23 março 2007

Peter Singer e o infanticídio

Um leitor me escreveu em protesto ao post anterior, aludindo às qualificações e à fama do sr. Peter Singer. Porém, estranhamente, não tocou no assunto do infanticídio. Comecei a tecer considerações sobre isso nos comentários, mas o texto ficou tão extenso que resolvi publicar outro post.

Singer é um obcecado com a dor. A parte mais controversa de sua filosofia se baseia nesse pressuposto: se viver traz mais dor que alegrias, é melhor pôr fim à vida. Esse é o argumento que usa para defender tanto a eutanásia quanto o infanticídio em caso de doença grave, como medidas de caridade para com o próximo. Tal visão, porém, já traz inúmeros problemas. Os menos óbvios (falarei depois dos mais gritantes) decorrem da classificação de "doença grave" e da quantificação da dor alheia. Você conhece portadores de síndrome de Down felizes? Eu conheço. E pessoas com doenças degenerativas como a de Charcot, que paralisa progressivamente todo o corpo? Eu conheço alguém não só feliz, mas famoso e intelectualmente ativo: Stephen Hawkins. E esquizofrênicos, autistas, borderlines, cadeirantes, surdos, cegos... Eu conheço, conheço, conheço. E posso garantir que nenhum deles quer ser morto ou pensa em suicídio.(1)

Mas alguém há de objetar: certamente um filósofo tão renomado e reconhecido como Peter Singer considera doenças graves apenas aquelas gravíssimas mesmo, que impossibilitam qualquer manifestação de autonomia do sujeito. Certo? Errado. Singer considera graves doenças perfeitamente contornáveis, como hemofilia e infecção urinária. Hemofilia e infecção urinária? Sim, leitor, você entendeu direito. Se for incurável e um pouco debilitante, o problema entra para a categoria singeriana de "doença grave" e passa a ser motivo suficiente para que os pais e a sociedade possam dispor da vida de uma criança ou um idoso como seres descartáveis, que passam à condição de "não-pessoas", nos dizeres do próprio Singer.

Veja como ele leva a mentalidade pragmatista às últimas conseqüências em uma citação sua sobre o infanticídio:

When the death of a disabled infant will lead to the birth of another infant with better prospects of a happy life, the total amount of happiness will be greater if the disabled infant is killed ... killing a disabled infant is not morally equivalent to killing a person. Very often it is not wrong at all.

Tradução: "Quando a morte de uma criança deficiente levar ao nascimento de outra criança com melhores perspectivas de uma vida feliz, a quantidade total de felicidade será maior se a criança deficiente for morta... matar uma criança deficiente não se equivale moralmente a matar uma pessoa. Com muita freqüência, isso não é errado."

Há muitas inferências que podem ser feitas dessas afirmações, todas terríveis. Para o sr. Singer:

- O que conta é a "quantidade total de felicidade": algo indiscernível e abstrato demais diante do valor maior que é a vida de um ser humano. Temos aqui a subordinação da individualidade (pessoal) a uma mera abstração (impessoal).

- A doença torna alguém menos gente. Um hemofílico, um cadeirante, um portador de Down e um esquizofrênico são, para Singer, inferiores intrinsecamente: seres humanos de segunda categoria - ou melhor, de categoria nenhuma, já que são "não-pessoas".

- O assassinato se torna uma solução viável dependendo do contexto. Matar é justificável sob certas circunstâncias.

A civilização ocidental inteira foi construída sobre a moralidade tanto dos Dez Mandamentos - "não matarás" é um deles - quanto das regras máximas de Jesus: amar ao próximo como a ti mesmo e não fazer ao outro aquilo que você não gostaria que fizessem com você. Há algumas posturas que, por romperem a regra, ameaçam a vida e, portanto, a civilização. Por exemplo: o aborto. Você já foi um feto, certo? Gostaria que fosse abortado? Claro que não. Já foi criança? Sim, todo mundo foi. Gostaria de ser morto na infância? Duvido.

