Vivemos em um país democrático. Apesar dos mandos e desmandos do partido trabalhista no poder, não podemos sequer por um segundo comparar o Brasil com a China comunista (onde ainda hoje o acesso à internet é controlado), com a Cuba socialista (onde se prendem e matam dissidentes políticos), com países em que o islamismo é a religião dominante (onde gays e cristãos são assassinados com a conivência do governo e do povo). De modo geral, os brasileiros têm asseguradas suas liberdades fundamentais.
No entanto, há aqui uma perseguição não-violenta, que com raras exceções é informal, subjetiva e dispersa — uma perseguição que não vem com força de lei, mas é exercida de acordo com preferências pessoais, acentuadas segundo as circunstâncias. Não juntei à toa “gays e cristãos” no parágrafo acima: assim como são igualmente visados nos países muçulmanos, acredito que, no Brasil, ambos os grupos se assemelham no modo de perseguição sofrida. Chocante a ideia? Explico.
Nas universidades públicas, onde caminhões de literatura “libertária” anticristã são despejados há décadas, os perseguidos da vez são os cristãos, associados a um conservadorismo rançoso e a estreiteza mental. O estudante cristão precisa aguentar calado em sala de aula uma quantidade impressionante de bobagens sobre o cristianismo, quando não se depara com insultos diretos, tanto do professor quanto das obras que precisa ler. Deve cuidar para não sentir-se desmotivado ao ouvir, vezes sem conta, que o conteúdo das matérias que estuda “é incompatível com a fé cristã” ou que a abertura de espírito necessária à investigação científica é inversamente proporcional a sua lealdade religiosa. Se teima em proclamar o que crê em alto e bom som no ambiente universitário, ou se apenas decide integrar o cristianismo a seus horizontes como um dado a mais, o aluno é tolhido em seus trabalhos e vigiado em sua trajetória. Caso escolha a carreira acadêmica, se não for barrado pelos professores da bancas, será considerado pela maioria um outsider, indigno de apreciação intelectual verdadeira. E o mesmo banimento dos cristãos pode ser verificado na quase totalidade dos veículos de produção cultural do país.
E onde os gays são mais perseguidos? Não é na família em primeiro lugar: hoje, pai e mãe aceitam com cada vez mais naturalidade a “opção” dos filhos. Não é no ambiente escolar e acadêmico: professores gays que se assumem são até considerados mais divertidos. Em funções associadas a moda, beleza e artes em geral, o gay que sai do armário é recebido com palmas. Talvez o profissional encontre alguma dificuldade em meios que exigem maior sisudez, como o do direito. Mas creio que a discriminação mais pesada se dá nas vias públicas, nos ajuntamentos, onde se suscita muitas ocasiões para a perda das boas maneiras. Já presenciei uma espécie de bullying insistente sofrido por um homossexual bem feminino que caminhava pelas calçadas do centro de Niterói. As provocações duraram o trajeto de uma rua inteira e os machões que as proferiam se sentiam totalmente à vontade. Abomino esse tipo de coisa e não queria estar na pele dele/dela naquele momento. Quanto à violência, a história é outra: quem surra e mata homossexuais também surra e mata índios, mendigos, mulheres, estrangeiros ou qualquer outra pessoa em situação de vulnerabilidade. Estou falando de perseguidores, gente que até pode ser imbecil, mas que é normal; não de psicopatas.
Como na universidade tanto alunos como professores gostam de mostrar-se liberais (dá status), não há muita ocasião para manifestações contra gays. Pelo contrário: na Letras, por exemplo, há uma linha de estudos todinha dedicada a eles. (Não há, que eu conheça, uma linha de estudos que seja cristã.) Por outro lado, os cristãos não estão livres do bullying, nem em suas próprias famílias, nem entre amigos. Quando me converti, aguentei inúmeras piadas e expressões de desagrado. E também perdi amigos. Há quem tenha perdido o afeto de toda a família, sobretudo quando seus membros eram muito apegados a outras religiões. Sei que gays passam pelas mesmas tristezas. Nem sempre essa faceta difícil é revelada em público pelos crentes, pois preferimos falar de Jesus (o objeto de nossa fé) em vez de insistir em nossas desventuras (que são ínfimas se comparadas à alegria da salvação).
