços.

Anônimo disse...

oi Norma,

a "impressão que tirei do bolso" vem dos comentários dos leitores neste seu post, especificamente. Não me referi a vc. Expressei-me mal, de fato.

abraço

Norma disse...

Ok, Vinicius, no problem.

Gostaria de aproveitar para explicar e confessar algo. Em um certo sentido você tem razão. A "militância antiesquerdista" é uma parte ínfima do que gosto de fazer, e não é nem de longe a mais importante, nem a que eu prefiro. O negócio é que, para eu fazer aquilo que de fato quero fazer, preciso de muito estudo, muita leitura e muita dedicação. Por enquanto o tempo é escasso, mas se Deus quiser vai melhorar em breve.

Abraços!

Osmar Neves disse...

Prezada Norma, Graça e Paz!

Não sei se você conhece o Nivaldo Cordeiro mas ele tem post que meu um pouco de esperança. Por favor, dê uma olhada aqui

http://www.nivaldocordeiro.net/acandidaturamariodeoliveirafilho

Veja também a entrevista aqui

http://www.youtube.com/watch?v=EpQAQbMdv0E&feature=related

Seria uma opção? Um abraço!

Norma disse...

Conheço sim, Osmar, inclusive pessoalmente!

Vou dar uma olhada nos links.

Abraços!

Aguaya disse...

Estimada Norma,
quizá ya lo conozcas pero te dejo no obstante un enlace a una campaña internacional por la libertad de los presos políticos cubanos.

Pela libertação dos presos políticos

El texto de la carta está también en Portugués y lo estamos divulgando por todo el mundo para recoger firmas.

Numerosas agencias de noticias se han hecho eco y diversas personalidades públicas ya lo han firmado.

Este es el texto, allí en el enlace puede firmarse!!!


Pela libertação imediata e sem condições de todos os presos políticos das prisões cubanas; pelo respeito ao exercício, promoção e defesa dos direitos humanos em qualquer parte do mundo; pelo decoro e o valor de Orlando Zapata Tamayo, injustamente preso e brutalmente torturado nas prisões cubanas, morto após greve de fome por denunciar estes crimes e a falta de liberdade e democracia no seu país; pelo respeito à vida dos que correm o risco de morrer como ele para impedir que o governo de Fidel e Raul Castro continue eliminando fisicamente aos seus opositores pacíficos, levando-os a cumprir condenações injustas de até 28 anos por "delitos" de opinião; pelo respeito à integridade física e moral de cada pessoa, assinamos esta carta, e encorajamos a assiná-la também, a todos os que elegeram defender a sua liberdade e a liberdade dos outros.

Recibe un abrazo!