06 agosto 2006

O Esnobe I

O Esnobe é o lado Mr. Hyde que possuem muitos daqueles que gostam de se dizer "intelectuais". Ou, pelo menos, é uma troça que faço comigo mesma e com meus semelhantes.

Assim, O Esnobe poderá fazer declarações ou pensar frases como essa:

- Não perco meu tempo discutindo com quem não coloca vírgula em vocativo!

Ou secretamente morrer de vergonha porque alguém do meio acadêmico descobriu que ele já viu uma novela da Globo, leu um Paulo Coelho, ouve um rock-pop bobinho...

No fundo, é alguém muito carente, que mesmo sem perceber acaba usando seus conhecimentos para impressionar e cativar. Tem um certo horror da idéia de ter sua imagem arranhada, de ser impopular, mesmo quando está com a razão. Ou, do contrário, pode cultivar um certo gosto em contrariar, chocar, zombar dos outros, tudo para mostrar o quanto não se importa com o que pensam dele (quando, no fundo, importa-se, e muito). É o lado imaturo, oculto, do homem ou da mulher de letras, filosofia, história, cultura. Quanto mais conseguirmos rir dele, mais nos liberaremos de seus transbordamentos indevidos.

Flor de Obsessão também é auto-ajuda! :-)

18 comentários:

Anônimo disse...

você está escrevendo auto-ajuda! credo! hahahahaha

Norma disse...

Hahahahahaha! Pra você ver até que ponto pode chegar alguém sem nada para fazer domingo à noite!!! :-D

Gustavo Nagel disse...

Eu concordo contigo. É o que mais vemos nas academias.

Mas, Norma, sua auto-ajuda faz sentido, pelo menos. :)

Beijão.

Anônimo disse...

Sinceramente eu pensei logo de cara que voce estava fazendo alguma ironia...depois desmaiei mesmo!!!
hehe
Abraco

Norma disse...

Wilson, digamos que é uma ironia de dois gumes... :-D

Abração!

HelioPereiriano disse...

Nossa, eu já estava revendo minha vida para ver se cometi alguma "esnobice" mais aí lembrei que pús Senhor dos Anéis entre meus filmes favoritos e então fiquei aliviado :).

Norma disse...

Mas Helio, Senhor dos Anéis é M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O!!! :-)

HelioPereiriano disse...

É sim, e a música de Howard Shore que aparece no início das trilogias é perfeita !

Guilherme de Carvalho disse...

É muito duro para o intelectual ocultar de si mesmo as suas paranóias. Mas alguns conseguem, que coisa.

Resta-nos admitir que o pecado jaz à porta. Ou melhor, que já entrou. E bater no peito, ao invés de agradecer "porque não sou como este... esnobe!"

Assim sendo, Norma, "peca ousadamente" - assim o ensinou Lutero, e assim eu tenho vivido...

bração,

Gui

Fábio Vanzo disse...

Não se importar com ninguém é o mesmo que se importar com tudo, assim como querer que todos gostem de você ou lhe odeiem dá no mesmo.

Marcelo disse...

Descobri que sou esnobe, às vezes. Principalmente quando converso com minha mulher e meu filho. "O quê? Cônjuge? Esta palavra vem do latim cum + iurgem (jugo). Significa "aquele que leva o jugo com alguém". Foi a última esnobice minha ao meu filho de 12 anos. Custava eu dizer que cônjuge significa esposo, marido e vice-versa para o feminino?

Já fui chamado de MODESSSSTO, por uma mineirinha simpática. Cristo, preciso dar uma chegadinha na Caverna de Adulão para me arrepender um pouco.

Marcelo Hagah
João Pessoa-PB

Marcelo disse...

Perdoe-me. Eu pus um "r" inexistente em "jugem".

É que nós, os esnobes, detestamos ser corrigidos. Por isso nos antecipamos. Nós não erramos, mas nos enganamos.

Marcelo Hagah
João Pessoa-PB

Elisheba disse...

Gostei muito de ver o que escreves!

Beijocas.

Alfredo de Souza disse...

Querida Norma, apesar de fortuito, o texto possui uma densidade salutar. Creio que o maior inimigo enfrentado pelos intelectuais é a soberba (e que guerra!). Tenho sempre dito aos meus próximos que ser intelectual é ser um trabalhador da pesquisa imbuído na sociedade. Ele é tão necessário a esta sociedade quanto um peão de fazenda ou quanto um catador de latas. Que a visão real da nossa depravação permaneça para inibir à sensação de que somos "semi-deuses".

Edson Camargo disse...

Aprenda a tomar vinho branco, a gostar de Einsenstein, a ver as instalaçoes pós-modernas das artes plásticas e se atualize em relação aos novos pressupostos do pensamento contemporâneo. Domine Nietzsche e Chomsky. Depois conversaremos, sua crentinha (que horror! ó!) ultrapassada.

Agora dá licença que tenho que preparar uma palestra sobre os sistemas semi-simbólicos de Hjelmslev e sua relação meta-hidro-carbo-paradoxal com os actantes arqui-semióticos do discurso supra-canabinólico de Bob Marley.

Humpf, gentalha...

Norma disse...

Hehehehe!

Norma disse...

Fiquei surpresa de ver como um post aparentemente casual pôde ter comentários de "feras teológicas" como Guilherme e Alfredo, além das reações amigas e dos toques divertidos de William, Wilson, Hélio, Marcelo, Eliot, Fábio, Nagel, Claire, Visionária. Como tenho tido menos tempo e, portanto, postado menos, os comentários de vocês se tornam ainda mais preciosos. Abração a todos!

Marcelo disse...

Norma,

Como esnobe que sou, gostaria que me incluísse no grupo "feras teológicas" também.

Esnó... digo: Marcelo Hagah
João Pessoa-PB