01 julho 2015

Sobre ser parte de uma pequena minoria

Quando eu era espírita kardecista, durante meus anos de graduação, quase ninguém era. Eu dizia aos amigos, "hoje vou ao centro", e todo mundo perguntava: "Centro da cidade?" Agora que sou protestante reformada conservadora, há muito mais espíritas kardecistas em todos os lugares e quase ninguém é como eu. Não foi intencional, mas há algo divertido em fazer parte de uma pequena minoria toda vez. Além disso, a gente acaba se acostumando a ser espezinhado, xingado e excluído de todos os lados, tornando-se menos suscetível, mais aberto ao diálogo e às diferenças, nem que seja por pura necessidade.

Comemorar por quê?

Eu não sou exatamente a favor da redução da maioridade penal em casos de estupro, latrocínio e homicídio qualificado, como propôs a PEC 171/93 que foi rejeitada hoje, mas sim da retribuição adequada do Estado aos crimes graves cometidos por menores de qualquer idade. Mesmo assim, fiquei triste com a decisão final - e sobretudo fiquei sem entender o porquê da comemoração toda. Como a situação está agora, parece que tudo pende em favor do menor infrator (considerado vítima do sistema) e contra as vítimas (e seus parentes que clamam por justiça). Mas não é bem assim. A ausência de retribuição adequada faz com que os menores sejam presas fáceis dos criminosos adultos, que os usam sem escrúpulo nenhum para fazer o trabalho sujo. Os menores também acabam se tornando vítimas - não do "sistema", mas do mundo do crime. Por que esse fato não é levado em conta? Será que é porque os políticos mais famosos anti-redução estão muito ocupados em chamar gente como eu de "fascista", "racista" e "homofóbica" (??? - um ponto de interrogação para cada xingamento).

A matéria diz que a discussão continua. Vamos aguardar.