Não passa pela pragmática mente do senhor Singer - não posso escrever o nome dele sem me lembrar de que singe, em francês, é "macaco" - que, se algum outro cientista brilhante tivesse tido a mesma idéia antes dele e a implantado, o próprio Singer poderia ser morto na infância se tivesse um problema congênito qualquer. Isso é aterrorizante: alguém defender uma idéia e não considerar sua aplicação a si próprio. É fascismo, nazismo, comunismo: dispor da vida do outro como se você não tivesse parte na mesma humanidade que está no outro.

Não quero viver em um mundo onde os defeitos humanos não são suportados(2), onde evitar a dor seja um imperativo a ponto de se sobrepor ao valor maior da vida(3). Não quero viver em um mundo onde as pessoas terão liberdade para matar crianças e idosos doentes achando que os libertam de um "sofrimento inútil", brincando de Deus. Ou a vida é o valor máximo pelo qual todos nós devemos lutar, ou não vale a pena viver neste mundo e lutar pelo que quer que seja.

Além disso, só alguém muito cego não vê que as idéias do filósofo Peter Singer são apenas um trampolim para tiranias maiores. Como aconteceu com o aborto: no começo, o procedimento era benquisto apenas no caso de estupro ou ameaça à vida da mãe. Depois, estendeu-se a malformações fetais e agora abortam-se crianças até com síndrome de Down - doença com a qual se convive perfeitamente bem! Da mesma forma, na Holanda, a eutanásia foi legalizada e hoje os velhinhos desesperados estão correndo para a Alemanha, fugindo dos próprios parentes. Não duvide: a defesa do aborto, da eutanásia e do infanticídio(4) seguirá o mesmo caminho de abertura, até chegarmos a fazer como os gregos - jogar bebês aleijados no despenhadeiro.

Abra o olho para essas idéias(5) pragmatistas e aparentemente "humanitárias"! Não somos Deus e não podemos brincar com a vida.

Notas

1 Muitos crêem que as idéias de Singer são "bem argumentadas", demonstrando com isso a incapacidade de se contrapor a experiência ao discurso, ou de aplicar-se a lógica à vivência pessoal. Sequer lembram que conhecem deficientes felizes, o maior contra-argumento ao simplismo homicida singeriano. Homicida e alienado ao outro. Afinal, todo ser humano tem direito à sua vida e ao seu quinhão de dor, e ninguém pode decidir por ele se aceita ou não esse quinhão, que é aliás universal e não se restringe somente às limitações físicas.


2 Sobre a intolerância à idéia da precariedade humana e suas implicações, leia o excelente ensaio de Reinaldo Azevedo: Você é um homem ou um urso branco? E também recomendo ler o livro de Tolentino citado por ele,
O mundo como idéia, que trata poeticamente do mesmo tema.

3 Se uma das obsessões modernas é o evitamento da dor não só física, mas também emocional, talvez isso explique a onda gigantesca de ações por danos morais e a elaboração de leis e mais leis para impedir a mais simples expressão de uma idéia objetiva que possa por acaso "ferir a sensibilidade" pró-aborto ou pró-homossexualismo. Mas isso é assunto para muita pesquisa e outro post.

4 Alguns autores, muito cheios de si, afirmam que quem chama Singer de "abortista e infanticida" não entendeu nada do que realmente ele queria dizer em seus livros. Se alguém vier para cima de você com esse argumento estúpido, meu mui sábio leitor, devolva com um "auto-retrato filosófico" escrito pelo próprio Singer, que confirma o aborto como "eticamente justificável" e diz com todas as letras: "
Na Alemanha, minha defesa da eutanásia ativa para recém-nascidos com deficiências sérias gerou grande controvérsia." Abortista e infanticida, pois.

5 Vou começar a me dizer "filósofa". Não é por nada não, mas eu penso melhor que esse cara.



20 comentários:

Felipe Sabino disse...

Parabéns Norma!

Um texto pequeno, mas muito bom sobre o assunto do aborto:

A Ética do Aborto

http://www.monergismo.com/textos/etica_crista/etica_aborto_clark.pdf

Norma disse...

Obrigada, Felipe!

Aproveito para dizer que uma amicíssima minha me contou que tem se beneficiado muito com o Monergismo. Parabéns pelo seu trabalho!

Grande abraço!

