29 fevereiro 2012

Um seminário para não perder!

Franklin Ferreira, Jonas Madureira, Tiago Santos... Irmãos de minha inteira confiança, amigos leais, com um excelente currículo e um coração verdadeiramente convertido, constituem uma equipe para formar pastores e líderes no Brasil. Você vai perder essa? A turma ainda tem vagas para este ano!

26 fevereiro 2012

Da série "O que Deus fez por você através da cultura" I

Estou lendo um livro fantástico chamado Como o cristianismo mudou o mundo (How christianity changed the world), escrito por Alvin J. Schmidt, autor luterano, PhD da Universidade de Nebraska e professor de sociologia, hoje aposentado. Minha versão é eletrônica, em inglês, para Kindle. Esse livro busca corrigir os muitos desvios históricos e as incrivelmente enviesadas criminalizações de que é vítima o cristianismo, em uma sociedade que não reconhece o quanto é devedora dos ensinamentos de Cristo que se incorporaram à cultura.

É claro que Schmidt não ignora o mal que, em nome do cristianismo, muitos perpetraram ao longo da história. Afirma ele em entrevista: "Alguns aprovaram a escravidão; alguns diminuíram o valor da mulher; outros, os cruzados, tentaram converter à espada; outros, ainda, praticaram corrupção, dentro e fora da igreja." O que é importante notar é a estreita correspondência entre os ensinamentos de Cristo e os inúmeros bens de que gozamos na civilização judaico-cristã, além de seu corolário: o quanto perdemos quando nos afastamos bruscamente desses valores! Por exemplo, a cultura "andou para trás" em todos os países em que governantes totalitários buscaram destruir à força o substrato cristão, remodelando o homem e o mundo à própria imagem. Hitler, que odiava o cristianismo e subjugou a igreja, adotou o infanticídio na Alemanha durante seu governo.

É do infanticídio que vou tratar no primeiro post dessa série, comentando as riquíssimas informações que tenho encontrado no livro de Schmidt.

O fim do infanticídio: uma conquista cristã

Você, leitor, deplora o assassinato de crianças, não? Espero que você não seja um seguidor de Peter Singer, nem de certas antropologias modernas que negam à criança indígena o status de pessoa... Bom, para a sensibilidade contemporânea, em todo o Ocidente o infanticídio é um crime abominável. Trememos de horror e ira apenas quando alguém encontra um bebê vivo dentro de uma lata de lixo - quanto mais se pai ou mãe matam os próprios filhos, como ainda ocorre no mundo muçulmano. Prática comum e incontestada em várias civilizações antigas - não só a greco-romana, mas também a de países como China, Japão, Índia, entre os índios do Brasil e entre os esquimós - , o infanticídio só começou a ser afrontado consistentemente a partir do século I, pelos adeptos daquela seita judaica do Nazareno. Nem mesmo os melhores homens do mundo antigo ocidental, como Cícero e Sêneca, se opunham a esse costume maldito. De fato, compreende-se por quê: somente o cristianismo bíblico podia, como cultura, conferir ao neonato ou à criança o status de um ser digno da vida. A idolatria romana à "cidade" apenas deixava os mais frágeis à mercê de um sistema cruel que dispunha como queria das pessoas consideradas improdutivas ou indesejáveis. Foi somente por influência do bispo Basílio de Cesareia que o infanticídio foi abolido no Império Romano pelo imperador Valentiniano, em 374d.C. Da mesma forma, os pais da igreja Clemente de Alexandria, Tertuliano e Lactâncio denunciaram com vigor tanto o infanticídio quanto o abandono de crianças, e muitos outros cristãos se tornaram conhecidos por adotarem as crianças rejeitadas.

O homem ocidental comum não mata nem abandona mais os filhos? E os que o fazem são acertadamente condenados e punidos? Agradeça ao cristianismo!

23 fevereiro 2012

Ore em nome de Jesus

Contei em minha segunda palestra na VINACC que, quando era nova convertida - ainda com a mente de Cristo pouco desenvolvida e uma cosmovisão que precisava de mais leitura bíblica e anadurecimento -, acreditei estar fazendo uma grande coisa por minha amiga esotérica ao aconselhá-la assim: "Sempre que você orar, termine a sua oração com 'em nome de Jesus'." Que vergonha! Eu ainda não havia confrontado devidamente a minha antiga crença no poder de palavras mágicas, típica do esoterismo. Essa história é narrada por mim, junto com uma advertência a cristãos que oram e agem com base na crença em palavras mágicas, no livro que lançarei ainda este ano, A mente de Cristo, pela editora Vida Nova.

Pois bem, mas o que seria "orar em nome de Jesus"? Pois o próprio Jesus nos estimula a orar em nome Dele. Encontrei um texto maravilhoso que fala sobre isso no blog de meu amigo Alan Rennê, aqui, e nos faz pensar muito no quanto nossas orações são feitas na perspectiva correta. Espero que goste. Boa leitura!

14 fevereiro 2012

Aos defensores da vida – urgente!

Citei em meu livro (a sair em março pela editora Vida Nova) a matéria do Estado de São Paulo que noticiava o compromisso assumido pela presidente Dilma conosco, evangélicos, no dia 15 de outubro de 2010, nos seguintes termos:

“Eleita presidente da República, não tomarei a iniciativa de propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto e de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no País.”

Acrescentei que preferia não entrar no mérito da eficácia desse tipo de documento, já que “os líderes politicamente corretos são hábeis o suficiente para modificar as leis de um modo mais sutil”. Pois bem: mal começou o ano, já estamos às voltas com a quebra desse compromisso por parte do governo (não vale o argumento lulista “eu não sabia”: Dilma é o governo). E também estamos às voltas com pesadíssimas manifestações de perseguição religiosa anticristã em vários níveis. Não se trata somente da nomeação da ministra Eleonora Menicucci, abortista (e até aborteira, conforme ela mesma conta em entrevista!) com muito orgulho. O secretário-geral da presidência, Gilberto Carvalho, que segundo o jornalista Reinaldo Azevedo é “o homem mais importante do PT depois de Lula”, declarou no Fórum Social de Porto Alegre deste ano que o governo pretende criar uma mídia estatal para disputar ideologicamente com os líderes evangélicos pelos setores emergentes. É uma verdadeira declaração de guerra pela mente do povo evangélico – e quem está do outro lado é o governo de Dilma, o governo petista! Vejam o que escreve Azevedo sobre o ideal petista:

“[Eles querem a] completa laicização da sociedade, sem espaço para a moral privada ou de grupo. Teses como descriminação do aborto, legalização das drogas, união civil de homossexuais, proselitismo sexual nas escolas (nego-me a chamar de ‘educação’ o tal kit gay, por exemplo) tendem a encontrar resistência. E as vozes que lideram essa resistência costumam ser justamente as dos evangélicos. […] Haver organismos, entidades, grupos ou religiões que cultivem valores fora do abrigo do partido é inaceitável.”

Essa é a perfeita descrição do totalitarismo: poder total, pensamento único, tudo debaixo do Estado. No nazismo e no comunismo, em toda parte e todas as épocas, o cristianismo sempre foi o maior inimigo de um Estado opressor e tirano, pois tal Estado exige idolatria e nós nos opomos a isso por adorarmos o Deus único e todo-poderoso, o Deus da Bíblia, Pai de Jesus Cristo, criador do universo e redentor de nossas almas.

