Um esforço, com a graça de Deus, de recolocar o cristianismo na via dos debates intelectuais. Não por pedantismo ou orgulho, mas por uma necessidade quase física de dar nomes às minhas intuições e contornar o status quo das idéias hegemônicas deste mundo.
09 abril 2006
Judas e o raciocínio circular gnóstico
Antes de expressar meu enfado com mais uma dessas "revelações bombásticas" [bocejo] que pretensamente buscam abalar a credibilidade do cristianismo [bocejo], recomendo a leitura do post de Augustus Nicodemus sobre a tradução do tal Evangelho de Judas, que não só explicita a inocuidade desse sensacionalismo bobo e repetitivo da mídia às vésperas da Páscoa, como traz fatos históricos que desmentem a validade do texto – coisa velhíssima, aliás, produzida por uma seita gnóstica no século IV. O texto de Augustus fala por mim quanto aos aspectos históricos e sociais do assunto e serve como excelente introdução a este post, que toca mais especificamente na questão da heresia gnóstica sobre o mal.
Esse novo-velho "evangelho" reabilita Judas Iscariotes, positivando-o como aquele por quem Cristo pôde ser crucificado. Trata-se de uma antiga idéia gnóstica, raciocínio circular segundo o qual "o mal é útil e necessário para que haja o bem" – idéia que para mim não constitui, em absoluto, novidade. Lembro que na minha época de esotérica (esoterismo é o gnosticismo moderno), há dez anos, eu tinha um amigo muito lido que me ensinava que as trevas deveriam ser reconhecidas como úteis para que houvesse luz. "Lúcifer é o portador da luz", dizia ele, aludindo ao nome que se atribui popularmente ao demônio. Até me converter, eu nunca havia questionado essa circularidade, que pode muito bem ser expressa pelo símbolo Yin-Yang (se interpretamos Yin como o mal e Yang como o bem): a parte escura está contida na clara e vice-versa, e ambas se complementam. Para o gnosticismo, Deus já criou o mundo com o mal contido nele; portanto, mal e bem são aspectos absolutos e equivalentes da realidade.
E para o cristianismo? Segundo a Bíblia, não há circularidade, pois o mal entrou no mundo como um parasita do bem, sendo, portando, não um seu equivalente, mas um aspecto menor, temporal e não-absoluto. Deus não só rejeita o mal como proveu um modo de erradicá-lo em Jesus; Nele, o cristão é vivificado pela realidade espiritual de que Jesus é o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo e vence o maior dos males, a morte; Nele estamos purificados e renascidos diante do Pai. Frente ao mal, portanto, nossa postura é de combatividade, pois somos hábeis para resistir ao mal que está no mundo e em nós pela graça e pelo poder de Deus. E mais: somos animados pela promessa de que um dia, segundo o livro de Apocalipse, o mundo será totalmente liberto de todo mal: Deus mesmo estará com eles e lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, pois as primeiras coisas passaram (Apocalipse 21:3-4). Já o esoterismo tenta minimizar ou mascarar a "malignidade do mal", integrando-o na ordem cósmica como uma espécie de pano de fundo necessário para que o bem sobressaia, o que é de uma circularidade perniciosa: enquanto os cristãos crêem que o mal é realmente mau e toda indignação contra essa realidade será recompensada com a justiça final provida pelo próprio Deus (ou seja, o mal tem os dias contados), os esotéricos colocam panos quentes na realidade do mal, fazendo proliferar um discurso comodista, conformista e, levado às últimas conseqüências, relativista – o aparente louvor ao mal servindo como afrouxamento dos freios morais e argumento para a impunidade. Tudo de que o Brasil mais precisa, não é?
Que não seja por minhas palavras: o próprio Jesus desmente essa circularidade ao afirmar que, apesar de Deus ser soberano e fazer o mal trabalhar a Seu favor (como sempre faz), o perpetrador do mal não é por isso desculpado de seus atos. Essa distinção (motivação do homem para o mal e onipotência de Deus) é tão importante que as afirmações de Jesus nesse sentido se repetem nos Evangelhos – precisamente sobre o papel de Judas em sua crucifixão:
Mateus 26:24 Em verdade o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! Bom seria para esse homem se não houvera nascido.
