Este é o primeiro texto meu postado no excelente Blogs Coligados, que reúne a nata (hehe) dos blogueiros conservadores, entre os quais muitos cristãos. Não deixe de ler! Fazem-me companhia meus amigos e excelentes blogueiros Eliot D. Chambers, Bianca Bermúdez, Claudio Téllez, Marcos Vasconcelos e Luis Afonso Assumpção.
Relutei alguns dias para escrever o texto que se segue, pois parecia acima de tudo uma justificativa para o que tenho feito neste blog. Assenti em postá-lo, no entanto, porque sinto que boa parte dos brasileiros ainda tem de ser levada pela mão, como criança, através de reflexões mais articuladas. Assim, minhas palavras aqui não deixam de ter um certo sabor de concessão – em vista do fato inegável de que os tempos são bicudos e pudores nessa hora devem ser deixados de lado. Muitos leitores evangélicos têm questionado minha ênfase na política. Reclamam que o cristão não pode apostar nem na direita nem na esquerda e argumentam sobretudo que devemos pregar Jesus – o resto é o resto.
Bom, como cristã evangélica, concordo que a pregação de Jesus é o mais importante. Se eu tivesse de escolher entre pregar Jesus e falar de política, é claro que ficaria com a primeira tarefa – muito mais agradável, por sinal – e rejeitaria de imediato a segunda. Porém, o que julgo fundamental discernir é o seguinte: não preciso escolher entre uma e outra, mas sim subordinar toda e qualquer tarefa à primeira, que é o testemunho da minha fé. Assim, se eu falo de política, história, filosofia ou da minha própria vida, faço-o (cada vez mais, espero) com a aguda consciência de que 1) tudo isso está submetido a Ele; 2) é por causa Dele que tudo existe; 3) é só Nele que posso articular esses diversos aspectos, sabendo que convergem para Ele. De fato, é o que apreendo de Paulo em Romanos 11:36: “Porque Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas.” Portanto, o erro não residiria em tratar de política em um blog que se confessa cristão, mas sim, tratar de qualquer assunto sem a profunda certeza do senhorio de Jesus sobre cada um deles.
Tendo eludido esse ponto, passo ao seguinte: mas por que política? Se eu pensar bem, política nem é meu assunto preferido, mas sim teologia, filosofia e literatura, e só me interesso por política na medida em que me ajuda a esclarecer aspectos filosóficos ou antropológicos. Cheguei à política por pura contingência, tentando entender a modernidade, até descobrir que sem a política não poderia sequer entender o fenômeno evangélico atual. Para responder a essa pergunta, portanto, preciso contar um pouquinho de minha história.
Apesar de não ser uma evangelista no sentido estrito da palavra, sempre me orientei sobretudo para questões de defesa da fé, pois nada me parece mais lindo, necessário e emocionante que a conversão. Porém, não é de hoje que tenho sentido uma urgência especial em abençoar “os da fé” (Gálatas 6:10), empreendendo reflexões que julgo ser úteis para a comunidade evangélica brasileira. Paralelamente a isso, fui levada, a partir do estudo de autores que cito constantemente neste blog, a perceber que o esquerdismo é muito mais que um simples posicionamento político ou uma oposição ao poder em vigor. O esquerdismo está conforme ao espírito da modernidade em vários pontos: ódio ou desconfiança de autoridades de todo tipo (inclusive a espiritual – por isso o marxista tradicional rejeita Deus), polarização da realidade em torno de uma obsessão com o poder (a humanidade se divide em opressores e oprimidos), redução da individualidade a esquemas de grupos representativos (a mulher, o pobre, o negro, em vez de pessoas únicas), utopias materialistas (o paraíso será aqui), transcendência desviada (a rejeição à idéia de Deus leva à adoração ao líder que se engaja no projeto utópico). Em tudo isso, identificam-se doenças que, somadas, podem perverter o núcleo do cristianismo ao utilizarem o impulso transcendente do homem para a realização de um sonho igualitário terreno que só pode ser conseguido à força, por meio de ditaduras – não é à-toa que se usa o termo “ditadura do proletariado”, que nunca é do proletariado, evidentemente, mas sim de meia dúzia de governantes totalitários.
