14 agosto 2006

Perdi A Cidade Perdida

Fiquei surpresa de achar A Cidade Perdida na programação de cinema de um jornal aberto ao acaso, no começo da semana passada. Surpresa e muito feliz ao constatar a inexistência de (pelo menos) um bloqueio esquerdista. Imaginei que havia exagerado ao escrever um artigo no Mídia sem Máscara reclamando da ausência do filme de Andy Garcia em telas brasileiras. Bom, de qualquer forma, o filme estava presente em apenas uma sala, o que poderia ser um pouco suspeito. Prometi a mim mesma que iria vê-lo duas vezes, uma para curtir, a outra para fazer anotações extras e desenvolver uma resenha, a ser publicada no site do CIEEP.

Falei com alguns amigos, mas ninguém podia ir ao cinema no meio da semana. Algo como um bichinho incomodando, que agora chamo intuição, dizia-me para ir ver o filme o mais rápido possível. Quase fui na quinta-feira, mas estava cansada e o horário era apertado, entre aulas. Corria o risco de chegar atrasada e ficaria nervosa durante o filme. Decidi que iria sem hesitar no sábado, após minha aula matinal. Essa decisão me deixou cheia de expectativas, e não pude evitar o pensamento de que havia anos, talvez, que não me sentia tão radiante com a promessa de um filme.

Sábado, lá fui eu. Havia um shopping perto do cinema, onde almocei e comprei um casaco lindo que estava em promoção. "Pode fazer frio lá dentro, e eu sou muito friorenta", foi a desculpa. Cheguei lá quarenta minutos antes de o filme começar, pensando no café delicioso e na livraria bonitinha que fazem parte da mesma galeria. Qual não foi a minha decepção quando a funcionária, muito solícita, informou que o filme não estava mais em cartaz.

- Mas não é possível. Eu vi no jornal essa semana!
- Pois é, mas ficou só uma semana mesmo.
- Saiu quando?
- Quinta-feira.

Depois de alguns comentários raivosos sobre a esquerda fidelista brasileira, deixei o cinema com lágrimas nos olhos. Se pudesse, escreveria este post com toda a raiva que me consumia então. Mas decidi não estragar meu sábado e guardei para depois. Vi algumas coisas agradáveis na TV a cabo e relaxei. Algo mais brando, porém não menos forte, indignação, substituiu a raiva. Ou senão, os leitores que me imaginam acometida de algo próximo a uma mania conspiratória respondam-me, por favor, POR QUE CARGAS D'ÁGUA UM FILME SOBRE CUBA E FIDEL CASTRO FICOU APENAS UMA SEMANA EM CARTAZ, EM PLENA ÉPOCA DE POSSÍVEL FIM DO REGIME PELA MORTE DO DITADOR. Não, é inadmissível, de qualquer ângulo a partir do qual se olhe. É contraproducente e antimarqueteiro. É loucura. Digam o que disserem, foram os fidelistas midiáticos deste país que impediram o filme de obter a publicidade e o alcance que merecia. E acreditem-me, no Brasil, esses fidelistas são legião. Se eu não fosse cristã, certamente os xingaria aqui. Porém, a cegueira na qual estão mergulhados talvez seja castigo suficiente para seu autoritarismo.

19 comentários:

Anônimo disse...

Norma

Lembro de ter lido no Mídia Sem Máscara, algum tempo atrás.
Segue o endereço:

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4994

Creio que no seu blog você colocou apenas o link para o MSM, não reproduzindo o texto na íntegra.

Um abraço,

Luciana Pereira

Norma disse...

Obrigada, Luciana! Tem razão. Já modifiquei o texto do blog.
Abração!

Luís afonso disse...

Norma,
Pelo menos Rio e SP não podem reclamar de uma coisa: O "Cidade Perdida" passou nestas cidades.
Investiguei as listas de programação em todas as capitais e as duas únicas onde o filme de Andy Garcia foi programado foi exatamente no RJ e SP.
Aqui em Porto Alegre - a capital do Forum Social Mundial, do outro mundo possível - nem cheiro... E o silêncio sepulcral da mídia...
LA

Anônimo disse...

Minha querida Flor, a Cidade perdida ainda está em cartaz no Museu da República, mas só até quinta feira!!!!! É bom correr!!! Beijocas com saudade...


Cinema: Espaço Museu da República
Endereço: Rua do Catete, 153
Zona Sul
Rio de Janeiro, RJ
Telefone: (21) 3826-7984

Filme: A Cidade Perdida
Sala: 1
Horário: 15h / 17h30 / 20h

Edson Camargo disse...

Ah, com o chororô das viúvas da Ação Popular Zuzu Angel sendo explorado ad nauseaum pela mídia esquerdo-Nike, quem vai lembrar do filme do Andy Garcia?

Se 'A cidade perdida' tivesse a esposa de algum lacaio de Lula no papel principal e um script transbordando revisionismo, certamente teria ficaria mais tempo em cartaz, como ficou 'Olga'.

Norma disse...

Queridíssima Raquel, obrigada! Você é uma anjinha!

Verbi Gratia disse...

É, e pelo jeito nós é que estamos a caminho de perder o país.

Aqui em Recife, nem cheiro do "The Lost City", mas "Zuzu Angel" tem espaço garantido e duradouro.

Anônimo disse...

Oi Norma...a situação é tão ridícula que a gente quase não pode acreditar, mas enfim não há muito o que fazer a não ser continuar a protestar e sonhar com um futuro melhor.
Mudei meus planos não volto pro Brasil, porque não acredito mais nele, nunca pensei que diria isso um dia, porém estou dizendo a voce...
Eu vou tentar encontrar o dvd desse filme aqui (assisti o trailler), quem sabe voce ganha de presente, né?
Só não desiste de martelar que precisamos lutar...mesmo que seja de longe, nunca desistir de lutar.

