Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão,
porque a peleja não é vossa, mas de Deus.
(II Crônicas 20:15)
A fé cristã exalta o indivíduo que resiste ao contágio vitimário.
A fé cristã exalta o indivíduo que resiste ao contágio vitimário.
(René Girard)
Não dê ouvidos à multidão, ela manda pular.
Hoje, o pensamento de esquerda é obrigatória unanimidade, e a simples menção favorável à “direita” ou o mais leve sinal de recusa a conteúdos sinistros, mesmo quando acompanhados de argumentos, atraem reações padronizadas: “nazista”, “fascista”, “reacionário”. É quando a boca se presta a obedecer ao automatismo de uma programação feita em tempos imemoriais, na escola, na mídia. O sujeito que pronuncia os impropérios não se dá conta do despropósito de chamar de seguidor de Hitler ou Mussolini, ou retrógrado, quem quer que denuncie a imposição estatal sobre a liberdade individual ou reclame do domínio de mentes e corações por uma ideologia monocromática, cega para a singularidade e para as nuances. Diante de alguém único, a ideologia de esquerda sempre mandará exclamar: antes de ser humano, você é pobre, ou mulher, ou negro, ou gay, e deve servir aos interesses da luta de classes, do feminismo, da ação afirmativa, do politicamente correto.
Satisfeito por “pertencer”, quem recebe esse mandato se refestela na agradável sensação de conforto e legitimidade que o grupo confere, servindo como simulacro de família e causa ao mesmo tempo. Não é nem necessário estar filiado a um algum partido de esquerda: de fato, a pressão mais eficaz é a distraída, impensada, fiel a regras quase indefiníveis. É assim que o corpo do militante inconsciente reverbera a reação aprendida com sincera indignação, o que deixa o outro ainda mais confuso. A repetição das palavras a cada idéia expressa – nazista, fascista, reacionário;nazista, fascista, reacionário – só condensa no espírito do alvo dissidente a óbvia conclusão: superou-se o regime totalitário explícito, que usa violência física, pelo regime totalitário implícito, por meio da programação mental (neurolingüística?). Cada cidadão se torna, nessa segunda modalidade, o vigia e cruel verdugo do outro, tal como no mundo imaginado por George Orwell. Facilmente manejável, a multidão é uma força imbatível contra o indivíduo, que pode recuar por puro mecanismo de auto-sobrevivência emocional.
Mas a Bíblia não é coletivizante. Pelo contrário, nela se denunciam as coletividades como fomentadoras da uniformização do mal. Em Êxodo 23: 2, Deus diz: “Não seguirás a multidão para fazeres o mal; nem numa demanda darás testemunho, acompanhando a maioria, para perverteres a justiça.”
De fato, a multidão estava presente como força coativa na negação de Pedro; estava presente para mandar matar Jesus aos alegres gritos de “crucifica! crucifica!”. A multidão está sempre presente quando alguém arrisca suicidar-se pulando de um prédio. É quando todos gritam: “pula!”.
Para desafiar o impulso homicida da multidão, Deus nos alcança individualmente, através da vitória pessoal de um único, Jesus Cristo. Em João 16:33, Jesus diz: “No mundo tereis aflições, mas eu venci o mundo.” O “mundo”, força uniformizante do pecado, é confrontado por sal e luz (Mateus 5:13-15): a luz ilumina e dissipa mentiras, dissimulações, confusões mentais; o sal não só dá sabor, transformando a adesão automática em firmeza de postura, mas, em pleno mundo caído, impede o avanço da destruição.
Mas isso só é feito a partir da renovação interior – “novo nascimento” – que o próprio Cristo opera em cada um que se propõe a colocar sua vida nas mãos Dele, a única autoridade absoluta e boa. Nele, nós nos libertamos do poder que as multidões têm sobre nós, pois só Ele é nosso mediador com o Pai, mais ninguém. Nele, não somos engolidos pelo grupo: o equilíbrio entre individualidade e vida em comunidade é restaurado pela unidade em Cristo, na medida em que, ao imitá-Lo, não estamos mais submissos ao imperioso impulso de ser igual ao outro para pertencer. Somos de Cristo, e isso nos basta. A programação uniformizante perde assim seu sentido, sendo substituída por vida verdadeira.
