24 fevereiro 2008

Virilidade

The good, the bad and the ugly, Ennio Morricone

Sinto falta da virilidade. (Não minha, lógico. Nos outros – nos homens.) Sinto que a força masculina é a grande qualidade recalcada de nossos tempos. Mirados pelo dedo dos descendentes ideológicos de Marx, os homens estão fugindo como loucos da pecha de opressores. “A culpa é do macho heterossexual”, bradam os totalitaristas encampadores do pensamento na mídia e nas universidades. Como resultado, os homens estão se tornando... menos homens, mais meninos. E sensibilidade sem maturidade é alijamento emocional: algo que, no relacionamento, obriga a mulher a ser mãe acima de qualquer atributo.

Sim: as mulheres têm sido chamadas, na modernidade, a ser fortes, enquanto os homens, sufocados de culpa, precisam se enfraquecer. O resultado é isso que vemos por aí. Que as leitoras do blog sejam sinceras consigo mesmas: Tiveram quantos namorados realmente adultos, decididos e seguros de si? Quantas foram as vezes em que foram mais mães que namoradas?

Outro dia, assistindo à tv daquela forma totalmente descompromissada – mudando de canal o tempo todo – , eu ri de mim mesma ao perceber que havia parado por alguns minutos em uma mesa-redonda futebolística. Não gosto nem de jogos de futebol, quanto menos de discussões sobre jogos de futebol. Mas me chamou a atenção que talvez um dos únicos sinais de virilidade assim tão flagrantemente exercidos, sem peso nem medo, esteja nos esportes. De assustar, essa conclusão.

Cristãos do sexo masculino, não me decepcionem. Sejam machos, para compensar essa excessiva fragilidade em que os homens modernos têm se refugiado. Jesus chorou, sim, mas era forte e viril quando precisava ser. Peçam a Deus esse equilíbrio.

Quanto a mim, não me isento da responsabilidade quanto a minha própria identidade sexual. Tenho orado a Deus para que não me deixe reproduzir a ânsia por reconhecimento masculino acima da valorização de meus atributos femininos. Tenho orado por plenitude de consciência sobre minha presença no mundo como mulher. Creio que Deus deseja essa consciência para os seus. Se não fosse assim, a diferença entre os sexos estaria tão esmaecida na Bíblia como se encontra em nossos dias. Se não está, é porque há algo nessa diferença que ultrapassa a simples idéia de função social. Para descobrir o que é isso exatamente, precisamos desejar ser homens e mulheres plenos em Deus. Essa reflexão não tem fim, e deve continuar pelos próximos posts.

P.S.1 Não deixe de ler um texto ótimo e sem papas na língua sobre o assunto, traduzido por Julio Severo.

P.S.2 Reativei os comentários para dar voz aos homens sufocados pela modernidade. :-)

37 comentários:

Rev. Ageu Magalhães disse...

Prezada Norma,

Fui até o blog do Julio Severo e concordo plenamente com vocês. Na minha visão, a culpa de termos muito mais mulheres em nossas igrejas do que homens é da feminilização e do emocionalismo da adoração contemporânea. Atingindo muito mais a emoção do que a razão, os cânticos atuais são bem próprios para atingir as mulheres, mas deixam uma lacuna grande na carência racional que o homem tem. Observe letras como "me derramar, dizer que te amo", "tu és formoso", "sentar no seu colo", etc... Letras românticas para expressar adoração a Cristo, que não é namorado, mas Senhor. Esta moda romântica já foi denunciada no livro de Michael Horton "A Face de Deus", mas a Igreja Evangélica atual não aceita críticas. Some-se a isso o fato de termos muito mais professoras de Escola Dominical, que professores. Muitas vezes a fonte de ensino bíblico de um garoto, em casa, é uma mulher, a mãe, e, ao chegar na igreja, também serão mulheres que o ensinarão na Escola Dominical. Conclusão: Igreja é coisa de mulher. Precisamos rever isso, a começar do resgate de uma adoração mais racional que emocional e do comprometimento de homens que ensinem crianças e adolescentes, para que os pequeninos tenham referenciais masculinos de fé. Grande abraço Norma! Ageu. Ps. No Seminário JMC estamos tentando formar Homens!

Anônimo disse...

