10 maio 2010

A ideologia é má leitora

Uma definição condensada e bastante fiel de ideologia foi dada por Corinne Marion (Quem tem medo de Soljenitsin?, Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1980, p. 66, nota 59) como “um saber absoluto que fornece, em princípio, a chave da história humana e permite conhecer, a cada momento, a atitude justa a seguir”. Trata-se assim de um núcleo de ideias pré-fixadas que engendram em seu detentor uma ilusão de onisciência, certamente não reconhecida, já que inconsciente. Isso se correlaciona com as excelentes explicações fornecidas por Jonas Madureira em seu blog (recomendo vivamente a leitura completa do post) para o termo ideologia, de acordo com Paul Ricoeur e Hannah Arendt:

Segundo Ricoeur, “toda ideologia é simplificadora e esquemática”. (…) nesse caso, Arendt concordaria com Ricoeur, uma vez que, para ambos, o pensamento ideológico tende a arrumar os fatos sob a forma de um processo absolutamente simples e esquemático; processo este que se inicia a partir de uma premissa aceita axiomaticamente e tudo o mais sendo deduzido dela. Outra congruência reside no fato de que ambos os pensadores veem nas ideologias um código interpretativo que incita os seres humanos a tomar a imagem pelo real, o reflexo pelo original. (…) Em suma, para Arendt, todo pensamento ideológico vai contra a realidade na medida em que a lógica de uma ideia tem o mesmo status do real. (…) Uma vez que as ideologias possuem a pretensão de explicação total, ou seja, tudo é explicado a partir de uma ideia, elas inibem automaticamente o pensamento da experiência e da realidade.

Isso significa que a ideologia é uma péssima leitora, na medida em que, ao sobrepor-se à realidade, obstaculiza o conhecimento verdadeiro. Assim, fatos e argumentos são sempre lidos através das espessas lentes dessas ideias primordiais que contaminam todos os dados apresentados ao sujeito leitor. O que chamamos de “língua de pau” no esquerdismo, por exemplo, nada mais é que a apropriação da linguagem pela ideologia, quando as palavras perdem seu significado comum e passam a pertencer exclusivamente a esse núcleo pré-fixado, geralmente oculto na comunicação, impedindo que o esquerdista compreenda seu interlocutor quando este fala do lado de fora do âmbito da ideologia. (Experimente conversar sobre democracia com um admirador de Hugo Chávez. O termo precisará ser redefinido de antemão para que haja alguma esperança de diálogo e, mesmo assim, é pouco provável que ele compreenda você, embora você o compreenda.)

É precisamente isto que ocorreu com Joanildo Burity, autor de artigo de opinião no site da revista Ultimato, ao pronunciar-se contra meu texto Por que não sou de esquerda, publicado na edição passada. Este pequeno post apenas assinala o fato e antecipa a resposta que escreverei nos próximos dias.

15 comentários:

Marcus Ferreira disse...

Irmãos, não se deixem enganar pelo "Socialismo". O Cristianismo não te basta? Não seja um quinta-colunista no seio da igreja cristã, a favor de uma ideologia materialista que combate direta e indiscutívelmente Cristo. Marcus Ferreira

Eduardo Vaz disse...

marcus
adorei seu comentario

nele

Eduardo vaz
eduardovaz.blogspot.com

Hélio Angotti Neto disse...

Joanildo "candidamente" afirma que Marx, Gramsci e outros reconheciam as "raízes" cristãs do socialismo. Mas o que as pessoas omitem é muitas vezes mais esclarecedor do que as pessoas revelam!
O que Joanildo não conta, mas com certeza deve saber, já que é um eminente pesquisador, é que os intelectuais socialistas pregavam que o socialismo somente venceria quando o cristianismo estivesse completamente destruído ou deturpado. Interessante, não?
Joanildo também não falou de outros estudiosos e filósofos que identificaram no socialismo, assim como em algumas heresias do passado cristão, os elementos clássicos do gnosticismo. Norma Braga já deu um puxão de orelha no Voeglein, mas ele fala uma grande verdade quando mostra o aspecto herético e religioso do socialismo e sua incompatibilidade com a vida cristã.
Na simplificação um tanto abobalhada feita por Joanildo, se você não for utópico, provavelmente você não luta por um mundo melhor. Nada mais falso.