E, mais triste ainda, a concretização da utopia passa a ser tão premente que o real e os fatos se subordinarão a ela, dispondo-se a toda sorte de distorções. O esquerdista preocupado sobretudo com seu ideal não deixará que nada, por mais evidente que seja, atrapalhe sua marcha ao “outro mundo possível”. Isso foi básico em todos os regimes de esquerda: a subordinação da verdade ao ideal imaginado, e não o oposto. Dessa forma, a pessoa engajada nesse ideal se esforça cada vez mais em apagar de seu campo de visão os elementos que se opõem a ele. Essa cegueira voluntária faz com que a história dos massacres comunistas no século XX jamais seja argumento suficiente para se deixar de tentar esses regimes mais uma vez; a fidelidade à utopia (u-topos, não-lugar) se sobrepõe a qualquer objeção real aos resultados - russos, chineses, coreanos, cubanos - das idéias socialistas.
Tenho visto, portanto, que a crença no esquerdismo como ideal de mundo produz pelo menos duas conseqüências desastrosas: sufoca a espiritualidade do cristão (ao desviá-la para a utopia secular e materialista do marxismo) e perverte suas análises dos reais problemas humanos (ao forçar tal análise a adequar-se não aos fatos, mas à utopia). Assim, por exemplo, o cristão seduzido pelo esquerdismo chegará ao cúmulo de ler a Bíblia através da polarização entre opressores (“maus”) e oprimidos (“bons”), contribuindo com seu discurso para a defesa de criminosos como “vítimas do sistema” e esquecendo-se de que todos pecaram e todos carecem da glória de Deus – e que exortar as pessoas ao arrependimento ainda é tarefa nossa, em vez de desculpá-las com o argumento social. Já o cristão amortecido pela propaganda esquerdista, mesmo que não seja militante, será levado a crer que o problema não está na esquerda, mas sim em uma abstração muito conveniente, “política”, sem conseguir operar uma apreciação eficiente de nossos tempos.
É por tudo isso que tenho me ocupado, por enquanto, neste blog e nesta época, com a análise da situação brasileira – e essa análise não pode se desviar da questão política, visto que impera em nosso país uma surpreendente unanimidade em torno de pensamentos de esquerda, tão difundida quanto despercebida como tal. Porém, sem fazer a crítica a sua época, como o cristão evitará cair nos mesmos erros de seus contemporâneos? Como rejeitará alianças espúrias? Como deixará de se conformar com esse século? Mas, se hoje a igreja tem sido pisoteada – insultada, difamada, vilipendiada ou esquecida – , é porque não está fazendo a diferença que deveria fazer. E para fazer a diferença é preciso saber DO QUE estamos nos diferenciando, confrontando-nos constantemente com o padrão de Deus nas Escrituras. Se não sabemos mais fazer isso, é porque estamos mal, muito mal.
Portanto, se alguém ainda duvida de que, ao escrever sobre política, estou fazendo teologia, deixo para reflexão um trecho do autor cristão Jean-François Revel, morto este ano.
“Quando recapitulamos as doutrinas medievais, percebemos que seu objeto não é tanto a busca pela verdade – a verdade já foi encontrada – , mas sim alojar no interior dessa verdade revelada as teorias emprestadas a uma ou outra filosofia existentes (...) trata-se de saber se a doutrina oficial pode tolerar tal absorção sem se negar, ou sem correr o risco de negações futuras ainda mais afastadas de sua origem” (Histoire de la philosophie, vol.2, p.19).
Isso significa que a apologética (minha área preferida) ecoa a teologia medieval quando se esforça por detectar padrões de pensamento que imperam em dada época, analisando-os para entender o bem ou o mal que fazem à fé. Ora, com a ajuda de Revel e tantos outros, eu já sei que a absorção da teleologia marxista no coração do cristianismo resulta na negação da verdadeira transcendência. Basta ler os teólogos da “libertação” e verificar o tipo de declaração que encontra eco em eventos como os patrocinados pelo Conselho Mundial de Igrejas. Sendo assim, é meu dever partilhar essa descoberta com meus irmãos, para tentar evitar que a igreja evangélica brasileira se veja inteiramente corrompida. Trabalho de formiga, sim; mas no Reino de Deus é esse tipo de trabalho personalizado, sem muito reconhecimento e sem o apoio de grandes e ricas instituições, que costuma render os melhores frutos. “Porque Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente.”
36 comentários:
Devemos nos esforçar em perceber o erro e expurgá-lo, qualquer que seja. A Verdade é uma rede complexa de implicações, qualquer erro pode ajudar a obscurecer, até mesmo, a idéia de Deus, Suma Verdade.