Mas isso vem desde a escola. Aprendemos a desprezar os guerreiros, a depreciar as lutas de séculos, a aderir a um pacifismo-pombinha branca quase nauseante. E você já viu o que fazem hoje com a coragem? É a virtude mais masculina, a mais ativa e atuante. Dissolvida em "tolerâncias", em "outros lados", em pressões grupais e em generosidades estatais destinadas a cuidar do cidadão, já não se ouve falar dela.

E não posso deixar de observar uma coisa. Aliada a essa campanha pela fragilidade, está a glorificação midiática do modo de vida homossexual, incluindo aí todos os faniquitos e chiliques estridentes. Haja paciência!

Anderson Gonzaga disse...

Norma,

Creio que uma palavra-chave seria conformar.
Quando a bíblia diz: "...mas não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação das vossas mentes..." Deus não estava brincando!

O mundo quer nos colocar, homens e mulheres, numa camisa-de-força. Essas são instadas a ocupar os espaços daqueles para mostrar que são relevantes, enquanto que aqueles fraquejam em sua missão de cabeça da família e líderes espirituais, cedendo ao engano.

Obviamente entendo que a responsabilidade está sobre os ombros dos homens.
Hoje o sujeito não pensa duas vezes antes de correr atrás do primeiro rabo-de-saia e abandona mulher e filhos com a mesma facilidade que diz: Bom dia!
Isso gera rancores em gerações inteiras, que têm uma visão(com razão) distorcida da figura masculina na sociedade.

Como você disse, essa reflexão realmente não tem fim e pode remontar ao pecado original.....

Abraços

Mauro Meister disse...

Prezada Norma,

Muito obrigado pelo post... a feminilização encontra-se por todos os lados. Hoje começa a tornar-se difícil encontrar até gravata masculina. Creio isto está realacionado a fatores que lemos no seu texto, nos comentários acima e na 'culpa' do próprio machismo. Além da cultura ter colocado na cabeça que da maioria que igreja é lugar para mulheres e crianças, por questões de mercado e finanças, os sistemas de educação passaram a ser área de domínio feminino. Sem em nada denegrir as nossas bravas educadoras, falta equilibrio no processo...

abs
Mauro

Cristiano Silva disse...

Sobre a feminilização da adoração eu concordo, vejo isso acontecendo mesmo. Em relação à música, é por isso que gosto mais de hinos do que cânticos de louvor que cantam atualmente. Hinos como "Castelo Forte" me fazem louvar e adorar; alguns dos cânticos de hoje canto apenas, infelizmente, para acompanhar.

Aproveitando, alguém poderia me explicar o quê raios significa alguém "se derramando"? Seria alguém caindo? Ou chorando??

Sobre o ensino da Igreja, acho que aí depende do lugar mesmo. Minha mãe dava aulas, mas na IPB que freqüentávamos no interior era uma exceção. Aqui em SP também, a maioria é homens, a não ser a classe infantil.

Abraços.

Unknown disse...

Norma,

Acredito que o seu desabafo foi um passo imenso. Mas estaria você disposta a dar um passo ainda maior?

Para resgatar a virilidade dos homens, penso que os reformados brasileiros deveriam traduzir artigos que defendem teologicamente o posse de armas; a pena de morte; e o papel masculino de Provedor do lar.

Eu não me lembro de, no meu blog, ter postado um artigo desta natureza. Mas penso que este é o caminho - e também clamar aos quatro cantos da terra para que sejam abolidos os hinos do tipo "enamorados" dos louvores gospel. Até porque tratar Deus como um namorado é blasfêmia.

Um abraço e felicidades!

Anônimo disse...

Norma, vc tem toda a razão. Post perfeito!

O excesso de seres pós-modernóides de sexualidade neutra andando por aí me deixa preocupado.

Sim! tem que ser homem, muito homem, para amar uma mulher de verdade e colocá-la num lugar privilegiado, onde a luz da sua beleza pode ser vista. É preciso ser muito homem para ser sensível(no sentido sagrado do termo) e "enamorado".

Machismo é ruim, é relação baseada em exercício de poder, é violência. Machista não é homem, é covarde. Masculinidade, do jeito que Deus fez, é Graça, poesia e amor pela Obra-prima da Criação, ou seja, pela mulher.

abraços!!

JP disse...

Olá Norma

Não vou ser politicamente correto ein...srsrsrsrs
Mas eu acho que o homem não perdeu tanto assim sua condição de "macho"...
Lógico...com esse negócio de "metro-sexual" a coisa tem descambado muito, reforçado pelo movimento homoxessual.