Lucas 17:1 Disse Jesus a seus discípulos: É impossível que não venham tropeços, mas ai daquele por quem vierem!
Marcos 14:21 Pois o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! Bom seria para esse homem se não houvera nascido.
Lucas 22:22 Porque, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído!
Em outras palavras: estando o mal no mundo, é preciso que coisas ruins aconteçam (permissão de Deus para algum propósito específico), mas quem as fizer não está isento de culpa (responsabilidade humana).
Essa confusão entre a soberania de Deus e os atos humanos inspira doutrinas esdrúxulas como a Teologia Relacional (ou Open Theism), que, ao negar a soberania divina, explica a permissão de Deus ao mal como explicaria a inércia do homem: como se, tal como o homem, às vezes Deus "não pudesse" evitar o mal. Prefiro ficar com a Bíblia e com os seguintes argumentos: 1) O mal existe e é uma realidade com a qual precisamos conviver até o final dos tempos, quando Deus redimirá o mundo; 2) Enquanto não ocorre a redenção total, Deus administra o mal no mundo de um modo que muitas vezes não compreendemos (o livro de Jó traz algumas pistas sobre isso); 3) Essa administração divina não desculpabiliza o homem que pratica o mal. E, estendendo-me sobre a complicada questão da soberania, poderia ainda dizer: 4) O livre arbítrio do homem é um fato que só existe no tempo, enquanto a soberania divina pertence ao domínio da eternidade. Para Ele não há tempo, não há passado, presente, futuro; mas para nós é só o que há, embora nossa alma intua a eternidade. Ambos os aspectos - soberania divina e livre arbítrio humano - são reais e coexistem sem se anular, pois são inerentes à dualidade eternidade e tempo. Querer que criaturas como nós, submetidas ao tempo, entendam como o livre arbítrio humano pode conviver com a soberania divina é querer abusar da nossa capacidade de compreensão das coisas. Para mim, algo basta: saber que os dois aspectos não se chocam. Apenas os cooptados pela esquizofrenia do pensamento - racionalistas, gnósticos, adeptos do Open Theism (como o pastor Gondim) e quetais - vêem nisso uma contradição.
Para quem ainda não se convenceu da precariedade teórica da circularidade do mal, uma analogia bem prática. Suponhamos que, ao ser assaltado na rua, você leve um tiro do ladrão e seja levado às pressas ao hospital. Ao abrir seu peito para tirar a bala, os médicos constatam um tumor maligno perto do ferimento, que é extirpado na mesma hora. Você está salvo de morrer de câncer por causa da bala do ladrão. Feliz e completamente refeito do susto, você deixa o hospital. Dias depois, a polícia encontra o ladrão que atirou em você. Minha pergunta é a seguinte: já que aquela bala o salvou do câncer, ocorreria a você agradecer ao ladrão e livrar a cara dele com a lei por causa disso? Não, certo? Pois o raciocínio é o mesmo. Se você não inocentaria o ladrão porque a bala foi responsável pela descoberta do câncer, qual o sentido de pensar em reabilitar Judas porque através da traição dele Jesus foi crucificado para nos salvar?
Os planos de Deus incluem o uso até do mal para Seus fins. No entanto, não é por isso que deixaremos de chamar o mal de mal nem inocentaremos o homem mau. Afinal, "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa", já dizia um personagem de TV.