E aqui chego a meu ponto. Sim, somos perseguidos de modo semelhante. Mas há uma diferença, ou melhor, duas. A primeira é política: no Brasil de hoje, a simpatia generalizada pelo homossexualismo se tornou uma conquista prioritária para o governo. A midia e instituições de ensino (debaixo de um controle estatal grande demais para nossa condição de país democrático) têm refletido várias estratégias massivas para ganhar essa simpatia (a última delas foi o tal “kit gay”). Quanto aos cristãos, o normal e aceitável há muito tempo é a antipatia generalizada: falar mal de padres e pastores, inventar personagens “evangélicos” caricatos e histriônicos para as novelas, fazer piadas sobre o Deus da Bíblia, ridicularizar a fé, tudo isso é até “bonito” aos olhos dos formadores de opinião. Assim, podemos afirmar que os dois grupos estão em condições bastante desiguais: as consequências da perseguição anticristã são mais graves, pois não temos o governo como parceiros no fomento de uma imagem mais aceitável — e nem queremos: do governo, só esperamos que trate a todos com verdadeira igualdade, sem favorecimentos injustos (nem “kit gay”, nem “kit crente”: ao governo não cabe doutrinar nossas crianças, e um governo laico não deve impor uma religião disfarçada, como nos tempos do paganismo).
A segunda diferença é mais profunda, psicológica e espiritual: como se reage à perseguição? Se são fiéis às orientações de Jesus, os cristãos oram por seus perseguidores e os tratam com bondade, de acordo com Mateus 5.24. Já os gays se juntam em lobby para instaurar leis opressivas contra quem os persegue. Sei que pareço cometer uma injustiça quando generalizo, usando o termo “os gays”. Mas me pergunto: onde estão os homossexuais que não querem seus nomes associados a coações jurídicas? Onde estão seus blogs, suas petições, suas passeatas? Peço a vocês, homossexuais que não concordam com nada disso: levantem-se e clamem, por favor, antes que, caso aprovem o PLC 122, seja fomentada no país uma verdadeira cultura da imposição gay. A pecha de “autoritário”, em nossos dias, não é nada agradável. Vocês realmente acham que a opinião pública ficará a seu favor quando começarem a punir indiscriminadamente, subjetivamente, os ofensores “homofóbicos”? (E se puníssemos os “cristofóbicos” da universidade, como seria?) Por que não estimulam que se reaja com mais nobreza aos ataques não-violentos? (Contra os ataques violentos já existe lei.) Se vocês não são religiosos, precisam concordar, pelo menos, que o exemplo de Jesus é inspirador.
Quanto aos cristãos, há décadas ninguém dá a mínima por eles. Continuaremos sofrendo zombarias, desprezo, ameaças. O que faremos? Elaboraremos leis para calar à força e mandar para a prisão quem nos persegue? Não, de modo algum. Que Jesus nos ajude a cumprir a vontade do Senhor: “Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus.”
42 comentários:
Muito bom!
Verdade, Norma.
Estava falando sobre isso com uma amiga lá em outro blog. Que mundo vai ser esse se agora os evangélicos começarem a fazer leis que amarrem aos outros? Na verdade, quem vai se beneficiar disso será só o Estado que irá nos manipular a todos usando esse emaranhado de leis como teias de uma aranha predadora. E ao Estado interessa essa colisão das minorias, esse colapso social.
Norma, você faz muita falta na Blogosfera. Que bom que você voltou.
Abraços sempre afetuosos.
Mais um texto escrito com maestria, Norma!