Leia mais: Entrevista sobre René Girard e o desejo mimético
Hoje, o pensamento de esquerda é obrigatória unanimidade, e a simples menção favorável à “direita” ou o mais leve sinal de recusa a conteúdos sinistros, mesmo quando acompanhados de argumentos, atraem reações padronizadas: “nazista”, “fascista”, “reacionário”. É quando a boca se presta a obedecer ao automatismo de uma programação feita em tempos imemoriais, na escola, na mídia. O sujeito que pronuncia os impropérios não se dá conta do despropósito de chamar de seguidor de Hitler ou Mussolini, ou retrógrado, quem quer que denuncie a imposição estatal sobre a liberdade individual ou reclame do domínio de mentes e corações por uma ideologia monocromática, cega para a singularidade e para as nuances. Diante de alguém único, a ideologia de esquerda sempre mandará exclamar: antes de ser humano, você é pobre, ou mulher, ou negro, ou gay, e deve servir aos interesses da luta de classes, do feminismo, da ação afirmativa, do politicamente correto.
Satisfeito por “pertencer”, quem recebe esse mandato se refestela na agradável sensação de conforto e legitimidade que o grupo confere, servindo como simulacro de família e causa ao mesmo tempo. Não é nem necessário estar filiado a um algum partido de esquerda: de fato, a pressão mais eficaz é a distraída, impensada, fiel a regras quase indefiníveis. É assim que o corpo do militante inconsciente reverbera a reação aprendida com sincera indignação, o que deixa o outro ainda mais confuso. A repetição das palavras a cada idéia expressa – nazista, fascista, reacionário;nazista, fascista, reacionário – só condensa no espírito do alvo dissidente a óbvia conclusão: superou-se o regime totalitário explícito, que usa violência física, pelo regime totalitário implícito, por meio da programação mental (neurolingüística?). Cada cidadão se torna, nessa segunda modalidade, o vigia e cruel verdugo do outro, tal como no mundo imaginado por George Orwell. Facilmente manejável, a multidão é uma força imbatível contra o indivíduo, que pode recuar por puro mecanismo de auto-sobrevivência emocional.
Mas a Bíblia não é coletivizante. Pelo contrário, nela se denunciam as coletividades como fomentadoras da uniformização do mal. Em Êxodo 23: 2, Deus diz: “Não seguirás a multidão para fazeres o mal; nem numa demanda darás testemunho, acompanhando a maioria, para perverteres a justiça.”
De fato, a multidão estava presente como força coativa na negação de Pedro; estava presente para mandar matar Jesus aos alegres gritos de “crucifica! crucifica!”. A multidão está sempre presente quando alguém arrisca suicidar-se pulando de um prédio. É quando todos gritam: “pula!”.
Para desafiar o impulso homicida da multidão, Deus nos alcança individualmente, através da vitória pessoal de um único, Jesus Cristo. Em João 16:33, Jesus diz: “No mundo tereis aflições, mas eu venci o mundo.” O “mundo”, força uniformizante do pecado, é confrontado por sal e luz (Mateus 5:13-15): a luz ilumina e dissipa mentiras, dissimulações, confusões mentais; o sal não só dá sabor, transformando a adesão automática em firmeza de postura, mas, em pleno mundo caído, impede o avanço da destruição.