Anônimo disse...

Norma, minha cara.
Essa é a questão mais candente da lógica. Quando alguém diz "Matar uma criança deficiente não se equivale moralmente a matar uma pessoa. Com muita freqüência, isso não é errado."
Qual freqüência é permitido pecar contra o 5º. Mandamento, hum?!
A ditadura do relativismo está aqui muito bem exposta, principalmente porque justificada porque o filósofo em foco (le singe) está sob o manto de ´uma universidadezinha` no dizer irônico de seu leitor.
Bom e potente post.
Amitiés,
Beto.

Ewerton B. Tokashiki disse...

oi Norma

Arrisco-me escrever mais uma vez, raramente deixo comentários. Mas, fazendo eco ao Felipe Sabino [gente boa] parabéns pela abordagem e crítica sobre o aborto.

Anônimo disse...

Norma,

Apenas gostaria de recomendar um texto de Gustavo Corção (escritor cuja expressividade ímpar é comprovada pelo total abafamento feito pela esquerda hoje), sobre o suicídio de um jovem e a Teoria assassina de que não há espaço para a dor. Aqui

Norma disse...

Pois é, Beto. Toda essa guerra contra o cristianismo só pode dar mesmo no assassinato de inocentes indefesos como velhinhos e crianças. Poucos autores me deixam tão crispada de indignação como Singer.

Ewerton, respondi em mail ao outro comment.

Lindo o texto do Corção, Pedro. Muito obrigada! Eu também gostaria de contar a mesma história longamente, e não só a história, mas o impacto vivificante que ela teve sobre minha vida. Pena que nem todos estão dispostos a ouvir.

Essa é a vantagem da escrita: você sempre escreve para um leitor infinitamente interessado e compreensivo: o leitor ideal. :-) Quando esse leitor se materializa, então, a alegria é duas vezes maior.

Edson Camargo disse...

Olá, Norminha!

Peter Singer é o principal ideólogo de grupos eco-fascistas como o PETA – People for Ethical Treatment of Animals. Para ele, maltratar qualquer animal é uma aberração, afinal, animais também sentem dor. Já a vida humana, segundo ele, deve ser “dessacralizada”. Eis o porquê dele considerar a moralidade judaico-cristã algo que deve ser extinto. E ainda chamam essas coisas de “humanismo”...

Agora dá uma olhada nessa pérola que ele soltou numa entrevista à revista Galileu:

“Não tenho nenhum problema em dizer que, a partir do momento da concepção, um embrião é um ser vivo. O que mais poderia ser? O erro que muitas pessoas fazem – nas palavras do próprio presidente Bush – é supor que ‘porque’ ele é um ser humano ele tem direito à vida, ou que é errado destruí-lo. Eu não acho que ele é um ser com um status moral, que requer proteção, pelo menos até que ele possa sentir dor ou alguma coisa.”

Fico me perguntando como é que ele saberá se alguém está ou não sentindo dor. Depois dessa, concluo que Singer fala em causa própria. Uma anta como Singer será sempre bem protegida pelo PETA, Greenpeace e cia....

Aborto, infanticídio, eutanásia, eugenia... “um abismo chama outro abismo”. Imagina só o que Singer defenderia se ele não fosse um judeu que perdeu três dos seus avós nos fornos dos campos de concentração dos nazistas, a turma pioneira na legalização e prática da eutanásia.

Fernando disse...

Norma, seu blog está cada vez melhor!

Esse Singer defende até a bestialidade alegando que o relacionamento é benéfico para o animal. Não é à toa que o PETA e outros grupos de lunáticos defendem Singer.

Anônimo disse...

Norma,

Nisso que dá gente mentalmente perturbada ter acesso à universidade.......esse cara deveria estar é em um hospício....

Anônimo disse...

A eutanásia, seleção genética, etc, estava bastante em voga antes da II guerra, Henry Ford era um grande entusiastta da idéia.

Depois que o mundo "descobriu" o horror do holocausto ninguem mais defendeu a idéia.Agora saem da casca...