Quem quiser levar a sério o evangelho gnóstico de Judas, portanto, precisará questionar não só esse simples raciocínio, mas toda a teologia - pois a circularidade do mal contraria a necessidade de uma intervenção especial de Deus na história para erradicá-lo -, e sobretudo as próprias palavras de Jesus Cristo, nos evangelhos que há 2.000 anos têm sido o meio por excelência pelos quais Ele se faz conhecer. A Bíblia sempre teve encanecidos inimigos, e até hoje ninguém conseguiu provar ser falso esse impressionante relato da ação de Deus no mundo - alguns dos que tentaram se renderam a suas evidências e se converteram! Além disso, louvar o perpetrador do mal apenas porque Deus é capaz de tornar o mal em bem consiste em um pernicioso contra-senso que pode amortecer nossas consciências diante do mal, levando-nos a cada vez maiores justificativas para o pecado e nos dissuadindo da importância do arrependimento. Só entra nessa furada quem prefere invenções à verdade, de acordo com a advertência do apóstolo Paulo: Haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças (...) e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas (2 Timóteo 4:3-4). Não sejamos assim.
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19 comentários:
Ah, Norminha, se esses jornalistinhas iluministronchos, materialistas até a medula, soubessem do papel ridículo que fazem atribuindo tamanha importância para velharias gnósticas...
Bem, talvez seja desse jeito que os cristãos brasileiros percebam que a nossa mídia é a mais burra, cínica e mentirosa do planeta. Se o programa "Fantástico" não basta, talvez o papelão dos âncoras semiletrados possa tornar a precariedade ética e intelectual da nossa grande imprensa mais visível.Alguma coisa há de abrir os olhos do povão...
Normitcha, fico por aqui. Agora vou dar aquela lidinha no Newsmax.
Bjo, Flor!
Oi NOrma, por aqui (USA) tem sido a mesma coisa, anunciam como se fosse uma tsunami, "agora o evangelho esta no corner", e assim vao tentando desacreditar a Biblia e Jesus...gracas a Deus pelos bons apologetas que ainda existem, ja estao em acao para alertar os mais fracos.
Abraco
Prezada Norma,
Estava conversando neste fim de semana com umas religiosas franciscanas e ouvi o relato delas do resgate que elas operavam de pessoas bastante miseráveis espiritual e materialmente para o Senhor Jesus. Ora, a ordem de São Francisco de Assis tem quase 800 anos e ela é motivada pela Fé, pela certeza insofismável da salvação em Cristo Jesus, portanto não haverá estratagema politiqueiro da esquerda através de um Judas bonzinho que destrua a verdade minha irmã. Somente o Cristianismo pode salvar a humanidade já dizia o sumo filósofo brasileiro Mário Ferreira dos Santos. Não tenhamos medo proclamara também João Paulo II ao ser eleito sucessor de São Pedro, pois as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja de Cristo. Amém?
Olá, Norma.
Percebo esse sensacionalismo em torno do "evangelho" dito de Judas como parte da atual síndrome anti-cristianista, da qual outro exemplo mais alardeado é o Código Da Vinci, do novo "guru" das massas acríticas Dan Brown.
O objetivo claro dessas pessoas é destruir o cristianismo atacando por todos os lados. Uma das táticas consiste exatamente em tentar desqualificá-lo enquanto religião, alegando que não passa de uma farsa engendrada pela igreja primitiva e que os seus livros sagrados não representam o autêntico relato da vida e da mensagem de Cristo, ora considerado um mero homem excepcionalmente bom, mas somente isso.
Temos, assim, uma onda revisionista da pior espécie que este termo pode denotar - aquele revisionismo sem base, sem argumentos, porém eivado de arrogância e cujo poder de convencimento se reduz ao cínico lema de que a história é escrita pelos vencedores. Inclusive a da Cristandade primitiva.
Não me surpreendi, pois, ao ouvir isso insinuado no parcialíssimo documentário exibido ontem pelo National Geographic, vendido previamente como "a revelação que mudará 2000 anos de história".
Interessante como na tentativa de apresentar o manuscrito dito de Judas como genuinamente histórico, o NatGeo explorou à exaustão a idéia de um movimento gnóstico perpetuador da verdade, mas perseguido por uma elite clerical malvada (inclusive anti-semita!)interessada em impor um cãnon de escritos mentirosos, contraparte de um "cânon" gnóstico maravilhoso e belo, profundo de verdade ...