Proclamai isto entre as nações: Preparai a guerra, suscitai os valentes. Cheguem-se todos os homens de guerra, subam eles todos.
Forjai espadas das relhas dos vossos arados, e lanças das vossas podadeiras; diga o fraco: Eu sou forte. (JOEL 3:9 e 10)

Anônimo disse...

Assisti ao filme sexta-feira passada no Gemini, na Avenida Paulista. Passava só no horário das 18h40. Havia ao todo sete pessoas na sala. Uma delas, uma amiga que me acompanhava, era esquerdista --só viu o filme por insistência minha. E, é claro, reclamou a parcialidade do filme, do fato de tratarem Che (ela tem uma bandeira com a cara do Che no quarto) como assassino etc... Saindo de lá fomos pra casa de outra amiga, também esquerdista, que afirmou que Che não era assassino porque as pessoas não são simples, não são uma coisa só --têm lado bom e lado ruim. Sei não... eu nunca matei ninguém, e posso dizer com toda certeza que nunca hei de matar, logo eu não sou assassino. Che era assassino.

Bom, mas o filme me levou a outra questão... Será que não estamos esperando demais pra tomar o avião? E se viermos a precisar de vistos de saída, se tomarem nossos relógios no aeroporto?...

HelioPereiriano disse...

O filme apareceu na programação do Tribuna da Imprensa com os seguintes dizeres:

"Havana, Cuba, anos 50, o dono de um clube é pego em turbulenta transição do opressivo regime de Batista para o governo marxista de Fidel Castro. O regime de Fidel libera o dono do clube, que acaba fugindo para Nova York"

E só. Segundo esta sinopse, Fidel parece uma alma caridosa que ajuda o dono do bar a fugir do "opressivo" Batista (que aliás também era comunista).

Gustavo Nagel disse...

Conseguiu ver ontem?

Abraços.

Anônimo disse...

Hey Norma, assisti ontem o filme, parecia que estava lendo algum artigo do Olavo ou do MSM...outubro esta chegando, será que não vai acontecer um milagre??

HelioPereiriano disse...

Amiga Norma

Como você pode alimentar expectativa de ver o filme se você já escreveu um artigo dizendo que já perdeu ? É incoerente. Como resolver este dilema ?
Não sei.
Enquanto você fica refletindo aí eu vou correndo assistir antes que seja tarde...
...fui !

Conde Loppeux de la Villanueva disse...

Puxa, onde posso encontrar esse filme. . .

HelioPereiriano disse...

A CIDADE PERDIDA (The lost city)
Espaço Museu da República 15h, 17h30, 20h
RJ
Rio de Janeiro
Rua do Catete 153
Tel: 3826-7984.

Anônimo disse...

Hélio, são mesmo interessantes as descrições que fazem dos filmes...

Um que está passando aqui em SP tem a seguinte descrição no cineclick:
"BOLÍVIA: HISTÓRIA DE UMA CRISE
(Our Brand is Crisis, EUA, 2005)

Em todos as partes do mundo, durantes as eleições, os estrategistas "de aluguel" americanos moldam, por baixo do pano, as opiniões dos eleitores e as mensagens de campanha dos candidatos. Trabalham para os candidatos presidênciais de todos os continentes - da Inglaterra à Russia, da Índia à Coréia, de Israel à África do Sul e do México ao Brasil. O documentário acompanha James Carville e uma equipe de consultores políticos norte-americanos por uma viagem pela América do Sul, para auxiliar Gonzalo Sanchez de Lozada (também conhecido como "Goni") a se tornar presidente da Bolívia."

E eu q pensava q quem fazia isso era o Duda Mendonça... E é um tanto difícil acreditar q os ingleses precisem de marketeiros americanos...

Anônimo disse...

pô. vcs cariocas estão reclamando de barriga cheia... aqui, A Cidade Perdida só passa numa sessão. Aí tá passando em três sessões.

http://www.cineclick.com.br/noscinemas/ficha_sala.php?id_sala=225

Norma disse...

Não quero depor contra o Museu da República - gosto muito daquele espaço - , mas realmente o cineminha de lá não é grandes coisas. Quando o filme chega ali, é porque está realmente em fim de carreira.

Fui ver Lost City duas vezes. Na primeira, havia 14 pessoas comigo; na segunda, um pouco menos - e isso porque só eu levei duas. A esquerdalha brasileira realmente merece um parabéns por mais esse ato de cala-te-boca por baixo dos panos. Fidel está morre-não-morre (ó Deus, ouve nossas orações!!!) e eles conseguem que um filme grandioso, uma obra-prima de Andy Garcia (ele já pode morrer feliz), passe totalmente despercebido. É a anti-historicidade total, a ideologia como ódio à verdade. Aguardem. Direi isso tudo na resenha. Uma "palhinha" está no post seguinte, junto com a palhaçada (mais uma) de Frei Betto comparando Fidel a Cristo. Que Deus tenha misericórdia de mais essa loucura.

Norma disse...

Observação: usei no comentário acima um termo bastante pejorativo, "esquerdalha", porque um grupo que controla sutilmente a mídia brasileira - alguém ainda duvida de sua existência? - , formado de políticos, jornalistas, cineastas e artistas de todo tipo, não merece ser chamado simplesmente de "esquerdista". Tenho amigos entre esquerdistas, mas não entre a esquerdalha. Até porque esta é influente e rica demais para o meu pobre bico conservador de classe média sobrevivente. (Graças a Deus, que me poupou de uma convivência claramente destrutiva.)