Um esforço, com a graça de Deus, de recolocar o cristianismo na via dos debates intelectuais. Não por pedantismo ou orgulho, mas por uma necessidade quase física de dar nomes às minhas intuições e contornar o status quo das idéias hegemônicas deste mundo.
18 março 2014
"Sem destino"
Uma das músicas mais tristes que já ouvi nos últimos tempos... e com grande potencial de aproveitamento apologético. Do mestre Luiz Tatit. Confira a letra:
Tudo que era o meu destino
Na verdade nunca me aconteceu
Pode ter acontecido
Pra alguma pessoa
Mas não era eu
Vivo assim na vida sem previsão
Todo mundo tem destino, eu não
Nunca os fatos são de fato fatais
Não confio na fortuna jamais
Puro por acaso e nada mais
Tudo que já estava escrito
No meu caso nunca se concretizou
Só talvez o aniversário
Que é na mesma data
E não se alterou
Era pra eu já ter encontrado um amor
Era pra eu já ter esquecido o anterior
Era pra eu já ter aprendido a sonhar
Era pra eu correr o mundo e voltar
Mas viagem sem destino, não dá
Quero minha sina
Quero minha sorte
Quero meu destino
Quero ter um norte
Quero ouvir uma vidente
Que me conte tudo
Só esconda a morte
Quero uma certeza mínima
Que se confirme
Que não seja trote
Por não ter o meu destino
Vivo em desatino
Como D. Quixote
Quem não tem o seu destino
Chega a noite
Pensa que tudo acabou
Se levanta muito cedo
Nunca sabe bem
Por que que levantou
Nada tem urgência para cumprir
Pode virar do outro lado e dormir
Pode ficar nessa até o entardecer
Todos os amigos vão entender
Levantar sem ter destino
Pra quê?
Ser assim tão sem destino
Me preocupa muito
Me deixa infeliz
Sempre quis o meu destino
Foi o meu destino
Que nunca me quis
Mesmo algum sucesso que ele previu
Era pra me revelar, desistiu
Acho que ele foi atrás de outro alguém
Pois destino tem destino também
E só revela aquilo que lhe convém
voz e violão: Luiz Tatit
violão: Jonas Tatit
guitarra ebow, voz, piano, harp, sanfona e juno 1: Marcelo Jeneci
bateria: Sérgio Reze
14 março 2014
O que as escolas estão fazendo com nossas crianças
Como chegamos tão baixo na educação pública? Além de contrariar diretamente símbolos e valores cristãos, esses livros parecem nada ensinar que preste. (Mais sobre isso no Brasil: não deixe de ler a obra de Solano Portela, O que estão ensinando os nossos filhos, com a capa mais criativa e engraçada do mundo.)
Um amigo me mandou uma outra matéria, citada em um blog francês. O ministro da educação Vincent Peillon defende um projeto de lei literalmente revolucionário. Ele declara abertamente que é necessário "matar o catolicismo" para que a França seja um "país de liberdade". (A Reforma não colou muito bem por lá, apesar de Calvino ser francês, como sabem.) E essa destruição se dá na mente das crianças matriculadas na escola pública. A idolatria da educação se revela na ideia de que a escola deve libertar os estudantes "de todos os determinismos: familiar, étnico, social, intelectual", para "permitir a cada aluno emancipar-se", pois "o objetivo da escola republicana sempre foi o de produzir um indivíduo livre". Os inimigos são a família, o passado, as tradições. Já sabemos que os franceses não aprenderam nada com a Revolução Francesa. E agora, seu governo não esconde que deseja uma escola que seja um veículo para uma nova religião anticristã.
Levantando-se contra o cristianismo, está a velha (sim, desde o século XVIII pelo menos) religião da liberdade, descrita por Herman Dooyeweerd na lista dos ground motives, ainda em vigor hoje. Está inserida no dualismo Natureza versus Liberdade, e como tal, precisa se insurgir contra o cientificismo embutido no outro lado. E de fato esse dado aparece nas palavras do ministro (adoro quando isso acontece: momentos de verdade!). Segundo a matéria, diz Peillon em um livro chamado A revolução francesa não terminou (mais emblemático, impossível):
Se seu alvo é eliminar tanto o determinismo religioso quanto o determinismo científico, a síntese republicana se vê obrigada a inventar uma metafísica nova e uma religião nova, em que o próprio homem [...] surge como um infinito que sem cessar 'escapa a si mesmo', nas palavras de J. Lagneau. Essa religião não é a religião do Deus que se faz homem, nem a religião do homem que se faz Deus. Mas é uma religião do homem a ser feito, em um movimento sem repouso. [...] O que falta no socialismo, para firmar-se como o pensamento dos novos tempos, é uma nova religião [....]. A laicidade pode então surgir como a religião da República, que tem sido buscada desde a Revolução. [...] Cabe ao socialismo encarnar a revolução religiosa de que a humanidade necessita, sendo ao mesmo tempo uma revolução moral e uma revolução material, colocando-se a segunda a serviço da primeira.