E quem sustenta essa visão, veja bem, são justamente os que odeiam o Cristianismo que tem cerne na natureza divina de Cristo e que não faz concessões na Sua Mensagem para os que desejam Lhe seguir. Talvez por isso odeiem tanto esse Cristianismo e os livros que o transmitem. Imagine como lhes deve ser horrível aceitar que para se salvarem têm que cada um pegar a sua cruz e seguir os passos do Filho de Deus.
Grande abraço
Eduardo
norma... tudo o que quero dizer é que gostei muito do seu blog, desse texto, e virei sempre aqui. Parabéns por expor aqui suas opiniões, tão diferentes de muitas pseudo-intelectualóides que costumo encontrar nos espaços opinativos da internet.
Cara Norma:
Excelente post chamando atenção para a irracionalidade desses "achados" bolorentos não pela antiguidade mas pelo mofo do ranço anti-cristão que permeia a mídia.
É impressionante como documentos espúrios de séculos após o advento de Cristo são apresentados como fonte de autoridade, acima dos evangelhos e documentos bíblicos que afirmam abundantemente exatamente o contrário. O prefácio de Lucas (1.1-4) mostra o que é historiografia feita da forma mais correta e mais acadêmica possível - mas o documento resultante vai para o lixo, como um mito. Enquanto isso, Judas e seus asseclas, recebem atenção e reconhecimento sem qualquer alicerce ou fundamento.
Nesse clima, nem importa até se existe um documento para dar base às afirmações hiperbolicamente falsas - como é o caso das alucinações do Dan Brown. O que importa é a contradição e o sensacionalismo. Só mesmo muito preconceito e falta de objetividade pode levar a esse raciocínio retardado das mentes carcomidas pelo pecado.
Deus lhe preserve.
Solano
Excelente essas matérias esclareçedoras sobre o alarde que se criou entorno do "evangelho" de Judas. Como é bom saber que Deus Lenta seus sevos para mostrar a verdade e acalmar aqueles que ficaram pensando e agora José? Resposta:Deus está no controle de Tudo.
Norma. Tua escritura flui, arrebata e convence. Que belo texto escreveste sobre o evangelho de Judas. Certeira na análise do gnosticismo. O mal não se justapõe ao Bem: Deus, na sua profunda e imensurável sabedoria faz o mal concorrer para o bem, mas isso não justifica o mal nem Judas. Bem oportuna a citação de Cristo: "O filho do Homem se vai, mas ai daquele...".
A propósito do René Girard, penso tratar-se de um quinto apóstolo. O grande pensador francês, "exilado" nos USA, de "Je Vois Satan Tomber Comme L'Clair", "Des Choses Cachées Depuis la Fondation du Monde", "La Route Antique des Hommes Pervers" e outras magníficas põe-nos diante de Deus e de Cristo, para entender o mal, isto é, "la violence".
Norma, um prazer conhecê-la, ainda que pelo texto, mas o texto é tu mesma. Abraço fraterno do amigo cristão.
Moacir
Norma, muito bom seu texto.
Espero que a polemica em torno deste "evangelho", se existir, sirva apenas para que possamos cada vez mais, nos aproximarmos da verdade
Abraços
Alessandro
Norma, acabei de ler seu artigo no MSM. Eu sou kardecista e, embora eu discorde da sua idéia acerca de uma suposta incoerência sobre o embasamento das idéias de Alan Kardec pela Bíblia, gostei muito do seu artigo. Não digo isto como aquela coisa politicamente correta que tem sido o norte da internet brasileira. Adorei mesmo.
Posso estar parecendo incoerente (e, não posso negar que seu ponto de vista pode estar certo, do ponto de vista estritamente lógico), mas tenho visto um grande alarde da mídia acerca dos supostos evangelhos de Judas, e achei uma daquelas "tranqueiras" New Age que faturam horrores. Nada de novo.