No campo da política, onde todos nós nos movemos, isso fica muito claro. O poder atuante, e os pretendentes, tem um embasamento teórico próprio, uma forma de pensar. Seguidamente uma filosofia, e por filosofia, uma teologia.
Um abraço.
Norma,
não sou evangélica, mas me inicio numa conversão ao verdadeiro cristianimo nos últimos meses, a partir dos quais tive interesse por blogs de cristãos, como o seu.
A sua inteligência é patente, e muito me alegra ver cristãos refletindo acerca de tudo em Deus de forma inteligente e esclarecedora. Muito aprendo e apreendo com seus textos e de outros aqui na internet, e acho muito rico o cristão viver com informação e raciocínio lógico sobre tudo que o cerca.
[]'s,
Denise.
Olá, Luiz. É interessante perceber que, depois que a modernidade excluiu a religião do horizonte de reflexões (sobretudo acadêmicas) - sobre isso, ver meu texto A estudante de psicologia, em http://coletaneanormabraga.blogspot.com/2005/06/estudante-de-psicologia.html - , os próprios religiosos passaram a se excluir de discussões que não envolvem diretamente a fé. É triste, mas é uma das características do nosso tempo a falácia de que a fé deve se resumir apenas a uma questão pessoal. Mas, se agirmos conformemente a esse pensamento, como seremos sal e luz?
Abraços!
Obrigada, Denise. Muito me alegra contribuir para uma cosmovisão cristã nascente como a sua. Deus a abençoe muito nesse processo e a inspire sempre a vê-Lo tal como Ele é. Grande abraço!
Olá, Norma... parabéns pelo zelo que vc trata as questões de Deus... Fico muito feliz em ter descoberto o seu blog...
Mais triste do que ver cristãos fugindo de debates políticos é notar como as igrejas perderam o senso do mal.
Permita-me ser mais específico.
Trabalhei por seis meses como assessor de imprensa de um deputado federal dito evangélico, e só o que vi da parte dos pastores foi uma enxurrada de pedidos de verbas federais (ou não).
Chamo isso de "Caixa 2 Gospel"... o que vc acha?
Deus abençoe!
Giancarlo e Fabio,
Nem me falem... A corrupção entre políticos evangélicos, infelizmente, é alta. Esses dias ouvi de um amigo meu, pastor e professor de teologia, que de fato há muito poucas igrejas realmente evangélicas neste país - "evangélicas" no sentido da fidelidade à Bíblia. Concordo com ele. A corrupção é apenas uma das evidências disso.
Fabio, creio que no pensamento conservador, no liberal ou no de direita não há a polarização na base de toda a teoria, como há no marxismo, que realmente divide a realidade em dois pólos: bons (oprimidos) e maus (opressores). Sempre há o recurso a um certo maniqueísmo em algum ponto argumentativo, como você disse, como estratégia em qualquer discurso; porém, no marxismo isso não é apenas estratégia, mas sim a própria descrição da realidade, o coração da teoria. É só na esquerda, portanto, que um defeito contingencial ganha status de cosmovisão.
Oi, Norma:
Vamos por partes:
1º. Deve-se levar em conta que o marxismo é essenciamente uma doutrina anticristã.
Deste modo, qualquer consideração de ordem política por um cristão verdadeiro, num ambiente dominado pelo pensamento e ética revolucionários, soará como "reacionária", "de direita", etc.
2º. Não há como pregar Jesus no mundo contemporâneo sem meter o relho nas esquerdas.
Adotar o Evangelho implica necessariamente em jogar O Capital no vaso sanitário.
3º. Se os argumentos acima forem insuficientes, lembrem-se os inconformados de que o blog é seu e nele você escreve o que bem entender!
Quem não gosta, não leia ou, pelo menos, formule alguma objeção inteligível.
um beijão,
Cláudio
Muito didático seu texto, Norma. Gostei bastante.
Ola Norma,
fico muito feliz por voce com todo seu conhecimento intelectual e entendimento espiritual,contribuir de forma inteligente e sincera,podendo atraves do seu blog,atingir a muitas pessoas de forma direta.Eh muito importante o seu papel como crista,esclarecendo sobre o pontos de vistas politico e filosofico,a diversas pessoas que creem em Jesus e seus ensinamentos.Voce deve ser sim uma evangelista que com o dom da linguagem e comunicacao dada pelo Espirito Santo,pode atingir a muitas vidas.Creia no seu dom e nao o desperdice !Atinja com sua palavra afiada aos que desconhecem a Gloria de nosso Senhor!