Outro caso escabroso contra cristãos é o da psicóloga Marisa Lobo, perseguida por “fiscais” de sua área por afirmar sua crença no Deus da Bíblia. Ela foi intimada a tirar de toda a sua mídia social (Facebook, Orkut etc.) as menções a Deus, sob pena de perder o registro no Conselho. Vejam como estamos caminhando: antes, não podíamos ser crentes no espaço profissional para não perder a credibilidade; agora, não podemos ser crentes em lugar nenhum caso quisermos manter nossa profissão. O “agente secreto da fé” está se tornando um objetivo estatal para a igreja! É o imenso armário que estão preparando para nós.

A última é gravíssima e precisa de nossa atenção máxima: querem legalizar o aborto eugênico a qualquer tempo e o aborto por motivos “psicológicos” até 12 semanas. Marcaram uma audiência pública às portas do Carnaval, quando está todo mundo distraído, planejando viagens e lazeres. É como sempre fazem quando querem realizar mudanças impopulares nas leis. Posto na íntegra o conteúdo do post de um blog excelente sobre aborto, escrito por Eleonora Chaya (pseudônimo), com muita informação importante. Se você estiver em São Paulo e houver tempo, não deixe de comparecer!

Defensores da vida, ATENÇÃO!

No dia 24/02/2012 haverá uma audiência pública para que se façam alterações no capítulo “Crimes contra a vida”, do anteprojeto do novo Código Penal.

Entre as alterações, que abarcam também a eutánasia e o suicídio assistido, querem nos fazer engolir a contra-gosto as seguintes mudanças com relação ao ABORTO:

Como é:
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art.   124.   Provocar   aborto   em   si   mesma   ou   consentir   que   outrem   lho provoque:
Pena – detenção, de um a três anos.

Alteração:
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art.   125.   Provocar   aborto   em   si   mesma   ou   consentir   que   outrem   lhe provoque.
Pena – Detenção, de seis meses a dois anos.

Como é:
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

Alteração:
Exclusão do crime
Art. 128. Não há crime se:
I – se houver risco à vida ou à saúde da gestante.
II – a gravidez resulta de violação da dignidade sexual, ou do emprego não consentido de técnica de reprodução assistida;
III – comprovada a anencefalia ou quando o feto padecer de graves e incuráveis anomalias que inviabilizem a vida independente, em ambos os casos atestado por dois médicos.
IV – por vontade da gestante até a 12ª semana da gestação, quando o médico constatar que a mulher não apresenta condições psicológicas de arcar com a maternidade.

Aqui vocês podem baixar o texto com todas as alterações propostas.

Clamo a todos que, quem puder, compareça à audiência!

Façamos número, sejamos ouvidos! Não podemos nos calar diante da legalização de um assassinato!

É PRECISO SE INSCREVER: clique aqui para acessar o formulário de inscrição.

Audiência pública discussão das propostas do capítulo “Crimes Contra a Vida” do anteprojeto do novo Código Penal
Quando: 24 de fevereiro às 14h Local: Palácio da Justiça, “Salão dos Passos Perdidos”. Endereço: Praça da Sé, s/nº. Mais informações: www.prr3.mpf.gov.br, crimescontraavida@prr3.mpf.gov.br ou (11) 2192-8873.

11 fevereiro 2012

Carta Aberta da Vinacc à Igreja Brasileira

Queridos leitores,

Peço sua atenção a essa Carta Aberta da Vinacc à Igreja Brasileira, escrita por Euder Faber, presidente da Vinacc. Precisamos do apoio de todos os irmãos que apoiam as realizações da Vinacc!

E continuem orando pelo fim da minha tendinite. ;-)

Abraços!

Norma Braga

02 fevereiro 2012

Novidades editoriais!

Capa_Apostasia O pessoal da VINACC é ninja mesmo e merece nossa admiração: não é fácil organizar um evento daquelas proporções (60 mil participantes!) e ao mesmo tempo abrir uma editora e lançar livros! A Visão Cristocêntrica Publicações é inaugurada com quatro obras inéditas, dentre as quais Apostasia, Nova Ordem Mundial e Governança Global. O título pode assustar alguns, mas o tratamento do assunto é bastante sóbrio biblicamente e envolve muita informação imprescindível para a compreensão de nossos dias atribulados. O livro é organizado pelo fera em direito Uziel Santana e seus autores são Norman Geisler, Augustus Nicodemus, Russell Shedd, Robson Fernandes e esta escriba que vos fala. Será lançado durante o evento da VINACC, no carnaval, mas já pode ser reservado pelo site.

E você, vai à VINACC? Estarei lá!

Outra novidade de peso é a editora de meu amigo Sandro Wagner, Interferência, que já conta até com loja virtual. Está com um monte de livros de Charles Spurgeon à venda, oba!

Essas novidades vêm em boa hora, pois meu bloguinho anda tristemente parado. Estou morrendo de saudade de escrever aqui – e tem tanta coisa acontecendo! Queria comentar a obsessão banheirística (e autoritária) do Laerte, o vídeo promocional da Planned Parenthood, o livro da Nancy Pearcey que estou lendo e muito mais. Na verdade, tenho comentado, mas muito esparsamente (e concisamente) no meu Facebook. Não posso escrever muito: a tendinite ainda está me rondando (continuem orando por mim!). Mas logo sairá meu livro pela Vida Nova, em março, e eu prometo postar as datas de todos os lançamentos e eventos em que estarei presente!

02 janeiro 2012

2011, uma retrospectiva

Logo no início de 2011, vivemos uma tragédia pessoal, em janeiro: a morte de nosso primeiro filho antes de nascer, com quase cinco meses. Deus sabe o quanto isso pode ser especialmente doloroso para quem, como nós, não acredita na balela de que, no ventre, os bebês são apenas um punhado de células. Nós nos relacionávamos com ele, do lado de fora, considerando-o de fato o que ele era: um bebezinho em formação. Eu especialmente me divertia quando, à noite, meio de bruços, eu mudava de posição e sentia o corpinho ainda minúsculo se deslocando para o lado inverso. Achava a coisa mais linda que aquela coisica já tivesse seus desconfortos e vontades. Nosso bebê agora está com Deus, e ainda pensamos nele com tristeza e saudade. Depois do parto (pois seria perigoso e muito pior tirá-lo por cesariana), enquanto voltávamos calados para casa, ouvi no rádio uma música muito triste de Caetano Veloso, cujo refrão era: “Que é que eu vou fazer pra te esquecer?” E respondia interiormente: nunca farei nada pra te esquecer. Não quero evitar essa dor (que será permanente, até a morte), não só porque é a evidência do amor que tivemos por ele, mas principalmente porque Deus estabeleceu seus limites, aqui e na eternidade: aqui, temos um consolo que neste mundo não se encontra; lá, teremos o reencontro tão ansiado. Até esse dia, sustentada pela maravilhosa graça, nossa lembrança continuará a ser “mais leve que o ar, tão doce de olhar, que nenhum adeus vai apagar”.