Mas isso só é feito a partir da renovação interior – “novo nascimento” – que o próprio Cristo opera em cada um que se propõe a colocar sua vida nas mãos Dele, a única autoridade absoluta e boa. Nele, nós nos libertamos do poder que as multidões têm sobre nós, pois só Ele é nosso mediador com o Pai, mais ninguém. Nele, não somos engolidos pelo grupo: o equilíbrio entre individualidade e vida em comunidade é restaurado pela unidade em Cristo, na medida em que, ao imitá-Lo, não estamos mais submissos ao imperioso impulso de ser igual ao outro para pertencer. Somos de Cristo, e isso nos basta. A programação uniformizante perde assim seu sentido, sendo substituída por vida verdadeira.
Leia mais: Entrevista sobre René Girard e o desejo mimético
18 comentários:
Norma,
Enquanto lia seu post, lembrei-me de um episódio dos Simpsons, em que o Ned Flanders (nome bem sugestivo para um 'cristão') é convidado pelo Romer (!) a juntar forças contra a classe operária que se sentia martirizada pelos megalomaníacos capitalistas, representado pelo Mr. Burns.
Mas claro, como uma sátira muito bem escrita por um presbiteriano (sim, Matt Groening é presbiteriano!!!) visa mostrar de forma explícita o sistema filosófico inculcado no povo; que sempre se vê como vítima por ser mais pobre e sempre minoritário, quando ele é maioria.
Infelizmente creio que isso não vai acabar. Ontem no debate, Lula exaltou que os pobres estão ficando mais ricos, e os ricos mais pobres.
De que país será que ele estava falando?
Abraços
Já parou para pensar Norma que o sentir-se só causa certo desespero e que a família, por exemplo, é uma "coletividade" que faz com que o indivíduo deixe de fazer loucuras e perder tempo e paciência e seja feliz, mesmo que mediocremente?
Ou essa idéia é de esquerda?
Poxa, André, queria ter visto esse episódio. Mas o Groening pega pesado também com os protestantes, não?
Anônimo, você precisa reler o texto. Falei de "simulacro de família", não a família real.
Por essas e outras é que sou anarquista, "graças a Deus", como diria o Brabo.
Cara Norma:
Parabéns pelo blogger.
Só queria deixar aqui algumas considerações. Sou de classe média alta e graças aos concursos públicos que existem neste País. Senão seria mais um miserável neste país de capitalismo selvagem. Tanto a direita como a esquerda tem defeitos e qualidades. Os defeitos, alguns já estão aí no seu post. Mas num mundo mal como o nosso, e principalmente em nosso país tupiniquim, os regimes de direita tendem a fortalecer os mais ricos. Penso que Jesus não foi comunista, nem socialista, nem de direita. Acho que Ele pregava a individualidade com profundo amor ao próximo. Ou seja Ele era a favor que as pessoas conquistassem os seus sonhos com muita liberdade e individualidade, sem que para isto passasse por cima dos outros. Quem fosse rico que aprendesse a ser generosos e a repartir seus bens. Acho que Cristo não pregava a socialização dos meios de produção, mas também não pregava o apego as riquezas como se vê hoje. As ideologias de direita funcionam bem nestes países desenvolvidos, onde há um mínimo de respeito ao ser humano, mas no Brasil existe uma elite muito egoísta. Pagam 300 pilas pro seu funcionário e depois vão descansar final de semana em Angra dos Reis, com seus iates milionários e carrões importados. Por outro lado a esquerda em nosso País e no mundo inteiro pegam o que deveria ser público e transformam em privado. Mas na atual conjectura nacional e histórica eu ainda ficaria com a esquerda, mesmo com seus defeitos.
Que Deus nos ajude a repartir o que temos com os pobres, não explorar ninguém e não sermos alienados pelo coletivo, como voce bem disse aqui.
Abraços
Arminiano,
Me intrometendo um pouco na resposta, creio que seja impossível criar um partido sem alguma ideologia, até porque partidos são feitos e formados para expressarem e por em prática (na teoria) sua ideologia.
O ser-humano não é imune aos conceitos que o cercam. Todos nós temos alguma tipo de ideologia que seguimos e acatamos como nossa.