Parece desenhar no Brasil um cenário onde exista dois pesos e duas medidas. Leis contra a homofobia (diga-se de passagens está correta), por outro lado, a "cristofobia" impera nas diversas áreas da sociedade, coma ajuda da mídia, diga-se de passagem.
Mas, quem falará por nós? Quem está disposto a criar leis que nos proteja?
Mas não precisamos de tais leis sabe porquê? Por que a lei atual já é suficiente para nós e para qalquer grupo ou classe social.
Mas parece que há um grupo que quer exclusividade nas leis do país. Querem uma lei só para eles.
Ridículo tudo isso em se tratando de um país (ainda) democrático.
Abração Norma.
Realmente muito bom, Norma.
NEle,
Roberto
Norma,
Muita lucidez!
Prático, simples e objitvo. Simples, no sentido de fácil compreensão.
Parabéns!
Abr.
(Tem um dia na semana que faço estudos bíblicos, em um salão de beleza, depois do expediente, à pedido do proprietário, que é homossexual, junto com alguns de seus funcionários. E a posição dele
é igual a sua, claro, que de maneira menos intelectualizada, mas ele não concorda com nada disto que está acontecendo).
Obrigada, pessoal! Muitas sábias observações!
Tania, adorei o que você contou. Acho que é isso: em geral, as pessoas simples não concordam com essa safadeza do projeto (e intuem que serão estigmatizadas, pois o projeto acabará gerando uma animosidade contra todos os homossexuais), enquanto os tais "formadores de opinião" e os lobistas gays - formatados pela academia esquerdista e anticristã - acham que o problema está na tal "repressão cristã" e se agradam da maneira com que os esquerdistas se impõem socialmente, apesar da desonestidade das estratégias. Eles querem mais é poder a qualquer custo e não se importam com a sociedade como um todo - e muito menos com os religiosos. Mas as pessoas simples, que não se enfiam em guetos e não se colocam contra a religião, muitas vezes veem além.
Abraços a todos!
Boa, ótimo texto. "Quando crescer" quero escrever tão bem quanto!
Cristiano: :-)
Parabéns, Norma, ótimo texto, bem claro e objetivo. Graça e paz!
Bom demais.
É isso aí.
Gui
Assino em baixo.
Parabéns pela mente lúcida e esclarecida.
publiquei na minha página!
Amados tenho uma opinião em relação a isso tudo, é apenas minha opinião, não significa que tem que ser assim, afinal todos tem direito a isso! Creio que não compete a nós como cristãos o fato de decidir quem as pessoas levam para a cama, isso existe há centenas de anos... Creio que devemos apenas nos manifestarmos o quanto que essas pessoas precisam conhecer a Deus. Não acho que devamos estar se metendo na vida dos homoafetivos, porque cada um tem o direito de fazer o que quiser da sua vida! Esse é o princípio de liberdade e democracia que rege nosso povo, embora eu não concorde também, mas creio que a discussão deve partir pra um outro nível mais elevado! Essas pessoas precisam de Deus!
Um abração a todos que acompanham seu blog.
Pr. Carlos Alberto Monteiro
Olá, Norma.
Belo texto. Cai bem com as palavras de Paulo aos Romanos, "é na esperança que fomos salvos" (Rm 8,24)"; que todos possam encontrar essa esperança. Mas ninguém pode ter a pretensão de agradar aos outros por decreto, nem Deus obriga o homem a gostar Dele (nem mesmo a respeitá-Lo), essa onda de movimentos de minorias procurando tornar alguns escolhidos mais iguais que os outros não tem como gerar bons frutos.