Em fevereiro, durante os dias do Carnaval, tivemos o Encontro da VINACC (Visão Nacional da Consciência Cristã), um evento inesquecível em Campina Grande, Paraíba. Falei a uma plateia bastante entusiasmada (mérito das pessoas que ali estavam, pois não sou uma grande oradora) sobre os perigos de uma cosmovisão que confunde o amor cristão com o amor marxista politicamente correto. No mesmo dia, ouvimos Don Richardson, autor de um dos livros mais importantes em minha formação cristã, O fator melquisedeque. Não perdi a oportunidade de dizer-lhe que aquele livro, lido por mim poucos meses depois da conversão, ampliou incrivelmente minha percepção de quão grande Deus é, pois, embora tenha escolhido fazer-se conhecido através de um Livro, Ele não se furtou a deixar pequenas marcas de Si mesmo em outras culturas desprovidas do texto bíblico. Com uma cativante modéstia, Richardson respondeu como se a obra não fosse dele, mas como quem, esquecido dos próprios esforços, ainda se maravilha com a descoberta: “Não é mesmo incrível?” Desnecessário contar que eu e André fizemos um rombo imenso em nossos bolsos, comprando muitos livros e alguns vídeos e cds. Ao longo do evento, todas as palestras a que assistimos, sem exceção, trouxeram ideias edificantes. Agradeço a Deus pelos irmãos que conheci (Tiago, Uziel, Ana, Euder, Paulo, Ricardo, Adauto, Ciro, Zé Mário) e que reencontrei (Augustus, Minka, Franklin, Marilene, Renato, Edson, Rozângela, Antônio). Tivemos a oportunidade de bater papos divertidos e instrutivos. Estaremos lá novamente este ano!

[Continua, na medida em que a tendinite deixar] ;-)

20 dezembro 2011

Comunismo coreano: idolatria e opressão

Há alguns anos, quando eu ainda trabalhava como professora de francês, caiu-me nas mãos uma revista feminina francesa que veiculava fotos de multidões de crianças chorando, rostos em desespero, com a simples visão pública do ditador coreano. A reportagem mostrava de que forma elas tinham sido treinadas para reagir assim, em uma calculada histeria coletiva. Aquelas imagens nunca mais saíram de minha mente, como um retrato emblemático da deformação da alma infantil. Não tenho mais a revista, mas qualquer pessoa pode pesquisar e, o inglês ajudando, compreender a crueldade de um regime que obriga as pessoas a adorarem seus líderes e as pune severamente quando se recusam a isso.

Pois morreu o ditador da Coreia do Norte, Kim-Jong il, deixando o mesmo legado comunista que conhecemos: fome generalizada, opressão, tirania, campos de concentração, idolatria (nesse caso, rasgada) e perda da liberdade, além de um punhado de armas nucleares que preocupam o mundo. No Brasil, que é governado por um partido comprometido ideologicamente, a mídia raramente ousa tratar das sistemáticas violações aos Direitos Humanos naquele país. Em uma rápida olhada pela internet, é impossível deixar de reconhecer que as notícias sobre essa morte são pouco informativas e, em geral, vergonhosas, enfatizando as lamentações (em grande número, forçadas!) e usando eufemismos como “mão de ferro” para o ditador cruel que queria a adoração como um deus. O comunismo brasileiro também mostrou de que lado está: a Folha de São Paulo veiculou a rasgada exaltação do PC do B ao regime. Não há desculpas para a falta de informação: até no You Tube há documentários que mostram a real face do totalitarismo comunista coreano.

A Coreia do Norte, hoje, é o primeiro país no ranking da perseguição religiosa, de acordo com o site Portas Abertas. Você, cristão, vai continuar a defender o comunismo? Busque informação e se posicione: você não pode ficar calado diante da perseguição, seja religiosa, seja política. Salgar o mundo, nesse caso, é abrir a boca pelos verdadeiros oprimidos dos sistemas comunistas em vigor, bem como denunciar a opressão em marcha nos países que ainda se consideram “democráticos” – uma opressão que tem sido praticada em nome do amorrrr politicamente correto, e que se revela na aprovação de leis mesquinhas que dão ao Estado o controle da consciência (lei contra a homofobia, lei da palmada, leis que buscam coibir a imprensa etc.), e isto em todo o mundo ocidental.

08 dezembro 2011

Maquiagem e teologia

Ainda não estou com o braço cem por cento, mas já me arrisco a escrever um pouquinho, aqui e ali. Uma amiga virtual, Renata, tem um excelente blog sobre maquiagem, do qual sou leitora assídua, chamado Conversa de beleza. No post de hoje, ela propôs que as leitoras escrevessem livremente suas opiniões sobre a seguinte citação, que ela retirou de um programa de tv e traduziu:

Mary (narração): Sempre me espantei com os objetivos da maquiagem: anti-sinais, firmadora, regeneradora, micro-escultora; pagar um absurdo em garrafinhas de 100mL. Fico estupefata. Honestamente, parece um safári. Quero dizer, até entendo. Em um nível, você quer mudar, se esconder, sentir-se como qualquer outro que não você – nem que seja por uma noite. Mas no final do dia, é o que seu reflexo exaurido lhe dirá todas as vezes, a maquiagem sai e tudo o que lhe resta é exatamente quem você é.

Eis meu comentário, que partilho com vocês:

Querida Renata,

Eu não resisto a filosofar e teologizar aqui um pouquinho, comunicando uma cosmovisão que está enraizada na minha escolha religiosa: o cristianismo bíblico. Eu não deixo a religião no “armário” das opiniões pessoais e subjetivas, sabe; para mim, a cosmovisão cristã é minha verdade. E fico feliz por você ter pedido a opinião das leitoras. :-)

Então, quando leio uma declaração dessas, a primeira coisa em que penso é: “Mas quem somos exatamente?” Acredito no pecado original, ou seja, acredito que os homens se separaram de Deus por escolha própria. Isso significa que nada no mundo é “normal”, nada é o que deveria ser. Assim, não somos perfeitos, ninguém é perfeito, e a perfeição só será alcançada no céu. Então, “ser o que você é” é “ser pecador”, com todos os efeitos do pecado, efeitos que não são somente morais, mas também têm a ver com a mortalidade – ou seja, com o fato de que nossos corpos são vulneráveis e tendem à destruição. Nesse contexto, “ser o que sou” não deve ser um lema, uma bandeira (a não ser que signifique “ser espontâneo e autêntico”, no sentido da sinceridade), porque meu “ser natural” inclui todas as minhas imperfeições, e todo mundo quer se aperfeiçoar, ser melhor do que é. No âmbito moral, não há “maquiagem” que resolva: nossos “podres” precisam ser identificados, perdoados e depositados aos pés da cruz de Cristo; no âmbito estético, a maquiagem é muito bem-vinda e devemos lançar mão dela incondicionalmente. Mas, mesmo no âmbito estético, em Cristo nós temos a promessa de um céu onde, certamente, ninguém precisará de maquiagem. ;-)

A segunda coisa em que penso é menos teológica e mais estética mesmo. De novo, pergunto: “Mas quem somos exatamente?” Tudo modifica nossa aparência: a luz, as cores do ambiente, o clima, as emoções, os adornos, as roupas que vestimos. Ninguém tem controle total sobre a própria aparência, seria impossível. Mas temos algum controle, e é justamente isso que a maquiagem, os cosméticos e a moda nos possibilitam: usar a luz, as cores, as texturas, os formatos, os adereços a nosso favor. A autora da citação, para ser coerente, teria que andar pelada e deixar de usar até desodorante. O que ela afirma contradiz a própria civilização.