Algumas notas:
- Ainda que o leitor disponha de citações somente, já dá para perceber que o texto do ministro da educação francês é tão chinfrim quanto o texto de muitos dos nossos intelectuais socialistas.
- Como essas mudanças vão ocorrer na prática? Um novo calendário, uma nova moralidade e muitas cabeças rolando, como nos tempos de Robespierre?
- Claro, a matéria revela que a "identidade de gênero" também é um dos "determinismos" a serem destruídos na cabeça dos alunos. A começar da escola primária!
- Sim, socialismo é isso: uma reedição dos ideais da Revolução Francesa. O Estado se encarrega de criar o Novo Homem desde os anos da infância, dispondo sem freios de todo o poder necessário para tal. Inclui-se nisso a eliminação (termo do ministro; releia a citação grande anterior) de todo pensamento discordante (e quiçá dos próprios pensadores, se não fisicamente, pelo menos simbolicamente). Está tudo ali, claro como água. Sinto muito, intelectuais brasileiros, mas pelo menos na França existe gente que tem coragem para dizer as coisas mais abertamente. O que, é claro, não torna as coisas melhores, mas pelo menos mostra ao povo cristão o que haverá a ser enfrentado.
- Sabem aquela música do Pink Floyd, Another Brick in the Wall part 2? Essas gerações superideologizadas nas escolas vão acabar cantando isto para esses socialistas carolas - assim como os filhos dos hippies tenderam para valores mais sólidos. Afinal, quem gosta de ser considerado uma caixa vazia e inerte onde vão se jogando coisas? Ninguém.
- O pêndulo nunca pára. Isso tem tudo para dar errado, como sempre dão, um dia, todas as idolatrias, graças a Deus.
06 março 2014
05 março 2014
Carta de Campina Grande
Elaborada durante esta 16a Consciência Cristã (Vinacc).
CARTA DE CAMPINA GRANDE
Nós, membros da igreja de Jesus Cristo, participantes do 16º Encontro para a Consciência Cristã, celebramos a comunhão que desfrutamos com o povo de Deus, unidos ao redor do evangelho de Cristo.
No início deste século e milênio a igreja evangélica brasileira tem enfrentado imensos desafios e inesperadas oportunidades. O crescimento numérico das denominações evangélicas tem sido notório, levando-nos à plena convicção de que o Deus Todo-Poderoso tem salvado um número incontável de pessoas para a glória do seu Nome. Entretanto, é possível constatar que uma parcela significativa do evangelicalismo brasileiro tem abandonado o compromisso com o evangelho ensinado por Cristo.
Lamentavelmente, um tipo crasso de religiosidade popular tem prevalecido na mídia e na proliferação de templos e denominações, causando escândalo para a fé cristã e distanciando as pessoas que mais necessitam do poder transformador do evangelho. Ao mesmo tempo, muitas igrejas têm se omitido no cumprimento da Grande Comissão, deixando-se influenciar por um avançado processo de secularização. Crescem por oferecer entretenimento e não por fazer discípulos radicalmente comprometidos com Cristo. Pensadores evangélicos antes consagrados à proclamação do evangelho da Salvação Eterna hoje pronunciam-se publicamente rompendo com as convicções que um dia defenderam. Os líderes já não são mais vistos como referências de espiritualidade e integridade, mas como embusteiros, que exploram a credulidade do povo, enriquecendo ilicitamente. Nesse cenário, muitas igrejas conservadoras, ainda que mantendo fidelidade às doutrinas evangélicas fundamentais, mantêm-se apáticas em relação ao desafio missionário e à tarefa de influenciar a sociedade como sal da terra e luz do mundo.
Por outro lado, vemos um país sucumbindo diante da corrupção sistêmica, da violência generalizada, da desagregação familiar, do abandono dos valores cristãos, da desigualdade social e de práticas ocultistas.