Ainda sobre homossexuais, Norma, acabei de ler que a Igreja Presbiteriana dos EUA removeu requisitos de fidelidade conjugal ou castidade de solteiros ao ordenar seus ministros, abrindo as portas para que homossexuais assumidos assumam ministérios. Não sei a quantas anda a Igreja Presbiteriana no Brasil, mas gostaria de saber - como um outsider - se é de costume seguir os mesmos passos que os americanos, ou mesmo a sua opinião sobre o assunto. Como católico, acompanhei a vinda de muitos ex-anglicanos ao seio da Igreja Católica quando decisão semelhante ocorreu naquela confissão, mas sei que a distância entre anglicanos e católicos nunca foi tão grande como a distância entre presbiterianos e católicos. Não sei que frutos esperar de tal decisão, se puder trazer um pouco da realidade presbiteriana à tona seria certamente de bom proveito para mim, curioso incorrigível que sou quanto à fé alheia.
Abraço,
Hugo
Bom dia Norma,
Configure no seu blog o mecanismo para fazer indicação dos seus posts (Fabebook, Twitter, etc.). Gostei muito do seu texto e gostaria de postar uma indicação no meu Facebook e Twitter.
Cordialmente,
Ronaldo
Pr. Carlos,
Não queremos obrigar ninguém a deixar de ser homossexual, e nem podemos fazer isso, mesmo se quiséssemos. Lutamos apenas contra o erro da taxação do termo "homofóbico" para todos aqueles que, como eu, desaprovam esta prática, considerando-a como pecado sexual, e chamam (publicamente) ao arrependimento em Cristo.
Pois pregação do Evangelho, pelo menos para mim, envolve isso: reconhecimento do pecado, e arrependimento para a vida, em Cristo Jesus. Quando penso em termos de "as pessoas precisam de Deus", penso nisso.
Este tipo de expressão não pode ser confundida com manifestação pessoal de ódio a ninguém.
God bless.
Caro Hugo,
A Igreja Presbiteriana do Brasil não tem vínculo algum com a PCUSA, e é uma das igrejas que eu conheço que mais busca se firmar na Palavra de Deus com muito zelo.
Ano passado a Universidade Presbiteriana Mackenzie sofreu um ataque direto das lideranças do movimento gay por se posicionar abertamente contra a PLC122, hoje mesmo o blog "O Tempora! O Mores!" (http://tempora-mores.blogspot.com) publicou um chamado aos seus leitores para enviarem cartas aos Senadores da Comissão de Direitos Humanos contra a aprovação da PLC122.
Espero ter ajudado nas dúvdas.
Cordialmente,
Ronaldo
Norma,
é isso aí mesmo. E, como você bem disse no comentário acima, "em geral, as pessoas simples não concordam com essa safadeza do projeto". Talvez, se não tivéssemos a figura do lobista gay (que parece muito mais interessado nessa causa do que os próprios gays, por motivos altamente suspeitáveis!)... quem sabe se as pessoas não seriam devolvidas ao mínimo de bom senso? Mas infelizmente, do jeito que as estão caminhando, duvido muito que isso aconteça. A tendência deste mundo vil é mesmo apodrecer!
Parabéns pelo post, e um grande abraço.
Não concordo com essa comparação entre a perseguição a cristãos e a gays. São MORTOS 200.000 cristãos por ano no mundo. Ninguém está matando gays, a não ser uns grupelhos de carecas, de vez em quando. E, nos próprios países mulçumanos, a história é bem diferente do que dizem. Existe MUITO homossexualismo por lá. Ocorrem algumas execuções, alegadamente por homossexualismo, mas possivelmente ocultando outros motivos.
Não, Aprendiz. Há muitos países que ainda aplicam pena de morte e levam à prisão os homossexuais. Veja meu post "O Brasil não é o Irã", em que afirmo que os gays do Ocidente deveriam valorizar os países ocidentais cristianizados justamente pela ausência de perseguição ativa e violenta. É uma questão de perspectiva.
Quanto aos números, não sei, mas intuo que o número de cristãos mortos é maior que o número de gays mortos. Só intuo, pois não conheço as estatísticas. Ainda assim, isso não contraria meu ponto.