Use esse seu dom!Vamos encher o ceu!
Cada um a maneira que Deus nos provier!
Em nome de Jesus te abencoe!Que tenha conviccao da sua missao tao preciosa que eh despertar aos sabios destes mundo ,a sabedoria que vem dos ceus!
cristianosmile@gmail.com
Norma, você é uma pessoa especial que Deus tem usado, através desse Blog, dos textos que você produz, pois um cristão jamais deve viver alienado do mundo que o cerca (um exemplo disso é como o Apóstolo Paulo debatia os temas que lhe eram propostos, com a sabedoria do Espírito Santo, claro!).Deus continue abençoando você e lhe dando as reflexões certas acerca dos aspectos filosóficos, históricos e sociais da religião e suas consequências no mundo atual, através das denúncias, exortações, manifestações, que encontramos nessa pérola que é o seu blog. Para mim foi um grande achado! Um abraço, em Cristo. SAM.
Justificativa?
Ora, quantas mulheres evangélicas escrevem atualmente sobre política no Brasil?
Pronto, Norminha, está justificada.
Bjo do Eliot.
Oi Norma.
Tenho acompanhado seu blog há coisa de dois meses, mais ou menos, e tenho gostado muito. Encontrei-o a partir de um texto no MSM.
Não sou lá muito flor-que-se-cheire, mas tenho que reconhecer que seu blog virou parada obrigatória, ponto de encontro com coisa boa.
Parabéns.
Eustáquio
Teresópolis-RJ
Oi, Norma.
Acredito em Você, nas suas previsões, mesmo que tão deprimentes para mim, um cantor (só na banda da igreja), que canta louvores pra lá de animados, de otimistas (a melhor palavra seria "esperançosos"). Sei que o bicho vai pegar, mas sempre quis que fosse mais no futuro, que pelo menos o meu pequeno Calebe crescesse e se casasse... Mas tenho ainda uma esperança quanto a terra - que os cristãos da China acabarão com o comunismo, que haverá uma conversão em massa no Irã, que o Senhor porá Israel por cálice de estontear as nações e haverá crescimento entre os cristãos (mesmo que depois de alguma depuração), e então virá o fim. É a previsão mais otimista. Gosto disso, mas sempre leio você, para me puxar para baixo.
Um abraço,
Marcelo Hagah
João Pessoa-PB
Olá Norma,
A leitura de seus textos gera um prazer enorme. De todos os blogs que tenho visitado, você é quem melhor escreve.
Estarei mais presente daqui para frente.
Abraço.
Saudades...
BJS!!!
Queridos amigos, muito obrigada pelas palavras amáveis de incentivo.
Marcelo, só fico meio chateada de ser responsável por puxar você pra baixo. Ando meio pra baixo também, mas quero puxar as pessoas para cima, para que se sintam responsáveis e sejam levadas a resistir ao meio hostil que se formou contra cristãos e conservadores. Que Deus me ajude a causar essa reação, e não o contrário. Abração pra você!
Ao "Profeta Natã", que me escreveu sem se identificar: realmente, não posso publicar seu comentário, e você há de convir que seu anonimato é um impeditivo para que eu creia no que você diz (apesar de você dar a entender que eu "sabia", não tenho conhecimento de nada do gênero).
Norma,acessei por acaso seu blog. Foi um acaso que deu num caminho legal. Sou evangélica e psicóloga e as coisas que você escreve podem muito acrescentar ao meu trabalho. Sim, é prossível praticar psicologia e ser verdadeiramente cristã. Sucesso para você. Margarida Goulart
Olá!
É isso aí.
Não posso dizer quer não goste de política, mas tenho profundo nojo e já quis muito me afastar. O problema é que o esquerdismo não é simplesmente "política". Combatê-lo é condição para, senão o crescimento, a manutenção do "último jasmim despetalado do canteiro de Deus aqui na terra". O embaixador Meira Penna aponta num texto que o Leonardo Boff ou o Frei Betto, não me recordo qual dos dois, chegou ao cúmulo de falsificar a Bíblia. Citava uma passagem, João 10:10, em que Jesus teria dito que todos os problemas do mundo se resolveriam pela política. Mas não existe essa passagem. É isso o que eles querem fazer com Cristo. Como não combater?
Norma,
O "puxar para baixo" não quer dizer "puxar para o pessimismo, para o não-crer" - de maneira nenhuma. Eu quis dizer no sentido de que me puxando para baixo, você me puxa para o real, para o que está de fato acontecendo, para o normal. Está me puxando para a terra, de novo, eu que olhava para cima, tão-somente. E você, Olavo, Ipojuca e Percival fazem isso muito bem comigo.