Acredito que o grande problema é que as mulheres, em geral, estão exigindo demais dos homens.
E em alguns casos acho essa exigencia é válida. O que é ser macho?.....ser grosso....ser estupido...ter várias amantes...não pedir a opinião feminina, dar umas boas porradas? Isso esta cheio no Brasil....


Mas ao mesmo tempo a mulher exige do homem atenção, compreensão, um bom ouvido, fazer com que a mulher se sinta amada, será que isso é feminilização? Será que pregar isso na igreja é feminilização.

Com certeza um homem "macho" vai se sentir inseguro quando não puder fazer de sua parceira uma mulher que ele a ame de verdade!!

Vamos a questão de insegurança....muitos homens são inseguros..de fato..e isso em larga medida vai estar relacionado a opressão materna e ao próprio temperamento.
Mas como um homem se sente seguro desempregado, sem muita renda pra casar, tendo que tomar decisões em um mundo cheio de complexidade e incertezas.
E outra, a mulher exige, mas quer manter a posição de boa dona de casa: ué vc não vai me dar um padrão de vida que todo o sogro e sogra queria de um genro.
Ou depois rompe com o cara alegando que não tem futuro. Já ouvi essa história!!!!

Outra questão é que a mulher é mais emotiva...então acha que tomar decisões ou bancar a mamãe é muito fácil!!!!
Agora vai tomar decisões do ponto de vista racional....decisões que norteiam o rumo de uma familia e filhos.

Então os namoradinhos que muitas vezes são taxados de garotos inseguros....no fundo podem estar tomando decisões que vão direcionar o rumo da vida do casal. E isso esta repleto de variáveis..

Ou então o caso mais comum: fulano da igreja tal saiu comigo, mas ele não tomou nenhuma atitude, muito inseguro.....
Ai aparece o irmão da igreja da outra esquina cheio de si, seguro como um galo.
O cara macho, toma decisões rápidas, um amante medieval...
Mas depois a menininha toma um pé no traseiro, não entende. Nossa ele era tão macho, porque fez isso?

A questão de ser macho, não esta relacionado a ser seguro de si em todos os momentos, o homem adulto, ser o homem da decisão, o homem seguro de si, um herói másculo grego da mitologia....
Isso também é enfraquecer o homem!!!! Pois no fundo pode refletir um estado psicológico de necessidade paterna.

Esse homem nunca existiu!!
Ou Isaias, Jonas, José, Adão, Moisés, Davi não eram machos!!!
Pedro então....coitado....negou a Jesus tres vezes, o mais macho da turma virou um pobre menino inseguro.

O que é ser macho então.....

Abraços
JP

Cleoci Pinheiro disse...

Norma tava lendo o blog do pavarine e tinha um post falando sobre vc nesse link le lá: http://pavablog.blogspot.com/2008/02/veloz-e-furiosa.html

Norma disse...

Cleoci, eu confesso que não tenho a mínima idéia do que o tal do Fábio está dizendo. E mais: não tenho a mínima vontade de saber, hehehe. De todo modo, obrigada por me avisar. O tal do Pavarini está me provocando há tempos, não sei por que, mas entendo que, se não for para trocar coisas positivas ou discutir com sinceridade, o silêncio é a melhor resposta.

Por isso não é bom publicar tudo o que me mandam via blog, mesmo que chegue com "cara" de simpatia: depois, as palavras que utilizamos no momento para responder, de modo espontâneo e sem pensar muito, são torcidas e usadas contra a gente. É de fato o que aconteceu. Parece que há quem só me provoque para obter um textinho em resposta, ainda que mínimo, para depois sair contando por aí que eu disse isso e aquilo. Coisa finíssima e de pessoas muito ocupadas com assuntos importantes, como você pode ver. Até hoje estão reclamando do que escrevi contra as idéias do Gondim, hehehehe! Isso já deve ter uns dois anos!

A propósito, sim, masturbação é pecado, mas eu só entendi isso depois de algum tempo de crente, anos, na verdade.

Abraços!

Norma disse...

Pessoal, adorei todos os comentários. Obrigada!

JP, na verdade, acredito que a mulher é que tem sido arquicobrada nos dias de hoje: tem de ser mãe, esposa, do-lar e ainda excelente profissional! É muito para um criatura!

Mauro, morri de rir com a história das gravatas! :-)

Abraços a todos!

André Freitas disse...