Para resumir, o texto dela é uma amostra da filosofia do “bom selvagem” aplicada ao mundo do make up. Não posso concordar com o naturalismo que ela advoga. E também é uma confusão entre esferas: ela está expressando uma preocupação existencial através de algo que é estético. Isso é exigir demais da maquiagem ou da não-maquiagem. No final do dia, quando olho no espelho, o que resta é simplesmente uma Norma com o rosto lavado! :-D

Grande beijo e obrigada por pedir respostas espontâneas!

29 novembro 2011

Se você ainda não viu, veja!

Enquanto ainda não estou bem da tendinite, aproveito para compartilhar com os leitores um dos vídeos mais tocantes dos últimos tempos. Tire meia horinha hoje para ver e, se gostar, divulgue.

01 novembro 2011

Poeminha Filosófico I: Sujeito e objeto

De volta da pós do Jumper, inspirada em Descartes e Schaeffer

Sujeito moderno, não conheci devidamente.

Pós-moderno, desisti de conhecer.

Era sujeito e objeto ao mesmo tempo,

Sujeito de meu mal, objeto da ira de Deus,

Quando, ainda objeto, fui chamado

A tornar-me sujeito com Deus

E objeto da graça de Deus.

É só em Deus que posso ser sujeito de fato,

Somente Nele me alegro em ser objeto.

09 outubro 2011

Um balanço da Conferência Fiel 2011

Como trabalho em casa, em uma tradução e, agora, em meu livro para a Vida Nova, pude assistir por internet a quase todas as pregações e os workshops da Conferência Fiel sobre Evangelização & Missões deste ano. Vou tentar descrever em poucas linhas o quanto esses dias foram abençoadores para mim.

No dia 4 de outubro, o pr. Mauro Meister trouxe uma palavra primordial para quem se interessa pelo tema, apontando com vigor um erro corrente entre nós: as missões não são a razão principal da igreja; a glória de Deus, sim, vem em primeiro posto. Por que precisamos sempre repetir essas coisas? Por termos a tendência de considerar as missões (campanhas de evangelização, pregações em estádios, implantação de igrejas em terras distantes, o próprio pastorado etc.) como A missão. É como se o pai de família, que nunca saiu nem de sua cidade, que cuida bem de sua casa, da esposa, dos filhos - principalmente no aspecto espiritual, pastoreando com amor seus corações -, não estivesse glorificando tanto a Deus quanto um megaevangelista em cruzadas internacionais. Somos criaturas com tendência para valorizar o exterior mais que o interior; há um fariseu à espreita em cada um de nós (e se você pensou agora, “em mim não”, cuidado, hein!). Na verdade, no momento em que o ladrão na cruz dirigiu aquele pedido a Cristo, ele glorificou a Deus, tanto que Cristo o levou consigo para o céu. E o que ele fez? Nada, e, ao mesmo tempo, tudo: creu em Cristo e acolheu a vida eterna no coração. Precisamos lembrar sempre nossa verdadeira finalidade, que é glorificar a Deus, seja silenciosamente, seja sob os holofotes. Além disso, se as missões fossem a razão principal da igreja, seríamos pobres legalistas pragmáticos, só pensando em fazer-fazer-fazer, imprestáveis para a adoração e o amor – sequer teríamos tempo para a quietude com Deus e o pastorear íntimo dos nossos queridos (e muitas vezes não temos mesmo: por isso é tão importante rever nossas prioridades!).

Essa ênfase na glória de Deus, algo fantástico e tremendamente necessário em uma conferência sobre missões, foi confirmada novamente na pregação de Piper sobre o primeiro pedido de Jesus no Pai Nosso: “santificado seja o Teu nome”. Tudo ocorre primeiro no coração. A interioridade deve ser o primeiro local da santificação do nome de Deus; depois, levamos isto para fora, para as "missões". Por isso, um trabalho imenso de sondagem de ídolos deve ser feito, todos os dias. Se nosso propósito último não for glorificar Seu nome, precisamos pedir para que seja. Oh Deus, sonda e destrói os ídolos do nosso coração!

A pregação do pr. R. W. Glenn também buscou guardar-nos do farisaísmo, descrevendo a sutileza das armadilhas demoníacas que podem transformar nosso amor pela Palavra em um indicador de autojustiça. Anotei quase palavra por palavra de alguns trechos: “Nossa tendência é ver a correção doutrinária como algo que nos dá uns ‘pontinhos’ diante de Deus. Somos tão facilmente afastados da graça, confiando na autojustiça! Nós nos sentimos culpados quando as coisas vão bem em um dia em que pecamos; sentimos a necessidade de compensações pelo pecado; tentamos muitas vezes apaziguar nossa consciência culpada com nossos próprios recursos. Tudo isso é um substituto para Cristo. Temos que nos arrepender dessa autojustiça. Temos que nos arrepender por ficarmos desanimados com nossos pecados, pois esse desânimo é um sinal de nossa recusa ao que Deus fez por nós na cruz.”

Muito ainda haveria por dizer das demais pregações de Augustus Nicodemus, Franklin Ferreira e Stuart Olyott. Mas, para não me estender muito, passo a dizer de forma geral como essas palavras maravilhosas me impactaram. Chorei com várias pregações, vibrei com outras, fui inspirada por outras a escrever trechos de meu livro para a Vida Nova. Descobri dentro de mim um certo culto ao conforto emocional, que me faz sentir paralisada e temerosa quando penso em perseguições e martírios, e com muita tristeza pedi a Deus para me livrar desse ídolo. Ontem, confessei pra mim mesma que estou com saudade de ler mais a Bíblia (a gente faz culto doméstico, eu estudo em casa, mas faz tempo que não me entrego a uma leitura por horas, e tive saudade disso). Esses foram alguns dos frutos da Conferência - fora os que não sei, e só Deus sabe. Que Ele seja louvado!

*

Uma bronca: li em redes sociais por aí algumas reclamações sobre a Conferência. A pior delas foi: "não teve novidade". De fato, a ênfase na glória de Deus em primeiro lugar não é novidade alguma. A Bíblia, então, está por aí há uns dois mil anos… Novidade, de fato, não tem. Mas tem a “novidade de vida” que o apóstolo Paulo nos recomenda: “Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida” (Romanos 6.4). Ora, o que é andar em novidade de vida? É matar todo dia o velho homem dentro de nós, lançando mão dos meios de graça que Deus nos proporciona: a oração, a comunhão, o contato com a Palavra. É cuidar para que permaneçamos firmes na graça de Deus, sabendo que essa graça nunca é totalmente experimentada e nossa tendência natural é fugir dela. Morrer para a morte do pecado, morrer com Cristo e ser ressuscitado por Ele, espiritualmente e, no final dos tempos, fisicamente – essa é toda a novidade de que precisamos! Se não vibramos mais com a única e maior novidade para nossas almas, devemos não apontar acusadoramente para o pregador, mas para a possível frieza de nosso coração. Já passei por uma fase assim, de “tédio espiritual”, e acabei concluindo que no fim o problema era meu mesmo. Esse é o primeiro ponto. O segundo é que as redes sociais precisam ser utilizadas para algo mais edificante. Não acho nem bom, nem justo, nem proveitoso esse tipo de crítica em público. Fica a dica para quem esquece que as redes sociais são palcos diante das multidões, e fala como se estivesse na sala de casa, de pijama e chinelos.

