Um esforço, com a graça de Deus, de recolocar o cristianismo na via dos debates intelectuais. Não por pedantismo ou orgulho, mas por uma necessidade quase física de dar nomes às minhas intuições e contornar o status quo das idéias hegemônicas deste mundo.
24 agosto 2005
O marxismo e a teoria girardiana do bode expiatório (2)
No marxismo, um exame detalhado sobre a teoria de classes – em que uma explora e a outra é a explorada – bastaria para desbancar toda a doutrina. Não posso fazê-lo aqui, mas sei de alguns de seus furos. O filósofo Olavo de Carvalho chama a atenção para o fato de que, embora Marx tivesse atrelado a identidade individual à classe de origem, afirmando categoricamente que só o proletário poderia fazer a revolução, tal idéia básica de sua doutrina não se aplica a ele mesmo, que apesar de oriundo da burguesia teria "percebido" a opressão de uma classe sobre a outra. Esse tipo de alienação da realidade, em que o teórico não consegue nem enxergar a discrepância entre suas teorias e o que acontece em sua própria vida, é típica dos filósofos do século XX. Não é à toa que se trata do século pródigo em teorias atéias ou predominantemente anticristãs, filhotes de um processo em curso desde o Iluminismo. Nessas correntes, a enfática negação do cristianismo acaba funcionando como uma apologia ao mecanismo do bode expiatório – vide os exemplos de Maquiavel, que defendia a condenação à morte de antigos aliados assim que o Príncipe chegasse ao poder (sugestão fielmente seguida por líderes comunistas como Fidel e Lênin), e Nietzsche, que via nos "fracos" o mal da sociedade, em contraposição ao "super-homem". Todos eles, de uma forma ou de outra, são fabricantes de culpados, ao pregar que a eliminação do mal está não no sacrifício do inocente Jesus, mas na condenação de segmentos inteiros da sociedade, sejam eles representados pelos inimigos do poder, pelos judeus ou pela tal "classe dominante". É por isso que não há exagero em dizer que, assim como o nazismo, o marxismo levado às últimas conseqüências sempre gera assassinatos em massa, como forma de "purgar o mal" no melhor estilo do mecanismo do bode expiatório. Rússia, Cuba e China não me deixam mentir.
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Um comentário:
Esse é um conhecido estratagema de esquerda: inventar uma opressão para depois poder justificar o ataque aos "opressores"... Tudo acaba girando mesmo em torno do mesmo ponto, o da fabricação em série de bodes expiatórios, só que de modo cada vez mais sutil. O Iluminismo inventou um cristianismo opressor que subsiste até hoje no discurso daqueles que querem uma razão forte para sua revolta anticristã, sem perceberem que ela tem raízes mais profundas... Só uma espécie muito triste de orgulho, creio, impede que aceitemos o sacrifício de um inocente por nós. Beijos!
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