"Por não achar que o socialismo é a única forma histórica possível de expressão política dos valores bíblicos e cristãos, respeito a opinião de Norma Braga e defendo seu direito a defendê-la."

Como os próprios intelectuais socialistas dizem, o socialismo visa justamente substituir a moralidade em geral, incluída a cristã, por nenhuma moralidade. A expressão política de um cristianismo socialista é algo feito por inocentes úteis, que estão na maioria das vezes querendo realmente ajudar a fazer o bem, mas são bucha de canhão para quem realmente sabe o que está fazendo.

"Mas insurjo-me contra sua visão desmemoriada e despolitizada da militância cristã, que se dá num mundo de escolhas preto-no-branco, sem história e sem contingência, sem finitude, mas também sem o gosto e o risco da liberdade e da decisão."

Agora veio o desfile de chavões e termos politicamente corretos para agredir a posição alheia. Para Joanildo, se você não reconhece o "valor" do socialismo (muito valoroso em exterminar vidas), você não tem uma visão militante e politizada...
Se alguém realmente for apelar para a memória, para a visão política da história e para a militância cristã, provavelmente acabará concordando com a Norma! Use a memória e observe que todas as grandes obras de caridade no ocidente e até mesmo algumas no oriente, foram motivadas pelo cristianismo antes do socialismo nascer. Isto é uma tradição cristã, não é socialismo (embora o socialismo use tal característica para mascarar sua busca pelo poder). Vá, estude história então! Leia os livros de Marx, Engels e Lênin e veja a ânsia de amor pelo cristianismo que brota daquelas páginas sangrentas.
Visão preto-no-branco tem a militância de Joanildo, que é incapaz de reconhecer visões politizadas válidas e humanistas fora de sua experiência política socialista pseudo-cristã.
Prosseguindo no termo preto-no-branco, é curioso ver que liberdade para Joanildo é admitir o socialismo e calar o bico, reconhecer a pureza de uma militância política socialista que se diz cristã.

Hélio Angotti Neto disse...

Continuando

"Confunde ação eficaz com pregação evangelística. Não é à toa que se autodenomina "missionária de ideias". Bonitas palavras, mas não moverão um milímetro das relações e estruturas que asseguram a desigualdade brutal do Brasil e as poderosas forças que movem o capitalismo contemporâneo em escala global."

Ironia! Que beleza...
Toda ação "social" começa com idéias. Toda a ação socialista começou com idéias e se nutriu intensamente do ódio contra a burguesia e do anseio pela sua destruição violenta (está lá no Manifesto do Partido Comunista para quem quiser ver).
Joanildo sabe, mas parece ter esquecido, de que muito antes do socialismo existir, o cristianismo já mudava a estrutra social de forma inédita e inimaginável. Escravos respeitados por seus senhores como iguais em Cristo, abolição da escravatura no mundo inteiro, terras para uso de pessoas desabrigadas, e muitas outras coisas. A Igreja, em todas as suas faces, sempre fez e sempre fará isso, com ou sem o Socialismo e suas nuances gnosticistas e imanentistas.
Joanildo erra ao julgar que palavras não movem "relações e estruturas". Isso é papo furado. Ações "socialmente" corretas, politicamente corretas, sem o substrato moral sincero do cristianismo (presente até mesmo em ateus e agnósticos de nossa civilização, que cresceram educados num ambiente de moral cristã) não passam de hipocrisia.
E sobre capacidade de mover estruturas, vamos tomar o exemplo legado pelo socialismo, que criou uma toda-poderosa oligarquia (na Rússia e na China, por exemplo, na figura do Partidão), escravizando a grande maioria da população e a oprimindo com um Estado policial. Isso sim é "mover estruturas".
Façam como Joanildo aconselha! Tenham memória política! Estudem! Compreendam! Leiam os dois lados da moeda.

Hélio Angotti Neto disse...