P.S. Não deixe de ler o empolgante relato de Augustus Nicodemus sobre as pregações de Piper no Brasil!

14 setembro 2011

Mas por que tanto tempo afinal?

Uau! Mais de um mês sem postar. Que saudade. Nunca cheguei a tanto. Falta de ideias? Dificilmente! Na verdade, muitos motivos me afastaram do blog: outra mudança interestadual, alguns problemas de saúde meio chatinhos (enxaqueca, uma possível alergia a glúten, uma possível tendinite), compromissos diversos. Porém, este post não é para desfiar um rosário de justificativas ao leitor, mas sim para comunicar uma grande novidade, e que explica, mais que outras razões, esta fase meio “muquirana” com o blog: estou escrevendo um livro!

Assim, o leitor precisará exercitar um pouquinho sua paciência para ler textos novos meus. O livro sairá pela editora Vida Nova, no ano que vem. Prometo que postarei todas as notícias relacionadas a ele. Não quero inaugurar com isso um “recesso” no blog, mas as coisas continuarão lentas por mais algum tempo.

O tema do livro? É surpresa. :-) E não se esqueçam de orar por mim, para que Deus me ajude a completar com sucesso aquilo que devo entregar a vocês.

E, enquanto não venho com mais, deixo uma pequena reflexão sobre uma das melhores citações que já li nos últimos tempos, de Hans Rookmaaker:

"A antítese não é entre cultura e cinismo, entre espiritualidade e materialidade, mas entre Deus e os ídolos."

Embora eu não tenha lido Rookmaaker ainda, não resisto a comentar essa única citação. (Se o contexto for outro, peço que o leitor versado em Rookmaker me corrija.) A frase me encanta por expressar o caráter todo especial do cristianismo em relação a outras religiões: a fé bíblica confronta o homem não a escolher entre conceito e conceito, mas entre pessoa e pessoa. Ou seja, a grande questão, no cristianismo, a pergunta que desafia o homem, não é o que, mas sim a quem você vai adorar: a Deus ou aos ídolos? A quem vai dedicar seu coração? Não se trata de preferir conceitos (como geralmente o mundo encara a adesão religiosa), mas de escolher acertadamente Aquele que será o Amado de sua vida – não só Aquele que é o único que pode amar de volta, mas o Único a operar em nós o amor verdadeiro, sendo a origem e o fundamento de todo amor (1 João 4:8).

Amo essa pessoalidade radical que é inerente à fé cristã, e que os intelectuais em geral tendem a desprezar. E, sim, a consciência dessa pessoalidade será uma das maiores ênfases de meu livro.

27 julho 2011

John Stott (1921-2011)

Li John Stott muito menos do que gostaria. No entanto, se pudesse, gostaria de ter dito a ele que seu livro Cristianismo básico foi responsável por um giro fundamental em minha mente, logo nos primeiros meses de conversão. Isso, imagino, teria deixado o teólogo bem mais satisfeito que uma menção à leitura de sua obra completa. Não tenho o livro aqui comigo, mas posso lembrar até hoje que um trecho dizia mais ou menos assim: “Não se preocupe tanto assim com seus sentimentos, pois a Palavra de Deus está acima deles.” Com essas poucas palavras, através de Stott, Deus me libertou de um perigoso subjetivismo que ainda era o meu, aliviando meu coração da terrível carga de precisar sentir-me salva (pois ainda oscilava muito na novidade das certezas recém-adquiridas da fé) e desviando minhas expectativas de segurança para o que está dito na Palavra (estou salva porque assim Deus diz). Glória a Deus: foi mais um passo em direção à exteriorização da fé, ou seja, à convicção de que a fé é algo que nos vem de fora, de Deus, algo implantado graciosamente em nós, e não algo que criamos, uma “projeção mental” ou qualquer coisa parecida.

Assim, é bom não se esquecer de uma das inversões mais daninhas de nossa época: a absolutização da subjetividade e o questionamento incessante (e geralmente absurdo) do que é exterior e real. É como se os sentimentos do homem moderno fossem um mar bravo sempre ameaçando submergi-lo. Em sua trajetória cristã, muitas vezes você não sentirá aquilo que acha que deveria sentir, mas a prova viva de que Deus infundiu a fé em você não estará em seus sentimentos, e sim na obediência e na lealdade ao que Deus lhe comunicou (aquilo que teologicamente se chama “perseverança dos santos”). Como pecador, você já sabe que não ama a Deus como precisaria amar – imagine o resto. Mas “Deus efetua tanto o querer quanto o realizar” (Filipenses 2.13): se você quer amar ao Deus da Bíblia  de todo o coração, de toda a alma, de todo o entendimento e de toda a força (Marcos 12.30), e de fato já está no caminho da obediência, é porque o próprio Deus inspirou esse desejo em você, pois isso é impossível ao homem natural. Então, descanse: Ele continuará a obra até o final, desejo e realização. (E, by the way, não ligue tanto assim para os seus sentimentos. Esse, claro, é um conselho de uma introvertida inveterada que tem mais olhos voltados para dentro que para fora, e que, apesar de liberta da tirania dos sentimentos, ainda é tentada por eles. Mas, se você for um extrovertido, melhor prestar um pouquinho mais de atenção ao que sente…)

Glória a Deus, repito, por seu servo e filho John Stott!

11 julho 2011

Três comentários a três absurdos

Um: A educação brasileira está no fundo do poço. Esse poço tem dois nomes compostos: Doutrinamento Esquerdista e Pornografia Explícita. Veja o vídeo do senador Demóstenes Torres, do dia 21 de junho deste ano, que descreve (com citações) algumas obras aprovadas pelo MEC para as escolas públicas e trema de horror ao pensar no estado mental e emocional das crianças expostas àquilo. Eu tremi. E nunca é demais enfatizar: LEGALIZAÇÃO DO HOMESCHOOLING JÁ! O governo não tem competência, nem sabedoria, nem lisura para educar nossos filhos!

