Um texto do Renato Vargens veiculado no Facebook, junto com outro do Pedro Pamplona compartilhado pelo Yago Martins - sobre os congressos femininos que sempre batem nas mesmas teclas - formam um quadro que quer nos dizer alguma coisa muito importante.
É crucial reintroduzirmos na igreja o ensino sobre submissão feminina (que não tem nada, nada a ver, com todo o sentido negativo que a palavra ganhou em nossos dias). Ao mesmo tempo, é crucial diferenciar muito bem a submissão bíblica da submissão que caracterizou determinadas épocas e que, por exemplo, gerou a imagem tão estereotipada (e detestada hoje) da mulher dos anos 1950 para trás, que deveria só cuidar do lar e não participar da vida pública de modo algum.
Nos tempos idos, como ideal, a mulher não votava, tinha pouca expressão intelectual e a vida pública lhe era vedada. Havia uma separação radical entre o mundo lá fora e a esfera familiar. A "rainha do lar" existia para comunicar beleza e ordem ao marido e aos filhos, e o resto era o resto. A feminilidade foi cortada de dimensões mais amplas e a masculinidade foi deturpada, confundida com uma força absoluta em comparação à fragilidade da mulher, também considerada absoluta.
Não é difícil entender por que esse ambiente tóxico, ao ser rejeitado, levou-nos a outro ambiente tóxico. Hoje, a mulher participa plenamente da vida pública, mas opondo-a radicalmente à esfera familiar - como se tivesse caído no conto daquela masculinidade deturpada e aceitado viver no outro extremo. Nunca a vida interior, a intimidade conjugal e a criação de filhos foram tão desprezadas como em nossos dias. Vivemos de exterioridade em exterioridade; só beleza física, carreira profissional e status social importam.
A Bíblia apresenta uma ideia muito mais bela e equilibrada da complementaridade dos sexos. A mulher não é o sexo frágil, e sim o MAIS frágil (1 Pe 3.7). Isso significa que a dimensão da fragilidade humana, universal, é expressada por ela de um modo mais íntimo e particular. Essa é uma missão muito necessária em um mundo que perdeu de vista a importância da humildade diante de Deus e da vulnerabilidade nos relacionamentos. Da mesma forma, a prioridade dada à família é para ambos, não só para a mulher - se assim não fosse, Paulo jamais teria dito a Timóteo que os candidatos a cargos na igreja deveriam antes ser bons cuidadores do lar (1 Tm 3.4). Quem inverte a prioridade, abandonando a família para cuidar da igreja, já está desclassificado. E, sempre que trata de liderança, em todos os níveis, a Bíblia deixa claro que somente Deus tem a prerrogativa da liderança absoluta: em Cristo todos nós somos iguais (Gl 3.28). A submissão feminina bíblica, portanto, é funcional e não absoluta, pois não nega essa igualdade: homens e mulheres são "co-herdeiros da mesma graça de vida" (1 Pe 3.7).
Só a cosmovisão bíblica nos faz escapar, ao mesmo tempo, da opressão machista e da deturpação do feminino - que no final são dois lados da mesmíssima moeda, uma moeda que muitas vezes não tem sido reconhecida como um instrumento duplo. Ao clamar contra o feminismo, faça-o de modo bíblico: não tire do homem a prioridade da família nem a vida pública das mãos da mulher. Na prática, isso significa que congressos femininos devem tratar de teologia e todos os assuntos correlatos - não só modéstia no vestir, submissão e criação de filhos. Significa igualmente que homens precisam se interessar tanto quanto as mulheres pela questão da feminilidade e da criação de filhos.
Complementaridade não significa separação nem oposição, mas cooperação em amor.
(Quando eu terminar o Jumper, escreverei mais sobre esse assunto, se Deus assim permitir.)