Norma..parabens pelo texto....extremamente bem escrito e claro...É minha posicao..parabens,,,,
Eduardo
Eduardovaz.blogspot.com
Ainda ao Aprendiz: é no final do texto que meu argumento se completa. Veja que, no fim das contas, declaro que a perseguição aos cristãos no Brasil é bem mais forte que a dos gays, e que mesmo assim não nos passa pela cabeça elaborar um projeto de lei criminalizando a "cristofobia".
Ainda que continue não concordando, não suma não, seus comentários são preciosos. ;-)
Obrigada, Eduardo!
Pessoal,
O Blogger entrou em colapso e os comentários anteriores sumiram. Tentei republicá-los mas o Blogger não os reconhece mais. Que tal postarem de novo?
Obrigada e abraços!
Tinha escrito:
Boa, ótimo texto. Quando "crescer" quero escrever tão bem quanto!
Olá Norma,
A comparação que você fez entre os gays e os cristãos, no aspecto da perseguição, me parece razoável...
Sobre o projeto de lei, andei pesquisando e parece que a relatora dele retirou a proibição de que as igrejas ensinem que o homossexualismo é um pecado (como o é o egoísmo, a inveja, a mentira, o orgulho e outros) e portanto não deve ser praticado. Vi a notícia aqui e achei no site do senado o último relatório da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (veja o finalzinho do texto).
Essa é a parte desse projeto de lei que me incomoda, impedir que se fale contra o homossexualismo. Quanto aos seguintes pontos não vejo problemas transformar em crime discriminar um homessexual:
- no acesso a educação
- no acesso ao mercado de trabalho
- na compra de bens
- na frequência a locais públicos
Quanto a nós cristão, parece que esse projeto visa uma alteração na Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 e essa lei já nos provê proteção (assim como protege pessoas que professam outras crenças). Ou seja, discriminação religiosa, em nosso país é crime há algum tempo.
Isso tudo é referente ao estabelecimento da justiça mas como você bem ressaltou, um cristão ou um não cristão inspirado na atitude de Jesus de Nazaré pode perfeitamente abrir mão completamente da justiça, não retaliar seu agressor e com isso colocar uma "pulga atrás de sua orelha", ou como Paulo escreveu "amontoar brasas sobre sua cabeça".
Um abraço !
Caso alguém se interesse...
Depois de procurar um pouco consegui encontrar:
1. a íntegra do texto aprovado na Câmara dos deputados
2. a íntegra do texto e seus adendos enviados ao Senado
Na minha mini pesquisa descobri algo inusitado (talvez culpa da alienação política em que tenho vivido nos últimos tempos). Aqui no estado de São Paulo, existe uma lei (não consegui abrir o link mas consegui ver o conteúdo pelo cache do Google) parecida com a lei que está sendo debatida no Senado.
Olá Norma !!! Parabéns pelo texto e a comparação entre a perseguição aos gays e cristãos é no mínimo, curiosa.
Se vc me permite gostaria de reforçar o fato de que na academia a perseguição aos cristãos é declarada mesmo. Na academia vc pode ser tudo, menos cristão,em especial, evangélico. Tenho experimentado isto pessoalmente na UFRJ. Recentemente tive que ouvir de um professor que ser crente e ser cientista são coisas incompatíveis. Não se pode ter fé em Deus e fazer boa ciência...enfim é a tal da cristofobia.