Dois: Leio aqui que a Europa está ficando vertiginosamente mais pobre. De três anos para cá, o desemprego  e a queda na renda são males generalizados. Por trás dessa decadência, há causas que raramente são citadas nas análises. A mais decisiva é o banimento cada vez maior do substrato cristão na cultura. Embora esse substrato em si não converta ninguém (pois a conversão é um fenômeno espiritual, não cultural), os países influenciados pelo cristianismo são abençoados pela graça comum de Deus, que se revela nas leis e em sua aplicação (freios para o pecado), na liberdade individual (pois o Deus cristão está acima dos consensos humanos e valoriza cada ser humano independentemente desses consensos), na proteção aos mais fracos (pobres, viúvas, órfãos) etc. Não é à toa que o comunismo (que dá superpoderes aos governantes e esmaga o indivíduo) só floresce em meio ao materialismo ateu. (O comunismo não respeita indivíduo algum, nem o pobre, nem a viúva, nem o órfão.) Quando esse substrato cristão é varrido para longe, o resultado é desastroso: sem os limites bíblicos na cultura, há o consequente relativismo; os homens se sentem livres para dar curso a tudo o que não presta (ganância, imoralidade, violência); as leis refletem essa falta de limites e se tornam frouxas e vazias, dando lugar à impunidade; sem um Supremo Juiz e um horizonte transcendente, não há estímulos para levar-se a vida de modo honesto e simples (e aqui entram em cena as drogas, a promiscuidade e todo modo de vida destrutivo). Tudo isso tem seu peso sobre a economia, que se subordina à liberdade, à transparência nas relações humanas, à subjetividade. A economia (tal como muitas outras atividades humanas: a educação e a constituição da família, por exemplo) depende diretamente da disposição interior para o sacrifício do bem imediato pelo bem duradouro. E nossa sociedade, sem Deus, tem se esfacelado em um hedonismo suicida. Um dos maiores exemplos – e que também se reflete na economia – é o aborto praticado à solta, que amputa as famílias, envelhece a população e perpetua uma extrema insensibilidade, um pessimismo abissal, diante da vida. E, por fim, o esquerdismo generalizado falseia a realidade, desorienta a mente e promove, entre os líderes, as decisões erradas, quando não moralmente espúrias, desestabilizando as gerações seguintes. Analisar a economia sem examinar os valores que se mantêm ou se perdem na sociedade é bobagem sem tamanho, bastante praticada por economistas esquerdistas e liberais, mais próximos um do outro do que se pensa. Precisamos clamar a Deus pelo Brasil. Aqui, a igreja, se santificar-se, ainda pode fazer a diferença para que não sigamos rumo ao mesmo buraco.

Três: Alejandro Peña Esclusa, escritor conservador de oposição na Venezuela, foi preso sem julgamento sob ridículas e infundadas acusações de terrorismo. É o famoso método cubano adaptado para a Venezuela: quando o elemento perturbador do sistema é razoavelmente conhecido, não o matam, mas o prendem e o deixam morrer (como descrevi aqui). Peña Esclusa está doente, com câncer na próstata. A doença estava sob controle até o momento em que, encarcerado, ele não pôde mais tomar os remédios. Está na prisão há um ano e o câncer, sem tratamento, continua evoluindo. Leiam mais notícias sobre o caso no blog de minha amiga Graça Salgueiro, o Notalatina. O Paraguai já aprovou uma petição formal para que Peña Esclusa seja liberto. O que faz o Brasil, ainda enaltecendo os ditadores da América Latina e completamente surdo à injustiça da perseguição política sob regimes comunistas? O que faz a igreja, que não levanta a voz a favor dos oprimidos nesses regimes, sejam eles cristãos ou não? Vamos acordar! O detalhe impressionante nessa história de Peña Esclusa é que o presidente Hugo Chávez, como agora se sabe, confirmou que está com câncer. Claro, ele está sendo tratado – em Cuba. Seu longo sumiço da vida pública dá a entender que a doença é grave. Talvez seja um pequeno aviso de Deus. Talvez.

26 junho 2011

Meios de graça

Mesmo quando não estamos totalmente conscientes das implicações de nossas escolhas, nós escolhemos, e muitas vezes escolhemos mal. Essa é uma das extensões possíveis do texto bíblico que diz: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Oseias 4.6). Essa palavra é ordenada por Deus e proferida por Oseias a um povo que, tal como a esposa adúltera do profeta, pecava continuamente contra seu Senhor, prostituindo-se com deuses estranhos e maquinando o mal, mesmo depois de ter sido libertado da escravidão no Egito e de ter testemunhado tantos milagres e providências em seu favor. É uma palavra dura, dirigida tanto ao povo quanto aos sacerdotes, que estavam tão “prostituídos” como o povo. E que “conhecimento” é esse? Não é geral, mas específico: “Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus [grifo meu], também eu me esquecerei de teus filhos” (Oseias 4.7). A lei — os limites de Deus para a formação de um povo não só livre, mas santo — era posta de lado. Não mais honravam a Deus acima de todas as coisas, como ordenado no primeiro mandamento, mas diluíam seu amor e sua adoração em farras e procedimentos “toma-lá-dá-cá”, no melhor estilo pagão, para receber o que desejavam. Por exemplo, realizavam um ritual de fertilidade nos campos que incluía orgias e depois creditavam a esses rituais a colheita abundante, exatamente como a esposa de Oseias recebia do marido seus víveres e presentes, mas atribuía essas dádivas a seus “amantes” (Oseias 2.5-8). Desconheciam tanto ao Deus de seus pais (todo-poderoso, bondoso e disposto a perdoar) quanto a sua lei (cuja obediência em amor é a única resposta humana adequada a esse Deus).

“Ah, eu nunca vou chegar a esse ponto”, você pode pensar. Cuidado: “esquecer” geralmente não é um ato abrupto, “esquece-se e pronto”. O estágio desesperador do povo e dos sacerdotes na época de Oseias é feito de pequenas inconsciências que se acumulam. Sim, o cristão pode se afastar tanto dos meios de graça disponibilizados por Deus que passa a desconhecer Seu caráter e Sua vontade quase que inteiramente. Desses meios de graça, sem dúvida um dos mais poderosos é o contato frequente com a Palavra: leitura da Bíblia, estudo de comentários, pregação fiel por ministros fiéis (se sua igreja não tem uma pregação sólida, talvez seja o momento de deixá-la). Se o cristão não souber a vontade de Deus expressa em Sua Palavra, como poderá fazer boas escolhas, que não o levarão a lamentar-se pelo restante de sua vida? De onde tirará (como de um tesouro) os valores que embasarão suas decisões? Como se orientará em um mundo que mais confunde que esclarece? “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará” (Efésios 5.14). O ressuscitado espiritualmente por Cristo não pode continuar agindo como morto-vivo.

Assim, muitos confundem a salvação pela graça com uma passividade do tipo “eu fico sentado aqui e Deus me abençoa”. Mas viver a fé não é isso. O amor inclui a adoração, que é ativa: Deus disponibiliza os meios de graça e nós O buscamos por esses meios, simplesmente porque O amamos. Imagine uma esposa que nunca demonstra seu amor para com o marido: esse é o cristão que não faz uso dos meios de graça. A esposa não deixa de amar de repente, mas cumpre um pequeno ato de abandono a cada dia: atos externos e internos. Usa de desculpas (excesso de tarefas, cansaço, necessidade de lazer) para deixar de lado as devocionais, faltar à igreja e estudar menos a Palavra. Intimamente, justifica a si mesma pelos pecados cometidos (em vez de reconhecê-los e pedir perdão por eles), e logo nem mais pensa nesses repetidos pecados. Nem ora, nem vigia, mas vive como que levada pelas ondas do mar, ao sabor dos acontecimentos, vulnerável a todas as tentações. É assim que, desprovidos da “armadura de Deus” (Efésios 6.13 ss.), somos inundados sem defesa alguma pelos princípios e preceitos mundanos sobre a vida, o mundo, o sentido das coisas. Então, esquecidos do Deus zeloso e doador de todas as bênçãos, optamos por recorrer a “outros deuses” quando precisamos de algo, preenchendo nosso vazio com aquilo que sabemos não vir de Deus. Logo o esquecimento pode ser completo e o resultado inevitável será o abandono total do único caminho de vida verdadeira.

