26 junho 2015

Suprema Corte dos EUA legaliza casamento gay

- O mundo segue firme rumo ao fim do casamento.

- Ué, por que, Norma?

- Porque havia motivos para o Estado regular e proteger o casamento tradicional: a maior fragilidade da mulher e dos filhos. Não porque o Estado é "bonzinho", mas porque estava especialmente interessado na estabilidade do núcleo familiar como o ambiente ideal para a formação de seus futuros cidadãos. Agora que as diferenças entre os sexos estão ruindo, mulheres e crianças vão deixar de ser especialmente protegidas em uma futura mudança da legislação. Duvida? Então aguarde.

- Mas o que isso tem a ver com o casamento gay?


- Quando o Estado passa a proteger uma união em que ninguém é especialmente frágil, todo mundo fica frágil, certo? Sem os fundamentos corretos para as leis, novos fundamentos são gestados. O Estado poderá passar a proteger outras relações com base em... nada de muito sólido. Com base no simples desejo "eu quero ser casado e reconhecido como tal". Sem o dever da criação de filhos, ou seja, sem a contrapartida ética. Uma sociedade que baseia o núcleo familiar em um sentimento, não na ética, não poderá durar muito. E um Estado que se interessa por regular todo tipo de relação não está pensando no bem comum, mas em seu próprio engrandecimento: quanto mais regulações, maior ele fica. 
Essa é uma decisão ruim que os gays que tiverem alguma consciência política ainda vão lamentar muito.

Quer ler mais sobre o assunto? Indico o livro (em inglês) What is marriage? Man and Woman: A Defense, de três autores que argumentam em uma linha próxima à desta postagem. Disponível em Kindle.

23 junho 2015

"Estou olhando para Jesus" - Paul Washer

Querem audiência? Aos autores de novelas da Globo

Li essa notícia sobre a novela Babilônia e pensei: talvez os autores de novelas da Globo estejam precisando de uma ajudinha...

Pois bem. Se querem audiência novamente, que tal esquecer as apelações sexuais? Isso já está por toda parte e as pessoas estão cansadas. Esqueçam também o politicamente correto. Isso também já está por toda parte e as pessoas estão começando a perceber o potencial destrutivo dessas lutas de poder: mulheres com ódio de homens, gays com ódio de heterossexuais, negros com ódio de brancos e vice-versa. O ódio cansa. Deixem de lado a iniciativa de "mudar as mentalidades". Está tudo mudando tão rápido que falar de mudança hoje é falar do óbvio. Tratem do que não está na pauta do dia. Tragam para as telas as grandes questões humanas, aquelas que nunca envelhecem: a busca de um sentido para a vida; a dificuldade de estabelecer relacionamentos verdadeiros; o impulso contraditório por imitar e por querer ser diferente; os afetos naturais e a tragédia quando estes faltam. Falem dos grandes problemas da nossa geração: a corrida por sucesso a qualquer preço, a excessiva exteriorização, a violência e a reificação da vida, a perda da sensibilidade ética e estética. Alguns de vocês sabem contar uma boa história e compor diálogos tocantes. Façam isso.

Minha "tevê" é um monitor de computador em que só vejo filmes e séries do Netflix. Não sintonizo nenhum canal local. (A última novela que acompanhei foi Laços de Família. Algumas cenas entre mãe e filha eram de fazer chorar. Isso não existe há um bom tempo na televisão brasileira.) Estamos em uma crise cultural terrível e, talvez não tão estranhamente, os últimos a reconhecerem isto são os mais envolvidos com rádio e tv. Mas, se a feiúra do cotidiano for fielmente espelhada na tela, as pessoas vão desligar o aparelho. A ficção - mesmo a mais despretensiosa - precisa apontar além e dar esperança. Essa é sua função mais nobre. 

10 junho 2015

Do mau uso da palavra "censura"

Bruno Gagliasso e outros atores da novela Babilônia, vejam só, acreditam estar sofrendo censura. Mas quem acompanha o imbroglio sabe: tudo o que aconteceu foi que, diante da rejeição maciça de boa parte dos telespectadores ao primeiro capítulo, que mostrava um beijo gay entre duas senhoras, a própria emissora correu atrás para remodelar a história mais ao gosto do senso comum. Se alguém censurou Babilônia, foram seus autores e diretores, a mando do deus Ibope, o principal ídolo da televisão. Vamos lá então, uma palavrinha para Bruno Gagliasso e outros que, como ele, gostam de bancar o mártir de uma pretensa ditadura conservadora: se vocês querem muitos beijos gays, gente nua e o escambau, sugiro largar as novelinhas da Globo e fazer teatro alternativo. Essa, sim, seria uma decisão corajosa. Aliás, teatro alternativo era o que estavam fazendo em 1968 atores como Marieta Severo, André Valli e Rodrigo Santiago, quando foram espancados pelo Comando de Caça aos Comunistas depois da peça Roda Viva - aquilo, sim, foi censura conjugada a violência. Horrenda censura. Não use nem aplauda a palavra em vão, caro elenco de Babilônia. Não desrespeite a memória de seus colegas que realmente sofreram, na pele inclusive, por sua consciência.

 

09 junho 2015

Igualitarismo

Por Douglas Wilson

O igualitarismo, nome político para a crítica invejosa, tornou-se a mim insuportável, como de fato deveria ser. A Feiticeira Branca (Nárnia) se depara com um extravagante banquete de Natal, que a ela parecera desperdício e consumo concupiscente: 'O que significam toda essa glutonaria, esse desperdício, essa autoindulgência?' Ela então transforma em pedra os que festejam e sai a seu modo perverso, cheia de autojustiça. Vemos que a Feiticeira Branca, Judas Iscariotes e os burocratas do governo têm um grande objetivo em comum - a preocupação pelos pobres, sinceramente expressa pelo uso que fazem da carteira alheia.

In: Futuros homens: criando meninos para enfrentar gigantes. Clire, 2013.

(Compartilhado no Facebook por Márcio Carvalho.)

08 junho 2015

Sobre o boicote à Boticário

Vejo no Facebook: alguns cristãos querem reagir à propaganda da Boticário - que mostra casais do mesmo sexo recebendo presentes e se abraçando no Dia dos Namorados - com um boicote. (Escrevo "boicote" e lembro que, quando éramos pequenos, eu e meu irmão nos acabávamos de rir com essa palavra; era popular nos telejornais dos anos 1980.) Quando feito assim, fruto de uma conclamação pública por parte de um setor inteiro da sociedade (lobby gay, igrejas etc.), o boicote não deixa de ser um procedimento baseado na chantagem: "Se você, empresa, continuar exibindo esses valores, a gente vai diminuir seu lucro." E isso é um tanto antipático. Não me entenda mal: acho legítimo e até bacana o indivíduo que deixa de comprar por motivos de consciência (McDonalds, foie gras etc.). Mas se a igreja acredita que deve se levantar para uma grande conclamação contra determinadas marcas, que face está mostrando ao mundo: ódio ou amor? toma-la-dá-cá ou serviço? A face do ódio não combina com sua missão, que é testemunhar Cristo. E temos falhado no serviço à sociedade, deixando de ser criativos na comunicação dos valores cristãos. O politicamente correto, embora fale de amor o tempo todo, trabalha com base no ódio; por isso promove boicotes contra tudo e todos. Não é assim que devemos proceder. É o que penso, pelo menos por enquanto.