Diante dessa realidade, oramos por um avivamento espiritual em terras brasileiras. Não um avivamento de emocionalismo e misticismo, que não produz transformações duradouras, mas um que, como ocorreu em outros lugares e outros tempos, proporcionou a conversão verdadeira de milhares e até milhões de pessoas, chegando a mudar o rumo de nações. Para demonstrar nosso compromisso com o avivamento da igreja brasileira, nós declaramos juntos:
NÓS CREMOS NO EVANGELHO
O evangelho de Jesus Cristo é a boa notícia da salvação graciosa de Deus somente pela fé em Jesus Cristo. Nós não compactuamos com as grandes distorções da mensagem cristã, ensinadas por grupos que, em sua essência, exploram a credulidade do povo e buscam o enriquecimento ilícito em nome do evangelho. De acordo com as Escrituras, esses são lobos vorazes, mercadores da fé, charlatães. Sua existência não nos surpreende, pois, desde o início, Jesus e os apóstolos nos alertaram contra suas práticas.
O evangelho de Cristo exalta Deus que, em sua santidade, justiça e amor, oferece ao ser humano caído salvação através do sacrifício redentor de Cristo, o Messias prometido, o Filho de Deus. Afirmamos que ninguém pode ser justificado por suas obras, pois todos pecaram e distanciaram-se da glória de Deus. Somente pela fé em Cristo como Senhor e Salvador, o ser humano é salvo dos seus pecados e transformado em nova criatura.
NÓS PROCLAMAMOS O EVANGELHO
A missão principal da igreja é glorificar a Deus, proclamando o evangelho e fazendo discípulos de todas as nações.
Reconhecemos que a igreja foi chamada para proclamar o evangelho em sua inteireza, mas nos recusamos a vinculá-lo a ideologias políticas ou agendas de ambições pessoais. Cremos que o evangelho deve ser proclamado nos termos e ênfases do evangelho, não nas circunstâncias mutáveis da sociedade. Nós proclamamos o evangelho em sua totalidade, sem omitir seus aspectos essenciais como a justiça e a santidade de Deus, a culpa do ser humano, a salvação somente pela fé, a ressurreição dos mortos, o julgamento final, o céu e o inferno. Nós proclamamos o evangelho a todas as pessoas, independentemente de raça, nacionalidade, sexo, religião ou condição social. Cremos que todas as pessoas precisam ouvir o evangelho em sua própria língua e cultura, de forma contextualizada, que tenham a oportunidade de ser discipuladas e fazer discípulos, formando igrejas locais autóctones comprometidas com o pleno ensino do Reino de Deus, fazendo da proclamação do evangelho um estilo de vida.
Nós repudiamos mensagens que substituam o evangelho de Cristo por conteúdos humanistas de autoajuda, que promovam um misticismo desvinculado das Escrituras e transformem Deus em um negociador de bênçãos.
NÓS DEFENDEMOS O EVANGELHO
Desde os seus primórdios, o ensino de Cristo esteve sob o ataque de crenças e filosofias hostis à mensagem da salvação pela graça mediante a fé. Somos chamados a lutar diligentemente por essa fé que nos foi entregue de uma vez por todas, estando preparados para dar razão da esperança que existe em nós e vigiando contra lobos vorazes que não poupam o rebanho. A defesa da fé faz parte essencial da missão da igreja enquanto ela proclama o evangelho de Cristo. Nós rejeitamos o evangelho do relativismo pós-moderno, do ateísmo militante, do secularismo pragmático, do liberalismo teológico, das seitas e cultos, do nominalismo religioso, de todas as ideias e ideologias que se levantam contra ou pretendem substituir o evangelho de Cristo. Nós afirmamos nossa plena convicção na existência de Deus, em sua revelação objetiva e inerrante através das Escrituras, na singularidade de Cristo e na realidade da eternidade. Nós defendemos o evangelho com amor, sabedoria, compaixão e firmeza, sem qualquer contemporização, visando a conversão dos perdidos e a proteção daqueles que crêem, na firme convicção de que o próprio Jesus edificará sua igreja e a portas do inferno não prevalecerão contra ela.
