Um esforço, com a graça de Deus, de recolocar o cristianismo na via dos debates intelectuais. Não por pedantismo ou orgulho, mas por uma necessidade quase física de dar nomes às minhas intuições e contornar o status quo das idéias hegemônicas deste mundo.
06 agosto 2007
Atualidades e, mais importante, John Piper
Estou aqui em um ritmo intenso de trabalho. Enquanto isso, escolhi alguns textos importantes:
- Sobre os dois boxeadores que fugiram e algumas informações recentes sobre Cuba: Fuga do Paraíso, Ipojuca Pontes;
- Sobre a manifestação contra o governo Lula na Avenida Paulista: Resistam ao peso..., Reinaldo Azevedo;
- Uma recente descoberta teológica, graças a meus queridos amigos Juliana Portella e Franklin Ferreira: digite John Piper na seção de busca do site Monergismo, opção "autor", e escolha pelo menos um entre os 61 textos que aparecem na tela.
Tenho assistido a alguns vídeos de Piper, da série Battling Unbelief (Enfrentando a Descrença), que está para sair no Brasil com legenda em português (os meus estão com legendagem em inglês e espanhol). Fique de olho!
A primeira coisa que me chamou a atenção nessas pregações de John Piper foi o modo tão pessoal com que ele se expressa no púlpito. Você tem a nítida impressão, oposta à de tantos pregadores expostos e incensados na mídia televisiva, de que ele não adotou nenhuma persona - ou segunda personalidade - para estar ali. Seu vocabulário não é padronizado, seu jeito de falar não é teatralizado, a expressão de suas emoções não segue nenhum tipo de linguagem televisiva especialmente concebida para tocar o público. Além dessa imagem de autenticidade que ele passa, algo por si só extraordinário se pensarmos nos cansativos espetáculos e micagens oferecidos por tantas igrejas de nossa época, Piper pontua tudo o que diz com extensas citações bíblicas, mostrando solidez teológica sem parecer impessoal ou distante. Essas duas características são, de fato, conscientemente adotadas por ele, que ainda as aconselha a todo crente que deseja "ensinar e pregar o calvinismo":
- Regozije-se por causa das críticas. Aquele que conhece e descansa na soberana graça de Deus deve ser o santo mais feliz. Não seja um anunciador amargo, melancólico, hostil ou falso para a glória da graça de Deus. Louve-a. Regozije-se nela. E não deixe que se torne um espetáculo. Faça isto no seu quarto secreto até que isto seja derramado sobre o púlpito e áreas públicas.
- Não cavalgue sobre o que não está no texto. Pregue exegeticamente, explanando e aplicando o que está no texto. Se isto soar Arminianismo, que soe Arminianismo. Confie no texto e o povo confiará em você por ser fiel ao texto.
Que Deus abençoe essa nova geração de pastores para que compreendam que tudo o que é pedido deles no púlpito é a pregação fiel da Palavra aliada à singeleza de um coração genuinamente convertido. Para isso, não é preciso nenhum brilho adicional, nenhuma artimanha a mais. Basta preparar-se em estudo e viver pela fé, até que a pregação seja conseqüência de um inteligir e um experenciar que se harmonizam e se aproximam cada vez mais da plenitude de uma vida com Deus.
Mais sobre Piper (em inglês): http://www.desiringgod.org
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11 comentários:
Norma,
John Piper é um exemplo do que é a seriedade teológica e piedade. Recentemente postei no meu blog um vídeo dele. Vale a pena ver (tradução de Eduardo Mano).
Que no Brasil o conheça melhor, pois sem dúvidas, o Evangelho genuíno deixará envergonhado muita dessa gente que prega qualquer coisa, menos a verdade mesmo.
Norma:
"Não cavalgue sobre o que não está no texto. Pregue exegeticamente explanando e aplicando o que está no texto. Se isto soar Arminianismo, que soe Arminianismo". Que síntese perfeita fez John Piper! Eis o que falta nos pregadores que preferem tocar as emoções, e não à razão. Há muito verniz nesse tipo de mensagem e pouco (ou nenhum) conteúdo exegético honesto.
Por outro lado, forçar o texto a dizer o que não diz só porque parece embasar outra corrente teológica é desonestidade intelectual. Em resumo, precisamos em nossa exegese dar primazia à Bíblia. Só a ela.
Um abraço.
Norma,
Recebi hoje, da Editora Cultura Cristã, Fome por Deus, de John Piper. Confesso, nunca entendi o sentido do Jejum, mas Piper o explica de maneira fabulosa. Veja o comentário na capa:
Nossos apetites direcionam nossa vida - quer sejam as súplicas de nosso estômago, o desejo ardente por posses ou poder, ou os anseios de nosso espírito por Deus. Mas para o cristão, a fome por qualquer coisa além de Deus pode ser um arquiinimigo, pois nossa fome por Deus - e por ele somente - é a única coisa que nos trará vitória.