Agora, o problema é que a corrupção natural da humanidade não a faz apta para trabalhar em favor de outrem, mas só de si mesmo. Claro que, por causa da graça de Deus sobre os eleitos, há excessões. Mas o normal é o homem se ajuntar com outro homem para praticar o mal (Jr. 17:9; Rm 3:10-18; Sl. 1:1; Pv. 24:9)
Abraços
O Samuel parece pertencer à "nova
classe" que recebe altos salários do governo,ou seja,é pago com nosso dinheiro,com os 40% do PIB que os governos aqui arrecadam,
logo ele precisa justificar seu voto na esquerda estatólatra e anti-individual.Seu texto é conversa pra boi dormir,é um lulo-petismo envergonhado tingido por um verniz "cristão",pois não mede as consequências coletivas de um estado inchado(nas entrelinhas ele defende o distributivismo estatal, ele acha que César vai salvar os homens!) esquerdista:fim do dissenso possível, fim da liberdade individual,criação de novos deuses coletivos(o culto a
Lula já é visível),redução da iniciativa privada a sub-departamento do Estado Onipresente,
domínio das mentes pela ideologia do "politicamente correto", desemprego crônico,etc,etc.
Votar na esquerda brasileira é isso
aí e muito mais,não é uma opção ingênua para um membro da "nova classe".
Leiam o artigo de Rodrigo Constantino sobre o pão francês,no site de Diego Casagrande.O Estado distributivista e intervencionista é um OGRO que a tudo devora, inclusive aquele que O adora.
Arminiano,
Todo partido diz que é assim. E o que temos?
Olá,
tenho uma sugestão literária para vc complementar seus estudos girardianos:
Elias Canneti.
Como também, é sempre válido ver a contribuição dada pela Escola de Frankfurt para os estudos de massa e mobilização: Adorno, Hokerheimer
(Dialética do Esclarecimento e Origem da Música) e Benjamin (Proust).
Agora, o Girard para ser compreendido deve ser lido Montaigne, nos Essays, o texto sobre os Canibais. Este com certeza vc já leu.
Hoje, quando os fariseus vingam sua fraqueza moral atual em Lula e os publicanos sua fraqueza moral no certinho Alckmin, é sempre bem vindo uma certa dose de luz sobre as intenções secretas do mecanismo expiatório.
Caro augusto:
Não ganho tão bem assim como você pensa, deveria estar ganhando muito mais, pelas responsabilidades que tenho. Talvez o que passou pela minha mão de dinheiro, que se quisesse apreender para mim mesmo , ninguém daria falta, é enorme. Em qualquer País de direita os bons funcionários públicos são bem remunerados. Um agente do FBI ganha cerca de 6000 dólares, um Juiz cerca de 20.000 dólares. Concordo com você que o Estado é inchado e a carga tributária é enorme. Mas sempre, desde pequeno, também vi a desigualdade social neste país aumentar. Será que tudo é culpa do Estado? Ora porque os ricos deste país, como mandou Jesus, não são mais solídários com o próximo? ah, já sei, é porque pagam muitos impostos. Não vai sobrar dinheiro nenhum para a viagem pra DIsney e outras necessidades inadiáveis. Jesus condenou tanto a falta de liberdade como o apego ao dinheiro, que para ele é o pior de todos os males. Como em irmão em Cristo falo novamente, não é a direita nem a esquerda que vai trazer um mundo melhor para gente. Mas que a nossa Elite asritocrática tupiniquim de direita, que não é calvinista anglo-saxinônica, mas sim luso-católica, é egoísta e apegada às riquezas, isto é a pura verdade. São mais de 500 anos de histórias a comprovar isto. Sei que vocês daqui deste espaço não fazem parte desta elite, mas também temos que denunciar estas coisas.
Um abraço.
Oi Norma!
Acho que compreendo porquê toda a sua ênfase seja sobre a liberdade individual - é uma questão de contexto. Mesmo assim, tenho a nítida impressão de que vc não dá suficiente atenção ao coletivo, apesar de uma ou outra observação tímida. Vou repetir algo que já comentei antes: o contexto de origem e/ou maturação de movimentos sociais que vc citou foi o liberalismo político - ou sua ala esquerda.