Um abraço,
Gosto de você.
Marcelo Hagah
João Pessoa-PB
Obrigada, Margarida! Sei muito bem a diferença que uma psicóloga cristã faz para a gente. Se vocês não existissem, pobres dos cristãos desejosos de um divã! Ficariam à mercê de freudianos ateus e anticristãos que os empurrariam o tempo todo para longe do que crêem, ainda que inconscientemente. Freud tinha verdadeiro horror à religião e muitos de seus seguidores o reproduzem nisso. Uma pena, mas é um dos sinais dos nossos tempos: a autenticação com o rótulo de "ciência" e a fuga do transcendente. Nesse sentido, qualquer profissão hoje está sujeita a uma boa dose de anticristianismo, e, se passamos por toda a doutrinação e mantivemos nossa fé, é graças a Ele! Abração!
Oi, Marcelito! Sei disso, mas, sobre a situação do Brasil, às vezes eu mesma me pego olhando muito para baixo, quando Deus nos exorta: "Olhe para mim!" O segredo é olhar para baixo e para cima o tempo todo; é o movimento. Às vezes olhamos só para cima e nossa fé nos cega, não vemos a realidade; às vezes olhamos só para baixo e ficamos sem esperança. Confesso que os dois processos ocorrem comigo e que preciso aprender a coordenar melhor esse movimento. Abração!
Edu, pesquisa pra gente qual foi o livro e o trecho do Meira Penna. Essa informação é muito importante! Beijos!
Olá Norma!
Concordo com vc na crítica à utopia, a rejeição das autoridades na ontologização e identificação do mal com o poder, à síntese da TdL, etc. De fato, a esquerda não é o caminho.
Mas uma crítica realmente radical da profundidade religiosa da política precisa ir além dessa polaridade esquerda/direita, para encontrar sua raiz comum.
Quanto à dinâmica opressor/oprimido, vc está certíssima: é um erro tornar isso a lente para ler a dinâmica básica da sociedade e a própria Bíblia. Entretanto, um pensamento político cristão realmente completo precisará ter uma posição a respeito, finalmente. Se essa dinâmica foi um ponto cego em nossa interpretação das sociedades contemporâneas, os socialistas terão algo a dizer contra nós (se bem que, enfim, eles inventarão alguma coisa...).
abr,
Guilherme
Cara Norma
Como católico recém-convertido mas já assustado com o nível de "esquerdização" que grassa entre os padres brasileiros - tenho que aguentá-los falar de "justiça social" todos os domingos -, devo dizer que seu texto me parece muito pertinente. Faço apenas um questionamento: o Revel não seria agnóstico?
abraço
"Bom, até que esses cristãos me mostrem a evidência de um país capitalista que manda matar ou prender opositores ideológicos pelo gravíssimo crime de falar mal do governo ou ajudar os perseguidos, continuarei denunciando o tipo de opressão radical própria ao socialismo-comunismo."
EUA vs. Saddam Hussein
Ser religioso e politico não são duas coisas excludentes (salvo, é claro, quando não esquecemos a máxima de Jesus Nosso Senhor, de que "dai a César"). . .
Norma,
Durante toda a minha graduação fui seduzido pela ala marxista/comunista dos estudantes, pelos pretensos ideiais igualitários e pelo repúdio ao neo-liberalismo dos governos predecessores do Brasil moderno. E de um certo modo, nunca discordei plenamente dessas idéias. Afinal de contas, eu vivi o suficiente para perceber que o Brasil está nessa situação lastimável muito em função dos governos anteriores ditos de direita/azuis [ou como queiram chamar] do que por conta de uma crescente e "surpreendente unanimidade em tornos de pensamentos de esquerda". Entretanto, não me deixei seduzir; não porque via em Marx e Engels facetas de dois adoradores do diabo e dos seus umbigos, ou porque a utopia nunca será alcançada, mas pelo fato de que essas discussões nunca irem pra frente, ou algo concreto [digo em relação a retórica marxista].
Em inúmeras discussões, mobilizações, conscientizações, o resultado prático foi praticamente nulo e sem expressão. E isso pude comprovar até mesmo em alguns antigos esquerdistas com que tive contato. Isso levou-me a não embarcar nesse navio sem leme. Ademais, sinto-me enojado ao tratar de política brasileira [ou melhor, sul-americana em geral]. Fico feliz por quem tem estômago para tal.