Você tem essa fome por Deus? Como John Piper afirma: "Se não temos sentido grande desejo pela manifestação da glória de Deus, não é porque tenhamos dele sorvido profundamente e estejamos satisfeitos. É porque temos "beliscado" por longo tempo na mesa do mundo. Nossa alma está abarrotada de pequenas coisas e não há lugar para o prato principal". Se estamos cheios do que o mundo oferece, então talvez um jejum possa expressar ou até mesmo aumentar, o apetite de nossa alma por Deus.
Entre os perigos da auto-negação e da auto-indulgência está o caminho da aprazível dor chamada jejum. Esse é o caminho pelo qual John Piper o convida a andar neste livro. Pois quando Deus é a suprema fome de seu coração, ele será supremo em todas as coisas. E quanto mais satisfeito você estiver nele, mais glorificado ele será em você.
Bela descoberta vc fez!
abs
Mauro
Que beleza!
É simples assim! Porque tantos insistem em complicar a simplicidade da Palavra de Deus?
No site da Fiel(www.editorafiel.com.br) há uma série de pregações do Jonh Piper disponíveis em áudio. É só procurar em "conferências" e se deleitar!!! Beijinho!
Norma,
que abençoada leitura! John Piper é excelente. Muito edificante a perspectiva bíblica que ele apresenta da majestade e da grandeza de Deus e nos incentivando a nos deleitar na supremacia dele.
Numa época em que a espiritualidade está em evidência e falsos profetas tem apresentado um modelo de espiritualidade não-bíblico, Piper tem nos dado alimento sólido.
Os livros dele são uma delícia e muito tem impactado minha vida e meu ministério.
Deus te abençoe,
Juan
Cara Norma,
Maravilhoso encontrar uma citacao de John Piper aqui no seu blog. Mas, dada sua atencao para com o que se tem feito de bom em nome de Deus, creio que era questao de tempo ate voce nos brindar com um comentario sobre este pastor.
Ja faz algum tempo que tenho escutado a serie de sermoes sobre a epistola aos Romanos. Naturalmente ainda estou longe de esgotar essa serie, mas teno sido muito abencoado pelo teor dos sermoes. Parabens por ter trazido este material para sua audiencia.
Atenciosamente,
Tiago Ramos
Fui lá conferir o Piper - eu não o conhecia - e pude ver que é muito bom! Já li quatro textos traduzidos ali. O que mais gosto é a citação da Bíblia freqüentemente!
Valeu a dica, Norma!
"5. Seja um evangelista e um mobilizador de missões de forma que as críticas de que o Calvinismo entorpece uma paixão pelos perdidos sejam postas em silêncio."
Este é um dos grandes problemas do calvinismo, e que eu não concordo. Enquanto eu tenho uma paixão por todos os perdidos(predestinados ao céu + predestinados ao inferno), os calvinistas tem uma paixão que os leva a evangelizar a todos simplesmente porque não sabem quais são predestinados. Ou seja, se houvesse uma marca na testa indicando quem é predestinado, com certeza não iriam perder tempo "evangelizando" os predestinados ao inferno. E esta marca existe para os calvinistas, pois Deus é que as marca, mas nos homens não podemos ver.
E pra fechar, a minha frase é a seguinte: "Se existem predestinados ao inferno e predestinados ao céu, simplesmente por uma questão de escolha divina, então eu quero ser um predestinado ao inferno, pois não quero melhor sorte do que uma criança negra da áfrica que foi mandada ao inferno sem pedir".
Oi, Lucas,
A verdade é que o calvinismo nunca inibiu a evangelização, ao contrário do que muitos querem fazer crer. O calvinismo é uma tentativa de compreensão de um Deus fora do tempo, que a tudo controla, vê e sabe. Se a predestinação não fosse bíblica, por que Paulo falaria dos vasos de honra e desonra de Romanos 9? Agora, no tempo, os homens agem como se fossem livres, e virtualmente qualquer pessoa poderia ler Romanos 9 e se sentir profundamente tocado, dizendo para si mesmo: "Não quero ser vaso de desonra." Jesus chama. É certo que fora do tempo, dentro da realidade eterna de Deus, é como se tudo acontecesse no mesmo momento e nada está velado para Ele. Então, Ele já tem os seus diante Dele. Mas isso não isenta de culpa o homem que o rejeitar.
Enfim, é complicado mesmo, mas vale a pena refletir sobre.
Agora, o que eu não entendo é seu sentimento sobre a criança negra e pobre da África. Se fosse um branco rico americano o condenado ao inferno, você teria menos misericórdia?
A gente precisa parar de querer se sentir mais misericordioso que Deus. É claro que Ele pensou na criança pobre da África, assim como pensou em mim e em você. Precisamos parar de querer desvendar mistérios profundos como esse. E fazer virtualmente chegar Cristo a essas pessoas, sejam elas pobres africanos, sejam ricos cercados de bens e orgulho. Todos precisam igualmente de Cristo.
Abraços!
Mesmo sendo arminiano- e mesmo com toda a cruzada que o Piper armou contra o Gregory Boyd alguns anos atrás- Piper é um dos autores que eu amo. O monergism.com, em inglês, ainda tem vários estudos dele em mp3, interessantíssimos: http://www.monergism.com/thethreshold/articles/bio/johnpiper.html.
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