Como a academia tem funcionado atualmente a partir das ênfases do politicamente correto? Aqui se tem uma amostra interessante na área da psicologia: uma pesquisa que buscou entender o racismo do branco contra o negro. Há, evidentemente, toda uma concepção errônea sobre as cotas como medida ideal (estatal!) para estimular o contingente de estudantes negros nas universidades. Mas também há momentos tocantes - por exemplo, a psicóloga conta que alguns entrevistados mostraram certa naturalidade em reconhecer que ser brancos lhes proporcionava "privilégios", como o mendigo branco que podia ir ao banheiro do shopping enquanto seu amigo, negro, era barrado. Nós, críticos do lado perverso da ação afirmativa (as palavras recentes dirigidas à apresentadora Fernanda Lima são um bom exemplo), precisamos prestar muita atenção a essas e outras histórias, pois corremos o risco sério de fechar os olhos para a existência do racismo na sociedade e em nossas atitudes (e aqui não posso deixar de lembrar o testemunho muitíssimo emocionante de John Piper).
Mas o que mais me chamou a atenção na reportagem foi a fala da pesquisadora sobre o que a afetou pessoalmente depois de seu trabalho. Ela respondeu que tem estado "muito irritada" ao perceber a maioria de pessoas brancas em determinados locais. (De fato isso pode ser bem revoltante. Lembro que uma das coisas que eu mais amava quando morava em Salvador era a presença negra por toda parte.) Mas a ira não é uma boa resposta; ela nos consome. O único modo de combater o racismo sem naufragar na ira é tornar conhecido o amor de um Deus que não discrimina as pessoas - um amor que molda as relações humanas, assim como moldou Piper.