"Respeitáveis figuras da história do cristianismo são parte desta visão: ofereceram o céu, no além-túmulo, como lugar onde os miseráveis da terra poderiam esperar compensação por seu infortúnio. Alguns foram às raias do requinte e trabalharam na defesa de Deus (afinal, que Deus poderia patrocinar tamanho escândalo?) na linha da retribuição: se muitos sofrem é porque merecem – ou são moralmente reprováveis, ou são incapazes, resignados, estúpidos, incrédulos. Teologias da desigualdade natural."

Bem que Joanildo poderia descrever quem eram esses respeitáveis cristãos! Por acaso seriam eles Agostinho? Tomás de Aquino? Calvino? Lutero? Ah! Já sei! Francisco de Assis? Não? Os que são mais compatíveis com sua visão satírica do cristianismo são aqueles famosos amigos de Jó, que acusavam o sofrido servo de Deus por tanto sofrer. Faria bem a leitura do livro de René Girard: A Rota Antiga dos Homens Perversos. Quem sabe assim, ao invés de eleger capitalistas para bodes expiatórios de todos os males do mundo, os socialistas tentem algo diferente e mais construtivo?
Com certeza muitos o fazem, muitos constroem e lutam por melhorias sociais, morais e políticas. Só que fazem uma coisa claramente baseada na moralidade cristã e a chamam por outro nome. São os inocentes úteis que Lênin tanto amava durante sua escalada até o topo, e que depois deram tanto trabalho para eliminar.
Não digo que Joanildo é da elite do Partido, que é um verdadeiro intelectual bolchevique. Espero que não. Mas digo que as pessoas precisam realmente refletir sobre os nomes que estão dando às situações de suas vidas, e saber separar o joio do trigo. Pode ser que Joanildo seja um sincero homem de Deus que realmente ache que o socialismo é a única ou a melhor rota de melhoria "social", mas seria melhor para todos nós se o pesquisador aprofundasse suas análises e não julgasse aqueles que não são socialistas de forma tão generalizada, e não julgasse o cristianismo antes do socialismo de forma tão irracional. Seria como se eu chamasse Joanildo de bolchevique ou maoísta por ele afirmar que existe cristianismo socialista e defendê-lo. Um absurdo.
Outra coisa curiosa são as Teologias que andam inventando por aí. Teologia da Desigualdade (?), Teologia da Libertação (parece que o Joanildo está nesta, se eu fosse generalizar), Teologia da Prosperidade... Nós vamos acabar afundando num mar de teologias! Mas isto é outro assunto...

Hélio Angotti Neto disse...

"desigualdade natural entre os seres humanos é um velho pensamento"
Eu sou igual a Joanildo? Tenho a mesma pele, o mesmo olho e os mesmos dons e vocação?
Desigualdade no sentido de individualidade, geradora de riquezas infinitas como dom da criação de Deus, é um fato, não é uma construção política. Desigualdade como fato, presente na vocação e na realização daquele papel que somente uma determinada pessoa poderá desempenhar perante a criação, e na sua justa premiação, seja no reconmhecimento de seu valor, seja monetariamente, é o que até mesmo na Grécia antiga se chamava de Justiça. "Aquele que não trabalhar, que não coma" é diferente de "trabalhe e fique sem comer".
Agora o que observo muito por aí é uma depreciação da palavra "desigualdade" de forma absoluta e ideológica. E Norma Braga ecoa a revolta contra esse uso "fundamentalista" (como diria Voegelin, de novo rsrsrs) da palavra, ou fanático. É o viés ideológico que recobre o verdadeiro sentido das palavras e cria moldes de pensamento evocados à simples menção de termos como:
conservador, fundamentalista, capitalista, socialista, igualdade, desigualdade, responsabilidade social, etc.
É preciso crescer e entender que a regrinha boba e ingênua que diz que:
Socialismo = Igualdade = Bonzinho = Tolerante = amiguinho da rapaziada = Consciente
Conservador = Intolerante = Malvadão = Capitalista = Reacionário maldito = alienado politicamente
...não passa disso! Uma regra boba evocada por trouxas para enganar outros trouxas. As coisas não são simples como a ideologia faz parecer...

