10 junho 2015

Do mau uso da palavra "censura"

Bruno Gagliasso e outros atores da novela Babilônia, vejam só, acreditam estar sofrendo censura. Mas quem acompanha o imbroglio sabe: tudo o que aconteceu foi que, diante da rejeição maciça de boa parte dos telespectadores ao primeiro capítulo, que mostrava um beijo gay entre duas senhoras, a própria emissora correu atrás para remodelar a história mais ao gosto do senso comum. Se alguém censurou Babilônia, foram seus autores e diretores, a mando do deus Ibope, o principal ídolo da televisão. Vamos lá então, uma palavrinha para Bruno Gagliasso e outros que, como ele, gostam de bancar o mártir de uma pretensa ditadura conservadora: se vocês querem muitos beijos gays, gente nua e o escambau, sugiro largar as novelinhas da Globo e fazer teatro alternativo. Essa, sim, seria uma decisão corajosa. Aliás, teatro alternativo era o que estavam fazendo em 1968 atores como Marieta Severo, André Valli e Rodrigo Santiago, quando foram espancados pelo Comando de Caça aos Comunistas depois da peça Roda Viva - aquilo, sim, foi censura conjugada a violência. Horrenda censura. Não use nem aplauda a palavra em vão, caro elenco de Babilônia. Não desrespeite a memória de seus colegas que realmente sofreram, na pele inclusive, por sua consciência.

 

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