Norma
A verdadeira justiça NÃO PRESCINDE da correta escala das coisas. O número de gays mortos, no mundo todo, POR SEREM GAYS, é minúsculo. O caso mais extremo citado é dos países mulçumanos. Pois bem, o número de condenados a morte, por ano, em qualquer país é um dado bem conhecido. A China teve, de longe, maior número de execuções em 2010, 2000 execuções, nenhuma por homossexualismo, mas freqüentemente por disputa política ou perseguição, geralmente disfarçada por outros motivos. O país mulçumano que mais executou em 2010 foi, de longe, o Irã, com 252 execuções, das quais a imensa maioria foi por outros motivos que não homossexualismo. Teria de ser feita uma pesquisa completa para dizer com certeza, mas é improvável que o total de execuções em 2010 por homossexualismo, no mundo inteiro, tenha chegado a 10 casos. Geralmente, países mulçumanos só condenam por homossexualismo quando há abuso de menores ou quando há motivos políticos (pode-se eliminar uma inimigo político, alegando-se que ele é homossexual, seja isso verdade ou não). Mas qualquer suposto crime pode ser usado para eliminar um adversário do governo. Se o governo tem liberdade de inventar motivos (como sempre aconteceu nos países socialistas, muito mais ainda que nos mulçumanos), não importa o motivo, a pessoa sempre será condenada.
De qualquer forma, estamos compararando, de um lado, um número que está na ordem da dezena, com outro (o número de cristãos executados ou assassinados) que está na ordem das centenas de milhares.
Como eu disse a justiça exige a perçepção da ordem de grandeza das coisas.
Quanto à lei anti-homofobia, sou totalmente contrário. Não gosto de leis específicas para grupos, pois esse é o caminho mais curto para a injustiça. As leis que defendem a todos devem ser iguais. Sou só eu que percebo como é importante que as leis sejam menos específicas?
As campanhas contra a pena de morte são uma fraude hipócrita. Esses que fazem campanha, sabem muito bem que o número de cristãos mortos por ano é várias ordens de grandeza maior que o de condenados formalmente à morte. Os cristãos, principalmente dos países pobres, são os judeus desta época, e os políticamente-corretos são os seus nazistas, pois sao estes que jogam areia nos olhos do povo, para que ninguém enxergue o verdadeiro genocídio.
Aprendiz, também tendo a crer que há uma disparidade nos números. Porém, em países como o Irã, a própria população condena à morte algumas pessoas (assim como condena mulheres, convertidos ao cristianismo etc.), e esse número naturalmente não é contabilizado. Jamais saberemos o número correto de gays assassinados por serem gays, mas a fala do presidente do Irã, "não há homossexuais no Irã", é muito reveladora da posição anti-homossexual dos líderes daquele país.
Há algo em meu texto que fez você pensar que sou a favor da lei anti-homofobia? Será que o final do texto não deu a entender a "percepção da grandeza das coisas" de que você fala, pelo menos no país onde podemos conhecer os dados, ou seja, no Brasil?
Acredito que sua leitura deste meu texto não está sendo tão fina. Dê uma olhada nos demais textos que escrevi sobre o tema. Não há contradição alguma entre este e os demais.
Norma,
O texto está simplesmente formidável. Estou no primeiro período do curso de História e o preconceito contra os que partilham da fé cristã é constante. O mais curioso é que aprendemos a respeitar a fé a a cultura de qualquer pessoa, mas isso se limita apenas à teoria.
Estudamos a importância do respeito a opinião alheia, os princípios da alteridade, mas esse estudo nunca vai além dos papéis.
Olá Norma
Cheguei aqui através da indicação do Pr Ciro e estou visivelmente tocada pelo Espírito Santo ao ler seu texto escrito com tanta sabedoria e fidelidade ao Senhor.
Meu coração anda muito triste estes dias por conta de toda esta situação, estou em oração diante do Pai pedindo a ele que nos dê amor para com todos, mas também coragem para não negarmos Seu precioso nome, que Ele nos abençoe.
Estarei seguindo seu blog.
Deus te guarde
Beijos no coração, Aracy
Norma, gostei do texto, com algumas [pequenas] ressalvas, claro, mas sua opinião foi interessante e coloca o debate em outro nível, pcpmente qdo chama os homossexuais moderados a se manifestarem, pois o PL 122 está tornando todos os homossexuais, incluindo os que discordam dele mas não se manifestam, em mini-ditadores.
no mais, estou seguindo teu blog, e gostaria de convidá-la, sem compromisso, a conhcer meu blog Desafiando Limites.
http://wallysou.com
gde abço, apz.
ps. as ponderações do Aprendiz tb são interessantes, apesar de eu não ver em seu texto o viés pró-PL 122.