Só uma dúvida: tive um comentário censurado (sufocado pela modernidade), escrevi algo que não devia e não agradou ou só podem comentar amigos conhecidos?

Um abraço.

Daniel Moreira disse...

Uau!! Belo Texto. Com todo respeito - Sou teu fã!

Norma disse...

André, não recebi. Mande de novo.

Obrigada, Daniel! ;-)

Joel disse...

Norma,
Oportuno o texto. Precisamos muito aprender a exercer o amor, a compaixão, a sensibilidade, sem esquecer a justiça, a integridade, a virilidade.
Abraço.

Juci disse...

Ol� Norma,
Vim te visitar atraves da recomendacao de uma amiga minha quando est�vamos conversando sobre blog, vida pessoal e cristianismo.
Gostei do seu blog.
Um abraco,
Juci

cristao/DF disse...

norma vc comentou que não sabe porque o tal do pavarini pega no seu pé, não quero lógico adentrar a seara que talvez não me pertença, mas fiquei intrigado com isto, pois frequento os dois blogs há algum tempo, e acho que é nitido a diferença de visão sobre cristo e de vida cristã entre vcs ! Esse post seu sobre virilidade ,acredito, deve pega-lo em cheio, pois o vejo como a personificação de tudo que foi dito no seu post, ( a grande força masculina recalcada), não dá pra haver concordãncia realmente, e cá pra nós,entre o ultra modernista, esquerdista,pó-modernista- liberacionalista ou coisa que o valha ( cultura enraizada no homem metrossexual de hoje), fiquemos CONSERVADOS no amor de cristo, que é o mesmo de outrora, ou também terá se modernizado????. Em tempo, nota 10 a sua bandeira sobre a volta do homem a sua posição natural(biblica/divina).

abraços

Norma disse...

Obrigada pelo comentário, Cristão. Não sei se o post sobre Virilidade tem a ver com o Pavarini (seja positiva, seja negativamente), mas com certeza eu e ele advogamos posições bastante opostas. A diferença é que, ao contrário dele, jamais publico insinuações pessoais sobre as pessoas com as quais divirjo - publico, sim, apreciações teológicas, como fiz com Gondim, algo que acho extremamente necessário, ainda mais considerando-se o alcance do autor.

Mas, em geral, como bons brasileiros, os blogueiros que tomam "bronca" de mim costumam confundir as coisas: a esfera pública e a privada (trocadilho involuntário aqui, hahaha!). É pena, pois até hoje procuro um adversário (de IDÉIAS) consistente, mas sem sucesso.

Abraços!

Unknown disse...

Norma, tenho um ótimo texto de um advogado conservador que está precisando de divulgação.

Se quiser publicar ficaremos gratos, e desde já agradeço pelo espaço.

Graça e Paz!

- http://www.scribd.com/doc/2197460/Direito-De-Nascer

Conde Vlad Drakuléa disse...

Faz parte da 'estratégia gramsciana' derrubar valores éticos e morais da 'burguesia' como coragem, nacionalismo, patriotismo e outros... Quanto mais fraca a sociedade, mais fácil a assimilação nazi-comunista-socialista... E eles estão aí com tudo, em todos os partidos de 'sinistra' e 'extrema-sinistra'... Não há mais heróis, nem espaço para eles nos dias 'gramscianos' atuais, se o Super-Homem fosse real, certamente ele seria tachado como terrorista, e se ele tentasse neutralizar os terroristas das Farcs por exemplo, então... Seria culpado de 'invadir um estado soberano' qualquer... Tudo invertido, tudo ao contrário... Apenas os 'heróis da Revolução', como os psicóticos Ches da vida é que merecem serem chamados de heróis...O Chico tem aquela música 'Acorda Amor', na qual tem aquele refrão "chama o ladrão", eu já mudaria o refrão para 'Chama os aliens' porque no atual estado de coisas, só uma 'Federação Unida de Planetas' para dar um jeito na Terra e nos ajudar... Um abraço e 'Viva Muito e Prospere'...

André Rocha disse...

Não entendi! O Marx contribuiu para deixar os homens efemidados?! Como?!
Abs!

KILMER disse...