Aliás, andei dando uma lida no seu blog. Serei sincero e politicamente incorreto: causou-me espanto o fato de uma evangélica produzir textos tão profundos. Não que eu acredite que protestantes não sejam capazes de produzi-los. Simplesmente jamais vi ou ouvi falar de algo assim(o fato de eu nunca ter visto um urso branco não significa que ele não exista). Seja como for, perdôe-me pela minha ignorância e me recomende textos deste nível.
Que deus continue-a iluminando.
fabiojoseassis@yahoo.com.br
P.S: O "deus", escritos com inicial minúscula, foi erro de datilografia da minha parte. Caso aprove meu comentário, por favor, corrija este deslize, ok ?
Obrigado
Fábio José Andrade de Assis
Obrigada, queridos amigos! Como ex-esotérica, conheço bastante bem os raciocínios gnósticos, e me espanta mesmo que artimanhas velhas de 2.000 estejam sendo ressuscitadas pela mídia ignorante para enganar os incautos. Que Deus derrube a todas as falácias que se levantam contra Sua palavra.
Caro Fabio José,
Seu tipo de sinceridade cortês - ressaltando com empatia concordâncias e discordâncias - faz-me uma falta terrível nos comentários ao blog. É maravilhoso receber elogios e estímulos, mas confesso que me agrada muito também receber críticas inteligentes, que encetem um debate produtivo. Bom, não há. O que recebo é a discordância pueril, mal escrita e mal-educada, que não pretendo encorajar aqui. Já mensagens como a sua são extremamente bem-vindas (mesmo tocando em questões delicadas como a do protestantismo), e é um grande prazer responder a seu comentário.
É verdade - e muitos da mesma fé com quem convivo são os primeiros a admitir - que nosso meio não preza exatamente pela intelectualidade. Na verdade, uma de minhas linhas de pesquisa pessoal é entender por que o protestantismo brasileiro atual é marcado por quase um anti-intelectualismo. Sei que, ao contrário do que muitos ateus gostariam de crer (eles, que são tão crédulos em tanta coisa), a religião não é incompatível com a reflexão, muito menos a religião cristã: de fato, admitir a instância transcendente e o absoluto pessoal que é Deus constitui em poderoso antídoto para tantas doenças do pensamento.
O anti-intelectualismo atual é um fenômeno marcante na igreja brasileira, que cabe investigar histórica e filosoficamente. Pretendo fazê-lo um dia, se Deus permitir - sem esquecer, porém, que nesse panorama tenho sido muito abençoada com diversas exceções, estudiosos de alto calibre, cuja amizade tem amenizado bastante minha solidão e me feito crescer.
As leituras que eu recomendo estão à direita, mas citarei aqui aquelas cuja identificação com o que faço aqui é maior: o blog O Tempora O Mores, feito por três teólogos protestantes brasileiros (parte das exceções que mencionei), com texto e reflexões impecáveis; e o site do filósofo Olavo de Carvalho, com quem muito aprendi e continuo aprendendo. Esses quatro autores são também meus amigos e neles deposito toda minha confiança.
Comente sempre, mesmo se suas discordâncias forem além! Abração!
Cara Norma:
O fenômeno da falta de intelectualidade não se restringe à sua religião. Uma dos aspectos que mais me incomoda no Kardecismo é que, mesmo se dizendo apoiados na Bíblia, boa parte das reuniões que assisto se resumem a ler "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec. O fato em si não é o problema, mas induz aos crentes a não lerem a fonte na qual se diz apoiada (como eu penso por mim mesmo, sempre leio, procuro todas as possíveis interpretações sobre o assunto no Livro e vejo qual seria a mais aplicável à realidade que vejo). Creio que o mesmo se dê no Catolicismo e no Protestantismo: tomam como verdade a interpretação que seus líderes dão à Bíblia e não se dão ao trabalho de investigarem por conta própria. A culpa de tal fato se dá, na minha opinião, tanto pelos pastores (aqui aplicado em qualquer crença) como pelo rebanho (idem). É claro que isto não é a causa primordial e, portanto, seria necessário ir além e raciocinar até as últimas instâncias. E, reconheço, não sei se consigo chegar a tanto. Mas creio que a linha de raciocínio é esta, e talvez este fosse o fio da meada pelo qual você poderia começar a investigar.