Marcus Ferreira disse...

Eduardo, Norma e outros, não gosto de debates, não mesmo... mas as vezes dá agonia ver cristãos levantando bandeiras de partidos como PT, PCdoB, PCB, PSOL, e socialistas de diversas tendências. Só pode ser carência afetiva, por fazer parte do grupo que aparece na mídia como "defensor de uma causa justa", não dá para compreender como alguém que tenha um mínimo conhecimento da Palavra ou da História possa cometer tal insensatez. Não precisa ser esquerdista, comunista, socialista, maoista, chavista, lulista, para ajudar ao próximo, para lutar por justiça social, reforma agrária, etc. Basta ler a Bíblia que está tudo lá. A grande revolução cristã vem transformando o mundo, desde as relações interpessoais até mesmo o calendário. E agora precisamos conservar estes valores que estão se corrompendo, se invertendo. Tem muita coisa para se fazer e uma causa nobre para se sustentar: Amar a Deus acima de todas as coisas e ao Próximo como a nós mesmos. Não como meio para levar a um governo proletário (na verdade uma ditadura militar, onde todo mundo vira proletário), mas a um aperfeiçoamento da fé, para finalmente nos apresentarmos ao Criador. Mas não vão ser argumentos que vão fazer um "cristão de esquerda" se converter. Argumentos neste sentido são para sustentar o óbvio: O Socialismo é contrário ao Cristianismo. Só a entrega a Jesus pode operar tal conversão. E não depende da Norma ou de quem quer que seja, pois a salvação é pessoal e intransferível. Abraços!

Marcus Ferreira disse...

Agora que eu li o Joanildo Burity, que declara:
"o pouco de decência que se tem podido oferecer àqueles povos, ao longo de acidentadas histórias, teve contribuições nunca ausentes desses cristãos socialistas, comunistas e anarquistas. Sua memória não pode ser desprezada e pisada impunemente, em nome de uma leitura torta da liberdade sem o grito da justiça."
Isso é ridículo Burity! pode até haver um cristão que SE ACHA socialista, comunista ou anarquista. Pode até acreditar que é isto. Mas nunca haverá um socialista cristão, ou um comunista cristão, MUITO menos um anarquista cristão. É risível tal afirmação para um comunista-socialista ou anarquista sincero. Seu argumento está bem escrito mas é um sofismo.
Você mesmo Burity, sabe o que é certo: "Assim, a despeito de todas as distorções, desmandos e erros cometidos em nome do socialismo tanto quanto em nome do cristianismo, muitos permanecem convictos de que a luta contra a desigualdade vai além dos limites das experiências concretas que buscam enfrentá-la. Seu compromisso, sua leitura da realidade e seus valores não os permitem ignorar o desafio moral e político da opressão. Mas entre estes estão os que interpretam tais posições à luz de sua fé cristã. Não é difícil entender."

Pois é!! Um cristão jamais pode deixar de enfrentar as desigualdades. Esta mensagem está intrínseca nos mandamentos que já citei. Não é uma luta socialista a igualdade. É uma luta cristã.
E termina com algo pavoroso:
"(...)milhares de cristãos vão ousando aliar suas esperanças por um mundo mais justo e livre com velhos sonhos de igualdade e emancipação, que sempre escapam às realizações concretas em cada tempo e lugar. Sonhos de socialismo, por que não?"

Burity, que cristão em sã consciência está satisfeito com o sistema capitalista? Você deve estar falando daqueles que vivem a fé nos dias de Domingo. E por acaso o sistema socialista acabou em algum lugar do mundo com a injustiça social? Porque não lutar por um sistema cristão Burity? Não abandone sua Fé irmão, só porque você não vê ela se concretizando por si só! Use sua influência para divulgar o Cristianismo puro militante, e não o Socialismo ou outro sistema de governo ateísta.

Filósofo Calvinista disse...