Irmã Norma,

A feminilização da igreja, bem como a masculinização das mulheres que se destacam em postos até bem pouco ocupados exclusivamente pelos irmãos machos, é preocupante, principalmente para os que têm ao menos um verniz calvinista. Quem imaginava que Nancy Pearcey pudesse ser apontada por muitos como a sucessora de Francis Schaeffer ou que a Norma Braga fosse cortejada pelas boas reflexões que brindam esse blog?
Contudo os autênticos calvinistas não precisam se entregar a inquietação, pois tudo, exaustivamente tudo, o que acontece está previsto nos eternos decretos de Deus, inclusive a feminilização do mundo e a consequênte masculinização da mulher. O Soberano ja sabia de tudo.
Um abraço

Norma disse...

Eita!: Seu comentário dá uma tese. Prometo que depois volto e explico.

Kilmer: Uma risada gostosa para a sua ironia! Muito boa! Parabéns! :-D Isso mostra que você está confundindo minhas teses com machismo. Certo. Como prometi acima para o irmão Eita, eu volto para explicar direitinho.

Abraços!

André Rocha disse...

Aguardo ansiosamente sua explicação irmãzinha! (porque, sinceramente, é fácil "confundir" esse texto com machismo...).
Abraço!

Ana Paula Gurgel disse...

OI Norminha, como vai?

Vez em quando passo aqui para dar uma olhadinha...gosto do que escreve!!

Sobre viririlidade concordo que a igreja tem sentido falta, preocupo-me apenas com o risco do mal entendimento de virilidade com machismo, afinal ainda caminhamos no quesito respeito as mulheres. Acredito que cada gênero tem seu papel e o compartilhar das tarefas e talentos diários de cada um nos amadurece e enriquece com sabedoria. Quando negligenciamos este companheirismo e cumplicidade dos gêneros, sofremos!!

Aproveito para pedir a você se tem algo sobre aborto, tendo, pode enviar para mim por favor?

Brigadinha!

Beijos e saudades

Ana Paula

Paulo Pires disse...

Já pensei em escrever diversas vezes aqui, mas não consegui ordenar as muitas idéias difusas de forma a agradar sequer a mim mesmo, muito menos para as apresentar aqui.

Entretanto, em alguns dos comentários já postados, algumas coisas me incomodam. Uma é confusão de machismo com o que a Norma chamou de "virilidade", e que me parece significar simplesmente a atitude de homens que não fogem às responsabilidades às quais foram chamados pelo próprio Deus. Tal incapacidade de separar uma coisa da outra, que é a forma como o mundo afastado de Cristo aborda a questão, mostra o quanto no nosso pensamento está alinhado com os parâmetros errados.

Outra coisa que me incomoda é algo de natureza semelhante. Eu confesso que sinto grande desconforto quando leio ou ouço falar sobre o assunto em termos de "gênero". Não consigo entender gênero de outra forma que não uma categoria estritamente gramatical, que a própria Gramática define não estar associada de qualquer aspecto biológico. O uso de tal linguajar só faz algum sentido no meio do movimento homossexual, que também procura desvincular seu comportamento sexual aberrantes das caracterśticas biológicas que deveriam reger uma sexualidae sadia (e, para nós que temos fé, são determinadas, em última instância, pelo próprio Deus, que assim criou todos os seres).

Quando a nossa linguagem passa a ser a linguagem pervertida do inimigo, é sinal de que nossos problemas estã bem mais sérios do que conseguimos enxergar.

Um abraço.
Paulo Alexandre

Paulo Pires disse...

Ai! Quantos erros de concordância e digitação que me passaram despercebidos! :-\

Um abraço.
Paulo Alexandre

Norma disse...

Obrigada, Paulo! No fim das contas, fiquei cansada só de pensar em explicar que não se trata de machismo. Acho que não devemos ser muito condescendentes com o leitor, mas puxá-lo para reflexões mais complexas e menos óbvias. Os autores que mais amo jamais são condescendentes, obrigando-nos a pensar e a escapar do triste lugar-comum moderno, sobretudo de suas acusações fáceis e palavras-de-ordem, das quais, você apontou bem, uma das mais utilizadas é a noção de gênero - que serve justamente para apagar a diferença entre os sexos.

Grande abraço!

Norma disse...

Ah, e não se preocupe com os erros: são poucos e pouco importantes diante do que foi dito. ;-)

Norma disse...

A quem gostou da música: Ennio Morricone está no Brasil! Oportunidade única de ver ao vivo um dos maiores compositores de música incidental vivos.

Aprendiz disse...