NÓS NOS COMPROMETEMOS A VIVER À LUZ DO EVANGELHO
Mártires, reformadores, avivalistas através da história têm assumido o absoluto compromisso com o evangelho. O maior apelo para a veracidade do evangelho é o testemunho de vidas radicalmente comprometidas com ele. Nós nos comprometemos a viver de forma digna do evangelho de Cristo como indivíduos, discípulos, profissionais e cidadãos, recusando-nos a ceder ao materialismo, ao relativismo e à corrupção, aceitando carregar a cruz de Cristo como prioridade absoluta do testemunho do evangelho de Cristo. Como cidadãos do reino de Deus, assumimos o compromisso de, na dependência da graça de Cristo, viver o poder transformador do evangelho em todas as suas dimensões. Diante da corrupção generalizada e do relativismo moral na sociedade brasileira, nós estamos prontos para assumir as plenas implicações éticas e morais do evangelho, não somente na esfera da igreja, mas também da sociedade: educação, trabalho, política, economia, cultura.
NÓS ORAMOS PELO PROGRESSO DO EVANGELHO
Reconhecemos que, sem a intervenção soberana e sobrenatural de Deus, não veremos o verdadeiro progresso do evangelho. Esforços humanos produzem resultados humanos. Através da história, o evangelho tem impactado nações pelo poder do Espírito Santo. Embora o Brasil nunca tenha experimentado um avivamento espiritual de grandes proporções, nós nos comprometemos diante de Deus a orar por esse avivamento, na expectativa de uma transformação radical no curso de nossa nação através da igreja do Senhor, cheia do Espírito Santo, vivendo a plenitude do evangelho.
NÓS NOS UNIMOS PELO EVANGELHO
Dizemos não a uma união que compromete a essência do evangelho de Cristo. Não cremos que todos os caminhos levam a Deus, pois Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Não cremos que todas as instituições ditas cristãs de fato seguem a Cristo, pois muitas afirmam o nome de Cristo sem conhecê-lo. Mas afirmamos sim nosso compromisso de unidade com todos aqueles que abraçam o evangelho de Cristo, como nos foi transmitido por Jesus e seus apóstolos. Ao mesmo tempo, reconhecemos que as verdades essenciais, comuns a todos os evangélicos herdeiros da Reforma, podem nos unir não institucionalmente, mas como corpo vivo de Cristo, que, na sua diversidade, cumpre a sua missão. Desejamos ser a resposta a oração de Cristo quando ele orou para que fôssemos um. Nós nos unimos pela proclamação do evangelho a todas as nações.
Assim, confiantes na graça de Deus, assumimos este compromisso diante de Deus e de seu povo para vermos em nossa nação brasileira um poderoso progresso do evangelho de Cristo.
Subscrevemos,
Pr. Euder Faber Guedes Ferreira (Coordenador do 16º Encontro para a Consciência Cristã)
Pr. Jorge Noda (ILEST/PB)
Pr. Renato Vargens (ICA/RJ)
Dra. Norma Braga (IPB/RN)
Pr. Paul Washer (Heart Cry/EUA)
Pr. Hernandes Dias Lopes (IPB/ES)
Dr. Russell Shedd (IB/SP)
Pr. Augustus Nicodemus (IPB/SP)
Pr. Ronaldo Lidório (IPB/AM)
Dr. Heber Campos Jr. (IPB/SP)
Pr. Jonas Madureira (IB/SP)
Pb. Solano Portela Neto (IPB/SP)
Prof. Adauto Lourenço (IPB/SP)
Pr. Joide Miranda (MEI/MT)
Pr. José Bernardo (AMME/SP)
Pr. Geremias Couto (AD/RJ)
Prof. Ricardo Marques (IBC/CE)
Pr. Joaquim de Andrade (CREIA/SP)
Miss. Gleydice Bernardes (ACEV/PB)
Miss. Socorro Teles (IPB/PB)
Pr. Robson Tavares (ICNV/PB)
Pb. José Mário (IPB/PB)
Pr. Luiz Vieira (ICNV/PB)
Pr. Valter Vandilson (ICD/PB)
Pr. José Américo (IB/PB)
Pr. José Pontes (IN/PB)
Miss. Joyce Clayton (Inglaterra)
Profª. Janeide Andrade (OBPC/PB)
Miss. Edna Miranda (MEI/MT)
Miss. Rosali Melo (IC/PB)
Dra. Paumarisa Vieira (IPB/PB)
Pr. Weber Alves (ICES/PB)
Jorn. Josué Sylvestre (AD/PR)