Olá! Excelente reflexão.
Por duas vezes escrevi sobre Ideologia em meu blog (por isso me interessei quanto vi seu assunto). Quando puder e tiver um tempinho, gostaria de ver seu comentário sobre o que escrevi em "algum lugar do blog" (não lembro exatamente, sugiro que pesquise "ideologia" no blog, caso haja interesse..rs..desculpe por essa trabalheira..rs):

www.filosofiacalvinista.blogspot.com

Solano Portela disse...

Cara Norma;

Não está fácil, mas continue a expor as idéias com clareza e firmeza, com a lucidez fundamentada nos princípios da Palavra, que têm lhe caracterizado.

Chega a ser evoltante como a turma festiva da esquerda evangélica, torce e fragmenta sem o menor pudor princíos e direitos contidos nas Escrituras, como se ali não encontrássemos a fonte da sabedoria e a verdadeira distinção entre o certo e o errado. Por exemplo, na teologia Burityana, as desigualdades sociais são "o resultado de processos históricos concretos" e não do pecado, da exploração do homem pelo homem causado por um coração que precisa de redenção e de retenção.

Já que jogaram o pejo da essência da fé cristã, da lógica, e do bom pensar no lixo, passam a confundir os fatos e distorcer as posições, procurando os adeptos incautos. Assim, os conservadores, ou "de direita" são retratados como defensores da exploração, das desigualdades, da miséria, etc.

Que pobre argumentação...

Um abraço,

Solano

Norma disse...

Helio: perfeito! Sobrou muito pouca coisa para eu dizer, hehehe!

Marcus, a politização da fé é mesmo um negócio terrível. O mais louco é que, quando os conservadores denunciam isso, nós é que somos acusados de ver política na fé, não o esquerdismo... quando no esquerdismo a politização é muito mais profunda e mistificadora. Complicado!

Norma disse...

Solano,

Muito obrigada pelas palavras! Sim, a argumentação é pobre, porque o esquerdismo tem a seu lado o que todas as ideologias têm: a mistificação. Já afirmei aqui no blog que esquerdistas e liberais se coadunam nisso: cegos por ideologia, não interpretam direito nem textos nem a realidade, não ligam para fatos nem provas, mas fazem o que querem com a fé bíblica. E, ao utilizarem-se desse recurso, confortavelmente assentados em cadeiras da razão acadêmica, ganham aplausos de seus pares, mas para o restante passam atestado de maus leitores e maus pensadores.

Abração!

DG Jem disse...

O helio faz alusão à verificação histórica afim de constatar o mal causado por movimentos socialistas, comunistas e anarquistas na história da humanidade.
Mas creio (talvez ingenuamente) que essa é uma "das" agumentações contra a conciliação cristã com o movimento de esquerda. Antes dos fatos históricos, faço menção à fundamentação do sistema filosófico a que tais concepções estão embasadas.
Como cristão, e ainda, como estudante de um curso que trata de construir modelos teóricos seja nas vertentes construtivista ou fenomenológica, não posso admitir esse despontar materialista que considera um modelo teórico em similitude com a realidade aparente das coisas.
O Hélio abordou bem a reforma moral que o socialismo propoe, e o cristianismo estaria incluso nessa reforma. Isso nos faz perceber que a hormonia entre a cosmovisão cristã e o "fundamento" esquerdista é incompatível, superficialmente falando, por duas razões:

1 - A questão epistemológica no que concerne ao problema da visão materialista da natureza. Onde, inevitavelmente é associada a concepção epicurista da realidade, ou seja, naquele velho modelo pré sócrático de aconselhamento do tudo pode, tudo é possível, aproveite e goze da vida pois voltarás às particulas indivisíveis no mudno mórbido do não-ser no vácuo absoluto.
No fim, é uma "burrice" acreditar que meu modelo teórico cercado de postulados preconceituosos fornecerá uma descrição da realidade.

2 - A consideração materialista, além do problema epistemológico na ciência natural, recai sobre a moralidade. E o Solano foi feliz em suas palavras quando acusa o culpado como sendo nós mesmos em nossa realidade falida, em que outros jogam a culpa da mazela social na ideologia em seus erros e acertos históricos.