Norma

A verdadeira questão é a infantilização dos homens. Perceba bem, se colocarmos a questão como "alguém precisa fazer algo para parar com a feminilização das igrejas", os homens ficam passivos nessa história. Mas os homens aceitam essa situação por serem infantis. Veja o "dualismo" vendido pela industria cultural: De um lado o "macho" bronco, que só faz serviços pesados. Do outro, o sujeito "sensivel", "super-politicamente-correto", que vai atrás da última moda do "pensamento de vanguarda".
Seguindo qualquer dos dois caminhos, o sujeito será uma eterna criança. Não é nem concebível, para o garoto moderno, um guerreiro que escreve poesías, lê aristóteles e discute teologia e filosofia.

A saída que vejo, passa pelos homens. ELES devem enxergar que pensar é ser macho, que buscar a Deus é ser macho, que instruir-se é ser macho. Que criar seus filhos e manter sua família é um ato de coragem.

Mas são os homens que devem entender isso. E o único caminho que vejo é tirar os meninos e meninas desse atual sistema educacional concebido no inferno. É uma violência contra as crianças manda-las para esse tipo de escola que temos.

Eu sou a favor da educação em casa, ou em associações de pais. Nossa escola está falida.

PS: Estou muito feliz por você ter reaberto os comentários.

Renato

Antonio disse...

Não concordo não, Ghandi libertou a India do poder masculino e viril britânico, utilizando seu poder feminino dentro de sua masculinidade, base da doutrina da não violência, provando que virilidade tola não tem valor. Associar diretamente um homem sem maturidade com um homem sem virilidade é pura simplificação e sofisma ...

Luís afonso disse...

Norma:
Há tempos que não nos falamos.
Mas este assunto da decadência da masculinidade também é o inverso da pseudo-alvorada da feminilidade.
Mulheres forçadas pelo meio social ou pela necessidade de "tomar as rédeas" são o retrato inverso do que acontece aos homens.
Elas também acabam sentido-se deslocadas. Não conseguem ser elas mesmas.
E os homens, com tanto cuidado em não serem "dominadores", amedrontam-se e passam a gravitar em torno da mulher e suas vontades..
Aqui em Portugal, parece que todas as mulheres são feministas. Mesmo as mais velhas. O típico português é um ser que simplesmente "concorda" com tudo o que suas mulheres decidem.
Mas a aparência de "segurança" não é o que está em falta. O que está em falta é a firmeza. E firmeza pode ser demonstrada mesmo com gentilezas.
Acabo por descobrir que sou um "dominador", mas de um outro tipo- aquele tipo que não desiste nunca..

Abs,

LA

Unknown disse...

oi norma! nós temos que deixar que a feminilização tome conta do mundo. é o efeito da grande onda que vai passando pelos seculos. pra que serve a masculinização nessa sociedade ? pra virar um clube de luta? prefiro a flor, o jardim, a doce voz , coisas que não ouvimos mais dos seres humanos. todos na frenetica evolução das maquinas de digitar falsas emoções..

David P. de Cerqueira disse...

Hahaha... Lendo o seu post norma e os comentários aqui feitos, não pôde deixar de passar na minha cabeça um vislumbre a respeito de mim mesmo como um "guerreiro que escreve poesias" - uma figura talvez contraditória em tempos atuais.

"(...)E sensibilidade sem maturidade é alijamento emocional: algo que, no relacionamento, obriga a mulher a ser mãe acima de qualquer atributo." - olha, no meu caso específico, este foi durante um certo tempo um problema também específico... Novamente, no meu caso particular, a coisa está voltando ao equilíbrio com a minha reaproximação de Deus e do Seu Cristo, reconhecendo inclusive que "quando sou fraco, então é que sou forte"[sic.]. Só não vejo as mulheres no papel de “mãe” até porque não o são. Uma mulher não será mãe do seu amante, namorado, marido, o que seja, mas, neste caso que você mencionou, estará perto de ser dominadora antinatural, situação que ensejará uma série de conflitos num relacionamento afetivo.

Falando por mim, não existe essa de uma autêntica virilidade sem a influência do Espírito Santo. Isto pq, penso eu, este ideal de homem másculo perfeitamente equilibrado, viril sem ser machão, firme sem ser autoritário ou violento na verdade é algo que remete a um mito. Pq., conforme creio, Cristo foi o único homem perfeitamente equilibrado em tudo.

