22 março 2016

"Direita", "esquerda" e o mais importante



Quando Fernando Collor disputava a presidência, em 1989, foi identificado como "direita". Não votei nele na época, porque eu era de esquerda. Nunca gostei dele. Achava um nojo aquela história de "ter aquilo roxo", bordão seu nas campanhas. E agora ele se refugiou na pior esquerda brasileira que existe, junto com outro que sempre foi reconhecido como "direitista", Paulo Maluf. Prova de que ele, assim como Maluf, nunca compartilhou de nenhum valor político sólido.

Eu só digo que sou de "direita" porque sou conservadora, ou seja, repudio a ideia da revolução socialista ou de qualquer ditadura - militar ou do proletariado. Creio nas mudanças vagarosas que aproveitam as lições do passado, sempre a partir da sociedade como um todo, em vez de mudanças bruscas a partir do aparato de poder (Hitler e Chávez) ou a partir de grupos que decidem tomar o poder à força (Castro). Mas dessa "direita” de Collor e Maluf eu nunca fui e nunca serei. Quando pensarem na minha "direita", lembrem Francis Schaeffer - não o Schaeffer cooptado pelos movimentos sociais evangélicos, que lhe imputam um esquerdismo inexistente em suas obras, mas o real, que repudiava a tirania firmemente ancorado na Bíblia.



Uma tradição realmente conservadora no Brasil só surgirá e se fortalecerá com a difusão de um pensamento político com raízes na democracia real (de novo, não a "democracia" da língua de pau, novilíngua ou newspeak), forma de governo restrito que garanta as liberdades individuais e econômicas. Acredito que a Bíblia fornece o principal estofo desse pensamento. Mas nós temos que fazer o nosso trabalho. Deus tem nos ajudado: a hegemonia cultural revolucionária, com seu ódio pela verdade e pelas estruturas, tem sofrido sucessivas derrocadas nos últimos anos. Mas o trabalho vai dobrar, triplicar, quadruplicar, pois está apenas começando. Cristãos historiadores, economistas, filósofos, artistas, professores, pesquisadores e diletantes: reconheçamos com alegria que o momento é bastante propício. A hora é de muita energia e pouca dispersão. Sinto que estamos muito dispersos ainda, presentes demais no Facebook, deixando-nos levar aqui e ali pela ira dos “coxinhas” contra os “petralhas”. Além de comparecer nas ruas e na internet, bradando contra o governo e a corrupção, precisamos comparecer diante de Deus com nosso desejo de um país melhor. Só Dele obteremos a graça e a força que nos faltam para rejeitar definitivamente o discurso dicotomista revolucionário e o mecanismo do bode expiatório, unindo esforços por realizações que realmente farão bem ao Brasil - no curto e no longo prazos.

Precisamos também de uma transformação interior que nos faça nadar contra a corrente de uma cultura que tem odiado a disciplina, a constância, o labor concentrado. Essa tem sido a minha principal luta hoje, com muitas derrotas pontuais. E a sua?

Que Deus nos ajude!

Um comentário:

Unknown disse...

Boa Palavra a sua. Compartilho do seu pensamento. É isso mesmo, o povo brasileiro precisa tomar conhecimento de que não é só tirar alguém do poder, e depois?
Washington