Já tentei verificar com mais cuidado os paradigmas socialistas, mas ainda não encontrei nenhuma razão pra, se não levantar a bandeira, considerá-lo uma posição compatível com o cristianismo genuíno.
Fiquei boquiaberto lendo a crítica de um sujeito chamado Eliel Vieira ao texto "por que não sou de esquerda". Me deixou preocupado (com ele também) quanto a nação neo-cristã que está sendo formada, onde querer conciliar a cosmovisão cristã com vertentes ideológicas nefastas pode ser comparada, em estrago, a cristão defensores dos físicos new agers gestados na parafernália oriental quantizada de Frirjof Capra e Amit G..
Parece que nosso liberalismo dosado por Deus, na sensatez de aceitar tanto a construção teórica para um dado evento como a atuação de Deus no milagre, ou o liberalismo que somos acusados de não possuírmos por não termos "supostamente" permissão pra acreditar no que quisermos, enfim... Esse que, segundo Chesterton, temos de sobra, se tornou insuficiente nessa pós-modernidade relativística que não se contentou em relativar um evento natural, mas também abocanhou a moral e os bons costumes. E ainda queremos relativar ainda mais fazendo essa permuta com a esquerda fundamentalmente materlista.
Parece que essa faceta (materialismo) foi esquecida ou é simplesmente ignorada em prol de outros interesses ocultos.

Marcus Ferreira disse...

DG "a conciliação cristã com o movimento de esquerda." é possível na cabeça de alguns inocentes úteis, já que aprendemos a amar ao próximo, a perdoar, a aceitar, a nos livrarmos de preconceitos, a conciliar mesmo. Aprendemos a construir um mundo melhor, mais justo, mais digno para todos. Mas o que as pessoas tem que entender é que a conciliação socialista com o cristianismo é impossível. O extermínio de cristãos desde 1917 e todas as críticas e perseguições à religião como um todo por parte dos socialistas são a prova mais clara disto.
Ou seja, achar que o socialismo é uma causa justa, pode ser a primeira vista até possível. Mas para o marxismo os fins justificam os meios. E o que os vermelhos e rosas(*) fazem em prol de seus ideais (que nunca e em nenhum lugar demonstraram realmente querer) demonstra que o socialismo nada mais é do que uma forma de pensar opositora ao capitalismo, simplemente para a troca de poder (veja o Lula paz e amor). E - como provado historicamente - após os socialistas chegarem ao poder, nada muda. A exploração, a desigualdade, a miséria continua, e até mais agravada (veja a Rússia e a China). O que muda é a liberdade religiosa, e a inversão de valores, ou seja, o cristianismo sofre sanções para ser vivido.
A batalha é espiritual, mas é política também. Se a religião é o ópio do povo, segundo a mentalidade marxista, ela teve duas funções nas sociedades socialistas: foi mantida a fim de demonstrar a benevolência dos ditadores, e foi o "inimigo interno", a ser perseguido e massacrado quando fosse conveniente.
Todo aquele que se diz cristão, e defende idéias marxistas deve compreender que os cristãos não precisam de outro livro se não a Bíblia para ter como guia sócio-político. O Capital ou o Manifesto, estes atendem a outro objetivo, não planejam divulgar o evangelho, que é nossa prioridade, seja pelas palavras e seja principalmente pelo exemplo de vida.

(*) sobre a moral socialista, a leitura do general Ferdinando de Carvalho é essencial: As 7 matizes do Rosa e as 7 matizes do Vermelho da BIBLIEX.

Renato disse...

Por falar em Hannah Arendt, gostaria que você mostrasse o livro dessa autora que mostrou com provas concretas a liga~çao dso judeus sionistas da Palestina com os nazistas (Eichman em Jerusalem)!

Para sabr mais:

http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=historia&artigo=20041008190843&lang=bra
______________________________________________________________________


http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=historia&artigo=20040327104409&lang=bra

______________________________________________________________________

http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=historia&artigo=19991218001716&lang=bra

______________________________________________________________________

http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=historia&artigo=20060424085839&lang=bra