A ênfase desmedida na liberdade individual, ao enfraquecer os nexos com a coletividade, abre as portas para a proteção jurídica de um minimalismo moral que, enfim, justificará coisas como o direito ao aborto - ao contrário do que se pensa, não se trata meramente de uma questão de "direito de classe", mas de direito individual, da mulher sobre o seu corpo (alega-se). O individualismo político não tem recursos para resistir a isso.
Os laços sociais são necessários para reforçar a moralidade e a confiança social; o estado não pode criá-los, e a sociedade capitalista efetivamente os destrói.
Na minha opinião, alguma forma de comunitarismo político não-estatista (será possível?) é necessária se queremos pôr um dique à ruína moral que estamos presenciando. É imperativo superar a mera reação individualista.
Gui
O INDIVIDUAL E O COLETIVO
Assim como a consciência brotou da imensidão amorfa do Grande Inconsciente,o indivíduo brotou da massa amorfa coletiva,mas isto apenas na Civilização Helênico-Cristã(o Papa Bento XVI enfatiza este ponto na diferenciação com o islamismo).O indivíduo,cujo primeiro exemplo é Santo Agostinho ao escrever a primeira auto-biografia crítica conhecida,
é a última flor da Civilização Ocidental,sem ele descambamos para
o mero coletivismo,religioso(amish)
ou ateu(comunismo,fascismo).
Não existe algo como uma consciência coletiva,o coletivo é basicamente movido por forças irracionais/inconscientes,os guardiães da consciência são os indivíduos.
Carl Jung decreve o processo de INDIVIDUAÇÃO(=ser não dividido) como a busca da unidade na multiplicidade interior,o que implica no reconhecimento de que também somos membros de uma coletividade,mas NÃO SOMOS APENAS SERES COLETIVOS,amorfos,sem personalidade própria.Confunde-se amiúde a individuação com o INDIVIDUALISMO DESREGRADO,mas quem mistura estes dois conceitos
sem parar?...Os coletivistas!Quando
os bolcheviques tomaram o poder, começaram a difundir o novo credo:
"O indivíduo está morto.Agora só existe o coletivo".Isto é retratado nos filmes "Doutor Jivago
e "Reds"(apesar da simpatia esquerdista de Warren Beaty).
O grande problema de quem segue uma trajetória individual consciente é conciliar a liberdade que só o indivíduo pode ter(os índios e povos primitivos são escravos de crenças e valôres arraigados.No Islão o indivíduo é uma aberração a ser esmagada) com
o fato de termos emergido de um coletivo(a nossa linguagem é coletiva no essencial.Ninguém tem uma linguagem estritamente individual,ninguém cria uma filosofia sem raízes nas tradições). Lutero já percebera isto no opúsculo revolucionário
"Da Liberdade do Cristão".Quem não leu esta pequena GRANDE obra sugiro que o faça,Lutero coloca com acuidade ímpar o conflito, despertado na Civilização Cristã, entre a liberdade interior e a tremenda pressão do coletivo.
Se todos fossem apenas indivíduos as sociedades se desintegrariam,se não houvesse indivíduos a liberdade morreria.
Excelente post, Norma. Parabéns!
Caro Augusto,
Temo que sua compreensao do ser humano seja um pouco desequilibrada. Sem dúvida, os indivíduos é que tem consciências; mas vc minimiza a importância do grupo, como se o coletivo fosse um subproduto indesejável da individualidade.
O fato é que cada consciência individual é formada através do grupo. De modo que há uma relação simbiótica.
Tanto o coletivismo como o individualismo são imagens distorcidas do homem, que existe na dialética individuo-comunidade.
