Texto iniciado com a leitura de Van Til e terminado com a leitura de Dooyeweerd
Ao perder a paz e a segurança que tinha com Deus no Éden (Gn 3), o ser humano se viu diante da necessidade de buscá-las em outros locais. Em um primeiro momento, cheio de medo e mais ciente daquilo que não podia controlar, o homem primitivo deificou as forças da natureza, buscando dominá-las misticamente, com rituais e sacrifícios. Em seguida, ao perceber que, com sua razão, conseguia gradativamente impor-se ao que lhe parecia antes um mundo caótico, sua confiança voltou-se de fora para dentro, para a própria mente, capaz de modificar a realidade visível, exterior e interior. A primeira tendência é o paganismo, a segunda, o racionalismo. Sem Deus no horizonte, foi o que restou ao homem: lidar com as pulsões exteriores e interiores; deificando-as, tratou então de buscar controlar essas forças em uma relação idólatra, pois a natureza e a razão passam a ocupar o lugar de Deus. Paganismo e racionalismo são aspectos da mesma reação: apostar e confiar na aptidão humana de controlar o mundo exterior e o mundo interior para viver bem, mesmo fora da relação com Deus. E talvez sejam o emblema das únicas tendências apóstatas possíveis - isto saberei (espero!) à medida que avançar em minhas leituras.
4 comentários:
Magnífico!
Interessantíssimo, Norma! Por duas razões:
1) Não é isso que o positivismo constatou? Várias "fases" no desenvolvimento da humanidade, a primeira pagã, a segunda, racionalista...
2) O homem moderno define "religião" de duas formas: a) um conjunto de regras de moral, e b) algo para se atribuir aquilo que não se entende. A primeira definição segue no rumo da objetividade e do racionalismo, a segunda, da subjetividade e paganismo. Mas o que se tira das duas definições é o enfoque no "eu autônomo": na *minha* ação, e na *minha* reflexão.
Continue explorando!
Um assunto puxa outro...
Hoje em dia há uma ênfase muito grande em olhar para dentro de si mesmo. Porém, uma coisa que me trouxe muito consolo foi a doutrina da justificação. Pois na justificação sou estimulado a olhar não para dentro de mim, mas para fora de mim, isto é, para a Cruz de Cristo e sua justiça perfeita que me são dados de graça quando creio.
E como o Jonas Madureira falou na Conferência Fiel sobre a Alegoria da Caverna de Platão, não somos nós que saímos com nossas próprias forças(racionalismo, auto-conhecimento)da caverna, somente Cristo, o Leão da Tribo de Judá, pode nos libertar da "Caverna" e nos tornar verdadeiramente livres.
Bem legal, norma. =)
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