No entanto, no contexto atual da modernidade, eu vejo sim pintado este quadro que você expõe. Como você mesma disse, essa reflexão não tem fim e se deve a uma gama multifacetada e numerosíssima de valores. Desde educação até economia, política, realidade de trabalho, fatores sócio-culturais e, até / por quê não / principalmente, por uma atmosfera anti-cristã que adquire contornos e influências não totalmente perceptíveis em sua extensão e ação no contexto do mundanismo que tem seus valores dia após dia mais exaltados. (a respeito do tema modernidade, recomendo a leitura do livro “Icabode” de Rubem Amorese, Editora Ultimato).

Sobre o artigo do Júlio Severo, concordo com tudo o que foi dito sem tirar nem por. Estive muito tempo afastado da Igreja e estou retornando mais com o fito de prestar serviço e aprender a palavra. Realmente, o culto de hoje não é o culto em que eu adorava quando criança. Especialmente em relação aos hinos (aliás, Castelo Forte é o meu predileto), a questão da reverência e da postura do pregador.

Por último, comentando o que você escreveu “Quanto a mim, não me isento da responsabilidade quanto a minha própria identidade sexual. Tenho orado a Deus para que não me deixe reproduzir a ânsia por reconhecimento masculino acima da valorização de meus atributos femininos.” – Haha… Eu acho é que nós os leitores homens do seu blog é que temos que fazer por onde estar a altura de uma mulher tão capacitada como você (sem lisonjas). Encare como um elogio, seguindo as premissas de tudo o que foi dito (e longe de mim ser machista) quando digo que você é tão racional e capaz quanto um homem… Um verdadeiro e virtuoso homem viril que “está em falta no mercado”. Continue orando a Deus. De minha parte, preciso continuar a fazer o mesmo. Saudações!

Unknown disse...

Olá Norma,
vi alguns links do seu blog em blogs de amigos e finalmente resolvi entrar. Puxa, gostei muito. Parabéns, Que Deus continue te usando!

A respeito do tema deste post, achei surpreendente e muito atual. Sua posição como mulher é muito boa, e os comentários enriqueceram, outros não.

Acho uma pena, todavia, vc ter desistido de falar a respeito da diferença entre machismo e virilidade. Por isso, gostaria de tecer algumas palavras.

Creio que para os olhos do engajado feminista, um homem ter prazer sexual com sua esposa pode ser considerado machismo... no entanto, creio realmente que talvez a chamada virilidade (ou a masculinidade cristã buscada por tantos) pode algumas vezes facilmente ser lida como um discurso machista. Queria, por isso, apontar algumas coisas que podem delimitar um pouco:

1o. Para ser um homem de verdade um homem deve agradar as mulheres: com sua atenção, carinho, cuidado, cumplicidade etc.
2o. Para ser um homem de verdade, um homem pode algumas vezes desagradar as mulheres: como teria sido bom se Adão tivesse desagrado Eva impendido-a de comer do fruto proibido. Um exemplo de desagrado pode acontecer quando o homem divide a atenção da mulher com o seu ministério, para o qual foi chamado.
3o. Para ser um homem de verdade, um homem deve agradar outros homens, com a amizade etc.
4o. Para ser um homem de verdade, um homem pode desagradar outros homens, como por exemplo um homem piedoso pode desagradar um "homem machão" que acha que a espiritualidade não é coisa de macho...
4o Um homem de verdade, sobretudo, nunca deve desagradar a Deus.

Assim, um homem deve ser homem diante de Deus, e não para os homens ou mulheres...

Obrigado,

André Filipe.
Ps. colocarei o link do seu blog no blog que tenho com alguns amigos. Se puder, dá uma olhada lá.
http://obs-tetras.blogspot.com/

Felipe Xavier disse...

Muito bom post, cara senhorita.
Tentarei ser mais masculino de agora em diante.

De fato, há muita oposição contra a masculinidade, inclusive na igreja: em certos lugares, se o homem não chorar, ou "se derramar" durante o culto, é porque ele tem problemas espirituais!
Já fui advertido contra a apreciação dos meus heróis de quadrinhos, os quais não hesitam de usar velhos valores másculos como a coragem e a força para promover o bem! "Gostar disso é errado, é muita violência..."
Não é a toa a existência dessa idéia de falso pacifismo, da negação a proteção a família e a nação.
Puxa, Israel luta tanto para se manter, aí vêem me dizer que estão errados?
A proteção a família, a nação, aos seus, que são responsabilidades primariamente masculinas, passam a estar erradas?
Que o Eterno tenha misericórdia!
Abraços!