O diabo gosta de manipular os homens por meio de extremos. É fácil! Quando você está quase vomitando de tão enjoado de açúcar, ganha algo bem gostoso que seja salgado. E vai alternando. Pode ficar o dia todo nessa brincadeira, come doce, come salgado, sem parar.
Tenho analisado essa alternância e percebido que o verdadeiro ponto de repouso é raro, muito raro. E pode ser raro até entre cristãos. Assim é, creio eu, em relação aos animais - não os que comemos, para afastar-me da analogia acima, mas os que criamos. A cultura não-cristã enlouqueceu, é fato. Temos Peter Singer, que acusa de "especismo" qualquer cosmovisão que não equivalha a vida humana à vida animal. Temos quem prefira cães e gatos a gente, ovos de tartaruga a bebês no ventre. Temos quem trata o pet como filho, dando-lhe quarto especial, prato na mesa e até cerimônia fúnebre.
Porém, um outro modo de deixar-se cooptar pela cultura é opor-se frontalmente a ela, sem reflexão. É agir reativamente. Então há crentes que não se incomodam em dizer que não gostam de animais, que ignoram os animais, que cuidam mal de seus animais (apesar de Provérbios 12.10) e têm dificuldade de reconhecê-lo como pecado, pois ninguém os confronta. Há quem ache muito estranha a ideia de orar pelos bichinhos (mas como cuidar bem sem oração?). E há quem recrimine ou zombe dos que se dizem "pais" e "mães" de pets, acusando-os de cooptação parcial com a mania antigente que parece ser chique nos nossos dias.
Ora, mas quem disse que ser anti-animal é ser pró-gente? Essa dicotomia é invenção do pecado, é maligna. Para falar a verdade, eu gosto muito de me dizer "mãe" de meus gatos. Não me entenda mal: não os trato como filhos. Para mim, o uso desses termos indica a extensão do meu afeto. Recebo tanto amor deles - glória a Deus, que os fez! - que me dizer "mãe" o expressa de um modo exagerado, claro, mas o exagero, em todo amor que é grande, torna-se na medida. Confesse: você não diz para a sua esposa que ela é a mulher mais bonita, mais inteligente, em suma, a melhor do mundo? Como seria chato demonstrar o amor sem hipérboles!
"Ah, mas amor por um animal? Há uma diferença gigantesca entre um cônjuge e um animal." Claro que há! Assim como há uma diferença gigantesca entre Deus e os homens, não há? Mesmo assim, Ele estende a nós o seu afeto e nos chama de filhos, além de deixar claro que quer ser chamado de Pai. E, ainda que o próprio Deus tenha se tornado homem, em nenhum momento o cristianismo permite que se embolem as estações: Deus é Deus, homem é homem, animal é animal.
Como cristã, também não permito. Não sou a fonte original nem a criadora de meus gatos (tampouco os pais o são de seus filhos humanos); nem sou "mãe" do jeito que só uma gata pode ser. Mas, junto com meu marido, sou a cuidadora princpal deles. Mais do que qualquer outra pessoa no mundo, responsabilizo-me por seu bem-estar físico e emocional. Amo cuidar deles e amo expressar esse amor com todo o exagero implicado na palavra "mãe". E, quando paro para pensar nisso, amo ainda mais que Deus tenha sido tão exagerado em seu amor ao ponto de se dizer nosso Pai, adotando-nos - a nós, meras criaturas! - como seus filhos queridos.
Tenho analisado essa alternância e percebido que o verdadeiro ponto de repouso é raro, muito raro. E pode ser raro até entre cristãos. Assim é, creio eu, em relação aos animais - não os que comemos, para afastar-me da analogia acima, mas os que criamos. A cultura não-cristã enlouqueceu, é fato. Temos Peter Singer, que acusa de "especismo" qualquer cosmovisão que não equivalha a vida humana à vida animal. Temos quem prefira cães e gatos a gente, ovos de tartaruga a bebês no ventre. Temos quem trata o pet como filho, dando-lhe quarto especial, prato na mesa e até cerimônia fúnebre.
Porém, um outro modo de deixar-se cooptar pela cultura é opor-se frontalmente a ela, sem reflexão. É agir reativamente. Então há crentes que não se incomodam em dizer que não gostam de animais, que ignoram os animais, que cuidam mal de seus animais (apesar de Provérbios 12.10) e têm dificuldade de reconhecê-lo como pecado, pois ninguém os confronta. Há quem ache muito estranha a ideia de orar pelos bichinhos (mas como cuidar bem sem oração?). E há quem recrimine ou zombe dos que se dizem "pais" e "mães" de pets, acusando-os de cooptação parcial com a mania antigente que parece ser chique nos nossos dias.
Ora, mas quem disse que ser anti-animal é ser pró-gente? Essa dicotomia é invenção do pecado, é maligna. Para falar a verdade, eu gosto muito de me dizer "mãe" de meus gatos. Não me entenda mal: não os trato como filhos. Para mim, o uso desses termos indica a extensão do meu afeto. Recebo tanto amor deles - glória a Deus, que os fez! - que me dizer "mãe" o expressa de um modo exagerado, claro, mas o exagero, em todo amor que é grande, torna-se na medida. Confesse: você não diz para a sua esposa que ela é a mulher mais bonita, mais inteligente, em suma, a melhor do mundo? Como seria chato demonstrar o amor sem hipérboles!
"Ah, mas amor por um animal? Há uma diferença gigantesca entre um cônjuge e um animal." Claro que há! Assim como há uma diferença gigantesca entre Deus e os homens, não há? Mesmo assim, Ele estende a nós o seu afeto e nos chama de filhos, além de deixar claro que quer ser chamado de Pai. E, ainda que o próprio Deus tenha se tornado homem, em nenhum momento o cristianismo permite que se embolem as estações: Deus é Deus, homem é homem, animal é animal.
Como cristã, também não permito. Não sou a fonte original nem a criadora de meus gatos (tampouco os pais o são de seus filhos humanos); nem sou "mãe" do jeito que só uma gata pode ser. Mas, junto com meu marido, sou a cuidadora princpal deles. Mais do que qualquer outra pessoa no mundo, responsabilizo-me por seu bem-estar físico e emocional. Amo cuidar deles e amo expressar esse amor com todo o exagero implicado na palavra "mãe". E, quando paro para pensar nisso, amo ainda mais que Deus tenha sido tão exagerado em seu amor ao ponto de se dizer nosso Pai, adotando-nos - a nós, meras criaturas! - como seus filhos queridos.
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