Quanto às fontes, o Olavo de Carvalho já é meu site de cabeceira. E vou começar a ler as demais fontes que citou.
Um forte abraço e que Deus continue iluminando sua mente.
Fábio
A partir de um artigo caí no seu blog. Dei uma vista de olhos por algum posts e gostei.
Satanás está sempre a querer deitar a baixo não o Cristianismo, porque este é a verdade inabalável, mas sim a fé de cada um convertido ao evangelho de Jesus Cristo. Desde a antiguidade isto aconteceu, a Biblia também nos alerta, por isso não é de espantar.
- Enquanto lucifer ele quis enganar (e alguns enganou) anjos
- Quis desmentir o dito de Deus quanto ao fruto Proibido
- Quis matar Jesus à nascença
- Tentou Jesus no deserto
- Tentou que Jesus nem fosse crucificado
- Quis e quer desmentir a ressureição
Ele peca desde o princípio, e bem nenhum há nele, então ele vai usar todas as mentiras que puder, inclusive esse "evangelho" de Judas...
Nesta onda "Código D'Vinci", qualquer achado vira manuscrito.
Parece que estamos em uma "Cruzada Apócrifa" - todo mundo quer fazer uma grande descoberta que desqualifique a bíblia de uma vez por todas.É o espírito do anti-cristo que está agindo para enganar os incautos.
Prezada Norma,
O que Fábio José parece não saber ou se esqueceu e está no livro mais lido pelos espíritas que é O Evangelho segundo o Espiritismo é que o espiritismo faz parte dessa tranqueira, como ele diz, nova era, pois o próprio espiritismo se diz uma religião nova era.
Atenciosamente,
JOÃO EMILIANO MARTINS NETO
Caro João:
Entendo seu comentário, embora não concorde. Em primeiro lugar, porque eu mesmo critiquei o fato de "O Evangelho Segundo o Espiritismo" ser mais lido do que a Bíblia nas reuniões kardecistas. Segundo, há uma grande diferença entre um ou alguns indivíduos alardearem que o Espiritismo traduz-se como Nova Era e, após um consenso entre todos os líderes de uma dada religião ou seita dizerem-se pertencentes a este mesmo "movimento" (sei lá como se define isto). Os postulados propostos por Kardec possuem mais de 150 anos, portanto não é algo relativamente recente (claro que, se compararmos ao Cristianismo, Budismo ou Hinduísmo é um bebê) como, por exemplo, o Santo Daime, Falun Gong e a Cientologia. Não creio, honestamente, que haja alguma incoerência de minha parte.
Um forte abraço
Fábio José Andrade de Assis
Norma, por favor, delete meu primeiro comentário e ponha este no lugar. Achei-o confuso até para mim.
Grato.
Fábio
Entendo seu comentário, embora não concorde. Em primeiro lugar, porque eu mesmo critiquei o fato de "O Evangelho Segundo o Espiritismo" ser mais lido do que a Bíblia nas reuniões kardecistas. Segundo, há uma grande diferença entre um ou alguns indivíduos alardearem que o Espiritismo traduz-se como Nova Era e um consenso entre os líderes da mesma religião declararem que esta pertence a este mesmo "movimento" (sei lá como se define isto). Os postulados propostos por Kardec possuem mais de 150 anos, portanto não é algo relativamente recente (claro que, se compararmos ao Cristianismo, Budismo ou Hinduísmo é um bebê) como, por exemplo, o Santo Daime, Falun Gong e a Cientologia. Não creio, honestamente, que haja alguma incoerência de minha parte.
Um forte abraço
Fábio José Andrade de Assis
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