- Eu não gostei daquilo que você escreveu no seu blog sobre o filme canadense que vimos juntos.
- Ah, é? Por quê?
- Ah, não gostei. Você pegou pesado. Primeiro, porque o filme é bom. Segundo, porque o colunista que escreve contra uma obra de arte só pode ser um mau colunista...
- [Estupefato] Como assim?
- Ué, porque não tem sentido escrever sobre algo de que não se gosta. O bom crítico só escreve sobre o que acha bom.
- [Rindo] Quer dizer que, se eu não gostar da obra de arte, preciso ficar calado?
- [Irritando-se] Para que você vai escrever sobre um negócio que achou ruim? A gente não deve perder tempo com o que é ruim.
- Não se deve perder tempo com o que é pouco interessante. Às vezes até o ruim pode suscitar uma boa discussão.
- Não acho; acho que isso é falta de amor.
- ???
- Falta de amor, sim. Você não devia fazer isso com a obra de arte.
- Por quê? A obra de arte é sagrada? Não se pode macular um filme falando-se mal dele?
- Não é isso; é o que eu disse antes: para quê você vai escolher algo justamente para falar mal?
- Porque esse algo é representativo do que estamos vivemos hoje, uma espécie de complexo coletivo...
- Eu acho que, se você tivesse mesmo compreendido o filme, teria gostado. Se não gostou, é porque não chegou perto o suficiente...
- !!!
- Isso mesmo!
- Espere, deixe-me entender seu raciocínio: a obra de arte jamais deve ser criticada, nem que seja como pretexto para falar de complexos coletivos. Aquele que a critica, primeiro, é um mau crítico, pois escolheu um objeto que não ama...
- Exato: falta de amor!
- Eu acho que você é que está precisando de amor: não percebe que está quase enunciando uma lei? “Não se deve criticar uma obra de arte...”
- Ora, cale a boca. É falta de amor e pronto!
14 comentários:
Serei a primeira a comentar aqui por causa de uma óbvia ironia, percebida depois: postar um texto sobre "falta de amor" em pleno 12 de junho! Cômico! :-))
hahahahaha. Por aqui, essa data passa branco. Entrega aí: que filme vc não gostou?
This is a top secret!!! :-))))))
Puxa..."conta, conta, conta!"!! Beijinho! Simone Quaresma
Simone querida, é só pensar um pouquinho que você descobre! ;-)
Norma,
Sugiro que passe a usar o versículo abaixo quando lhe acusarem de "falta de amor":
"Tornei-me acaso vosso inimigo, porque vos disse a verdade?" (Gálatas 4.16)
Beijo,
Marcos Grillo
Hmmm... Não adorei Invasões Bárbaras, mas também não escreveria contra o filme.
Mas vocês todos estão indo na pista errada... :-)))
Marquitos, realmente, essa história de falta de amor se tornou uma espécie de lugar-comum defensivo da Geração Odara esquerdista. Ainda vou escrever um ensaio sobre isso. Só preciso de mais corpus. ;-)
Prezada Norma,
Muito bom post. Eu não sabia que quem busca estabelecer leis é alguém mau amado. No mais um filme que detestei foi Brokeback Mountain.
Olá Norma,
O diálogo nos mostrou o quanto é fácil - e melhor - fugir do debate. Para evitar argumentar sobre algo que você afirma, mas não compreende, posar de ignorante é uma boa saída.
Oh luzes escaldantes que nos aquece a cabeça e mortifica nossos corações. Pensar é a única alternativa diante da vida. Nossa vaidade se inflama quando se aproxima a discussão.
A blogosfera me permite algo que poucas vezes experimentei no mundo matérico: discussão com clareza de argumentos.
Sou reticente a debates em grupo de amigos, pois a maioria termina em menosprezo e desqualificação. Exercer a inteligência não combina com ausentar-se de civilidade.
PS: Sou dos poucos conservadores que gostou de Brokeback Mountain. Mas para argumentar sobre ele precisaria ver o filme novamente. Vejo que é um filme muito citado por blogueiros, principalmente por não gostarem. Se alguém tiver com vontade de discutir sobre este filme, pode me convidar.
Abraço.
Brokeback mountain é um filme canadense? Eu não vi...
Norma, pelo visto, estamos todos super curiosos para saber que tal de filme é esse! Beijos, rs
Norma,
Excelente post! Pertinente ao extremo e muito atual.
Hoje você ter uma opinião sobre certo assunto que divirja da maioria é "falta de amor"!
Se você consentir, eu quero colocar no meu blog um linkpara esse post que achei fantástico!
Beijos!
Se o arqumento foi "falta de amor", o contrário entorpeceria a mente? Ou o amor além de cego, cega? rsrs
Não digo, não digo! :-)))
Claro, Ju! Tu podes tudo, amiga!
Pois é, Lelê! Além do mais, o mundo fica sem graça se a gente não pode descer a lenha nos outros! Hehehehehe!
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