Idolatria é inconsciência: é preferir tomar decisões com base no desconhecimento de Deus, em vez de buscar ativamente tal conhecimento. É preciso ter consciência da inconsciência, arrepender-se e buscar viver dentro do maravilhoso padrão de Deus, nossa proteção e nossa santidade. O apóstolo Paulo se dirige aos tomados pela inconsciência (que nos espreita a cada dia) quando diz: “Vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, pois os dias são maus. Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor” (Efésios 5.15-17). Não sejamos como o personagem da parábola que meu sogro gosta de contar em suas pregações: tendo recebido de graça um bilhete de navio para uma ilha maravilhosa, passou todo o longo trajeto escondido em sua cabine, comendo os sanduíches de mortadela que tinha levado, porque achava que não estavam incluídas no presente as lautas refeições que eram servidas no salão. No final da viagem, descobre que tudo aquilo estava à sua disposição o tempo todo.

O “bilhete” que nosso Deus nos dá não inclui somente a salvação. O caminho com Deus é feito de múltiplas e maravilhosas alegrias, não só materiais, afetivas, vocacionais etc., mas sobretudo espirituais. Uma igreja íntegra, um pastor firme, irmãos com quem podemos contar e orar, e principalmente os tesouros inesgotáveis da Palavra. Como negligenciar tudo isso? “Ah! Todos vós que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares. Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá” (Isaías 55.1-3).

12 junho 2011

Amor bandido

Sempre fico horrorizada com as crianças que se identificam com os vilões em vez de preferirem os mocinhos. Já conheci quem torcesse para o Tom e o Frajola contra Jerry e o Piu-Piu; quem imitasse com gosto o Scar de O Rei Leão; quem se derretesse em fascinação pela Bruxa Má da Branca de Neve. Mas então todo o meu choque se dissolve quando lembro que eu mesma, pequena, era apaixonada pelo dissimulado Dr. Smith da série Perdidos no Espaço.

E à vezes, mesmo depois de adulto, a gente continua se apaixonando pela pessoa errada. É o seu caso? Se sim, esse post é uma palavrinha especial de Dia dos Namorados. Se você está apaixonado(a) por um ogro (ou uma ogra), se um vilão (ou uma vilã) assedia você, é o momento da despedida. Se ele (ou ela) não é crente, ou é "crente entre aspas" e vive querendo arrastar você para o pecado (qualquer que seja esse pecado: sexual, doutrinário etc.), isso significa que essa relacionamento não é para você. ("Ah, mas eu vou evangelizar o Fulano": mentira do seu coração. Ou a gente namora, ou a gente evangeliza. Não dá pra fazer as duas coisas.) Se você já entendeu que está na companhia de uma pessoa dessas, mande passear sem dó nem piedade! Não é da vontade de Deus que você permaneça com alguém que só puxa você para baixo, para sentir o bafinho do inferno...

Experiência própria: depois que encontrei the one e me casei, entendi que a recompensa - o casamento com a pessoa certa, quando você dirá finalmente o esperado "sim" - só vem depois de muitos "nãos". É um sim, um só, ao final de muuuuuuuuuuitos "nãos". Aprenda a dizer "não" agora para que, ao final da jornada como solteiro(a), possa dizer um "sim" sem reservas à pessoa que Deus preparou para sua vida. O pecado é múltiplo e a idolatria é feita de um panteão; o amor verdadeiro é um só. E a Bíblia diz (em 2Coríntios 6.14) que esse amor deverá carregar o mesmo jugo que o seu, ou seja, o fardo leve e suave de Cristo. Não espere nem mais um dia: diga um "não" bem redondo ao seu amor bandido.

06 junho 2011

História de minha conversão (III)

“aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disso o juízo”

Hebreus 9. 27

Quando criança, eu já sabia que o homem era mau e Deus era justo. O que eu não sabia era como se manifestava Sua justiça. Criada por uma avó espírita, achei natural crer, aos oito anos, que a justiça de Deus se produzia através da reencarnação: os espíritos padeciam nesta vida, mas recebiam uma nova chance nas vidas posteriores. Essa explicação me satisfez durante vários anos.

Aos 24 anos, como já contei aqui, fui apresentada ao Evangelho. Meu amigo A.R. pregou para mim e me mostrou o versículo em que a crença espírita mais importante, a corrente sem fim de sucessivas vidas, é definitivamente contrariada pela Bíblia. Li Hebreus 9:27 mais de vinte vezes até me convencer de que a Bíblia não endossa a reencarnação. E aos poucos compreendi que a solução reencarnatória somente adia o problema, na medida em que o mal não é resolvido, mas “empurrado” para encarnações posteriores, que invariavelmente criam novas situações irresolvidas (karma). Infinitizando a questão, o diabo consegue diluir a sede de justiça em muitos. Lembrei que, ao assistir a um vídeo espírita pouco antes de me converter, não pude deixar de pensar no quão tristes aquelas pessoas se mostravam: o sofrimento apenas parece menos pesado quando estendido para várias e várias vidas.

Com a pregação da Palavra, pude alegrar-me na solução bíblica para o mal, expressa no que chamamos já e ainda não. Em Cristo, pela fé (e não por obras), somos justos, não perfeitos nem totalmente isentos da capacidade de fazer o mal, mas sim justificados Nele, sendo Ele a nossa justiça, o “cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1.29). Cristo tornou-se condenação em nosso lugar (morreu nossa morte, como explica Paulo em Romanos 4.25) e resolveu o problema do mal, de uma só vez, para sempre. Se pecamos, é Nele que temos perdão eterno; se desejamos não pecar, é porque Ele nos deu esse desejo; se nos aperfeiçoamos, é porque Ele provê graça sem fim para que, no processo de arrependimento, perdão e cura, haja compatibilidade cada vez menor entre nossa alma e a propensão para atos, palavras e pensamentos maus, ofensivos a Deus e aos homens.

E o ainda não consiste na vida eterna, uma só vida após a morte, em que o mal e a morte serão definitivamente vencidos. É o que Calvino expressa tão magistralmente nas Institutas (livro 1, cap. V, 10):

Quando notamos que as indicações que Deus fornece de sua clemência e severidade são ainda inacabadas e incompletas, sem dúvida é preciso considerarmos que Ele preludia obras maiores, cuja manifestação e exibição plena serão percebidas na outra vida. E, de modo inverso, quando vemos os devotos serem talhados pelos ímpios com aflições, abatidos por injúrias, oprimidos por calúnias, dilacerados por afrontas e opróbrios e, ao contrário, os celerados florescerem, prosperarem, obterem a tranquilidade com dignidade, e isso impunemente, de imediato devemos concluir que haverá outra vida, na qual tanto a maldade será vingada quanto a justiça reposta.

De fato, é o próprio Deus, em Jesus, que exclama “Bem aventurados os que têm sede de justiça, pois serão saciados” (Mateus 5.6), apontando tanto para a justificação que Ele propiciou para nós na cruz, por meio da fé Nele, quanto para a maravilhosa palavra que fala em julgamento, novos céus e nova terra, em Apocalipse 20 e 21:

Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas.

