Hoje, passando em frente a uma banca de jornal, vi a capa toda preta da revista Caros Amigos, com os dizeres:
"Corrupção: Somos todos desonestos?"
Praguejei em voz alta. Não costumo fazer isso, mas desta vez a fanfarronice foi demais. Com que autoridade, com que prepotência os autores da revista querem jogar de volta para o leitor brasileiro - decerto, sempre pronto a acatar todas as culpas - a pecha de "corruptos" para aliviar o bandinho governamental e pró-governamental pego em flagrante? Senti-me ultrajada, vilipendiada. Eles que vão purgar as suas culpas, que a mim elas nada dizem respeito.
Ah... Mas talvez eu não tenha entendido bem. Talvez o "nós" da revista - abençoada ambigüidade da língua portuguesa - não se refira, de modo algum, à totalidade de leitores umbigais, muito menos ao povo brasileiro, mas a eles próprios, o grupinho reduzido dos escrevinhadores. Ah, sim. Mas por que nos perguntam se eles mesmos são desonestos? Será que, à força de tanto fazer a coisa, de tantas justificativas às vezes até auto-impingidas, coitados, terão eles esquecido a natureza corrupta de seus atos e palavras?
Como cristã, diante da pergunta que não me compete responder, só me resta então recomendar o aviso do Apóstolo Paulo: "Que cada um examine a si mesmo."
8 comentários:
Pois é. Só falta ler de fato a reportagem para saber até onde eles vão com essa patacoada. Quem sabe eu leio, se tiver estômago para tal...
Beijão!
Cara amiga,
Adorei o seu novo post! Na verdade, esses veículos precisam de uma boa revisora como você. Trata-se de uma afirmativa, o ponto de interrogação foi um ato falho. O "nós", com certeza, refere-se a classe dos "escrevinhadores" que deveriam ter a prioridade de informar, e não a de enformar o leitor...
Beijos,
Gabriela
Pois é Norma
Que cada um se examine a si mesmo... nem todos somos corruptos, mas tudo isso que aparece na imprensa tem um objectivo...
Um beijinho em Cristo, do outro lado do oceano!
Num certo sentido, somos todos desonestos: "Não há nenhum justo, nenhum sequer..." Talvez, sem atinarem com isso - ou até a contragosto, sei lá -, os editores estejam expressando essa verdade. A leitura da matéria permitiria aprofundar ou rejeitar esta hipótese, e uma carta à redação poderia lembrá-los dessa verdade. Como disseram num post que li há pouco no L.A., a melhor (ou a única) maneira de combater o marxismo é pregar o Evangelho.
Boa, Osw!
errata: foi a um comentário do Eliot aqui mesmo que eu me referi, e não ao blog do L.Afonso.
errata 2: ... combater não só o marxismo, mas as ideologias em geral.
Taí algo em que concordamos... Acredita que nunca abri a Caros Amigos? Pode até ser uma boa revista, com bons artigos, afinal nunca li nada dela!
Isso porque sempre achei suas capas e chamadas repletas de arrogância, aquele ar de filósofo de "eu perscruto tudo, sei tudo e tu és ignóbil", sabe?
Esta é somente mais uma capa infeliz.
Postar um comentário