Em um dos grampos registrados pela Polícia Federal, Alberto Carlos Almeida, tentando convencer um Lula reticente a aceitar o ministério da Casa Civil, disse duas coisas que vale a pena analisar:
Primeira, ACA chama Lula de “presidente” (como muitos dos interlocutores nas gravações, incluindo a própria Dilma) e afirma:
“Você e Dilma, um depende do outro.”
Isso reforça o que já ouvimos em outras conversas gravadas: Lula nunca deixou de ser presidente. Ele continuou a ser o principal articulador do poder (a expressão “articulador” também é usada no diálogo).
Segunda, e mais grave:
Trata-se de uma das obsessões desse tipo de esquerda latino-americana que chega ao poder usando o discurso vitimista. A lei é a palmatória do fora-da-lei. A boa notícia é que isso não cola mais para a sociedade como um todo. O Brasil acorda e percebe que ELES são os autoritários, ELES querem desmoralizar a lei para instaurar sua própria lei ao sabor de suas vontades soberanas.
O ímpeto de desmoralizar o judiciário para ganhar poder total - sempre em nome dos oprimidos, claro - é grave, mas não é novo entre os governantes do Brasil. A fala de ACA ecoa o que Fernando Henrique Cardoso declarou em uma entrevista a Cristóvam Buarque para o jornal O Globo, em 07/11/2004 (disponível aqui e mencionada por mim em meu livro A mente de Cristo). Ambos passam um tempinho discorrendo alegremente sobre as virtudes de Gramsci. E então FHC conta que, quando lhe perguntaram o que ele achava mais difícil de “mexer” no Brasil, ele respondeu:
O ímpeto de desmoralizar o judiciário para ganhar poder total - sempre em nome dos oprimidos, claro - é grave, mas não é novo entre os governantes do Brasil. A fala de ACA ecoa o que Fernando Henrique Cardoso declarou em uma entrevista a Cristóvam Buarque para o jornal O Globo, em 07/11/2004 (disponível aqui e mencionada por mim em meu livro A mente de Cristo). Ambos passam um tempinho discorrendo alegremente sobre as virtudes de Gramsci. E então FHC conta que, quando lhe perguntaram o que ele achava mais difícil de “mexer” no Brasil, ele respondeu:
A Justiça. [...] Quer dizer, as classes dirigentes, dominantes, e mais do que as classes, as mentalidades dominantes e as culturas tradicionais, elas estão encasteladas na Justiça. Porque na sociedade de massa a dinâmica maior se dá na relação direta da opinião pública com o presidente que elege. Depois a frustração imediata é com o presidente eleito, que não pode fazer muito porque tem o Congresso. De qualquer maneira, o Congresso tem uma certa abertura pra sociedade, para impressionar. Quando as idéias dominantes perdem na presidência, depois o Congresso avança e elas perdem lá também, então o pessoal mais tradicional vai pra Justiça e segura lá. A Justiça é o bastião maior dos interesses definidos.
Ou seja: se não fosse a Justiça, o presidente eleito poderia mandar e desmandar. E hoje esse presidente poderia ser Dilma. Ou Lula. Imaginem um Brasil sem Moro na situação atual. Como estaríamos? Em uma ditadura petista, evidentemente. Em nome do... “povo”.
A desmoralização do judiciário é o passe-livre para a bandidagem. E isso é comum a todas - arrisco-me a dizer: to-das - as correntes políticas de esquerda no Brasil.
Basta dessa esquerda autoritária!
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