31 maio 2011

Falácias do movimento gay

“Diga-me como falas, e te direi quem és” — essa seria uma paródia tão verdadeira quanto o adágio original. Certas declarações são mais eloquentes por aquilo que omitem. Veja o que afirmou esses dias Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais:

Não vejo o atual governo como homofóbico.

Na verdade, essa frase denota uma tremenda ingratidão. O governo não só não é “homofóbico” (ê palavrinha besta), mas promove diversas manifestações de aprovação pública e rasgada ao comportamento homossexual: financia paradas gays, determina métodos de doutrinação homossexual nas escolas públicas (não só o kit gay; veja aqui) e busca estabelecer leis (como o PLC 122) que instauram no Brasil o crime de consciência (objeções até “filosóficas” contra o homossexualismo são punidas), transformando os homossexuais em uma “classe”, no melhor estilo marxista. Toni Reis não sabe disso? Claro que sabe; mas, primeiro, os lobbies nunca estão satisfeitos, e pedem poder como os zumbis pediam por cérebros: “brains, more brains”; segundo, ele não pode dizer com todas as letras que o governo gasta o dinheiro público com coisas que o povo em geral não acha importantes (kit gay quando as escolas estão como estão?!), que o governo quer tomar o lugar dos pais na educação moral e sexual dos filhos e que, como se não bastasse, gera leis estrambóticas que fomentam imparcialidade, injustiça e caos social.

Mas vamos à outra declaração absurda:

Matamos no Brasil mais homossexuais do que no Irã. Foram 3448 homossexuais mortos nos últimos 20 anos, conforme dados do Grupo Gay da Bahia.

Essa é para rir. Será que o movimento gay realmente acredita nisso? Ou será que toma todo o povo não-militante como idiota? Há pelo menos cinco argumentos que desfazem totalmente essa falácia.

- Primeiro, números nada dizem quando sabemos que o Irã é um país com pouco mais de um terço da população do Brasil. Dã.

- Segundo, no Irã, onde o homossexualismo é proibido (escrevi sobre isso em 2007, aqui), não existem estatísticas sobre gays assassinados, pois a própria família se encarrega de matá-los, com a conivência geral, e ninguém registra o ocorrido. (É, folks, estatística é coisa de país democrático.)

- Terceiro, o Grupo Gay da Bahia não é um órgão confiável para fornecer essas estatísticas, já que está diretamente interessado na questão. É como meu amigo Ciro Zibordi escreveu, inventando uma informação tão confiável quanto essa: “O Brasil é o campeão mundial de crimes contra evangélicos. Fonte: DataGospel do Blog do Ciro.”

- Quarto, o número de assassinados por ano no Brasil é muito grande: 50 mil pessoas, segundo dados do IBGE. Além disso, desses 50 mil casos, somente 4 mil são resolvidos, de acordo com Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da pesquisa Mapas da Violência 2011, divulgada pelo Ministério da Justiça. Vê-se que não há um problema específico de homicídios contra homossexuais (apenas 0,5% do total), mas sim de homicídios em geral. O problema é a impunidade. Se o alvo do governo for a impunidade, todos serão beneficiados, homossexuais inclusive.

- Cinco, last but not least, nesses 0,5% de mortos, não se pode saber com certeza qual foi a motivação do crime: se ódio a gays ou outras causas, como roubo violento, vingança, crime passional etc. Um agravante a essa incerteza é o fato de que um bom número de gays frequenta locais perigosos à noite, por estarem envolvidos com drogas e prostituição. Sobre isso, a lógica torcida do movimento gay também se revela. Diz Luiz Mott, fundador do mesmo Grupo Gay da Bahia:

Nos crimes contra gays e travestis, mesmo quando há suspeita do envolvimento com drogas e prostituição, a vulnerabilidade dos homossexuais e a homofobia cultural e institucional justificam sua qualificação como crimes de ódio. É a homofobia que empurra as travestis para a prostituição e para a margens da sociedade.

Ou seja, se o gay foi morto porque fazia coisas erradas, frequentava lugares suspeitos e andava com más companhias, a culpa é minha e sua, leitor, porque empurramos o coitado para lá! Essa é a demonstração mais rasgada de “totalitarismo da vítima” (leia aqui) que já vi: se o gay fica devendo dinheiro de drogas, trai o amante violento, vende o corpo para psicopatas e acaba morto, isso tudo é culpa de “homofóbicos”! Ou seja, gays são sempre vítimas, não importa a situação. É a inversão total do Direito, perpetrada pela perversão do pensamento politicamente correto: pessoas são culpadas ou inocentes de acordo com a “classe” a que pertencem, não de acordo com sua história. Essa inversão é ruim para todo mundo, pois mata as bases do sistema judiciário — e é sobretudo por promovê-la que o PLC 122 é estapafúrdio e liberticida.

E sim, estatísticas de mulheres, negros e índios entram na mesma categoria: não dá para afirmar que foram motivadas por machismo e racismo, portanto, nada significam, a não ser isto se o Brasil é campeão em homicídios de qualquer espécie, é preciso reforçar os mecanismos de coação do crime contra todos e acabar com a impunidade geral. Nada de policiar a consciência, amigos. Isso é totalitarismo: além de não funcionar, faz mal para todo mundo.

Assim, caros líderes do lobby gay no Brasil:

Reconheçam que o governo brasileiro está fazendo de tudo para instaurar a “homonormatividade”, metendo-se em questões morais (algo além de seu escopo) à força de lei, e que só por isso vocês já não podem mais ser considerados as vítimas da sociedade;

Reconheçam que as estatísticas de vocês não provam absolutamente nada, por todos os motivos acima;

Reconheçam que é forçada a associação entre as objeções de consciência ao homossexualismo e os tais crimes de “homofobia”. Fosse assim, os pastores seriam culpados por todo crime contra mentirosos, adúlteros, masturbadores, ladrões, prostitutas, gulosos, preguiçosos etc. (além disso, nenhum pastor sério incita ao crime, mas sim ao abandono do pecado e ao amor pelo pecador);

Reconheçam que, se o PLC 122 passar, vocês serão responsáveis por elevar o poder estatal brasileiro à condição de polícia do pensamento. É isso mesmo que vocês querem? Não lhes passa pela cabeça que a polícia do pensamento poderá um dia se voltar contra vocês? Basta o governo mudar seus valores para que isso aconteça... Governos mudam, mas precedentes jurídicos permanecem.

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Em tempo: Desde sempre vistos como “libertários”, os homossexuais militantes estão agora se unindo ao Estado para calar a boca dos religiosos. Aliás, a história está mostrando que essa balela sessentista de “luta contra a repressiva moral judaico-cristã” só tem servido para diminuir a influência e a liberdade da religião cristã em todo o mundo. Luta de poder pura e simples. Para o deleite do demo. E hoje mais escancarada que nunca. Essa é só UMA PROVA do que digo (agora com o texto convenientemente modificado): uma manifestação marcada para amanhã, às 14h, em Brasília. (O site da Uol diz que foi um ataque de hackers, mas até que isso seja esclarecido vou manter o trecho aqui.)

Em frente a Catederal, nós ativistas LGBTT iremos queimar um exemplar da Bíblia 'Sagrada'. Um livro homofóbico como este não deve existir em um mundo onde a diversidade é respeitada.
Amanhã iremos queimar a homofobia.
COMPAREÇA