Realmente não posso discordar do fato de a teologia dominante ser um reflexo do pensamento filosófico/sociológico corrente. Mas a minha conclusão, durante o meu período de graduação [em universidade pública, onde se avulta a retórica marxista] é de que para todos os males da teologia influenciada por pensamentos erráticos, há uma contraposição muito superior quando se lança mão de uma teologia pura, como a reformada. E assim, eu penso não ser necessário me emaranhar nessa podridão política que envolve o Brasil e que arma tentáculos na igreja evangélica. Para as mazelas da igreja, boa teologia apenas.
Mas apesar de mim mesmo e do que escrevi, acho legal quem lança mão de política e teologia para pensar e fazer pensar.
Abraço
Olha pastor Aiton... não concordo com essa menina que disse que 1 hora é demais para pregações... Essas pessoas que falam isso e pensam assim, no mínimo não quer deixar Deus agir e nem tem a presença de Deus em si, pois quando temos o Espirito Santo dentro de nós, não queremos outra coisa além de estar na casa do Senhor... não sou hoje evangélica, mas já fui, e no entanto, nunca passou pela minha cabeça que é muito demorado o prazo de 1 hora as pregações, pois quando estou na casa do Senhor, eu tenho a plena certeza de que o Senhor fala comigo e tenho paz. E por isso... não consigo pensar que existe pessoas que ainda criticam quando o pastor prega mais de 1 hora. Se ela for mesmo de Deus, ela vai nem querer mais ir para casa, pois onde Deus habita... alí há liberdade, paz, amor e fraternidade, e onde estamos com todos esses itens... nem pensamos mais em sair de lá. Assim eu me sinto na casa do Senhor quando vou visitá-lo....
Oi, Guilherme! Minha opinião é a seguinte: antes de ir "além" de direita ou esquerda, é preciso ser honesto para reconhecer que o socialismo-comunismo parte de pressupostos errados (filosóficos, econômicos, morais) e mortíferos em altas escala. Enquanto não se reconhece isso, a impressão é que direita e esquerda são opções válidas no leque, e não são.
Pablo, estude um pouquinho mais sobre os crimes de Saddam Hussein e depois volte.
Telegráfico, agora você me deixou com dúvida. Tenho amigos católicos e vou perguntar a eles. Aliás, posso perguntar também onde achar um padre que não seja militante de esquerda, se você quiser. Eles com certeza sabem. Mas vai depender de onde você mora. Escreva-me em pvt. Abraço!
Érica, você, como dizem, pegou o bonde andando. Primeiro, o pr. Aírton não escreve neste blog, só eu. Ele apenas repassou a notícia do novo post. Depois, "essa menina" não é quem "disse que 1 hora é demais para pregações" - a "menina" é a autora, e quem disse isso foi uma pessoa real que a "menina" aproveitou para transformar em diálogo (nada) irrelevante. E, ainda, esse seu comentário nem deveria estar aqui, mas no post correto, seis posts acima!
Por último, se você não é mais evangélica mas reconhece a presença de Deus nas igrejas, o que está fazendo aí fora? Volte, querida! Não para "visitar Deus" (Ele não habita em casas feitas por mãos humanas), mas para ser ensinada, amparada, abraçada. Não deixe de congregar - é conselho do apóstolo Paulo.
Cara Norma,
Vivo em Belém/Pa, sou bacharel em direito no exercício da advocacia, e, congrego-me na IPC/Pa, doutrinariamente reformada.Gostaria de deixar um incentivo ao seu propósito de despertar os nossos irmãos em Cristo para um senso politizado por meio de uma cosmovisão cristã, lembrando-lhe o seguinte texto: “Se nós nos consolamos com o pensamento de que podemos sem perigo deixar a ciência secular nas mãos de nossos oponentes, se somos bem-sucedidos apenas em salvar a Teologia, nossas táticas serão as do avestruz. É realmente insensato limitar-se à salvação de seu quarto superior, enquanto o resto da casa está em chamas.” (Abraham Kuyper, CALVINISMO – O Canal em que se moveu a Reforma do século XVI, ... ’, Editora Cultura Cristã, p.146)
Oi, Norma. Sou crente e funtamentalista da Igreja fundamentalista Cristo é Vida. Quero dizer que ouvir música como beatles, e outras músicas de incrédulos não traz louvor a Deus como você mesmo disse que tudo SUBMETIA a Deus. Submeta também essa aréa da sua vida a Jesus!
