28 agosto 2013

O controle da linguagem no totalitarismo (I)

Na lista de sexta-feira passada, incluí vários livros de ficção. Sim, algumas dessas obras são fantásticos instrumentos da graça de Deus ao apontar para as consequências de ideias que, às vezes, estão apenas em germe na época em que o escritor vivia - como é o caso de Admirável mundo novo.

No caso de George Orwell, porém, a "novilíngua" já era real quando ele publicou 1984 (em 1948). O poeta polonês Czeslaw Milosz escreveu Mente cativa entre 1951 e 1952, exilado em Paris, sobre fatos que já ocorriam há algum tempo na Polônia, tomada pelos comunistas em 1945. Confira:


"Comunistas reconhecem que o regime sobre as mentes dos homens é a chave para dominar todo um país, logo, o poder da palavra é a pedra fundamental desse sistema." Czeslaw Milosz, Mente cativa, p. 163

"(...) As massas nas democracias populares [regimes comunistas] se comportam como um homem que quer gritar durante o sonho mas não consegue encontrar sua voz. Elas não somente não ousam falar, mas também sequer sabem o que falar. Logicamente, é tudo como deveria ser. Das premissas filosóficas à coletivização das fazendas, tudo se transforma em um produto fechado, uma pirâmide sólida e majestosa. O indivíduo que estiver sozinho inevitavelmente se perguntará se seu antagonismo não é errado; tudo o que ele conseguir opor a todo o aparato propagandista serão apenas desejos irracionais." Idem, p. 212

"Não vê que o verdadeiro alvo da novilíngua é de restringir os limites do pensamento? No fim, nós tornaremos literalmente impossível o crime pelo pensamento, pois não haverá mais palavras para expressar. A cada ano, menos e menos palavras, e o campo da consciência mais e mais restrito." George Orwell, 1984

4 comentários:

Unknown disse...

Boa noite Norma! Não consegui assistir a palestra do sábado nos links indicados. Vc sabe dizer se a palestra estará disponível para aquisição ou no youtube?
cafeegraca.blogspot.com

Norma disse...

Marco, eu não sei, mas assim que souber eu posto aqui!

Leonardo Bruno Galdino disse...

"Ai dos que chamam ao mal bem e ao bem, mal, que fazem das trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, amargo" (Isaías 5.20).

George Orwell apenas cunhou o termo, mas a Bíblia já denunciava a novilíngua há milênios.

Norma disse...

Verdade!