Sobre isso é preciso dizer que nenhuma sociedade sobreviveu à perda de seus fundamentos. No final do Império Romano as senhoras de famílias importantes, as matronas, recebiam os convidados na cama, coisa que não acontecia tempos antes, no auge de Roma.

Anônimo disse...

Norma: seu amigo Hereticus esta' de volta.
Peter Singer, Joseph Fletcher e Jonathon Glover advogam o infanticidio em certos casos. Glover (um icone da bioetica na Inglaterra) escreveu brutalmente que o infanticidio nao e' moralmente errado porque os infantes seriam "substituiveis" (replaceable em ingles). Nos seus raciocinios, tanto Glover quanto Singer, nao requerem ( o leitor note bem, NAO REQUEREM) que o infante seja portador de qualquer deficiencia. Se seus pais acreditam que suas vidas e dos demais membros da familia sao melhores servidas com a morte do infante, entao nenhum mal foi realmente cometido.
Um grupo catolico polones acaba de cometer o erro de convidar Singer para um simposio de bio-etica, a justificativa sendo que se deve ouvir todos os pontos de vista, e que os raciocinios extremos de Singer levariam a maioria a uma posizao pro-vida. Logica falha.
Hereticus.

Norma disse...

Amigos, essas informações extras que vocês me trazem só complicam a situação do moço... se é que esse "ser" pertence à raça humana. :-)

Parece que o mundo está se tornando um cenário mais sutil de 1984. Imagine, uma pessoa dessas (ou será "não-pessoa"???) ser chamada para falar em nome da "ética"... Uma das maiores e mais aflitivas contradições do nosso tempo.

Hereticus, você poderia me dar a referência de onde viu o Singer defender o infanticidio em qualquer situação? Das que eu pesquisei, havia sempre o motivo da doença séria. Obrigada e welcome back!

Obrigada a todos pelos comentários pertinentes!

Priscila M. Garcia disse...

Parabéns, querida amiga!
Perfeito!
Um beijo!

Anônimo disse...

Norma:aqui fala Hereticus, que ousa chama'-la de amiga:
Na midia, o ponto de vista de Peter Singer e' sempre apresentado como se ele so' defendesse o infanticidio no caso de "severely disabled babies". Isto NAO e' verdade. Singer considera todos os infantes como nao-pessoas, na mesma categoria dos animais que nao tem auto-consciencia. Exemplos peixes e passaros. Como as nao-pessoas nao tem direito a vida, nao ha' nada no pensamento de Singer que explicitamente limite o infanticidio a morte dos que sao deficientes, desde que os principios utilitaristas sejam propriamente aplicados. [Referencia: Peter Singer, Practical Ethics, 2nd ed., revised,
New York, 1993, pagina 186]
Singer sabe muito bem que nao serve muito a sua causa discutir a morte de infantes saudaveis, porisso seus exemplos sao quase sempre de infantes deficientes. Mas mesmo neste caso NAO sao "severamente deficientes".No seu livro mais importante, acima citado "Practical Ethics", ele advoga o infanticidio de hemofilicos, desde que a sua morte leve ao nascimento de outro infante com melhor prospecto de vida, porque "the total amount of happiness will be greater if the disabled infant is killed."
Na sua obra "Rethinking Life and Death: The Collapse of Our Traditional Ethics" (pp. 213-214), Singer usa outro tipo de deficiencia, o sindrome de Down.
Em meu post anterior citei Jonathon Glover. Aqui vai a referencia onde a deficiencia fisica NAO e' um pre-requisito para a morte do bebe:
Jonathon Glover, "Causing Death and Saving Lives", New York, Penguin Books, 1977, p. 156-159.
O problema da leitura dessas obras e' a tentacao de negarmos humanidade a seus autores, tal a revulsao que nos causa. E' dificil compartilhar algo eles. Mas que a obra deles e' positivamente satanica, nao resta duvida. Que Deus na sua infinita JUSTICA distribua os castigos que merecem.

Anônimo disse...

Hereticus informa:

"Dump your children here"

Desde o inicio deste ano, 23 (isso mesmo, vinte e tres) bebes foram assassinados na Alemanha, muitos deles espancados ou estrangulados, antes de serem jogados no lixo.