Oi, Victor,
Não é desse fundamentalismo que estou falando. Não acho que a sua postura seja bíblica. (Em que alguém se afasta mais de Deus por ouvir O-bla-di O-bla-da ou Yesterday?) O que afasta de Deus é o coração duro e o medo de fazer o que Jesus e Paulo recomendaram: em vez de ficar tomando o cuidado com o que é exterior - evitar comidas, evitar bebidas, evitar a companhia de pecadores, olhar torto para quem não lava a mão antes de comer etc. - , precisamos olhar o interior, porque é do coração que procede toda sorte de males. O mal está primeiro dentro de nós, e não fora: afinal, o cristianismo começa com o arrependimento. Não me condene por eu ouvir Beatles assim como Paulo recomendou que não se condenasse quem come carne ou vai a festas. Falo a você sem medo de escandalizá-lo, como cristão maduro. Essa não é minha "área" que está "fora" dos domínios de Jesus, mas posso lhe garantir que toda música que ouço, eu a ouço como filha de Deus, com alegria quando a música parece refletir algo semelhante ao que cremos e com tristeza quando a música traz uma mensagem anticristã, ainda que leve.
Como irmã, peço-lhe que leia e medite em Colossenses 2:16-23, considerando que "sensualidade" não se restringe à questão sexual mas é tudo aquilo que pode nos desviar de Deus através dos cinco sentidos. Ali Paulo afirma que o cuidado excessivo com a "pureza" em relação ao mundo (exterior) não adianta nada, pois a mudança que Cristo nos traz é interna, de dentro para fora, tomando conta de nós e eliminando o mal que está dentro de nós. Cuide em primeiro lugar do pecado que está no seu coração, e você estará agindo mais conforme à Palavra. Se ficar mais preocupado com exterioridades, não saberá em que é mais propenso a cair (porque não conhece suas fraquezas internas), e poderá ser pego de surpresa. Peça a Deus que lhe revele a veracidade do que digo. Que Ele o abençoe.
Eu não sou batizado. Aos 16 anos virei ateu.
Foi uma revelação. Deus parecia uma questão estatística. Um milagre é uma questão de tempo, e no tempo tudo é possível. Seria cretino demais pensar que alguém pensava em mim.
Mas Deus é amor... Aí se descobre, ou se lembra, o amor e vemos que Ele não é o amor. Por algum motivo eu sou um homem de amores eternos, todos eternos. Dos felizes aos dolorosos. E foi pelo amor que afirmei com maior convicção que não acreditava em deus. (felizmente esse amor é testemunha também do meu arrependimento)
O amor abre o espírito. E eu, muito inocente, acreditava que o ateísmo se baseava na abertura da mente. O que haveria de errado em conversar com Deus? Somente a experiência "científica" pode ou não refutar algo. E de certa forma o único qualificado a fazer essa experiência era eu mesmo.
Sabia que não poderia pedir uma Mercedes... Va lá, pedi uma coisinha pequena, sem importância, mas que me deixaria feliz. Que não chovesse num dia e num lugar em especial. Deu certo, assim se iniciou um diálogo. Quando eu negava, ou por mera diversão considerava o milagre obra do demônio aquilo que eu pedi que não acontecesse acontecia na hora mais imprópria. Quando aceitava como sua obra e agredecia, era entrar em abrigo para que chovesse... Aquele diálogo terminou com a época das chuvas. Pra ser mais exato, a promessa era ir em Aparecida, eu passei na porta, pela Dutra, e agradeci. Assim a última chuva que peguei foi a 1 quarteirão de distância da minha casa.
Até que erros sucessivos me jogaram num buraco. Foram 6 meses de desencontro... Até que um dia chegou ao fim. Chegou ao fim minha esperança. Não sabia o que desejaria no dia seguinte, não dá para descrever o vazio que é. Eu saí da aula e fui para o carro, chorar feito uma criança, aos berros. Ao chegar em casa minha mãe me diz que alguém havia me telefonado. Um desejo que havia alimentado desde os 3 anos de idade, e trabalhado naqueles últimos anos havia sido reconhecido. Assim meu abalo depressivo mais profundo também foi o mais curto, durou algumas horas.
O meu problema porém durou mais um ano para ser resolvido, não foi do jeito que desejava, mas foi. Só para ver como eu sou devagar.