Por sinal, não é esta a visão bíblica do homem? De acordo com as Escrituras, Adão (indivíduo) pecou, mas todos nós levamos a culpa, hehehehe!
abr,
Guilherme
Guilherme,
Deixo de lado suas ironias,mas temo que você não tenha entendido o que eu disse.Não usei o termo dialética,poderia tê-lo feito,mas a qual dialética você se refere?À platônica,à aristotélica,à marxista?Se for à marxista,então há uma oposição inconciliável entre indivíduo e coletivo,e a síntese será pelo coletivismo,pois
os marxistas rezam por esta cartilha.
Você já leu Jung?Para compreendê-lo são necessários muitos anos e muita VIVÊNCIA interior.Você tem noção do que é o processo de individuação?Nele busca-se uma síntese possível,pessoal,entre
o individual e o coletivo.E onde eu disse que o coletivo é um "subproduto indesejável da individualidade"?Eu disse o contrário,que o indivíduo é que brota do coletivo,mas este é tão poderoso que mal conseguimos nos libertar um pouco dele.
Procure compreender a diferença entre individuação e individualismo
Jung criou este primeiro termo justamente para diferenciá-lo do segundo,este que se tornou a antítese da compaixão cristã e da hipócrita "solidariedade" socialista.
Quanto ao pecado de Adão e Eva, eles foram solidários no pecado,ele
se relaciona ao fruto da "árvore do conhecimento do bem e do mal".Há
mil interpretações possíveis sobre isto,e uma delas é que no passado era um pecado a diferenciação da consciência.O Velho Testamento é basicamente coletivista,só com o advento do cristianismo houve a oportunidade do indivíduo
florescer,ao longo do dois últimos milênios.
Leia a última frase que escrevi no comentário anterior.
Caro Augusto,
Me desculpe, mas eu não quis fazer nenhuma ironia não sô!
Ok, vc não disse que o coletivo é um "subproduto indesejável da individualidade". O que eu quis dizer é que seu texto pareceu estabelecer uma gradação valorativa - como se a individualidade fosse algo superior. De fato, vc descreve a coletividade como algo "amorfo" e "irracional", e passa a impressão, no último comentário (me corrija se eu estiver errado) de que a queda teria sido um salto positivo, através do qual o homem adquiriu uma consciência diferenciada.
Isso me parece muito problemático.
Guilherme
Olá Norma,
Eu concordo com você que a Bíblia não é "coletivizante" e que está cheia de exemplos que suportam sua idéia que a massa não é bom termômetro para medirmos bem ou mal, certo e errado, etc. Por outro lado, você identificar como esquerdista a posição da massa, na minha opinião, é focar-se na massa latino-americana e desprezar outras massas.
Em outras palavras, o seu argumento sobre a massa poderia muito bem ser usado nos EUA para denfender exatamente o contrário, a esquerda. O blog da Norma gringa diria: "Tenha personalidade... não seja cooptado pela opinião da massa, pela direita uníssona (seja democrata ou republicana), reme contra a correnteza e vá para a esquerda!".
Provavelmente, o mesmo poderia ser dito na maioria dos países que experimentaram a revolução comunista e, hoje, demonizam a esquerda.
Bom, por enquanto é só. Sei que você está de férias bloguianas e não quero encher muito a sua sacola.
Abraços,
Tonho
Não é esta a questão contra o socialismo e as esquerdas. A crítica é que as doutrinas socialistas são por natureza de ódio à individualidade. Marxistas nunca dizem isto abertamente, para não pegar mal. Mas todas as vezes que alcançam o poder, agem com desprezo à pessoa humana. Como eles tem um discurso e uma prática dúbias, por razões estratégicas, enganam os incautos. As esquerdas no mundo todo, agem com malícia, falando de liberdade e paz, e apoiando sempre a pólitica que levará à tirania e guerra.
Lembre-se que durante décadas, a própria União Soviética era tida pela nata da intelectualidade do ocidente como uma potência pacífica e branda. A hipótese da esquerda cair em sí e fazer uma auto-cítica verdadeira me parece nula.
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