Quem informa e' o jornal londrino "The Times" na sua versao online:
www.timesonline.co.uk/tol/news/world/europe/article1572569.ece

Tanto na Alemanha quanto na Italia hospitais estao revivendo a misericordiosa pratica medieval da "ruota", pela qual a mae pode se desfazer anonimamente do bebe indesejado,sem que para isso tenha que recorrer ao infanticidio.Estes hospitais nao parecem ter adotado a etica utilitarista de Peter Singer, uma vez que o mero fato de serem indesejados ja' condena esses bebes a morte na etica utilitarista.

Norma, nao deixe de ler essa noticia do timesonline.
Hereticus, seu servidor.

Norma disse...

Obrigada, querida Priscila!

Hereticus, li tudo. Realmente, Singer e seus amigos merecem uma bordoada bem caprichada sob a forma de artigos e livros. Se tiver alguma referência, passe para mim! Esse delinqüente filosófico está sendo lido como nenhum outro na UFPE, como bem demonstra o exame de admissão. Talvez isso esteja acontecendo em outras faculdades também no país, e só Deus sabe o que esse pensamento pode fazer em termos de afrouxamento da moralidade!

Um bom exemplo é o caso da bebê anencéfala, Marcela, que está sobrevivendo fora do útero. Parece que a advogada Débora Diniz e a médica Fátima Oliveira leram Peter Singer, como se depreende dessa idéia expressa pela advogada: "Todos os recursos que estão sendo utilizados para manter este tronco cerebral funcionando são uma imoralidade diante da falta de UTIs neonatal." Compare isso com a citação do Peter Singer no post.

A dica para a comparação foi do Silvio Grimaldo, nesse tópico do orkut: http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=44668&tid=2523438930889289921&start=1

Adelice disse...

Norma,

Se este senhor e outros tantos (pois é, já tem gente demais pensando estas asneiras) que defendem estes absurdos expusessem suas brilhantes idéias na Praça da Sé em dia de semana, ou na Rua Treze de Maio aqui em Campinas, eles provavelmente seriam linchados.

Eles só continuam tendo voz porque em nome da ciência e do diálogo, se dá corda para tais sujeitos.

Anônimo disse...

Tá tudo dominado...
Acho que estamos chegando no fim.

Anônimo disse...

Bem norma, realmente essa questão do infanticídio é controversa, mas eu sinceramente acredito que muitas das idéias de Singer, ao contrário do que aparenta o texto (sinto muito, pelo que lemos parece que ele é absolutamente abominável em todos os sentidos), são muito válidas; cito toda a questão sobre a defesa dos animais. Acho que você poderia postar ou ler algo sobre esse assunto, caso não o tenha feito em profundidade. Recomendo "libertação animal". Sobre o infanticídio, na minha opinião quem decide sobre o nascimento do feto são os pais, ou só a mãe no caso de abortos por estupro. É muito fácil dizer que qualquer feto deva nascer, quando não é você que vai criá-lo!

um abraço

Luciana Rodrigues Vasconcellos disse...

Entrevista com Peter Singer em: http://descobertasnafilosofia.blogspot.com/2010/02/entrevista-peter-singer.html

"NB: Mas não defendeu que os pais devem poder matar uma criança inválida ou mesmo com uma doença que pode ser tratada, como a hemofilia, se isso lhes permitir ter uma criança com mais possibilidades de ser feliz?

PS: A hemofilia é um dos exemplos deturpados a que me referia. A citação que todos usam é tirada de uma secção da Ética Prática em que estava a mostrar as implicações de um determinado ponto de vista utilitarista para fazer as pessoas pensar sobre as diferenças entre esse ponto de vista e um ponto de vista alternativo. Não sugeria como política pública que os pais devessem poder matar os filhos com hemofilia. Isso seria actualmente errado na nossa sociedade. A hemofilia já não é a situação desastrosa que foi em tempos, e é difícil imaginar que os pais desejem de facto matar uma criança que a tenha. Mas se, por alguma estranha razão, pensam que não podem enfrentar o seu filho, não é difícil encontrar um casal sem filhos que fique encantado por adoptar uma criança dessas. Matá-la não é opção."