Até que passei a ter aulas com a professora Henriete Fonseca, de Moral e Religião. Logo de cara admirei sua loucura e corajem para aplicar aquele curso num ambiente em que a idéia religiosa na melhor das hipóteses seria ignorada. Numa prova eu tinha que explicar a existência de Deus, mas eu não acreditava. Ela disse então que eu podia provar a não existência. Eu tirei um zero, mas ganhei uma amiga.
Foi ela então que me mostrou o cristianismo longe das idéias superficiais tão comuns por aí. Foi aí que percebi que quando me afirmei ateu não negava a existência de Deus, mas de deus. Percebo que neguei as várias idéias falsas de deus que existem por aí. Ainda que não entendesse o que era realmente Deus, reconhecia enfim minha ignorância.
O maior ganho com o cristianismo foi o intelectual. Compreender a história e como funciona esse bicho chamado homem. eu nunca fui um esquerdista, porém tentava compreender tudo pela ótica esquerdista. Tentava combater o esquerdismo pelo seu próprio raciocínio. Parecia uma idéia certa, mas mal entendida. Mas a desenrrolando sempre terminava numa rua sem saída. Havia alguma coisa errada. Algo que pude compreender bem melhor pelo cristianismo.
Ao ler a primeira epístola de Paulo aos Corintios eu percebi. Não sei se e muito correto, porém foi o que entendi. Percebi que ele fala algumas coisas de problemas sociais da época. São coisas que precisaria de um comprerensão histórica que não tenho e por isso não posso julgar. Outro problema evidente é o problema humano, e esse mesmo após 2.000 anos podemos enteder como uma paulada na cabeça, como fosse diretamente dedicado a nós. Os problemas sociais mudam, mas os problemas humanos permanecem os mesmos. É difícil não acreditar que sejam verdades reveladas por Deus. Capazes de transformar um pecador como Agostinho em Santo. Assim penso que não há melhor maneira de refletir sobre qualquer problema sem levar em consideração essas revelações e tudo que o cristianismo desenvolveu em 2.000 anos.
Abraço,
Eduardo
Norma, seu blog me indicado por um amigo. Realmente, ainda que não escrevendo tão bem quanto você, compartilho muito de sua visão de fé e política. Peço sua permissão para "parafrasear" parte (pequeno) de seu texto de apresentação do blog em meu site. Logicamente, citando-a. E também a permissão de colocar um link de lá pra cá.
Você está de parabéns com o blog.
Querida, por falar em debates intelectuais, tenho acompanhado um debate muito interessante em um site presbiteriano apologético e nunca havia deparado-me (eu e vários irmãos) com um raciocínio tão agudo e bastante convincente de um sujeito, um tal Agostinho Antialienação (acho que ele é um olavette, aluno de Olavo de Carvalho),o qual está destruindo os argumentos pró-predestinação-calvinista. Embora o tema ( discussão a respeito do assunto seja muito antigo e frequente), contudo,os seus argumentos são diferentes; confesso que como médica, acostumada à lógica, nunca havia deparado-me com tais premissas e como presbiteriana nunca vi nada igual. O referido Agostinho colocou em xeque os melhores argumentos sobre o assunto e em silêncio vários de nossos apologetas. Tem irmãos nossos que estão aderindo aos seus argumentos. E ele não se diz armenianista. Pedi ajuda a um dos nossos apologetas e até mandei uma tese o qual refugou. O debate começou quente, mas depois foi aceito pelo dono do blog e então continua. Eu entrei no debate encaminhado ao 'cara' um texto de Vincent Cheung - indicado por um conhecido apologista - e o tal Agostinho o desmantelou de alto abaixo com argumentos muito convincentes e gostaria de responder mas não consigo. Segue o link do debate ainda em andamento, muito obrigada, Aparecida Scaff:
http://mcapologetico.blogspot.com.br/2014/05/como-ser-um-calvinista-equilibrado.html
Cara Aparecida,
Obrigada por ter escrito e também pela confiança! Olha, estou com o tempo bastante escasso nesse momento, portanto, não posso ir lá e ler tudo (e confesso que não costumo mais participar desse tipo de debate na internet). Mas, se você quiser me escrever em pvt com dúvidas específicas, copiando e colando os trechos mais persuasivos desse tal Agostinho Antialienação, certamente eu poderei lhe responder algo. Escreva para mim. Se não achar meu email, pode mandar uma mensagem via comentário do blog com seu endereço, e eu lhe respondo para que você tenha o meu. Abraços!
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