Estimada Norma compartilhei no facebook a sua materia publicado neste blog e gostaria de acompanhar e segui-la
Nunca li algo tão esclarecedor quanto a uma discussão abrangente, onde a homofobia e o preconceito religioso são criminalizadas numa mesma lei, mas vemos que na prática a cristofobia é socialmente incentivada. As perguntas que não querem calar são:
- Quem são os verdadeiros perseguidos?
- Para quem o Estado fecha os olhos quanto ao preconceito?
- Porque a vontade da maioria não é respeitada pelo Congresso Nacional em questões como a Ficha Limpa e a incostitucional PLC 122/06?
- A quem realmente interessa a PLC 122/06?
Muito obrigada a Lílian, Aracy, Wally e pr. Eliel pelas palavras incentivadoras e carinhosas!
WPorfirio, você chegou aonde eu queria! Apesar da truculência de alguns diante dos homossexuais (e aqui penso no policial que os trata com desprezo, no feirante que zomba deles e de muitas outras situações que enfrentam), é mais que evidente que o clima geral entre a intelligentzia, a "zelite", os formadores de opinião etc. NÃO É a homofobia, e sim a cristofobia, estimulada em todos os meios. E isso acontece em todo o Ocidente.
Sua última pergunta é a que tenho me feito também. O Estado protege a família tradicional porque é a célula da sociedade, geradora e formadora de filhos. Não há sentido em fornecer proteção estatal a uma união estéril, a menos que o mundo ocidental esteja profundamente comprometido com a diminuição da população (e por isso, em paralelo, as campanhas massivas de aborto) e com a polarização da sociedade (nesse caso, os gays seriam usados como desestabilizadores das tradições), no melhor estilo romano "dividir para conquistar". Não sei e muito me espanta que os próprios lobistas gays, confiados nos "bons sentimentos" de seus protetores, não estejam fazendo essa pergunta a si mesmos.
Que abordagem interessante, nunca parei para pensar nisso. Mesmo em nosso país que a liberdade de expressão (religiosa) nos é garantida, mesmo assim somos perseguidos e nem por isso vamos querer uma lei que nos defenda, pois já temos um justo JUIZ.
Que Deus continue te ILUMINANDO.
Edmilson Santos
A Paz Norma.
Parabéns pelo blog, e por sua forma de abordar esse assunto de uma maneira tão simples e direta, com certeza foi direcionada pelo Espírito Santo, falou tudo, e já gostaria de pedir para colocá-lo em meu blog, com os devidos créditos evidente.
Quando esses homens que estão preocupados com as leis em nosso país, entrarem em um site de missões, como: Portas Abertas, JMM, espero que os olhos deles sejam abertos, para verem quem são os verdadeiros perseguidos.
Obrigado pelo lindo texto, valeu muito, que o Senhor continue te usando em favor do Reino.
Deus te abençoe,sempre.
Tânia Regina
"E o mesmo banimento dos cristãos pode ser verificado na quase totalidade dos veículos de produção cultural do país."
Creio que a autora do texto não deva conhecer sobre produção cultural no país, pois eu um artista que participo ativamente, nunca sofri nenhum constrangimento por ser cristão, ate mesmo quando teve em São Pàulo um jantar fechado para o Ministro da Cultura, na epoca
Juca Ferreira, onde eu era convidado de honra pois fiz um mural no local, na oportunidade pude conhecer inumeras pessoas da cena da produção cultural do país e eles em nenhum momento e nem depois fizeram comentários sobre minha fé que alias estava exposta no mural que fiz.
Em outra experiências que tive ate mesmo viajando com artistas de todas as areas eles além de respeitar muito o fato de eu ser cristão perguntavam muito sobre minha fé, e o que eu mais encontrei foram pessoas que eram cristãs mas deixaram.
Ainda sobre arte o que ocorre é que muitas artes feitas no gueto das igrejas é de pessíma qualidade.
Sobre a Agenda Gay, o Lobby é enorme e infelizmente muitos entram na onda pelo modismo e pela vontade de parecer cool, e discordo do Isaias pois nem PT nem PSDB tratam com igualdade é só ver o que passa os professores do Estado que alias é do PSBD há quase 20 anos.
Norma cheguei ao seu conhecimento através de alguém que postou uns dos seus textos no mural de recados do site de minha cidade "Alvorada do Oeste - RO".
Quero dizer-te Norma que os movimentos ditos individualistas são, por exemplo, o hip hop, o contra o preconceito a lésbicas, gays, bissexuais, os contra violência policial, os contra ou a favor do aborto, os a favor da liberação da maconha, os a favor e não a favor das religiões, entre outros. Você pode até dizer que eles são coletivos e que visam ao bem-estar de todos, mas, para pessoas como eu e o pensador Bauman, é aí que mora o problema. Eles visam ao “bem-estar” de cada um. Eles defendem ideologias pessoais, e não políticas. Os manifestantes estão defendendo aquilo que eles acham ser melhor para eles mesmos. Isso é bom. Os cidadãos têm realmente que lutar pelos seus direitos, mas sem esquecer que vivemos no coletivo e que a política deve ser o meio de comunicação entre um e todos os outros. E os cristãos e outras denominações religiosas não estão sendo perseguidos, apenas estão sendo retirados de um lugar que nunca deveriam ter ocupados. O Brasil não é mais um país religioso. É agora um país democrático e livre. E o direito existe por causa do outro e não por causa de mim. Vamos além disso Norma, pois nós somos melhores do que isso. Abraço. Omiglei.blogspot.com
Olá, Omiglei,
Obrigada pela discordância respeitosa.
Pelo que entendi de sua mensagem, você está colocando tudo no mesmo saco. Acredito que não podemos detectar cem por cento a motivação das pessoas por trás das causas. Mas já lhe ocorreu que quem é contra o aborto pode estar simplesmente defendendo a vida do filho dos outros? Que quem é contra a liberação da maconha pode estar defendendo a saúde do cérebro dos outros? Que quem é contra a criminalização da homofobia pode estar preocupado com o alcance do Evangelho entre os homossexuais, e não somente com sua própria liberdade? Quanto a "viver no coletivo", creio ter mostrado (escorada também na opinião de outros juristas, como Ives Gandra) que essa lei não consegue um equilíbrio de forças ideal na sociedade. Agora, tudo isso que você escreveu foi apenas para marginalizar e afastar mais ainda os religiosos do debate público? Estado laico não significa um Estado antirreligioso, mas sim um Estado sem uma religião específica; mas isso não impede que nosso Estado tenha adotado uma verdadeira religião secular que coloca a expressão sexual acima da expressão da fé. E, se você não sabe, foi o cristianismo que trouxe a liberdade individual que você parece valorizar em seu texto. O problema é que as pessoas veem valores como "não matarás", "não roubarás", "não cobiçarás", o amor aos inimigos e o cuidado com os pobres, os órfãos e a viúvas como dados intrínsecos ao ser humano, e não como dados culturais infundidos na cultura pelo cristianismo. E estão se arriscando a ficar sem eles porque pensam que não têm relação alguma com a religiosidade. Por isso estamos voltando à mentalidade das tribos (que é o que você parece condenar: cada grupo defendendo o que é seu) e não faltará muito para que os ideais morais sejam totalmente obliterados da cultura. E isso, graças a pessoas que, como você, acham que a religião cristã pode ser arrancada do mundo ocidental sem maiores consequências. Pense nisso. Abraço.
P.S. Gostei de saber que meu texto chegou tão longe. ;-)
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